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Pirataria e Direito do Mar

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A Pirataria e o Direito do Mar
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Vídeos - Realplayer
“Fantástico pirataria”; (youtube)
“Piratas somalis capturados chegam ao Quênia”.
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Pirataria e Direito do Mar
A pirataria no mar é um fenômeno tão antigo quanto o transporte marítimo. 
Desde as primeiras navegações, surgem os piratas para roubar cargas e passageiros e cometer homicídios, fazendo pessoas de reféns, etc.
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Passagens Históricas
Direito Romano: 75 a.C. Julio Cesar foi atacado pelos piratas, mas os militares de J. C. assumiram o controle e os piratas foram crucificados como punição.
Saint Patrick foi capturado e vendido como escravo.
Piratas do Caribe (1560-1720) – Atuavam na Jamaica (que era colônia da Inglaterra) atacando navios espanhóis que se deslocavam para suas colônias.
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Neste período, existiam as cartas dos corsários que eram dadas pela monarquia inglesa autorizando seus marinheiros a atacarem embarcações de países inimigos em períodos de Guerra.
Como a Inglaterra estava quase sempre em Guerra, seja com a França, Espanha ou outros países, os ingleses atacavam embarcações estrangeiras e levavam a riqueza para a coroa inglesa.
Posteriormente, alguns destes navegadores se tornavam piratas, o que era aceito pela Inglaterra porque era conveniente.
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No final do século XVII, início do século XVIII, Madame Chain operava no mar do sul da China (Kentan), comandando 400 embarcações e 16000 piratas (prática que durou por cerca de 100 anos).
Barbary Pirates (1500- 1832) – Atuavam no norte da África, no mediterrâneo e no atlântico oriental. 
Eles capturaram mais de 100 navegadores americanos, o que levou o caso ao Congresso norte-americano em 1794, gerando aprovação de recursos para criação de uma defesa naval americana aprovada pelo Pres. George Washington de 6 embarcações. Entre 1801 e 1805, Thomas Jefferson decidiu que os americanos não pagariam mais resgates pelos seus navegadores e enviou suas tropas para cuidar dos piratas.
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Crimes de Jurisdição Universal de acordo com o costume internacional:
Pelo prejuízo ao comércio internacional e pela crueldade de ações, historicamente foram reconhecidos como crimes de jurisdição universal:
Pirataria no Mar;
Comércio de Escravos – Tráfico de pessoas.
De acordo com o tratado sobre terrorismo, o terrorismo também é crime de jurisdição universal.
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Convenção sobre o Direito do Mar 1982 – ONU – Conceito de Pirataria
ARTIGO 101 Constituem pirataria quaisquer dos seguintes atos:
a) todo ato ilícito de violência (1) ou de detenção ou todo ato de depredação cometidos, para fins privados(2), pela tripulação ou pelos passageiros de um navio ou de uma aeronave privados, e dirigidos contra:
i) um navio ou uma aeronave em alto mar (3) ou pessoas ou bens a bordo dos mesmos;
ii) um navio ou uma aeronave, pessoas ou bens em lugar não submetido à jurisdição de algum Estado (4);
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ARTIGO 105 
Apresamento de um navio ou aeronave pirata
Todo Estado pode apresar, no alto mar ou em qualquer outro lugar não submetido à jurisdição de qualquer Estado, um navio ou aeronave pirata, ou um navio ou aeronave capturados por atos de pirataria e em poder dos piratas e prender as pessoas e apreender os bens que se encontrem a bordo desse navio ou dessa aeronave. Os tribunais do Estado que efetuou o apresamento podem decidir as penas a aplicar e as medidas a tomar no que se refere aos navios, às aeronaves ou aos bens sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé.
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ARTIGO 110 Direito de visita
1. Salvo nos casos em que os atos de ingerência são baseados em poderes conferidos por tratados, um navio de guerra que encontre no alto mar um navio estrangeiro que não goze de completa imunidade de conformidade com os artigos 95 e 96 não terá o direito de visita, a menos que exista motivo razoável para suspeitar que:
a) o navio se dedica à pirataria;
(...)
2. Nos casos previstos no parágrafo 1º, o navio de guerra pode proceder à verificação dos documentos que autorizem o uso da bandeira. 
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ARTIGO 110
Direito de visita 
3. Se as suspeitas se revelarem infundadas e o navio visitado não tiver cometido qualquer ato que as justifique, esse navio deve ser indenizado por qualquer perda ou dano que possa ter sofrido.
OBS: Se houver elementos que comprovem prática de pirataria, a embarcação pode ser apreendida e os tripulantes podem ser presos.
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Características jurídicas da Pirataria no Mar:
A) para fins privados – possui interesse econômico, logo terrorismo não pode ser igualado à pirataria como pretendem alguns juristas para que os terroristas possam ser condenados por quem os capturar.
B) no alto mar ou em qualquer outro lugar não submetido à jurisdição de qualquer Estado – Se a infração ocorrer no mar territorial, daí não se trata de pirataria, mas sim de crime doméstico conforme leis internas do país. Ex. roubo com emprego de armas – armed robery. 
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Características sociológicas da Pirataria no Mar
1) Jovens que vivem em países onde não possuem outras opções de trabalho.
2) A pirataria possui uma base terrestre, na costa e segura.
3) Apoio externo – para venda da carga, para “aquecer” os recursos do resgate.
4) Solidariedade da comunidade.
5) Estados que voltaram ao estado de natureza.
6) Estados em que os piratas desenvolvem funções de governo.
