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i\.L l...'~ A N L JK V 1 -,,,N \1 1 1 \ V II. O N O V O PA R A D IG M A C R IM IN O L Ó G IC O : "L A B E L IN G A pPR O A C H ", O U E N FO Q U E D A R E A Ç Ã O SO C IA L . N E G A Ç Ã O D O PR IN C ÍPIO D O FIM O U D A PR E V E N Ç Ã O 1. "LA IJE LlN G A I'P N ..O A C H ": U M A R E V O LU Ç Ã O C IE N T ÍF IC A N O  M - IJIT O D A .';oC lO LO (;fA C R IM IN A L A s teorias sum ariam ente exam inadas nos últim os capítulos apresentam , apesar das diferenças que as dividem ,quatro m otivos com uns que devem sersublinhados com o alternativa crítica à con- cepção da relação entre delinqüência e valores,própria da ideolo- gia penal da defesa social.Em prim eiro lugar,elascolocam a ênfa- se sobre as características particulares que distinguem a socializa- çãoe os defeitos de socialização, às quais estão expostos m uitos dos indivíduos que se tornam delinqüentes. Em segundo lugar, elas m ostram com o esta exposição não depende tanto da disponibilida- de dos indivíduos,quanto das diferenciações doscontatos sociais e da participação na subcultura. Em terceiro lugar,estas dependem , por sua vez,em sua incidência sobre a socialização do indivíduo segundo o conteúdo específico dos valores (positivo ou negativo), das norinas e técnicas que as caracterizam , dos fenôm enos de estratificação, desorganização e conflitualidade ligadosà estrutura social.Enfim ,estas teorias m ostram tam bém que,pelo m enos den- t~.ode certos lim ites,a adesão a valores,norm as,definições e o uso de técnicas que m otivam e tornam possívelum com portam ento "crim inoso", são um fenôm eno não diferente do que se encontra no caso do com p0l1am ento conform e à lei. A distinção entre osdoistipos de com p0l1am ento depende m e- nos de um a atitude interior intrinsecam ente boa ou m á, socialou 85 • A LESSA N O R O B A R A ITA C R IM IN O LO G IA C R ITIC A E C R ITIC A D O D IR EITO rEN A L anti-social, valorável positiva ou negativam ente pelos indivíduos, do que da definição legal que, em U ITLÇ 1ad9m <?!.!len.!º-disti~e, em de- tenninada sociedade, o cO ~!!:l~nt<:J c~m inoso do com portam ento lícito.Por debaixo do problem a da legitim idadedosisten~ade vãfore; recebido pelo sistem a penal com o critério de orientação para o com - portam ento socialm ente adequado e,portanto, de discrim inação en- tre confoenidade e desvio, aparece com o determ inante o problem a da definição do delito, com :-as inlplicações-pofítiêo-~Sõciãis-qü~-;eve~ la, quando este problem a não seja tom ado por dado, m as venha tem atizado com o centro de um a teoria da crim inalidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias da "reação social", ou labeling approach, hoje no centro da discussão no ãm bito da sociologia crim inaP. Esta direção de pesquisa parte da consideração de que não ~~ pode cO l!!2reender a crim iD alida~e não se estuda a ação do sis_- kID a penal, ~ a defin~~xs;a$-e---º-ºJlt(ª-ela, com eçando pelas nor- m as abstratas até a ação das in~!~nct~~_oficiai~ (polícia, juízes, ins- "- tituições penitenciárias que as aplicam ), e que, por isso,-º statu~ -SQ cialde_ç,e1inqjj...enkp-r.e~JJp-~)-ll~c.e_s..s_ªrj-ªID el].~.9_dejj-º-da.ativi - ~~~~ ~_~~i!:~~!~_t.!~i~~_Q º-~_tai~ __4~_~<:J_t.!tr:g~~_~<:J~i~l daÊ~l!~_q~ê~~!l:t, en- Q uanto não adquire esse status aquele que, apesar de ter realizado I_Q )~!!:!~L~0l).1P--ºrtam e!1J:2 P\l_t.!jy'~ILt.!.i'!g~__alc_~r.t£~~gLtg9avia, pe~_ ação daquelas instãncias. Portanto, este não é considerado e trata- do pela _sociedade com o "delinqüente". N este sentido, o labeling approach tem se ocupado principalm ente com as reações das ins- tâncias oficiais de controle social, consideradas na sua função constitutiva em face da crim inalidade. Sob este ponto de vista tem estudado o efeito estigm atizante da atividade da polícia, dos órgãos de acusação pública e dos juíze..s. O que distingue a crim inologia tradicional da nova sociologia crim inal é visto, pelos representantes do labeling approach, princi- palm ente, na consciência crítica que a nova concepção traz consigo, em face dz.definição do próprio objeto da investigação crim inológic~ e em face do problem a gnosiológico e de sociologia do conhecim enro que está ligado a este objeto (a "crim inalidade", o "crim inoso"), quan- do não o consideram os com o um sim ples ponto de partida, um a entidade natural para explicar, m as com o um a realidade socialque não se coloca com o préconstituída à experiência cognoscitiva e prá- tica, m as é construída dentro desta experiência, m ediante os proces- 86 - - - - - - - - - - - - - - ~ - - - - - - - - - - - - - I sos de interação que a caracterizam . Portanto, esta realidade deve antes de tudo, ser com preendida criticam ente em sua construção ' 2 .A O R IE N TA Ç Ã O SO O O LÓ C ;IC A E M C IU E SE SITU A o "LA J3E LlN G A pP R O A C H " . . O h~rizvnte de pesquisa dentro do qual o fabeling approach se sItua e, el:l grande m edida, dom inado por duas correntes da sociologia am ericana, estreitam ente ligadas entre si. Em prim eiro lug~r, realm e~t~, t~lenf~q.ue rem onta àquela direção da psicologia SO C Ial e da .so~lO hnguIStIca inspirada em G eorge H . M ead 2, e com um e~~te m dlcada com o "int~~~'!'