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FUNDAMENTOS EM ONCOLOGIA Oncogenes UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PESQUISA EM ONCOLOGIA Prof. Dr. Ney Pereira Carneiro dos Santos. O que é Câncer ? Conjunto heterogêneo de doenças genéticas que apresentam em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo disseminar-se (metástase) para outras regiões do corpo. INCA (Instituto Nacional do Câncer) Células do cancerosas da mama Processo de metástase Epidemiologia Estimativa da Agência Internacional para Pesquisa em Cânce (IARC)/OMS (WorldCancerReport2008) : • 12milhões de casos novos de câncer • 7milhões de óbitos por câncer Epidemiologia Câncer no mundo: 12.662.554 (2030: +69%) Ásia: 6.092.359 Europa e Rússia: 3.208.882 América do Norte: 1.603.870 America Latina: 906.063 África: 691. 094 World Cancer Report 2008. (IARC Press, 2008). Epidemiologia • Estimativa de 2012 para novos casos de câncer no Brasil: Epidemiologia No Brasil: 20.090 novos casos de neoplasias para 2012. 9.670 Belém: 310 casos de câncer gástrico. (Instituto Nacional do Câncer-INCA, 2012) Tipos de Câncer Câncer Esporádico X Familiar Câncer Familiar: Cerca de 10% a 15% dos casos de câncer são de padrão hereditário classico, isto é, estão associados ao risco de transmissão de pais para filhos. • Diagnóstico de câncer em idade jovem; • Número aumentado de casos de câncer na mesma família. Câncer de mama familiar Câncer Esporádico X Familiar Câncer Esporádico (~85%): Câncer esporádico é aquele não relacionado diretamente a predisposição genética (SNPs- polimorfismos). • As alterações capazes de alterar o DNA vão se acumulando ao longo da vida como consequência da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos; • A ocorrência se dá em idade mais avançada. Câncer de Pulmão, associado ao Tabaco Classificação: estados pré malignos X Câncer Reversível Irreversível Classificação: Neoplasia Benigna X Neoplasia Maligna Neoplasia: “ Proliferação anormal de tecido que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo, tendendo à autonomia e à perpetuação, com e feitos agressivos sobre o hospedeiro.” INCA (Instituto Nacional do Câncer) NEOPLASIA BENIGNA X NEOPLASIA MALIGNA Carcinogênese Processo de Múltiplos Eventos: • Alterações genéticas cumulativas. • Cada evento reflete uma progressiva transformação da célula normal para a célula maligna passando por uma série de estados pré-malignos. • Expansão clonal: célula alterada geneticamente transmite esta alteração para todas as células que, a partir dela,se originaram. Carcinogênese 1˚ Mutação: Oncogene Mutado Carcinogênese Proliferação celular aumentada Carcinogênese Aquisição de instabilidade genética Carcinogênese Aumento: Proliferação / 2° mutação Genes de reparo do DNA Carcinogênese Aumento: Proliferação / 3° mutação Mutações em TSGs Carcinogênese Mutações em gene adicionais Diversificação clonal Carcinogênese Interação com o microambiente Carcinogênese Um tumor clinicamente evidente Carcinogênese Etapas da Carcinogênese Iniciação • Fenômeno celular. • Ação de carcinógenos provocando modificações no genótipo celular. • Célula “iniciada” = dano cumulativo quando exposta novamente a agentes carcinógenos. • Nem toda célula “iniciada” originará tumor. Promoção • Fenômeno tissular. • Célula “iniciada” é transformada em tumor devido a proliferação focal. • Para que ocorra a transformação, é necessário um longo e contínuo contato como carcinógeno. • Suspensão do contato com estes agentes muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. Progressão • Fenômeno sistêmico. • Tumor torna-se maligno infiltrando se no tecido vizinho e podendo metastatizar. • Multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. • Implica na capacidade do tumor maligno invadir outros tecidos. Carcinogênese Carcinogênese Como o câncer progride, a partir de fatores de risco ambientais para a doença manifestada. Capacidade adquirida pelos Tumores Malignos “Hallmarks of Cancer” Hanahan& Weinberg (2000) Cell “Hallmarks of Cancer” Hanahan& Weinberg (2011) Cell Capacidade adquirida pelos Tumores Malignos Oncogenes Sinalização proliferativa sustentável