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Gestão de negócios hoteleiros A disciplina alia os conhecimentos das áreas operacionais hoteleiras aos da área de gestão, permitindo que o aluno possa compreender o papel de um gerente de meios de hospedagem e as principais ferramentas de gestão utilizadas em empreendimentos hoteleiros de tipologias e portes diversos. Aula 01: O meio de hospedagem e seus departamentos Você saberia definir empresa hoteleira e os tipos de meios de hospedagem segundo o Sistema de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass)? Resposta: Segundo o Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem, define-se empresa hoteleira como “a pessoa jurídica, constituída na forma de sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou administre meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de atividade hoteleira, observado o Art. 4º do Decreto nº 84.910, de 15 de julho de 1980.” Segundo o SBClass, os tipos de meios de hospedagem são: hotel, resort, hotel fazenda, cama & café, hotel histórico, pousada e flat/apart-hotel. Mas o que é uma empresa? Segundo Castelli (2006), empresa é “uma organização intencionalmente constituída por pessoas e tecnologias, que usam o capital para projetar, comprar, produzir e vender bens e serviços, visando atender e satisfazer às necessidades e expectativas dos consumidores e, assim, obter o lucro que possibilite a sobrevivência, a manutenção e o desenvolvimento da empresa, das pessoas e da comunidade.” Sabemos também que o meio de hospedagem é uma empresa turística… Krippendorf (apud Castelli, 2006) “considera a empresa turística como uma empresa econômica, individual, que produz toda a espécie de prestações materiais e serviços, servindo diretamente à satisfação de necessidades turísticas e que, durante a distribuição dessas prestações, entra em contato direto com esse público. Portanto, uma empresa torna-se turística a partir do momento em que atender às necessidades e os desejos do turista.” Vejamos o que é uma empresa hoteleira segundo o Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem: “Considera-se empresa hoteleira a pessoa jurídica, constituída na forma de sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou administre meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de atividade hoteleira, observado o Art. 4º do Decreto nº 84.910, de 15 de julho de 1980.” Ainda segundo o Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem, um meio de hospedagem precisa ter: Unidades Habitacionais para uso temporário dos hóspedes Portaria/Recepção Guarda de bagagens e outros objetos dos hóspedes. Limpeza, arrumação e manutenção das áreas, instalações e equipamentos. Unidade Habitacional (UH): Quarto: UH sem banheiro privativo Apartamento: UH com banheiro privativo Suite: UH com banheiro privativo e sala de estar Diária: “Preço de hospedagem correspondente à utilização da UH e dos serviços incluídos, observando os horários fixados para a entrada (check-in) e a saída (check-out)” Segundo Petrocchi (2006), os tipos de diárias podem ser: Simples: Compreende unicamente o uso da UH. Também denominado “European Plan” (EP). Com café da manhã: Compreende, além do uso da UH, o fornecimento de café da manhã. Também denominado “Continental Plan” (CP). Meio pensão: Compreende, além do uso da UH e do café da manhã, mais uma refeição, que pode ser almoço ou jantar. Também denominado “Modified American Plan” (MAP). Pensão completa: Compreende o uso da UH, o café da manhã e mais duas refeições. Também denominado “Full American Plan” (FAP). All inclusive: Todas as despesas discriminadas no voucher estão incluídas. Para melhor orientar as pessoas (clientes, investidores, órgãos de fiscalização e o público em geral), existem sistemas de classificação. Auto classificação: Os estabelecimentos se autoclassificam. Classificação Privada: Feita por organizações privadas: ex.: Associação de Hotéis Roteiros de Charme e The Leading Hotels of the World. Classificação por marcas: Pode-se identificar o segmento a que o meio de hospedagem se destina através da marca: ex.: Ibis, Caesar Business, Othon Travel etc. Classificação por preço: Meios de hospedagem classificados pelos preços que praticam: econômicos, supereconômicos, luxo etc. Classificação por função:Diz respeito ao tipo de mercado primordial para o qual o meio de hospedagem está voltado: negócios, lazer, eventos etc. Classificação por localização: Hotéis centrais, hotéis de aeroporto etc. Classificação oficial: No caso brasileiro, a classificação oficial é feita através do Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass) – Ministério do Turismo. Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem (SBClass) A classificação é oficial, porém voluntária. Os requisitos de classificação abrangem três conjuntos: 1- Infraestrutura (instalações e equipamentos). 2- Serviços (oferta de serviços). 3- Sustentabilidade (meio ambiente, sociedade e satisfação do hóspede). A classificação, quanto à categoria, vai de 1 a 5 estrelas. As tipologias estabelecidas são hotel, resort, hotel-fazenda, cama & café, hotel histórico, pousada e flat/apart-hotel. Nem todas as categorias se aplicam a todas as tipologias. Hotel: 1 a 5 estrelas - Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes, mediante cobrança de diária; estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes, mediante cobrança de diária Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes, mediante cobrança de diária. Resort: 4 a 5 estrelas - Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento. Hotel-fazenda: 1 a 5 estrelas - Localizado em ambiente rural, dotado de exploração agropecuária, que ofereça entretenimento e vivência do campo. Cama e café: 1 a 4 estrelas - Hospedagem em residência com no máximo três unidades habitacionais para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, no qual o possuidor do estabelecimento resida. Hotel Historico: 3 a 5 estrelas - Instalado em edificação preservada em sua forma original ou restaurada, ou ainda que tenha sido palco de fatos histórico-culturais de importância reconhecida. Pousada: 1 a 5 estrelas - Empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo trinta unidades habitacionais e noventa leitos, com serviço de recepção, alimentação e alojamento temporário, podendo ser em um prédio único com até três pavimentos, ou contar com chalés ou bangalôs. Flat/Apart-hotel: 3 a 5 estrelas - Constituído por unidades habitacionais que disponham de dormitório, banheiro, sala e cozinha equipada, em edifício com administração e comercialização integradas, que possua serviço de recepção, limpeza e arrumação. Aula 02: Gerenciamento de custos Podemos dizer que os custos são “um mal necessário”. Para entender melhor esta afirmação, vejamos a definição de Castelli (2006): “Custo é o gasto feito para a obtenção (produção) de um bem ou serviço”. O mesmo autor define gasto como “um sacrifício financeiro”. Logo, os custos são “um sacrifício necessário à produção” Como os custos são “um mal necessário”, é preciso conhecê-los e saber lidar com eles. Isso quer dizer que, para a gestão eficaz dos custos, um meio de hospedagem deve conhecer os custos que possui e organizá-los, para, a partir deles, extrair informações relevantes para o gerenciamento. Como se classificam os custos? Deve ser adotado um critério de segmentação dos custos, ou seja os custosdevem ser identificados e organizados em grupos homogêneos. Custos fixos ou variáveis Fixos: São os custos que existem para manter o hotel em funcionamento, independente da presença ou não de hóspedes ou clientes, isto é, independente do nível de atividade da empresa. Se o hotel está com 100% de ocupação, seu restaurante e suas salas de eventos superaram as metas de vendas em um determinado período ou se o hotel e seus pontos-de-venda estão totalmente vazios, os custos fixos serão literalmente os mesmos OS CUSTOS FIXOS NÃO VARIAM DE ACORDO COM O VOLUME DE VENDAS Variavéis: São custos gerados pela presença de hóspedes ou clientes. O hotel só tem estes custos se tiver hóspedes e clientes. Isso quer dizer que estes são custos que a empresa hoteleira gosta de ter. SÓ HÁ CUSTOS VARIÁVEIS SE HOUVER VENDAS. QUANTO MAIS O HOTEL VENDE, MAIS CUSTOS VARIÁVEIS TÊM. O meio de hospedagem deve então se preocupar apenas com os custos fixos? A empresa hoteleira deve conhecer seus custos para poder reduzi-los sem que haja perda de valor dos produtos e serviços. Fixos IPTU; Seguros; Leasing de equipamentos