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'A Crise dos Anos Vinte e a Revolução de Trinta'

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Síntese da síntese ‘A Crise dos Anos Vinte e a Revolução de Trinta’
Os anos 20 foram marcados por grandes transformações, sendo um período de altos e baixos: desde as crises de inflação até o desenvolvimento das atividades industriais. Assim, como, por exemplo, houve a semana da Arte Moderna em 1922; em 1929 houve um contratempo no crescimento econômico com a crise da bolsa de valores de Nova Iorque. Esses acontecimentos foram estímulos para que houvesse mudança no quadro político da Primeira República.
Nos primeiros anos desse regime político houve um alto grau de instabilidade, pois a primeira Constituição Republicana do país não resolveu algumas divergências importantes que só foram solucionadas com a criação, em 1898, do pacto político conhecido como política dos governadores que confinava as disputas políticas no âmbito de cada estado, impedindo conflitos intrarregionais que provocavam a instabilidade política no plano nacional. Assim como houve também a inovação política na escolha dos deputados introduzida pela reforma do Regime Interno da Câmara mudando o fato de que antes, quem nomeava os deputados era o parlamentar mais idoso e, com a reforma feita por Campos Sales quem passou a nomear eram os governadores, apoiados pelo presidente. Eram os deputados, então, que analisariam os votos para indicar se houvera fraude ou não nas eleições. Porém, eles mesmos eram capazes de fazer a fraude, ou seja, mantendo a república café com leite.
Um grande destaque que os historiadores fazem é a aliança entre paulistas e mineiros nessa época que causou instabilidade no governo por não haver renovação no poder.
O que os historiadores não discordam é que houve uma forte dominância do coronelismo que era divido em ‘grandezas’, sendo a maior oligarquia naquela época: Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. O fato político apontado como desencadeador do coronelismo foi o federalismo implantado no país pela Carta de 1891, que concedeu ampla margem de autonomia aos estados, em detrimento aos municípios, criando um novo ator político: os governadores. Já o fato econômico responsável pela manifestação do fenômeno foi à crise dos fazendeiros, que acarretou o enfraquecimento político do poder dos coronéis frente a seus dependentes e rivais. A manutenção dessa autoridade passou a exigir a presença do Estado que expandia sua influência, a partir da diminuição da interferência dos grandes proprietários rurais. Em uma barganha, onde a moeda era o voto, o poder público alimentava o poder local com uma autonomia extra-legal em troca do voto do eleitorado rural que, embora, com alguma certa capacidade de governar a si mesmo, permanecia dependente economicamente e socialmente dos coronéis. Com resultado de todas essas ligações surgiram as características secundárias do coronelismo: o mandonismo, o filhotismo, o falseamento do voto e a desorganização dos serviços locais.
Em meados da década de vinte, esse sistema apresentou sinais de esgotamento, pois as práticas de controle das dissidências começaram a se mostrar menos eficazes.
As disputas entre as oligarquias e a reação republicana em torno da sucessão presidencial de 1922 mostram os indicadores de esgotamento do modelo político vigente da Primeira República. Inconformados com a oposição, as oligarquias de segunda grandeza, como: Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul articularam um movimento que ficaria conhecido como Reação Republicana, lançando candidaturas de Nilo Peçanha e J. J. Seabra contra Arthur Bernardes e Urbano Santos que eram da oligarquia mineira e paulistana.
De acordo com as interpretações dos motivos para o motor da crise, segundo alguns cronistas da época, teria sido a impossibilidade de um acordo entre Bahia, Pernambuco e secundariamente Rio de Janeiro. Porém, nos anos 80, Boris Fausto analisou o problema econômico financeiro da Primeira República e notou que o movimento relevaria uma intensificação das dissidências interoligárquicas pela insatisfação ligada à cafeicultura e à política de desvalorização cambial e de endividamento externo em relação ao café.
Já para Michael Conniff, ainda nos anos 80, a Reação Republicana foi um ensaio do populismo no país, por enfatizar o papel das camadas urbanas cariocas e suas articulações.
