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Aulas de farmacologia clínica I MED PUCPR

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4º PERÍODO 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 
 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 1 
 
AULA 1 
ANTIEMÉTICOS E PROCINÉTICOS 
 Os antieméticos e procinéticos são usados no controle de sintomas gastroesofágicos como: 
náusea (definida como sensação desagradável), arcadas (movimentos espasmódicos do 
diafragma, que afeta a musculatura abdominal e torácica e acontecem com a glote fechada) e 
êmese (expulsão abrupta pela boca, através do esôfago relaxado, do conteúdo gástrico). 
 
O controle da náusea e do vômito está sujeito a diversas vias, mas principalmente o da 
região bulbar, ou seja, é ela que tem o controle efetivo. Todo o trato digestório está 
envolvido nesses sintomas, mas nós temos toda a inervação relacionada a eles e o centro de 
controle envolvido, que é bulbar. 
 
Um levantamento feito das causas mais prováveis para a ocorrência de náuseas e vômito 
trouxe a informação de que a causa mais presente é o uso de álcool, seguido por intoxicação 
alimentar, alimentação em excesso, enxaqueca, vômito induzido, alergia alimentar, estresse e 
viagens. 
 As vias de estimulação do vômito e da náusea convergem para o centro bulbar de controle. 
Essas vias são conhecidas como zona de gatilho (ou zona quimiorreceptora – QTZ ou CTZ), que é 
onde começa o estímulo. Esses sinais podem ser provenientes da faringe, do TGI, de áreas 
cerebrais centrais e do sistema labirinto. 
Em termos de receptores (pensar em neurotransmissores), os que estariam relacionados a 
esses sintomas são: (1) muscarínicos M1 – quando ativados aumentam o peristaltismo e a 
liberação de acetilcolina, resultando em um estimulo do TGI; (2) D2 da dopamina – quando 
ativados desencadeiam náusea e vômito, pois ativam o centro bulbar; (3) 5HT3 da serotonina - 
ativa o centro bulbar também; (4) H1 da histamina – relacionado ao centro vestibular e ao centro 
bulbar e (5) NK1 da neurocinina 1 – fazem ativação do centro de náusea e vomito. 
 Esses receptores são importantes porque muitos dos antieméticos interferem em um 
ou mais deles, ou seja, atuam sobre eles. Existem vários tipos de estímulos que podem 
desencadear náusea e vômito: dor, visões, odores repulsivos, fatores emocionais (normalmente 
relacionados à cefaleia), cinetose (estímulo por movimento, como os enjoos que sentimos em 
viagens. Esse estímulo é transmitido pelo sistema do labirinto e é controlado, basicamente por 
receptores muscarínicos), toxinas endógenas e drogas (podem liberar agentes emetogênicos e 
interagem com receptores dopamínicos), e estímulos provenientes da faringe e do estômago 
(diretamente relacionados com receptores 5HT3 e muscarínicos). Cada estímulo está relacionado a 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 2 
 
um tipo de receptor e isso tem relevância porque permite definir qual tipo de antiemético, dentro 
da diversidade que existe, seria mais indicado para o sintoma do paciente. 
 