Variáveis Água; Luz; Produtos de Limpeza; Café da manhã De onde vem estes custos? É necessário que o meio de hospedagem determine quem gerou os custos. Vimos na última aula que a estrutura de um hotel prevê a existência de departamentos. Da mesma forma, a estrutura de um sistema de custos prevê a existência de Centros de Custos. Todos os custos gerados em um meio de hospedagem devem ser apropriados a seus centros de custos, que, para Castelli (2006), “são unidades mínimas da empresa que geram custos da mesma natureza e relevância para o controle”. Para melhor entendermos como se dá a apropriação, precisamos conhecer outra característica dos custos. Custos Diretos: São aqueles que podem ser apropriados diretamente a um centro de custos, por estar claro que foram gerados exclusivamente por aquele centro de custos. Os salários de recepcionistas e mensageiros, por exemplo, são custos que podem ser apropriados diretamente ao centro de custos “Hospedagem”. Custos Indiretos: São aqueles que não podem ser apropriados diretamente a um centro de custos, por não se ter claro que foram gerados exclusivamente por um determinado centro de custos. O consumo de luz e de água, por exemplo. Classificação dos Custos Direto Fixo Direto Variavel Indireto Fixo Indireto Variavel Os custos gerados pelos centros de custos de apoio devem ser rateados pelos centros de custos de serviços, pois são centros geradores de receitas. Para isso, os meios de hospedagem adotam alguns critérios de rateio. Vejamos os critérios propostos por Pettrocchi ( 2006 ): Depreciação de edificações: Porcentagem da área construída ocupada pelo setor. Energia Eletrica: Pelo levantamento de cargas de cada setor e padrões operativos do hotel. Honorários da Administração: Proporcional à participação dos setores na receita total do meio de hospedagem Como vimos no início da aula, os custos são sacrifícios para gerar lucros. Mas como saber quando o meio de hospedagem começa a dar lucro? Sabemos que, para uma empresa hoteleira ter lucro, ela depende da ocupação de suas dependências. Segundo Ismail (2004), o sucesso de um meio de hospedagem depende das vendas de suas três principais fontes de receita: pernoite alimentos e bebidas secundários eventos O autor denomina a força destas três áreas na composição da receita de um hotel “triângulo do sucesso hoteleiro”. Salienta, também, que a base deste triângulo é a venda de pernoites. Mas o que é afinal o ponto de equilíbrio? Segundo Petrocchi (2006), existem 3 possibilidades de combinação de receitas e custos: A receita é maior que a soma dos custos fixos e variáveis e gera lucro. A receita é igual à soma dos custos fixos e variáveis e não há lucro, nem prejuízo. A receita é inferior à soma dos custos fixos e variáveis e o hotel tem prejuízo. A situação em que não há nem lucro nem prejuízo representa o ponto de equilíbrio. Em um meio de hospedagem, é necessário determinar que ocupação e que diária média é preciso ter para se atingir o ponto de equilíbrio Aula 03: Custos e atividade hoteleira Nesta aula, apresentaremos as principais atividades desenvolvidas por um meio de hospedagem, dando especial atenção aos custos de unidades habitacionais e de alimentos e bebidas. Aproveitaremos a ocasião para ver como funciona o departamento de controladoria de um meio de hospedagem. Atividade hoteleir Para o desenvolvimento das atividades-fim, um meio de hospedagem desempenha algumas funções consideradas essenciais, com mostra o quadro abaixo, proposto por Petrocchi (2006): Os meios de hospedagem desenvolvem maior ou menor quantidade de atividades segundo sua tipologia, categoria, localização, tamanho etc. Funções técnicas Funções comerciais Funções administrativas • Recepção. • Governança. • Reservas. • Alimentos e Bebidas. • Telefonia. • Eventos. • Entretenimento. • Lavanderia. • Serviços diversos. • Vendas. • Marketing. • Promoção. • Relações públicas. • Propaganda. • Assessoria de imprensa • Planejamento. • Recursos Humanos. • Compras. • Informática. • Transporte. • Almoxarifado. • Serviços gerais. • Controles operacionais. Funções financeiras Funções contábeis Funções de segurança • Contas a receber. • Contas a pagar. • Tesouraria. • Fluxo de caixa. • Aplicações financeiras. • Captação de