Buscar

Metodologia da Economia 2013 - Aula 14

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Metodologia da Economia 
O: Fernández & Pessali (2012); 
S: McCloskey (1998), caps. 2,10 e 11. 
C: Boumans & Davis (2010), cap. 6; Hands (2001), 
cap.6, seção 6.2; McCloskey (1983); 
Aula 14 
 
Retórica na Economia 
1 
2 
RETÓRICA E ECONOMIA: 
UM BALANÇO APÓS OS 
PRIMEIROS 25 ANOS 
 
 
RAMÓN GARCÍA FERNÁNDEZ (UFABC) 
HUÁSCAR PESSALI (UFPR) 
3 
0. APRESENTAÇÃO 
 
• Origem do artigo 
 
• Estrutura: 
1. Introdução 
2. A idéia de retórica 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência. 
4. O projeto retórico em economia (PRE) 
5. Um balanço do PRE. 
4 
1. Introdução 
• Metodologia tradicional com preocupações 
prescritivas. 
– O filósofo define o que é boa ciência (economia). 
 
• Pouca preocupação descritiva 
– Boa ciência é o que os bons cientistas fazem? 
 
• Pouca atenção ao processo de argumentação 
– O importante é o produto do conhecimento 
(indiscutível?) , não como chegamos a ele. 
 
• McCloskey (1983) chama a atenção para essa 
questão: retórica da economia 
– Tradição x desconfiança (má fama) 
5 
2. A idéia de retórica - I 
• Conceito de retórica: 
– “...a arte de descobrir crenças justificáveis e de 
melhora-las através do discurso compartilhado" 
(Booth, 1974, p. xiii). 
– “… o uso de argumentos para persuadir nossa 
audiência numa conversa honesta (e o estudo 
disso)" (Mäki, 1995, p. 1303). 
• Nem todo ato de fala constitui uma situação 
retórica: estas são as situações que 
envolvem alguém tentando convencer 
outras pessoas a respeito de alguma coisa 
(o triângulo retórico). 
 
6 
O triângulo retórico 
Mensagem 
Audiência Autor 
7 
2. A idéia de retórica - II 
• Situação retórica típica: 
– Orador falando numa assembléia/congresso 
– Advogado falando para o júri. 
 
• Todavia, há outras situações que podem ser consideradas 
como retóricas: 
– Conversa em pequenos grupos 
– Conversa com um único interlocutor 
– Debate interno 
 
• Situação típica envolvia uma comunicação falada, mas há 
crescente importância da comunicação escrita. 
• Esta é evidentemente diferente, mas também pode ser 
considerada como passível de análise retórica (i.e., tem 
alguém tentando convencer outras pessoas a respeito de 
alguma coisa) 
8 
2. A idéia de retórica - III 
• A desconfiança com a retórica: 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Isto já vem dos gregos 
 
Verdadeiro Falso 
Bom Mau 
Justo Injusto 
Correto Incorreto 
Belo Feio 
Os 
elementos do 
lado 
esquerdo se 
impõem por 
si, não 
precisam de 
argumentos 
ao seu favor 
Os 
elementos do 
lado direito 
só se 
sustentam se 
alguém 
“enrolar” e 
nos confundir 
9 
2. A idéia de retórica - IV 
• Podemos questionar dois pressupostos existentes por 
trás dessa tabela: 
1) É tão óbvia a força intrínseca dos elementos do lado 
esquerdo que possa prescindir da argumentação? 
2) É sempre fácil discernir o lado da tabela ao qual uma 
certa afirmação pertence? 
 
• Em muitas circunstâncias cotidianas esses dois lados não 
estão perfeitamente definidos. Nessas situações, só 
podemos argumentar a favor ou contra determinada 
posição para decidir o que é verdadeiro, bom, etc. 
• Nesse caso, a arte que estuda como as pessoas 
argumentam é uma ferramenta indispensável para 
alcançar os objetivos mais nobres. 
10 
2. A idéia de retórica - V 
• Lógica e retórica são complementares, não 
opostos. 
 