PRINCIPAIS ANTIEMÉTICOS 
 Anticolinérgicos. É o grupo mais comum, pois o receptor muscarínicos M1 está 
diretamente relacionado ao desencadeamento da náusea. A transmissão colinérgica ocorre 
em seis etapas, basicamente: tem-se a síntese da acetilcolina no neurônio, seu 
armazenamento em vesículas, o recebimento do potencial de ação com sua liberação na 
fenda sináptica, sua interação com os receptores muscarínicos e nicotínicos vizinhos das 
células neuronais, sua hidrolise após a função exercida e sua recaptura para o neurônio de 
onde foi originada. 
o Receptores muscarínicos: são assim chamados devido à muscarina ter sido a 
primeira molécula identificada com capacidade de ativar esse tipo de receptor. Estão 
amplamente distribuídos no organismo e as principais respostas orgânicas 
consequentes de sua ativação são bradicardia, diminuição da PA e aumento da 
motilidade gastrintestinal. Estão localizados nas junções neuro-efetoras pós-
ganglionares do parassimpático e nas glândulas sudoríparas. Todos os cinco 
subtipos são receptores acoplados à proteína G – o que muda é que os M1, M3 e M5 
têm IP3 e diacilglicerol como segundos mensageiros e os M2 e M4 inibem a 
adenilato ciclase (diminuindo a concentração de AMPc). São receptores de 
membrana: um domínio é extracelular e outro é intracelular (acoplado à proteína G). 
 M1: é chamado de receptor neural. Sua resposta funcional imediata é 
excitação central. Está relacionado ainda à secreção gástrica e ao centro de 
controle de náusea e vômito. Está localizado no SNC, nas glândulas gástricas e 
salivares. 
 M2: também chamado de cardíaco. Sua principal resposta está relacionada à 
atividade cardíaca e à excitação central e gástrica. É encontrado no coração, 
no trato GI e no SNC. 
 M3: glandular ou do músculo liso. Sua principal resposta é em relação à 
acomodação ocular (miose desencadeada por acetilcolina), vasodilatação e 
contração gástrica. Está nas glândulas salivares e gástricas, no TGI e nos vasos 
sanguíneos. 
 M4: semelhante à M2. É responsável pelo aumento da locomoção. Está nos 
pulmões e no SNC. 
 M5: é ainda desconhecido quanto à função realizada, mas já foi encontrado 
no SNC, em glândulas salivares, na íris e no músculo ciliar do olho. 
Os medicamentos anticolinérgicos estão relacionados à desativação desses receptores 
muscarínicos, podendo ser chamados de anti-muscarínicos. Não existem medicamentos 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 3 
 
assim que sejam muito específicos – de maneira geral, eles têm ação distribuída sobre os 
vários subtipos, resultando, então, em uma série de efeitos adversos. 
Mecanismo de ação: antagonismo de receptores muscarínicos – ou seja, esses 
medicamentos bloqueiam esses receptores. Esse bloqueio permite a inibição da zona do 
quimiorreceptor, controlando, assim, a náusea e o vômito. Entretanto, esse bloqueio não é 
muito especifico – a maioria dos subtipos é afetada por um único medicamento. 
Efeitos adversos: com o bloqueio dos receptores muscarínicos observam-se efeitos como 
aumento da PA, taquicardia, diminuição da motilidade do TGI (constipação), boca seca, pele 
seca, retenção urinária, midríase e fotofobia (ambas dependem da dose e da frequência de 
administração do medicamento), sedação e confusão mental (para as drogas que 
atravessam a barreira hematoencefálica e/ou que estão sendo administradas em doses mais 
elevadas). É importante saber que não são todos os anticolinérgicos que desencadeiam 
essas respostas. Os três principais são constipação, boca seca e retenção urinária. 
Quais são: buscopan (escopolamina – é o mais utilizado e é um anti-muscarínico) e 
omoatropina (derivado de atropina, assim como a escopolamina – têm o mesmo efeito). 
Um outro anticolinérgico importante é a atropina, que não pode ser usada com essa 
finalidade ambulatorial; é de uso hospitalar porque tem uma potência elevada e tempo de 
ação prolongado – é mais empregada para reversão de parada cardíaca, em conjunto com 
outras drogas e no controle de secreções pulmonares. 
 
 Anti-histamínicos. Atuam bloqueando os receptores H1 da histamina, que estão 
relacionados à resposta a reações alérgicas e também à náusea. Agem por bloqueio direto, 
ou seja, efeito antagônico. 
Efeitos adversos: discinético (inibição central da acetilcolina), sedativo-hipnótico (quando 
atuam nos receptores H1 do cérebro), estímulo do apetite (bloqueio de receptores para 
serotonina) e ansiolítico (suspensão da atividade de certas regiões cerebrais). Os anti-
histamínicos de primeira geração, como fenergan e polaramine, têm efeito central mais 
pronunciado – sonolência é muito comum. Devido às características sedativas e hipnóticas, 
acabam apresentando efeito ansiolítico secundário – tanto que são usados com a finalidadede conter alergias, ao invés de controle de náusea e vômitos. 
 