?!9.11is~110sim bólico". Em segundo h:-g~r, a etnom etodologia", inspirada pela sociologia fenom eno- 10~lca de ,A ~fred Schutz 3, concorre para m odelar o paradigm a ~plsten:ol~glco ~ara~t~rístico ~as teorias do fabeJing, Segundo o m t~raclO n~s~o slm bo!~~~L~.i'_~~!~da9~_=_0~_~~_~,a realidade social - e C O B Stltuíd~"pº_l:~:lm ~infinidªclecle interações-concretas entre --l~divídl::l_os,-ªQ ~1:!~il>_!l!:t.1P!<:)c_esso_ge_tipific~ç~~ c;;;f~r~-~~ siZ;;i~ V ftcado flue se afast d 't - -------------------- ~-------:J______ .....~..as SIuaçoesc<:)l'lc:!etas e continua a estender- se ~través da linguagen!:. Tam bém segundo ~et~~;n~t~d~l~i~ a SO C Iedade não é um a realidade que se possa conhecer sobre opla-. no objetivo, m as o prodl}J~_~~_':l:!E~_'~g!:__~tEl}9ão~9..cial"4,obtida ?ra7~s a um processo de definição e de tipificação por parte de ~ndIvld~os. e de grupos diversos. E, por conseqüência, segundo o m teraC lom sm o e a etnom etodologia, estudar a realidade social (por exem plo~ o desvio) significa, essencialm ente, estudar estes proces- sos, partm do dos que são aplicados a sim ples com portam entos e chegando até as construções m ais com plexas, com o a própria con- cepção de orc.em social. A crim inologia positivista e, em boa parte, a crim inologia li~ ber~l c~ntem porãnea tom am por em préstim o do direito penal e: dosJunstas (com o se disse nocapítulo I) as suas definições de com - • portam ertto crim inoso, e estudam este com portam ento com o se sua qualidade crim inal existisse objetivam ente. D o m esm o m odo e ao m esm o tem po, tom am por evidente que as norm as e os valores so- cia~s que os indivíduos transgridem , ou dos quais desviam , são u.m ve~salm em e com partilhados, válidos a nível intersubjetivo, ra- clO naIs, presentes em todos os indivíduos, im utáveis etc. 87 C R IM IN O LO C IA C R iT IC A E C R iT IC A D O D IR E IT O rE N A L V ice-versa, segundo o interacionism o sim bólico,a coordena- ção dos com portam entos em relação a certas norm as não se efetua de m aneira autom ática, m as depende de algum as condições e,por isso,deve ser considerada com o um a operação problem ática: É útil sublinhar, a partir de agora,a im portância de duas dis- tinções conceituais, fundam entais para o m odo em que a teoria do desvio tem sido desenvolvida,no quadro do interacionism o sim bó- lico (com o tam bém no quadro da fenom enologia e da etnom etodo- logia).A prim eira distinção é a que se opera entr~ e ação. O com portam ento encontra na estrutura m aterial da ação o próprio referente necessário; a ação é o conW Q rtall1entQ _~.çLQ 1iªl se atribui um sentido ou 1:1I}lsigpificado social,dentro 4ª im ~m ç.ãQ , Esta atribuição de significado que "transform a" o com portam ento em ação se produz segundo algum as norm as. A quiintervém a se- gunda distinção. Existem norm as sociaisgerais,com o por exem plo, as norm as éticas ou as norm as jurídicas. M as existem , tam bém , norm as ou práticas interpretativas ("interpretatives procedures"), que determ inam a interpretação e a aplicação das norm as gerais a situações particulares. Estas norm as ou práticas intepretativas e aplicativas estão na base de-quâlqü-er interação sociál e determ i- nam o "sentidod~nrtu-i:a-sõcial"5:R eferindo--=seaunladistinção análoga, introduzida no cam po linguístico por N oam C hom ski G, A aron V .C icoureF denom ina as prim eiras surface rules (ou gene- ralrules), as segundas, basic rules. O utros autores falam ,para in- dicar esta distinção, de unlsecond code,não-escrito, que funciona, no processo de im putaçã~.]~~_t:.~~'pons<lbll1daae- e de atribuiçã<?