Células Normais: Controlam a produção e liberação de sinais que promovem o crescimento celular e a entrada e progressão no ciclo celular. Sinas de Proliferação: Correspondem em grande parte a fatores de crescimento celular, que se ligam a receptores de superfície celular. Sinalização proliferativa sustentável Células Cancerígenas: As células cancerosas podem adquirir a capacidade para sustentar a sinalização proliferativa. Genes ligados ao desenvolvimento do Câncer • Oncogenes (proto-oncogene) • Genes supressores de tumor (TSGs); O mecanismo de Oncogenes está diretamente ligado com a estratégia de replicação celular. Proto-oncogenes Os proto-oncogenes são genes altamente conservados, que codificam uma série de proteínas nucleares, citoplasmáticas e de membrana, que têm um papel crítico no processo de crescimento e diferenciação celular, o seu nível de expressão está estritamente regulado. • Função Biológica dos Proto-oncogenes: As proteínas condicionadas por proto-oncogenes atuam na estimulação da proliferação celular e, de acordo com o papel que desempenham nesta regulação positiva do ciclo, interagem com as seguintes cinco grande classes: • Fatores de crescimento; • Receptores de factores de crescimento; • Transdutores do sinal; • Fatores de transcrição; • Ciclinas, quinases dependentes de ciclinas, inibidores de ciclinas e quinases. Oncogenes Consiste em um gene alterado cujo produto pode agir, de modo dominante, induzindo a formação de células cancerosas. O oncogene é uma forma mutante de um gene normal (proto-oncogene) envolvido no controle normal da divisão ou crescimento celular. Oncogenes e tipos de Câncer Ativação de oncogenes Os oncogenes podem se ativados através de alterações estruturais no gene que levam a codificação de produtos aberrantes e alterações na regulação da expressão gênica. Três mecanismos de ativação de oncogênes: Ativação de oncogenes Três mecanismos de ativação de oncogênes: • MUTAÇÕES EM PONTO: Decorrem de alterações na molécula de DNA, envolvendo a substituição, a perda ou a adição de um único nucleotídeo ou de um pequeno número deles. Essas mutações provocam a ativação de proto- oncogenes. Exemplo: gene KRAS no câncer de pulmão. • AMPLIFICAÇÃO GÊNICA: A hiperexpressão do proto-oncogene pode resultar da reduplicação e da amplificação de suas sequências de DNA, tal amplificação pode produzir centenas de oncogenes na célula tumoral. Exemplo: gene MYC em neuroblastomas. • TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: As translocações podem levar a hiper expressão de proto-oncogenes, como ocorre no linfoma de Burkitt ou a alterações estruturaisno gene. Exemplo: gene myc no linfoma de Burkitt e oncogêne BCR/ABL na LLA e LMC. Mutações de Ponto: Oncogene KRAS Mutações de Ponto: Oncogene KRAS Os dois proto-oncogenes que são mais frequentemente mutados (somatica) em adenocarcinomas pulmonares são Kras e EGFR. Foi demostrado clinicamente que o gene KRAS, um membro da família RAS, desempenha um papel primordial na via de sinalização de EGFR. Proto-oncogene KRAS A atividade do KRAS não mutado (tipo selvagem) sinalização normal: Sinais extracelulares como fatores de crescimento estimulam a conversão do Ras inativo (KRAS-GDP) em Ras ativo (KRAS-GTP) esses sinais são transmitidos para outras proteínas (BRAF; MEK, ERK) onde induzem a expressão de genes envolvidos em divisão celular. Mutações de Ponto: Oncogene KRAS As mutações no gene KRAS levam a uma proteína KRAS constitutivamente ativa que atua depois (Downstream) do EGFR. Proteínas Ras mutantes existem principalmente no estado ativo (KRAS- GTP) que transmitem constitutivamente os sinas de divisão celular, levando ao câncer. Câncer Mutações de Ponto: Oncogene KRAS Os estudos clínicos demonstram que os pacientes com KRAS não mutado tem maoir chance de se beneficiar do uso dos inibidores de EGFR (Cetuximab); Por outro lado, os pacientes cujos tumores têm KRAS mutado, normalmente não se beneficiam do uso de inibidores de EGFR (Cetuximab). KRAS Mutado: Mutações nos códons 12,13 no éxon 2 do gene KRAS Menor chance de responder á terapia anti- EGFR KRAS Selvagem Maior chance de responder