 Bloqueadores dopaminérgicos: os receptores que ativam o centro bulbar de controle da 
náusea são do subtipo D2. Quando ativados, desencadeiam náusea e/ou vômito. Os 
agentes usados para esse controle por via dopaminérgica são bloqueadores desses 
receptores. São bastante utilizados. 
Efeitos adversos: são característicos de bloqueadores dopaminérgicos. No SNC podem 
desencadear sedação, efeitos respiratórios discretos (o que é importante quando o paciente 
for portador de problema pulmonar) e crises. Levam à hipotensão porque podem induzir a 
uma diminuição da atividade no centro cardiovascular, por bloqueio de receptores 
adrenérgicos. Um efeito importante, mas raro de ser desencadeado, são as reações 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 4 
 
extrapiramidais: distonia (manifestação de tônus muscular involuntário), acatisia 
(incapacidade de permanecer sentado), pseudoparkinsonismo (tremores semelhantes aos 
do Parkinson) e discenesia tardia (comprometimento do movimento) – são reações 
relacionadas a anti-psicóticos também; são reversíveis por ação de um agente 
anticolinérgico de ação central (o mais comum é o bipirideno). A síndrome neuroléptica 
maligna não é usual com uso de antieméticos, mas está relacionada ao bloqueio de D2 
também. No sistema cardiovascular, podem levar à taquicardia (por reação à hipotensão e 
ao efeito antimuscarínico). No sistema endócrino podem desencadear aumento na 
liberação de prolactina, resultando em galactorreia, ginecomastia e disfunção sexual – uma 
dose eventual não desencadeia isso, mas um uso constante pode desencadear. Do mesmo 
modo, o uso constante desses medicamentos pode levar, ainda, ao ganho de peso. Chamar 
atenção para: sedação, sonolência e risco de reações extrapiramidais. 
Quais são: metoclopramida (plasil), domperidona e bromoprida são os principais. O plasil é 
o mais influente no desenvolvimento de reações extrapiramidais dentre os três, mas não 
esquecer que isso está ainda relacionado à sensibilidade do paciente ao medicamento, a 
dose administrada e a frequência de administração. 
 
 Anti-serotoninérgicos. Em determinados receptores a serotonina pode desencadear 
respostas desagradáveis, como náusea, diminuição do apetite e aumento da motilidade do 
TGI. Existem vários subtipos de receptores serotoninérgicos, classificados em 5HT. Os que 
são de interesse farmacológico são o 5HT1, 5HT2 e 5HT3 – estão diretamente relacionados 
ao controle da depressão, TOC, ansiedade e efeitos adversos. O receptor 5HT3 é destacado 
como um receptor que desencadeia náusea e vômito – várias vias são ativadas quando 
esses sintomas aparecem, como abuso de álcool, ingesta de alguns fármacos, liberação de 
toxinas e estímulos visuais, por exemplo. Qualquer um pode ativar essa via da serotonina. 
Portanto, os anti-serotoninérgicos atuam bloqueando o receptor 5HT3. 
Quais são: ondansetron – muito usado para pacientes que sentem náuseas provenientes de 
quimioterapia. 
 