A década de 90 foi uma época de revisão dessas vertentes, onde se passou a ver como centro da explicação história desse período: a insatisfação dos estados de segunda grandeza com as distorções do federalismo, pois, por exemplo, a Reação Republicana é interpretada não como um modelo de ruptura do sistema oligárquico, mas como uma tentativa de construção alternativa de poder que aumentasse as camadas oligárquicas de segunda grandeza nesse jogo político.
Essas novas interpretações tem como base a crítica ao movimento imperialista dos grandes estados, sobretudo em relação aos processos de escolha dos candidatos às presidências, às influências na constituição das bancadas dos estados mais fracos, a regeneração dos costumes políticos, a diversificação da agricultura, o desenvolvimento da produção de alimentos, além da diversificação da moeda e a adoção de planos financeiros equilibrados.
Os últimos anos da década de 1910 foram marcados pelo destaque dado a relação capital-trabalho que estava ligado à intensa agitação operária. Um exemplo da precariedade da sociedade em relação à questão social é: o voto secreto não era nem objeto de discussão. Porém, a Reação Republicana tinha poucos trunfos para obter o apoio eleitoral dos oligarcas e coronéis, pois o governo não poderia distribuir privilégios nem favores. Por conseguinte, o apoio dos militares era ideal, já que os conflitos entre os militares e o governo federal haviam marcado vários momentos dessa política, além do descontentamento causado por várias picuinhas e atritos nas eleições. A aproximação entre os militares e a Reação Republicana veio com o episódio denominado ‘cartas falsas’, que foram supostamente enviadas por um candidato situacionista contendo referências desrespeitosas aos militares, publicadas na folha Correio da Manhã. Porém, Nilo Peçanha que concorria pela Reação Republicana não foi eleito.
A intervenção militar tornava-se cada vez mais possível, sendo que eclodiria em cinco de julho de 1922, evento conhecido como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. O movimento tenentista foi social, de caráter político-militar, que ocorreu entre as décadas de 20 e 30 no Brasil. Contestava a ação política e social das oligarquias cafeeiras, exigindo mudanças sociais, como: o fim do voto do cabresto (sistema fraudulento de votação que só beneficiava os coronéis) e reforma no sistema educacional. Após esse acontecimento surgiram vários outros com o mesmo propósito de combater as oligarquias, porém, o mais importante foi a Coluna (de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes) que percorreu cerca de vinte e cinco mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros, onde propagava a revolução e a intervenção da população. Porém, com o fim da Coluna foi eliminado o último foco de contestação do regime. Depois de passados esses momentos mais elevados da crise, o pacto oligárquico estava recomposto, restaurando momentaneamente a estabilidade.
O governo de Washington Luís, de 1926 até 1930, decorreu tranquilamente até o fim de seu mandato, tendo apenas dois pontos que marcaram contra: a queda da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929 que causou a falência de várias empresas deixando milhares de pessoas desempregadas. O outro ponto é que na política café com leite, Washington Luís escolheu um paulista, como ele, para seu sucessor, ao invés de escolher um mineiro, causando o rompimento do acordo de paulistas e mineiros. O estado de Minas Gerais indicou, então, o gaúcho, Getúlio Vargas e para vice-presidente, João Pessoa, governador de Paraíba.
Júlio Prestes sai vencedor da eleição, mas não chega a assumir, pois em julho de 1930, João Pessoa é assassinado, causando várias revoltas. Uma junta provisória assume o governo, mas por pressão das forças revolucionárias,Getúlio Vargas assume a presidência.
Muitos teorizam que foi a classe média que causou a revolta de 30, assim como outros que foi a classe dominante. Em 1970, Fausto aprofundou as críticas sobre as interpretações históricas e disse: a primeira vertente é que a burguesia estava interessada na política cafeeira como estrutura para o país, não oferecendo qualquer alternativa ou programa tecnológico diferente dessa estrutura. Já, a segunda vertente se referia as ideologias do tenentismo nos anos 20 com força no eletismo e na centralização.
Por isso, a revolução de 30 ficou conhecida como um catalisador para o comportamento da cultura política, porém existe uma tendência de se transferir para grandes acontecimentos uma dimensão que não corresponde à realidade.

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