á terapia anti- EGFR Ativação do oncogene KRAS no câncer de pulmão Códons 12 e 13 Códons 12 e 13 Ativação do oncogene KRAS no câncer de pulmão Códon 12 Ativação do oncogene KRAS no câncer de pulmão Códon 13 Resumo: KRAS na célula normal Resumo: KRAS na célula normal KRAS codifica uma proteína de sinalização que contribui para o crescimento e diferenciação celular. Normalmente, é regulado firmemente pelo EGFR. O KRAS geralmente está em um estado inativo, aguardando um sinal do EGFR. Resumo: KRAS na célula cancerígena Câncer Resumo: KRAS na célula cancerígena Câncer Mutações somáticas podem constitutivamente ativar a proteína KRAS, de modo que ignora a sinalização mediada pelo EGFR. Esta ativação oncogênica do KRAS leva a um crescimento anormal da células, levando a proliferação e diferenciação descontrolada. Mutação KRAS X Cetuximab 2. Célula com KRAS Selvagem 1. Célula Normal 3. Célula com KRAS Mutado Amplificação Gênica: Gene N-myc em neuroblastoma • O gene N-myc está frequentemente amplificado em neuroblastomas infantis. • A amplificação está associada com a formação de “minutos duplos” (DMs) ou regiões homogeneamente coradas (HSRs) que contem múltiplas cópias da região genômica ao redor do gene N-myc. Gene N-myc amplificado. Detectado pela técnica FISH “Minutos duplos” (DMs) Translocação: Gene c-myc no linfoma de Burkitt A expressão do gene c-myc está sobre controle das Sequencias estimuladoras controladoras da transcrição de um gene de imunoglobulina. • Translocação mais comum: t(8;14) translocação recíproca. • Alta expressão constitutiva do gene myc • Insensibilidade a sinais de regulação Linfoma de Burkitt é uma neoplasia de células B maduras altamente agressiva que acomete mais a faixa etária pediátrica, sendo endêmico em regiões africanas. Translocação mais comum: t(8;14) Translocação: Oncogêne BCR/ABL na LMC • Uma translocação nas células da medula óssea, envolvendo os cromossomas 9 e 22, é responsável pelo desenvolvimento da LMC. • Consequentemente os genes ABL e BCR, com lócus nos cromossomas 9 e 22, são fusionados de forma anômala, produzindo um novo gene que codifica para uma proteína capaz de levar à transformação maligna. Leucemia Mielóide crônica (LMC) Translocação (9;22): Cromossomo Filadélfia Mutações somáticas ativadoras adicionais de vias “Downstream” Outros exemplos Oncogenes: 1. HER2 2. PI3K 3. AKT 4. BRAF 5. MET HER2 HER2 A proteína HER2 (também conhecido como ERBB-2) é um membro da família HER receptor de tirosina-quinases. Amplificação Gênica: HER2 Célula Normal HER2 Célula Normal HER2 Célula Normal HER2 Célula do Câncer HER2 Bloqueia proliferação celular Trastuzumab (nome comercial: Herceptin) MET MET receptor do factor de crescimento de hepatócitos (HGFR) é um receptor tirosina-quinase codificada por MET, que está localizado no cromossomo 7q21-q31. Amplificação deste gene foi associada com a resistência secundária á inibidores de EGFR (cetuximab). MET - vídeo Via PI3K/Akt/mTOR PI3K Fosfatidilinositol 3-quinases (da família de proteínas PI3K) são quinases de lipídeos que regeneram fosfatidilinositol-3-fosfato, que é um mediador chave entre receptor de fator de crescimento e a via “downstream” de sinalização intracelular. Via PI3K/Akt/mTOR Célula Normal Via PI3K/Akt/mTOR Célula Normal Via PI3K/Akt/mTOR Célula Normal/ regulação da via (PTEN) Via PI3K/Akt/mTOR Célula do Câncer: Mutações na PTEN resulta em ativação constitutiva da via PI3K/Akt/mTOR. BRAF BRAF B-RAF é uma quinase de ligações RAS GTPases para proteínas downstream da família MAPK, que controla a proliferação celular. B-RAF é um dos três membros da família RAF quinase: A-RAF, B-RAF, e RAF-1 (também conhecido como c-RAF). BRAF Biologicamente: As mutações BRAF estão associados com aumento da atividade quinase e levam à ativação constitutiva de MAPK2 e MAPK3. Bibliografia Recomendada A Biologia do Câncer: WEINBERG, Robert A. A Biologia do Câncer. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008, 864p. Bibliografia Recomendada HANAHAN, D. & WEINBERG, R.A. (2011). The hallmarks of cancer: The Next Generation. Cell 100,57–70.
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