_de etiquetas de crim inalidade, ao lado do código oficial 8 ,e outros,en- fim - com o se dirá no próxim o capítulo -, de norm as e de m etanorm as'J. --------- O s crim inólogos tradicionais exam inam problem as do tipo "quem é crim inoso?", "com ) se torna desviante?", "em quais con- dições um condenado se to~'nareincidente?", "com que m eios-se pode exercer controle sobre o crim inoso?". A o contrário, os interacionistas,cC 'm oem geralosautores que seinspiram no labeling approach, se perguntam : ~uem édefinido com o desviante?", "que efeito deçorre desta definição sobre o indivíduo?", "em que condi- . ções este indivíduo pode se tornar objeto de um a definição?" e, ..enfim , "quem define quem ?".--- ..---- ..-.--...- 88 A lE S S A N D R O B A R A T T A A pergunta relativa à natureza do sujeito e do objeto,na defini- ção do com portam ento desviante,orientou a pesquisa dosteóricosdo labeling approach em duasdireções:um a direção conduziu ao estudõ da form ação da "identidade" desviante,edo que sedefinecom o "des- vio ~undário"1.~~.~~u~j-~,..<:'~feitoda aplicaçãoda etiqueta de "cri~!~_ noso (ou tam bém de doente m ental") 11sobre a pessoaem quem se ..aplica a etiqueta;a outra direção conduz ao problem a da definiçã-o,-dã, constituição do desviocom o qualidade atribuída a com portam entõs e •. a indivíduos,no curso da interação e,por isto,conduz tam bém ~~ ;-. problem a da distribuição do poderde definição,para o estU dodõsque .detêm ,em m aiorm edida,na sociedade,o poderde definição,ou-seJi:ç- para o estudo das agênciasde controle social. ---.--~.~~ 3. O C O M P O R T A M E N T O D E W IA N T E C O M O C O M P O R T A M E N T O R O - T U LA D O C O M O T A L A prim eira direção de pesquisa prevalece entre osautores que seocuparam particularm ente da IdenfJdadee das.~im .s.deSY .Íantes com o H ow ard S.B ecker,Edw in M .Lem erte Edw inM .Schur.B eck~~:' por exem plo,apesar de ter contribuído de m odo decisivo ao des~-~~ volvim ento da segunda direção de pesquisa,particularm ente no que concerne à definiçãoL~~~~t~.Y _~y;:i!!c::jp.<l:I}ne_~~_ sobre os efeitos da estigm atização na form açãO do status S9cialde desviante12~à nali-'- sando a típica carreira dos fum adores de m arijuana nos Estados U nidos,B ~~kerm ostrou que a m aisim portante consegü~nciada a12li- c~.9 de sanções consiste em um a decisiva m udança da identi~h' .. sociaLdo..in.clM dU tr,um a m udança que ocorre l~non~;~t;~~' .que é introduzido no status de deJ;via u te 13, -.-- --- -- Segundo Lem ert 1\ central para um a teoria do'desvio baseada na perspectiva da reação social(socialreacliol1)é a distinção entre delinqüência "prim ária" e delinqüência "secundária;'. Lenlert-ci"e~ senvolve particularm ente esta distinção,de m odo a m ostrar com o a reação social ~~_pt:t:l1içào de _:U I!1..p'rj!!.1_e!r<.?_ com IJortam e;t~ desviante tem , freqüentem ente, a função de um '-"Z~~I~~it~~e~t-t~- d.eyiance':'.gerando, através de um a m udança da identidad~w ci~T do indiví~uo assim estign~atiza~o,u:na t~ndência a perm anecer no \\ ~ f papelSO C Ialno qual a estlgm atlzaçao o m troduziu. . 89 • C R IM IN O LO G IA C R ITIC A E C R ITIC A D O D IR E ITO rE N A L Em alternativa à teoria m ertoniana, Lem ert l5 sustenta que são doisos principais problem as de um a teoria da crim inalidade: o pri- m eira é "com o surge o com portam ento desviante";o segundo,"com o, os atos desviantes são ligados sim bolicam ente, e as consegüência_~ efetivasdesta ligação para osdesviossucessivospor parte da pessoa". Enquanto o desvio prim ário se re~rta, ~, a um contexto de f!l.!9:. res sociais,culturais e psicológic_Q .~L9.!:!~ não se centram sobre a es~ trutura psíquica do indivíduo,e não conduzem , por sim esm os,~.. um a "reorganização da atitude que o individuo tem para consigo m esm o,e do seu papel social",os desviossucessivosà reação social (com preendida a incrim inação e a pena) são fundam entalm ente de- term inados pelosefeit~"'p"sicológicosque talreação produz no indi- víduo objeto da m esm a;o com portam ento desviante (eo papelsocíal c.ºq~~ºndente) sucessivoà reação ~~Q .D 'la-se um m eio de defesaLf!~_. ataque ou deadaptação em relação aosproblem asm anifestoseocultos . criados pela reação socialao prim eiro desvio".Tam bém SC hur lGse reporta à distinção entre desvio prim ário e secundário,desenvolvida por Lem ert,e considera esta distinção "central" para a construção de um a teoria da crim inalidade baseada no labeling approach. Para osfinsde nosso discurso sobre a relação entre a crim ino- logia liberal contem porânea e a ideologia penal, destaca-se que os resultados desta prim eira direção de pesquisa,na crim inologia ins- pirada no labeling approach, sobre o desvio secundário e sobre car- reiras crim inosas,põem em dúvida oprincípio do fim ou da preven- ção e,em particular, a concepção reeducativa da pena.N a verdade, essesresultados m ostram que