“A retórica não é o mesmo que a lógica, mas são 
campos de investigação afins. A lógica estuda a 
maneira pela qual uma cadeia de raciocínios leva 
das premissas a conclusões indiscutíveis. A 
retórica também estuda como os oradores e sua 
audiência raciocinam, indo das premissas às 
conclusões, porém encontra-se localizada no 
âmbito da incerteza e da verdade provável, no 
qual as conclusões são mais questionáveis do que 
indiscutíveis”. (Covino & Jolliffe, 1995, p. 8) 
 
 
11 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - I 
• Grécia clássica: sofistas, Platão, Aristóteles. 
• Romanos: Cícero, Quintiliano. 
• Importância no mundo medieval (trivium) 
• Importância na Renascença (Erasmo, 
Montaigne, etc.). 
• Humanismo (beletrismo) escocês dos S. 
XVIII – XIX: Campbell, Adam Smith, Blair, 
Whateley. 
12 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - II 
• Decadência da retórica: Ramée e Descartes 
entendem que a retórica só se aplica a 
questões de estilo, mas não a nada que 
envolva procura da verdade. 
“A partir de 1650, os pensadores europeus 
foram tomados por um apetite por teorias 
universais e atemporais (....) Como um 
grande Moloch, este apetite pela teoria 
consumiu todos os ramos da filosofia 
prática: a ética casuística, a política prática, 
a retórica e todo o resto” (Toulmin, 1990, 
p.83). 
13 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - III 
• Ressurgir da retórica no século XX 
1) Tradição dos EUA dos cursos de 
comunicação, etc. 
Kenneth Burke, I.A.Richards 
 
2) Chaïm Perelman 
“Tratado da Argumentação”, com Lucie 
Olbrechts-Tyteca (1958). 
14 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - IV 
• Movimentos na filosofia que colocam o 
estudo da linguagem no centro das 
preocupações: 
1) Tradição da filosofia analítica: 
questionamento do projeto da linguagem 
pura, segundo Wittgenstein, Austin, etc. 
2) Tradição pragmática americana: Rorty. 
3) Escola de Frankfurt: Habermas 
4) Hermenêutica: Gadamer, Ricoeur 
 
15 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - V 
• Movimentos em outras áreas que 
convergem com a retórica. 
1) Filosofia da ciência pós-positivista: Kuhn, 
Lakatos, Feyerabend, etc. 
2) Sociologia do conhecimento científico, 
estudos de ciência e tecnologia, etc. 
 
• Constituição do Projeto da Retórica da 
Pesquisa (Univ. of Iowa, início dos anos 
1980). 
– McCloskey muda para Iowa 
16 
3. Da retórica clássica à retórica da ciência - VI 
• Retórica começa a ser aplicada ao estudo das 
ciências sociais 
• Passa depois a ser também aplicada às “hard 
sciences”. 
• Convicção básica: não há diferenças significativas 
entre as formas de argumentação dos cientistas e 
do restante das pessoas. 
• Isso não significa diminuir ou desprezar a ciência. 
 
“A persuasão está no coração da ciência, não em uma de 
suas margens menos respeitáveis. Uma retórica 
inteligente, praticada dentro de uma comunidade de 
pesquisadores séria, experiente, conhecedora e 
compromissada é um método sério de procurar a verdade” 
(Bazerman, 1988, p.321) 
17 
4. O projeto retórico em economia - I 
• McCloskey publica o artigo “Rhetoric of 
Economics” (JEL, 1983), o qual é ampliado e 
transformado numa versão maior em livro com o 
mesmo título (1985). 
• Principais pontos: 
1. Economistas têm uma metodologia oficial 
(modernismo) que não empregam em realidade. 
I. Se a empregassem, paralisariam a ciência. 
II.Toda metodologia baseada em regras deve ser 
abandonada. 
2. Economistas se preocupam essencialmente em 
convencer uns aos outros (retórica). 
3. Ter consciência de que eles agem assim 
melhoraria a prática dos economistas. 
 
18 
4. O projeto retórico em economia - II 
• Clima intelectual favorável → momento de 
surgimento de outras obras promovendo uma 
análise retórica: 
• Arjo Klamer em suas “Conversas com 
Economistas” (1984) mostra que os principais 
macroeconomistas não fazem suas escolhas 
técnicas só a partir dos fatos, etc, mas também 
por posições políticas, preferências estéticas, etc. 
• Pérsio Arida publica seu artigo em 1983, no qual 
sugere que as polêmica em economia não 
acabamdevido a que algum dos participantes 
consiga apresentar “evidências conclusivas”. 
19 
4. O projeto retórico em economia - III 
• Recepção com muitas polêmicas. 
• Alguns pontos importantes levantados nessas 
polêmicas e nas muitas obras posteriores de 
McCloskey. 
1. Visão retórica destaca a importância da 
linguagem, mas não implica irrealismo, i.e., 
pensar que o mundo é construído pela 
linguagem 
“Alguém que não seja realista no mínimo em parte do 
tempo não consegue atravessar a rua sem ser 
atropelado” (McCloskey, 1995, p.1320). 
2. Retórica se refere ao conjunto da argumentação, 
não o que sobra depois de tirar a lógica e as 
evidências. 
20 
4. O projeto retórico em economia - IV 
3. Verdade não é irrelevante, é objetiva e surge do 
acordo nas conversas. Mas há que distinguir 
entre verdade com v minúsculo (a que surge das 
nossas atividades e acordos), e a Verdade com 
V Maiúsculo, “que se encontra na mente de 
Deus” (McCloskey, 1994a, p.211) e é logo 
inatingível. 
 