recursos. • Orçamentos • Contabilidade. • Balanço patrimonial. • Apropriação de custos. • Auditoria. • Estatísticas. • Manutenção predial. • Manutenção de equipamentos. • Vigilância. • Prevenção de incêndios. • Preservação ambiental. Para o desenvolvimento destas atividades, é necessário definir os três níveis de atuação da empresa sob a ótica do planejamento estratégico: Níveis Abrangência Prazo Nível de decisão Estratégico Longo prazo Longo Alta direção Tático Departamento ou setor Médio Média gerência Operacional Tarefa ou operação Curto Supervisão e colaboradores Empresas hoteleiras mais complexas possuem maior definição do que cada um dos níveis deve desempenhar. No que se refere às funções, podemos identificar as atividades-fim da empresa, ou seja, as atividades geradoras de receitas, concentradas nas funções técnicas. Conforme vimos na aula anterior, dentre as funções técnicas, as que determinam o sucesso de um meio de hospedagem são hospedagem, alimentos e bebidas e serviços secundários e eventos, sendo a venda de unidades habitacionais a principal fonte de receita. As atividades identificadas como funções técnicas, por serem as únicas que geram receita, devem suportar os custos das demais funções. Castelli (2006: 274) salienta que “a área de alimentos e bebidas, dentro da estrutura organizacional e funcional do hotel, é a mais complexa. Tem-se constituído em um verdadeiro calcanhar-de-aquiles para muitos administradores de hotéis”. Vamos agora nos concentrar nas áreas de alimentos e bebidas e hospedagem! Por quê? Os custos com mão de obra são 2,5 vezes maiores do que no setor de hospedagem A receita é 4 vezes menor que a gerada pelo setor de hospedagem Portanto, para se obter lucro nesta área são necessários organização e controle (Castelli 2006: 274) Castelli (2006) aponta alguns fatores que devem ser observados para ao se lidar com custos de alimentos: Comprar produtos de boa qualidade. Controlar a compra das mercadorias: frescor, peso e preço. Estocar as mercadorias em locais adequados. Controlar as porções. Controlar as aparas, perdas e lixo Usar as fichas técnicas. Acompanhar a produção. Fazer seguir os métodos de cocção. Além disso, é necessário conhecer os custos envolvidos na produção e venda de alimentos. Quatro componentes básicos devem ser considerados: Custo de mercadoria Custo de mão de obra Gastos gerais Benefício Líquido O objetivoda venda é obter comercial da venda é a obtenção do benefício líquido. Como não é possível estabelecer o preço de vendas em função dos custos, é necessário que os custos sejam gerenciados para que a margem de lucro seja satisfatória. Vejamos a fórmula a seguir: PREÇO DE VENDA = CUSTO DE MERCADORIAS + CUSTO DE MÃO DE OBRA + GASTOS GERAIS + BENEFÍCIO LÍQUIDO Quando se estabelece o custo de um prato, não se pode perder de vista: O abastecimento: O volume de vendas: Adoção de políticas eficazes de compras e giro de estoque. É necessário se ter volume de vendas, pois na composição dos custos de um prato, há custos fixos, e só é possível pagar os custos fixos se houver volume de vendas. Deve-se dar especial atenção para o controle do que chamamos de custo primário ou “prime cost”. PRIME COST = CUSTO DE MERCADORIA + CUSTO DE MÃO DE OBRA Deve-se ter uma meta de prime cost, de forma a não comprometer a lucratividade do prato ou a qualidade do produto. Custo de Unidades Habitacionais A apuração dos custos de unidades habitacionais compreende os seguintes procedimentos: Cálculo da taxa de ocupação (número de diárias do período). Apuração do custo de hospedagem. Deve-se apurar o custo de cada categoria de unidade habitacional. O custo de uma suíte presidencial não é igual ao custo de um apartamento standard. Considerando os custos de alimentos e bebidas, análise a afirmação abaixo: Quanto maior for o volume de vendas, maiores serão os custos variáveis e fixos. Resposta: Quanto maior for o volume de vendas, maiores serão os custos variáveis, pois eles só existem quando há vendas. Já o valor total dos custos fixos permanecerá o mesmo. O que ocorre é que os custos variáveis unitários são constantes, ao passo que os custos fixos por unidade se diluem à medida que aumenta o volume de vendas.
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