a intervenção do sistem a penal,espe- cialm ente as penas detentivas,antes de terem um efeito reeducativo sobre o delinqüente determ inam , na m aioria doscasos,um a conso- lidação da identidade desviante do condenado e o seu ingresso em um a veretadeirae própria carreira crim inosa. ; I N ão nos deterem os posteriorm ente sobre osvários desenvol-\'; vim entos experim entados pela perspectiva do labeling approach, no interior da prim eira pesquisa. A quiim porta, sobretudo, subli- nhar que um a teoria da crim inalidade centrada sobre talperspec- tiva, assim com o está desenvolvida na literatura anglo-saxõnica originária e,em boa parte,tam bém da Europacontinental,não cons-'\ titui,necessariam ente,um a negação,m aspode serum com plem ento ). da investigação etiológica sobre o desvio crim inal. ' 90 (. A LE S S A N D R O B A R A TTA D iante deste tipo de indagação, em substância, os autores que m encionam os desenvolvem um a polêm ica, m as um a polê- m ica dirigida a superar a exclusiva acentuação da perspectiva* etiológica, não a negar sua função no ãm bito de um a teoria da ,..:'j crim inalidade. D e resto, pode-se observar, as teorias do labeling'-'] CF ' baseadas sobre a distinção entre desvio prim ário e desvio se-J".:i "I ' cundário, não deixaram de considerar a.~m atização O C Ji.SÍQ :: nada pelo desvio .JJlt~,!!~rLº-!~unb_~D }S.Q !no um a causa, que tem seus efeitos ~~p.,Ç .çífiços na identidade soci~L~}}-ª_,ªutºf.!.~i!1J.çªo das pessqas .obj~tº..4~X ~i:l,ç_~_soci~LPor isto,tam bém na litera- tura de língua alem ã, a discussão crítica seguida à recepção do labeling approach na teoria interacionista de Fritz Sack - re- cepção que exam inarem os no próxim o capítulo -, é caracteri- zada pela alternativa entre um em prego m enos rigoroso do novo paradigm a, ou seja,pela tendência a superar a "unilateralidade" \i:"""" da teoria interacionista, e a m ostrar com o a perspectiva do labeling é com patível com a pesquisa etiológica sobre o com - portam ento crim inalizado - neste sentido, as contribuições de G ünter Endruw eit e de K arl K unz l7 -, e um em prego radical dela,representado principalm ente por Fritz Sack e por W olfgang K eckeisen. Este últim o - em um livro verdadeiram ente digno de m enção l8 - aplica ao deslocam ento do objeto da pesquisa, do estudo dos fatores da crim inalidade para o estudo da reação social, a teoria de Thom as K uhn sobre a estrutura das revolu- ções científicas e sobreas m udanças de paradigm a na ciência. D efine o paradigm a etiológico e o paradigm a do controle (labeling approach) com o dois paradigm as incom patíveis,con- siderados no seu m odelo Ideal, ou seja, na sua expressão m ais conseqüente e radical. "O problem a fundam ental do paradigm a etiológico - escreve eleH >,-, ao qual a m aior parte da ciência,com o tam bém do senso com um ,perm anece fiel,pode seridentificado na interrogação: quais são as condições que podem ser atribuídas a um fato precedente- li m ente existente,ou seja,o com portam ento desviante?" A sim plica- ções deste paradigm a são:.-& JJ11L.'i.ÍS.t~l1m ..Q bjeJ.i.vº_,~.ººj~ti'yª-!].J~nt~ reconhecíveldeX lQ l:Jl1aS_p-ré,Ç onstituídas; b.ta.exi t~nciªdeduasclasse.s., distintas de__ç91TIP-ºrt.ª-m ~ntº~_~.g~.~1J.j~ij-º~;º$Ç 9m P9rtm ]J~tlJ()$.~-ºs ..m i~iiº,$,.n2X !l1~i.$ ..e...9,$._d~$.Y .Ü tn.t~s; çl,fL gç:stjna,窺,..:~t~çnis::.9.~" 91 C R IM IN O LO C IA C R iT IC A E C R iT IC A D O D IR E IT O P E N A L intervel)cioni~tª-'.~.;Lt~Q ria, .ou .seja,aquelatípica. da.crim inulO $ia. Q ositivista,de l:iJ.U i.z..ªI_ªçQJ;:lyorrênciadosJatores do .desvio para in - ~..rvi.uQ .l?l'~_~l~.$,..m ºªifiº-ªnqº~.Q S.(Ç Q rr~cionID isrnº)_, A o contrário, o paradigm a do controle parte de um a problem atização da suposta validade dos juízos sobre desvio. Este paradigm a se articula em duas ordens de questões: "1) Q uais são as çJlndi.~da intersubje.tiY i.da.d.e...daatribuição de~nificadosJ, em geral, e pal1iç...u.larm ente..do..desy.io-(com o significado atribuído a com portam entos e a indivíduos). 2)Q !:!.at~Q .p.94~r.m !ecQ nfer e a c~rtas defüli.ç.Q e.U U llª.Y aJiqadereal.(no caso em que, a certas defi=- J1iç.