4. Não são quaisquer conversas e consensos que 
permitem o avanço do conhecimento, só aqueles 
que respeitam a ética do discurso. 
“Não minta; preste atenção; não se burle; coopere; não 
grite; deixe os outros falarem; tenha uma mente 
aberta; se explique quando solicitado; não recorra à 
violência ou à conspiração para ajudar suas idéias”. 
(McCloskey, 1994a, p.99). 
 
21 
4. O projeto retórico em economia - V 
• Ainda sobre a verdade: 
– Nem sempre se chega a consensos nas 
conversas. 
– Quando há consenso entre especialistas, eles 
podem afirmar algo como “Concluímos que Y é 
uma característica de X”. 
– Dado esse acordo, e sendo esses especialistas 
reconhecidos e respeitados, podemos entender 
que “Y é uma característica de X”. 
– Para todos os fins práticos dessa comunidade, 
podemos afirmar: “É verdade que Y é uma 
característica de X”. 
22 
4. O projeto retórico em economia - VI 
• Verdade e consenso. 
– Nem todo consenso é válido: tem que ser obtido 
através de uma conversa que respeite a ética do 
discurso. 
• O consenso imposto pela maioria sobre a minoria, ou por uma 
minoria poderosa sobre a maioria, não é válido. 
– Isso demonstra que a retórica está profundamente 
preocupada com questões éticas. 
– Logo, uma comunidade científica que não tenha altos 
padrões éticos não pode avançar. 
– Decorre disso que o conhecimento só pode ser 
aumentado quando se está exposto a críticas que 
levem potencialmente a um novo consenso. 
– Em particular, comunidades científicas que não abrem 
espaço para vozes divergentes (não são pluralistas) 
estão fadadas à estagnação. 
 
23 
5. Um balanço do PRE - I 
• Forte impacto na profissão e especialmente no campo de 
metodologia (todo mundo o menciona, de forma 
favorável ou crítica). 
• Importância especial no Brasil. 
Trabalhos típicos: 
a) Estudos temáticos: 
– Relação entre teoria e recomendações de política no comércio 
internacional (Milberg, 1996). 
– Comparação da desaparição da figura de entrepreneur na 
economia ortodoxa com sua presença em outras escolas 
(Cosgel, 1996) 
– Argumentação em livros textos de economia (George, 1990). 
b) Importância da retórica para alguma corrente de 
pensamento. 
– Marxismo (Milberg & Pietrykowski, 1994) 
24 
5. Um balanço do PRE - II 
c) Estudo da obra (ou de um trabalho específico) de um 
determinado autor. 
– Capítulos sobre Muth, Fogel, etc., em McCloskey (1985) 
– Artigos sobre Prebisch e a CEPAL (Bianchi e Salviano Jr, 1999; 
Bianchi, 2002). 
– Estudo da obra de Keynes (Anuatti, 2003; Vieira, 2007) 
– Estudo da obra de North (Gala, 2003). 
– Estudo da obra de Oliver Williamson (Fernández & Pessali, 
2003; Pessali, 2006; Pessali e Fernández, 2008). 
– Estudo da obra de Robert Putnam (Monasterio & Fernandez, 
2008). 
– Estudo do artigo de McCloskey (Aldrighi & Salviano Jr, 1996) 
d) Estudo de controvérsias. 
– Simonsen x Gudin (Dib, 2003) 
25 
5. Um balanço do PRE - III 
• Problemas do PRE. 
• Menos trabalho e menor impacto do que parecia 
no início. 
• Dificuldades da interdisciplinaridade não parecem 
ser um argumento suficiente (neuroeconomia é 
igualmente interdisciplinar, mas cresce). 
• Questão básica: não se constitui como “ciência 
normal”. 
– Poucos trabalhos monográficos. 
– Poucas escolas com espaço para essa área. 
– Depende muito da competência pessoal dos seus 
criadores, mas não se constituiu numa escola, 
paradigma, programa de pesquisa, etc. 
– Situação diferente de outras áreas da retórica da 
ciência, nas quais este tipo de trabalhos são bastante 
freqüentes.

Outros materiais