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Aula 3 - Recrutamento celular e inflamação ● Comunicação entre as células do sistema imunológico A comunicação entre as células não é uma novidade para você, pois é de seu conhecimento que os hormônios conseguem ativar e modificar o comportamento de células pertencentes a outros sistemas. Assim como os hormônios, as células do sistema imunológico também se comunicam de forma intercelular, através de citocinas. Conheça a seguir algumas de suas características. As células se comunicam de forma intercelular. - Nomenclatura Também chamadas de quimiocinas, linfocinas ou citoquinas, de acordo com as células que as produzem, estimulam ou recrutam. As citocinas são polipeptídios (proteínas), produzidas e secretadas por diferentes células envolvidas nas respostas imunes, e que atuam como mensageiros intercelulares. - Estrutura Sua estrutura é diversa, podendo transmitir sinais de um tipo celular para outro. Entre outras funções, elas levam a célula que recebe o sinal a proliferar-se, diferenciar-se, secretar outras citocinas, migrar ou morrer. Uma mesma célula pode produzir diferentes citocinas e, assim, estimular diferentes células ao mesmo tempo. - Divisão As citocinas são divididas em grupos, como os interferons (IFN) e as interleucinas (IL). A maior parte das células da resposta imune é capaz de produzir e secretar citocinas. Por exemplo: ao fagocitar um antígeno, um macrófago secreta citocinas, para ativar outro tipo celular. Neste caso, a célula alvo será um linfócito e, de acordo com a citocina liberada pelo macrófago, a ação do linfócito T será diferenciada. Em geral, as citocinas são pleiotrópicas, isto é, exercem efeitos sobre diversos tipos celulares. Há considerável superposição e redundância entre as funções de cada um deles, em parte pelo compartilhamento de componentes do receptor e pelo uso de fatores de transcrição comuns. As citocinas são importantes desde a hematopoiese e a maturação de células T, no timo. Veja agora exemplos de ação de citocinas na resposta imune inata e adquirida. O padrão de citocinas varia com a idade, fatores nutricionais, associação com outras patologias, uso de corticosteroides e outros fármacos, assim como o estado de imunocompetência do indivíduo. Logo, doenças podem se manifestar de formas distintas em indivíduos diferentes. É o que ocorre, por exemplo, com o perfil de citocinas e de resposta imunológica em casos de hanseníase, leishmaniose tegumentar e outras doenças. ● Ação dos macrófagos Os macrófagos e as células dendríticas são as principais células iniciadoras de respostas imunes. Os macrófagos possuem um papel central nas respostas imunes e na inflamação, como podemos ver no esquema a seguir: - Inflamação A inflamação deriva do latim inflammo + are, isto é, ficar em chamas. O termo, também chamado de flogose, refere-se a uma série de eventos, em resposta a uma agressão tecidual, que pode ser de origem química, física ou biológica, caracterizando uma fase alterativa tecidual. Os macrófagos e os mastócitos desempenham função fundamental no início de uma resposta inflamatória. As diferentes citocinas liberadas pelos macrófagos e mastócitos irão agir em diferentes tipos celulares, promovendo a implantação dos sinais flogísticos, ou cardeais, denominados: dor, calor, rubor e tumor (edema). **Imagine uma lesão de continuidade da pele, como um corte ou perfuração. Que ações ocorrem após essa lesão? A lesão de continuidade é uma agressão à pele e, em geral, há entrada de microrganismos por esse acesso, caracterizando também uma agressão biológica. Logo, há ativação de uma resposta inflamatória, com alterações teciduais, migração celular e surgimento dos sinais flogísticos (dor, calor, rubor e edema). O intuito maior é a destruição dos patógenos presentes e regeneração tecidual. ● Causas dos sinais flogísticos Os macrófagos locais secretam citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF), interleucinas (IL-1β, IL-6 e IL-8) e outras substâncias, como as prostaglandinas e leucotrienos, que promovem, principalmente: - Vasodilatação Os vasos sanguíneos locais aumentam seu calibre; A vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular levam ao aumento do fluxo sanguíneo e do metabolismo local, promovendo o calor e o rubor. - Aumento de permeabilidade vascular Nas células epiteliais; A permeabilidade vascular aumentada também leva ao extravasamento de líquido intravascular para o local da lesão, gerando o edema. - Recrutamento de neutrófilos Por sua vez, a migração de neutrófilos (principalmente) e o edema comprimem as terminações nervosas, promovendo a dor. ● Migração dos neutrófilos Os neutrófilos possuem receptores capazes de identificar citocinas secretadas pelos macrófagos, sendo então recrutados para abandonarem a corrente sanguínea, em direção ao local da lesão. A migração dos neutrófilos para o meio extravascular depende de fatores de adesão, expressos pelas células endoteliais, permitindo que os neutrófilos passem do meio intracelular para o extracelular, por diapedese. ● Inflamações agudas ou crônicas - Fase Alterativa Numa inflamação aguda, após a fase alterativa (irritativa e vascular), da lesão tecidual, passam a ocorrer os fenômenos exsudativos. - Fenômenos Exsudativos Caso a inflamação persista, seja pela incapacidade do sistema imunológico de reparar o dano ou de sua degradação metabólica, começam a ocorrer modificações teciduais, denominando a fase produtiva. - Fase Produtiva Essa fase é caracterizada pela produção de novos componentes, como proliferação de vasos sanguíneos e de células, como linfócitos, mastócitos, monócitos, ocorrendo também deposição de colágeno no local. ● Atenção: Consequências da inflamação para o tecido lesado A inflamação traz como consequência a perda da função local do tecido, principalmente pelo edema e pela dor. Em caso de inflamação crônica, a formação de granuloma ou fibrose podem levar à perda total, parcial, transitória ou permanente do tecido inflamado. ● Ação anti-inflamatória do gelo A compressa de gelo promove vasoconstricção, não permitindo que ocorra a vasodilatação, o aumento da permeabilidade do vaso e da migração celular, apesar da secreção de citocinas pelos macrófagos. Mas em que casos seria viável colocar compressa de gelo? Vamos pensar... No caso de agressão física, como numa pancada, como não houve lesão de continuidade da pele, não houve entrada de microrganismo. Logo, não há a necessidade de migração de neutrófilos para o local da lesão. O uso do gelo irá impedir a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, diminuindo o calor, o rubor e o edema e, consequentemente, a dor. 1. Pesquise o perfil de citocinas nas hanseníases tuberculoide e virchowiana. Para responder esta questão, leia o artigo “Imunopatologia da hanseníase: a complexidade dos mecanismos da resposta imune do hospedeiro ao Mycobacterium leprae” , de autoria de Isabela Maria Bernardes Goulart , Gerson Oliveira Penna e Gabriel Cunha. 2. Identifique a aplicabilidade do gelo como anti-inflamatório e explique em que caso se pode usá-lo em feridaaberta. O gelo promove vasoconstricção, com consequente diminuição na migração celular e da dor, além de reduzir o edema, o calor e rubor característicos de uma resposta inflamatória.
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