ões,sejam Jjzadas ªH '=:teJªs'H çºnseq~~nçjªs..práticasque são as sanções)"zo. N o paradigm a do controle, a prim eira pergunta forne- ce a dim ensão dEjde(ilJM qa segunda, a.Jiim ensãº-ªº ..]2Q çf~.T. 4.A s D lR E Ç Ô E ,.j TE Ó R IC A S Q U E C O N TR IlJU ÍR A M P A R A O D £< iE N V O L- V IM E N TO D A S D U A S J)IM E N W .'jE ~'D O P A R A D IG M A D A R £u'À n SO C IA L A form ulação acim a sintetizada não deriva nem da som a das diferentes teorias que adotaram o labeling approach, nem de um a generalização baseada sobre elem entos com uns a todas estas teori- as,m as, antes, de um a estilizaç.lo que objetiva acentuar a quintes- sência do paradigm a do controle, consideradas, na form a m ais pura e rigorosa possível, a identidade e a originalidade teórica que o distinguem de outros m odelos. Poder-se-ia afirm ar, segundo a aná- lise que K eckeisen faz das duas dim ensões do paradigm a, que para o seu desenvolvim ento contribuíram , de diferentes m odos,autores que podem ser classificados conform e três direções da sociologia contem porânea: o interacionism o sim bÓ licQ .(H .B ecker,E.G offm an, J.K itsuse, E.M .Lem ert, E.M .Schur, F.Sack)i a fenom enolQ $ia e a etnom etodologia (P.B erger eT.Luckm ann, A .C icourel, H .G arfinke1, P.M cH ugh, T.].SchefO e,enfim , a sociolO $iado conflitQ .(G .B .V old, A .T.Turk, R .Q uinney, K .F.,Schum ann). Enquanto os autores per- tencentes à prim eira e à segunda direção teórica desenvolveram principalm ente a dim ensão da definição, osautores que utilizaram o paradigm a do controle no quadro da sociologia do conflito, ela- borado sobretudo por C oser e D ahrendorf, desenvolveram particu- larm ente a dim ensão do poder. 92 É precisam ente a estilização do paradigm a do controle,derivada dessa particular utilização sua, que perm ite a K eckeisen afirm ar a existência de incongruências internas nas teorias de B ecker,Lem erte Schur.R ealm ente,segundo W olfgang K eckeisen,estas apresentam , na sua realização não rigorosa do paradigm a, resíduos do m odo com o o problem a do desvio era colocado pelo paradizm a etiolá$iço - com as conseqüentes im plicações teóricas negativas decorrentes daquele 1110- delo de enfoque -, ou seja,a consideração do desvio com o um a qua- lidade objetiva do com portam ento e do sujeito e,com o conseqüência disto,a "reificação" do conceito de desviQ .M ostrem os um exem plo:o teorem a de W .I.Thom as,que pode serconsiderado com o um teorem a fundam ental para o interacionism o sim bólico epara o próprio labeling approach,se enuncia, na sua form ulação original,do seguinte m odo: "se algum as situações são definidas com o reais,elassão reais nas_.SlJas conseqüências". Schur m odifica o teorem a de Thom as sob a convic- ção,errônea segundo K eckeisen,de apresentar a quinteSSência do labeling approach,da seguinte m aneira: "setratam os com o crim inosa um a pessoa,é provável gue ela se torne crim inosa". Em relação a tal afirm ação, K eckeisen observa: "a guestão de com o alguém se tO IJlª crim inoso não éaform ulação dealgodiverso do pa~rna e.ti.Q li:~$içº". Tam bém neste caso,continua K eckeisen 21,"o que, segundo B eckere Schur,deve produzir-se no plano da realidade da ação,considerada com o o desenvolvim ento condicionado da interação,encontra o pró- prio cO lTespondentena teoda com o reifiC açãodo C .Q lli;eitode desvio". Estareificação do conceito dedesvio seria,PQ is,o "resíduo objetiyj~t£I.~, que invalida tam bém a teoria de B eckere que desrada º-P~sso dQ labelinga um a m era repetição do qL!~_~j~~9adº".É esta a fundam en- tal objeção levantada por K eckeisen 2zà teoria de B eckerZ 3:segundo esteúltim o,no processo do labeling,um "com portam ento h'ansgressor da norm a" (rule breakingbehavior) torna-se um "com portam ento desviante" (deviant behavior). O "com portam ento transgressor da norm a" seria um com portam ento já qualificado de m odo valorativo e considerado com o tendo um a qualidade própria, quase com o se fosse já dada, de que o processo do labelingnão fossesenão a sim ples con- firm ação. Tal crítica se volta globalm ente contra toda direção de pes- quisa que, pretendendo aplicar o labeling lipproach, se ocupa da form ação das carreiras desviantes e que,com o se notou, perm ane- 93 I"L'._.' C R IM IN O LO G IA C R ITIC A E C R ITIC A D O D IR E ITO I'E N A L ce no exterior da form ulação "rigorosa" deste paradigm a, fornecida por K eckeisen. R ealm ente, adotando esta form ulação, o m odelo da carreira se revelaria com o um exem plo de "interferência" entre o ~o~~Ó ~g_ ~~d~lo do £Q x~trol~ decorrente do abandono de um princípio fundam ental do paradigm a do controle, substituí- do por um a perspectiva tipicam ente etiológica. A lém das considerações críticas que alguns poderiam apre- sentar diante de sem elhante im postação, certam ente podem os aceitar a afirm ação de K eckeisen segundo a qual o problem a da definição, ou seja, o problem a da validade do juízo pelo qual a qualidade de desviante é atribuída a um com portam ento ou a um sujeito, é o problem a centraLd.e...um a teoria do desvio e da erim inalidade ade_,:" _rrut~ ao Jabe1ing!lJ?Pl~'-ºªC 2h. . 