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Malásia, Indonésia e Singapura
Estreito de Malocan – Em julho de 2004 os três países acima iniciaram uma cooperação jurisdicional para evitar que os piratas escapassem da punição fugindo do mar territorial de um país para o outro.
Passaram a autorizar que as embarcações militares de um país cruzassem para o mar territorial do outro país na busca dos piratas.
Estabeleceram um centro de informações sobre pirataria com apoio econômico do Japão. 
Obtiveram ótimos resultados lá, o que levou ao aumento da pirataria na Somália.
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História da Pirataria na Somália
Obteve a independência da Grã-Bretanha em 1960, teve uma democracia que durou 9 anos, daí houve um golpe de Estado e a assunção de um ditador no poder.
Ele instalou um sistema de defesa marítima, controlava a pesca pelas empresas somalis e concedia licenças comerciais para pesca por empresas estrangeiras mediante pagamento.
Em 1991 este governo entrou em colapso.
Entre 1991 e 1995 a ONU esteve presente na costa somali prevenindo a criminalidade no local.
Após a saída da ONU, embarcações de outros países começaram a pescar na ZEE e mar territorial somalis sem pagar pelas licenças, já que não existia mais um governo para regular as mesmas.
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Então, os pescadores somalis começaram a capturar estas embarcações e seu pessoal e exigir compensações para liberar as mesmas, sob a alegação de que eles estavam sendo prejudicados pela pesca praticada por estas pessoas em suas embarcações estrangeiras.
Agora, eles atacam qualquer embarcação até embarcações do World Food Program que leva comida para as crianças da Somália, petroleiros, etc.
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Dados da costa da Somália
Em 2008 – 51 seqüestros bem-sucedidos
Em 2009 – 47 seqüestros bem-sucedidos
Em 2008 – 111 ataques de piratas
Em 2009- 217 ataques de piratas
50 milhões de dólares foram pagos em resgates.
Comentários: O número de ataques duplicou de 2008 para 2009, mas o número de seqüestros bem-sucedidos permaneceu mais ou menos o mesmo.
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Entretanto
Os piratas somalis são altamente sofisticados e armados.
Eles possuem tecnologia e informação.
Há 17 anos a ONU baixou uma resolução de embargo de armas proibindo qualquer país de negociar armas com a Somália.
Ainda assim, com os recursos decorrentes do pagamento de resgates, os piratas adquiriram armas e tecnologia avançadas.
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Tecnologia dos Piratas
GPS, lança - mísseis (rocket propelled granades), mísseis anti-tanques, rifles de assalto (ou seja, as armas mais atualizadas disponíveis), 
Lanchas de alta-velocidade, barcos-mãe. 
Escritório em Londres, Dubai e Iemen que possuem relações com as empresas de seguro marítimo e alimentam
os piratas com os dados das rotas e das cargas das embarcações para que os piratas cheguem na embarcação correta, com armamento adequado e no ponto correto da rota e na hora certa.
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Houve o caso de uma embarcação turca sobre a qual os piratas possuíam tanta informação que chegaram a ensaiar o seqüestro da embarcação por antecipação.
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Dados dos Seqüestros
130 pessoas ainda nas mãos dos piratas;
6 pessoas mortas pelos piratas;
38 pessoas desaparecidas no mar.
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Dificuldades:
Do ponto de vista econômico, o custo dos resgates não é tão alto se comparado com os números do comércio internacional que trafega pelo mar.
Por outro lado, há aumento no gasto de combustível para evitar certas rotas, há gasto com treinamento de pessoal, aumento do valor dos seguros, risco de vida das pessoas, custo para os Estados que enviam embarcações militares para dar proteção, custo para o Estado de Direito que se vê cortado pela pirataria.
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O que pode ser feito?
A indústria tem um papel.
Não há como contornar as rotas tradicionais, mas podem ser instalados alarmes, luzes externas de alto alcance, salas de proteção interna para os funcionários da embarcação, equipamentos para retirar as escadas dos piratas, etc.
Em março de 2010, 4 embarcações foram salvas por terem empresas de segurança operando dentro das suas embarcações, entrando em confronto direto com os piratas na hora do ataque.
Equipes de resgate.
Não pagar o resgate. Se não pagar o resgate, se espera que deixem de existir os piratas.
Proteção naval.
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Principal Solução
Estabilizar a Somália;
Rastrear o dinheiro, chegar nos nomes e confiscar os recursos.
Proibir o pagamento de resgates.
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Proteção Naval
União Européia está escoltando os navios da WFP (World Food Program).
A Russia está escoltando suas embarcações comerciais.
Vários outros países estão escoltando suas embarcações. 
OTAN (NATO) – Task Force 151 – abriu mão do seu comando centralizado, autorizando outros países a contribuir com a operação de segurança naval.
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ONU
Passou várias resoluções sobre pirataria desde junho de 2008.
3 aspectos:
1) As embarcações podem ir atrás dos piratas da Somália inclusive nas 12 milhas do mar territorial da Somália (hot pursuit) .
2) Os piratas podem ser capturados no território da Somália.
3) Os países que tiverem pessoas ou embarcações seqüestradas terão jurisdição para processar.
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Quênia
Aceitou julgar os piratas que forem entregues para eles na região, de forma que estes piratas não precisassem ser levados para o outro lado do mundo para julgamento.
Mas o Quênia tem dificuldades financeiras e do sistema judiciário.
Ainda assim, a União Européia e os E.U.A. fizeram um acordo (contract group) para que os piratas capturados sejam julgados no Quênia.
Trust Fund da ONU – 92% dos recursos vão para o Quênia e outros países que julgarão e farão cumprir as penas.

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