5.O s PRO C ES,';'O S D E D EFIN IÇ ÃO D O SEN SO C O M U M N A AN ÁLISE. D O S IN TERAC lO N ISTAS E D 05; FEN O M EN Ó LO G O S O s processos de definição que se tornam relevantes dentro do m odelo teórico em exam e não podem se lim itar àqueles realizados pelas instâncias oficiais de controle social, m as, antes, s~ identifi- cam , em prim eiro lugar, com os processos de definição do senso com um , os quais se produzem em situações hão-oficiais, antes m esm o que as instâncias oficiais intervenham , ou tam bém de m odo inteiram ente' independente de sua intervenção. Sob este ponto de vista, os estudos de John L K itsuse e os estudos de Peter M cH ugh- entre os fenom enólogos - têm sido m uito im portantes para os de- senvolvim entos do paradigm a do controle.K itsuse 24 form ulou o problem a nos seguintes term os: o desvio é um processo no curso do qual alguns indivíduos, pertencentes a al- gum grupo, com unidade e sociedade a) interpr~tam tIm com p-ºr.ta.: _m _e_n_t._o_c_o_n_l_o_d_e_s_V 1-.,.' a_n_t~pJ_d_efin_e_11l.!!.m ª pessº~_çJJjo com portam ento corr~onda a esta irl~~etação, cQ m o faz~do_~rt~_ª-~_~.m ::l c.er: ta cateQ 'oria de desviantes c) t:>õem em açãp um _trat~m c:.~!o ap-!'~P!1~9:~ ___=_. .......__ :2 ..__ .. .-- d ~ID 1ª,Ç _~..d~tª ..P_e-ssoª'C om o K itsuse e vários outros não se cansam e repetir, não é o com portam ento, por sim esm o, que desencadeia um a reação segundo a qual um sujeito opera a distinção entre "norm al" e "desviante", m as som ente a sua interpretação, a qual torna este com - 94 III.1"i:1 A LE $S A N D R O H A R A TIA .portam ento um a ação provida de significado, Por isto, em determ i- nado sentido, o com portam ento é indiferente em relação às reações possíveis, na m edida em que é a interpretação que decide o que é qualificado desviantee o que não o é.E se não é possível estabelecer, de m odo arbitrário, que um com portam ento qualquer é um com - portam ento de tipo crim inoso, isto se explica pelo papel decisivo que, a tal respeito, desem penham as condições que acom panham a rea- ção ao próprio com portam ento. Por conseqüência, todas as questões sobre as condições e as causas da crim inalidade se tansform ám em interrozações sobre as condiç~~~~_,Ç _ª1!~ª~_çl£LÇ _rim i.nªlizªçãQ ,s.ejª na perspectiva da elaboraçã.Q .._dªs.re.gr.çtS__(p~nªlizª-çãQ e.despenª- lização, ou seja, crll!.l.!n~U .~?.,Ç ão_.Prh.1J_ª_Jial,_~~jª_!lª_.P.~:m ~çtiyª_ªª aplicação das regras k1,.inlÜ 1~JizflÇ ão_~~C l,1ncfária:_proç~SSQ _de ap1i:- cação das regras ger~i~: A m aneira segundo a qual os m em bros da sociedade definem um certo com portam ento com o com portam ento de tipo crim inoso faz parte, por isso,do quadro de definição socioló- gica do com portam ento desviante, e o seu estudo deve, precisam ente por esta razão, preceder o exam e da reação social diante do com por- tam ento desviante. O que é a crim inalidade se aprende, de fato, pela observação da reação social diante de um com poliam ento, no contexto da qual um ato é interpretado (de m odo valorativo) com o crim inoso, e o seu au- tor tratado conseqüentem ente. Partindo de tal obervação pode-se facilm ente com preender que, para _çi_~sel!~ª.9:c;ar_-ª_n!:~_ªçfi_º __~º_ciª.l,..º com portam ento deye s~£..~ª£'.l~..9.~._P~~~!t.:t.£pa~: __a.J?~~~<;~.l2ç~~}la.~i~~_a.I, de routine,ªª-__':t~ªE(tªgetom ada ..P()~~qélda'.'(tf!k~l!~[qF~g!.a..nt~çI realitv), ou seia,_gl!~ ..~1,!~ç.ita,entre as pes~()a~ inw licaqas,illdignação m oral, em baraço, irritação, sentim ento de culpa e outros sentim en- tos análogos. Tal com portam ento é,antes de tudo, percebido com o o oposto do com portam ento "norm al", e a 119rn1fllidlliie~.J'~12rese.!1ta- da por um C O lllP.9..rID n~lltopre.cteterJl}Ü m gº_m ~Iª-~._P_rQ m :i.a.s-e-str!l.tli~ ~ segundo celios m odelos de com portam ento, e correspondente ao papel e à posição de quem atua. I Portanto, a análise do processo de etiquetam ento dentro do senso com um m ostra que, para que um com portam ento desviante seja im - putado a um autor, e este seja considerado com o violador da norm a, para que lhe seja atribuída um a "responsabilidade m oral" pelo ato que infringiu a rO l/tine (é neste sentido que, no senso com um , a defi- 95 C R IM IN O LO G IA C R iT IC A E C R ÍT IC A D O D IR E IT O rE N A L nição de desvio assum e o caráter - poder-se-ia dizer - de um a definição de cdm inabdade), é neces"ário que desencadeie um a rea- ção social correspondente: o sim ples desvio objetivo em relação a um m odelo, ou a um a norm a, não é suficiente. D e fato, aqui existem condições - que se referem ao elem ento interior do com portam ento (ã intenção e à consciência do autor) - cuja inexistência justifica um a exceção; ou seja, im pede a definição de desvio e a correspon- dente reação social. Estas condições, que podem se cham ar condi- ções de atribuição da responsabilidade m oral, no senso com um , têm sido analisadas por Peter M cH ugh 25 •Ele as reagrupa em duas cate- gorias: a) a convencionaljªªd~'-ªSdU i S_~_P~!:g!!D ta~.~Jl.sçirçU ll$.tãnçjas. teriam podido perm itir um cO I!!p9rtam ento diferente, ou seja, se a vontade e a intenção estão_==J}ºÇ ª~º_::=.~l}volvidas, ou se,ao con- trário, a ação foi fortuita, ou devida a um constrangim ent~ ~~-;~~ evento excepcional; bt~Je.ºrfç/çj!!ª5!,:~gJ.:ü_$~.1?~.rg1JJlm .s.ç._Q _ªY Jºrti- _._!1h~_<?~.nS<j~!1<::i'!_<io_B lÀ e fazia,~e s<l:.1::>tagl:!eag!~cºntr~~s n()J:"lllas. A s condições gerais que determ inam a aplicação "com suces- so" da definição de desvio, dentro do senso com um , isto é,a atribui- ção de responsabilidade m oral e um a reação social correspondente, são, pois: 1) um com port,!~l~~~~()._q!:!~infril}ja a rou(ine,_di_sta.ncian- _do-se dos m ode!Q .~.gª~_!.lºr1l1~S _~ta~leçiç1-ª~ 2) um autor que.-se tivesse querido, teria-p-oqid-º-ªZi~.lLS.eja, ..d.e..acordo com as norm as; 3)Jilllautor qu~b~va fazendo_C om o se pode ver, as categoria~LPB ~~~n...t~SJJª-atribJJiçãO de re-spo1\s_abiUda- de m oral e de desvio crim inal, dentro do senso com um , correspon- dem exatam ente às três categorias construidas pela ciência jurídica, que determ inam a im putação de um delito a um sujeito, segundo o pensam ento jurídico: violação da norm a, consciência e vontade. M as, atenção: este processo de atribuição não deve ser confudido com um processo de descrição, erro m uito freqüente, na realidade 2G• 6. O fJR O C E S S O D E TlIJIFIC A ('à O D A S ITU A ('à O . A A N Á LIS E IX )S P R O - C E S S O SD E IJE FIN lÇ Ã O IX ) .\E M O C O M U M N O S IN TE R A C IO N lS TA S E N O S < FE M )M E N <)L()C ()S A s categorias da convencionabdadee da teoricidadeconstitu- em o fundam ento da tipologia das inum eráveis novas situações per- cebidas com o problem áticas e negativas,m ediante um processo 96 1 A I.E S S A N D R O B A R A T T A analógico de tipificação. R ealm ente 1 o processo de definiç_~_o,assim com o se apresenta concretam ente na realidade de todos os dias , encontra-se constantem ente condicionado pelo resultado du..px.o.- cesso de definição exercido em situações precedentes, e,se realiza em função de standards e de referentes sim bólicos. A lfred Schutz 27 analisa a estrutura associativa de tal processo, e-o descreve com o um processo de tipificação. O tipo de pesquisa desenvolvido pelos etnom etodólogos, sobre a base de tal indicação, consiste em per- guntar-se, antes de tudo, m ediante_g!1.:ªj_$__!~grª~jbasicLl!lesl, um a nova situação, diante da qual os m em bros do grupo se encontram em um dado m om ento, é assim ilada a situações precedentes. C olo- cando o acento sobre estes tem as de análise, os interacionistas ~~ fenom enólosos consideram que as definições jfÜ 1ª-dª-$._.!1ãiLde-yem ser sem pre inteiram ente revistas, m as illJ_e,antes,A ling!!a.$~J:l1 sim - bólica na qual os resultados das int~raç.9~s p'r~cedentes estã~~~i;- talizados, constitui o fundam ento da intel~çi~ ªi~ªi--E~t;-~ã~-d~- pende, portanto, som ente de situações particulares: só sobre a base daquela realidade já preconstituída e tom ada por dada é possível "reconhecer" um a situação e atribuir-lhe um significado desviante. Isto se produz, por outro lado, segundo o que se poderá cham ar um processo de "negociação" (bargain), no qual, partindo de defini- ções pr~lim inares ~ ~e ~onvenções provisórias (w orldng agreem ent), se reahzam redefuuçoes e se chega, finalm ente a um a definição "definitiva". É possível, por exem plo, que um ce:to com portam en- t.),com base em um processo de w orking-agreem ent, seja parcial- m ente declarado "crim inoso", m as que, em seguida, seja debatido o problem a da exatidão da hipótese. A ssim , sob este ponto de vista o processo de definição intenlO ao senso com um corresponde a~ ~ue se produz no âm bito jurídico. A "espiral her1l1enêutica'~_q:u.e hga, no pr~~esso de--ªpli~ªçfio 9º_g.ir.~tQ J2~1ª$ insj:-ª.nçil:l~91i.çiai.s~ __ novas .dcllill~Làs _<:ldiniç-º.e.$.._pxeçe.de..ntes_d.e.situações análogas - aSSIm com o a presença de "negociações" e de redefinições no p~ocesso - é bem conhecida pelos estudiosos do pensam ento jurí- dlco e do direito processual. . ~ão é surpreendente, portanto, que um a boa parte - talvez a m alO na - das análises de tipo interacionista e etnom etodológica dos processos de definição do com portam ento desviante assum am com o objeto próprio precisam ente os processos de defini~ão nas si- 97 • C R IM IN O LO G IA C R iTIC A E C R ITIC A 00 D IR C ITO P E N A L tu ações oficiais e,particularm ente, osprocessos realizados pelas agên- cias do sistem a penal (polícia, m agish<atura, órgãos de controle da delinqüência juvenil), ou seja, os processos de crim inalização secun- dária. N ecessário sublinhar, de resto, a não desdenhável im portância que estes últim os revestem para o desenvolvim ento do estudo dos procesos de definição internos ao senso com um , para o aperfeiçoa- m ento do m odelo teórico utilizado na análise das definições "infor- m ais". Por outro lado, o estudo destas últim as e a análise das defini- ções de senso com um têm um a outra razão, ou seja, que não só o pensam ento jurídico se apresenta, no que se refere às categorias com as quais trabalha, com o estreitam ente ligado ao senso com um , m as que o sistem a jurídico, com o tal, funciona de m odo que entre os processos de definição form al e os processos de definição e de reação inform al não existe, verdadeiram ente, solução de continuidade. R e- alm ente, por um ladoLas definições inform ais prepararl1, às vezes, as definicões form ais ~pense-se, por exem plo, nas querelas) e,por outro lado, os resultados concretos das definições form ais não são devidos, som ente, à ação das instâncias oficiais que aquelas provocam . Por exem plo, a distânciti social e o isolam ento de um indivíduo é um a __Leaç-ªº__ºfiçiill_.9.!!~__P-O ªe_~eLde~llcad.e_ª-cl~LllãlLSm nente--p-O Lde£ini- Sº~ s.inform ais, m as ~__muito freqüe.ntem ente um efeito indireto da_ P~l!-ª,--~~p~<:j~h~~en~~.Ji~_PEi_~~o, inflig~9~_a U ].l1indi.vic!~~:_ - A inda que um a crítica eloslim ites das teorias do labelingdeva ser form ulada depois de se ter com pletado sua sum ária resenha, pode-se, desde já, notar que est<lsteºr.iª_s.lX _~duzindo,com o se viu, a crim inalidade à d~fini.ç.~gJ~~.L~ aQ _~fetivo etÍilll-etam ento, exaltam -~ -~~~;~~~~ntoda crim inaliz<lçãg,_~_ç!~i_~_ªg!fo}~ da--ªnálise a realidade_ ..d:~-_~~~1~P.~~~t.;_m ~:ntQ ;j~;iyoSde.jnteresse.s.JJleX eçegpre,s deJJJ1e.la, ou __seJª_,._ªq.Y .eleS---º-()Jl1l2.ºxtªIn~11 t93iJçriD Ü l}illi~À Q ~_-º!:l: l_"!..~º-Lg!leaqui cl~Jlºm i!m m 9S _~:f-ºn1P.º.rtªm ~J1.tº~_.~º.çiª"lm ent~ __negª.tiYQ~",em rell!:... _Ç .ãQ _àsm ais relev'lntes necessidades individuais e co}etivas 28• A qua- lidade de desvio efetivo que tais com portam entos problem áticos têm em face do funcionam ento do sistem a sócio-econõm ico, ou a sua natureza expressiva de reais contradições daquele sistem a, perm a- nece inteiram ente obscurecida, reduzindo-se o seu significado ao efeito das definições legais e dos m ecanism os de estigm atização e de controle social: a análise das relações sociais e econõm icas, que deveria fornecer a chave das diversas dim ensões da questão crim i- 98 rII!Ii;i1r.,.IIII\I1IIII!!!!!I,III A LE S S A N D R O B A R A TrA nal, é desenvolvida em um nível Í1}sufiçientw Ü ~i~º--gª~J~..Q ria~g~_ m édio alcunce, ou seja, das teO l:ia~~fª-~~.!-11 do~~t9.£ daxeªEetack_ social exam inada não só Q 2º!!t<2..-ª~_Ç h~.$élg.ª,--..D lél:.?,Jª-!lÜ 2~}ll,-ºpºn~ to de partida da análise. Estas rem etem , pois, a um a teoria global da sociedade, em que a análise do setor específico pode encontrar o seu verdadeiro quadro explicativo, m as sem oferecer um a tal teo- ria, ou sim plesm ente indicando-a de m odo aproxim ativo. O cará- ter de m édio alcance próprio destas teorias, enquanto as torna va- gam entefungíveis a um ulterior enquadram ento em teorias m ais com preensívas, não de todo identificadas, perm ite-lhes fornecer um a série de elem entos descritivos, indubitavelm ente úteis, da superfície fenom ênica de um ou de outro aspecto da questão, m as não de apreendê-los em suas raízes, de m odo contextual e orgânico. Só descendo do nível fenom ênico da supcrficiedas relações sociais, ao nível da sua lógica m aterial, é possivel um a interpretação contextual e orgânica de am bos os aspectos da questão. M as isto ultrapassa os lim ites das teorias de m édio Lilc,i17ce,e im plica um deslocam ento do ponto de partida para a interpretação do fenõm eno crim inal, do próprio fenõm eno para a estrutura social, historicam ente determ i- nada, em que aquele se insere. 99
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