 Bloqueadores de receptores NK-1. As células enterocromafins e células do sistema 
nervoso central secretam a substância P, que se liga aos receptores de NK-1 e desencadeia 
o estímulo da via aferente vagal, da zona CTZ (quimiorreceptora) e, indiretamente, ativação 
do centro coordenador do vômito e da náusea. Então, quando existe essa interação, o 
paciente apresenta esses sintomas. Os antagonistas do receptor NK-1 correspondem a um 
grupo com potencial antiemético elevado. 
Quais são: o principal medicamento é o aprepitant. Recomenda-se a sua utilização em 
associação com outros fármacos; as associações mais comuns são feitas com antagonistas 
de 5HT3 e com corticosteroides. Os bloqueadores de NK-1 são inibidores moderados da 
enzima CYP3A4, portanto precisam de ajuste de dose para associação com corticosteroides, 
pois essa enzima é responsável pela metabolização destes medicamentos. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 5 
 
 
 Corticosteroides. Podem ser usados para controle de náusea e vômitos. Acredita-se que 
seu mecanismo de ação esteja relacionado ao efeito anti-inflamatório, inibindo a síntese de 
prostaglandinas e de outros mediadores inflamatórios, que poderiam estar relacionados ao 
desencadeamento da náusea. São mais usados em associação a outros medicamentos 
antieméticos, não de forma isolada. Com seu uso têm-se tanto efeitos periféricos, quanto 
centrais. 
Quais são: dexametasona é o principal. 
 
Dependendo de qual for o fator desencadeante dos sintomas, um ou outro grupo desses 
medicamentos vai apresentar uma resposta mais adequada. Para cinetose, por exemplo, indica-se 
mais o uso de antimuscarínicos (escopolamina – é mais efetivo) e anti-histamínicos (como dramin). 
Para náuseas desencadeadas por enxaqueca, usa-se metaclopramida, pois alivia estase gástrica e 
permite melhor absorção dos medicamentos para a enxaqueca. Em casos de labirintite, o mais 
indicado é o uso de anti-histamínicos. Para radio e quimioterapia é indicada a combinação de 
antagonistas de 5HT3 da serotonina + antagonista de receptor NK1, associados à dexametasona. 
 
 AGENTES PROCINÉTICOS: 
São usados com a finalidade de evitar o refluxo gastroesofágico, aumentando o tônus da 
musculatura lisa do TGI, o peristaltismo, a taxa de esvaziamento gástrico e facilitando, assim, a 
motilidade gastrintestinal. Alguns desses medicamentos têm efeito antiemético. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 6 
 
São indicados para sintomas como dispepsia, refluxo GE, hipomotilidade gástrica e controle 
de náuseas e vômitos. 
 Benzamidas. São exemplos metoclopramida e bromoprida. São bloqueadores de 
receptores D2 e têm efeito procinético secundário. Aumentam a motilidade do 
esvaziamento gástrico, diminuem o relaxamento do estomago, aumentam as contrações 
antrais e a responsividade a acetilcolina (por bloqueio dos receptores D2). Atuam, então, no 
esôfago, no intestino delgado proximal e no estômago. A cisaprida é do grupo da 
metoclopramida, mas que não tem efeito antiemético – atua liberando mais acetilcolina 
mioentérica, que se complexa com receptores específicos responsáveis por aumentar o 
peristaltismo e, assim, o esvaziamento gástrico. 
 
 Benzimidazólicos. São usados em pacientes com queixa de “estufamento gástrico”. 
Aumentam a motilidade e o esvaziamento gástrico, aumentam as contrações antrais e a 
responsividade à acetilcolina (por bloqueio dos receptores D2). Domperidona. 
 
 Motilina e análogos. Atuam no antrogástrico e no duodeno. Não se conhece exatamente o 
mecanismo de ação, mas se sabe que tem efeito procinético de estímulo de esvaziamento e 
contração gástricos pós-prandiais. Num pH mais baixo a motilina parece inibir o 
peristaltismo gástrico e num mais elevado, estimular. Um exemplo é a eritromicina, um 
antibiótico macrolídeo de uso procinético também. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 7 
 
A indicação de bromoprida em pacientes com alterações gástricas mais severas é altamente 
indicada, pois, normalmente, com a náusea acontece também a sensação de plenitude gástrica, 
que traz muito mal estar e esse tipo de medicação obtém as duas respostas. 
 
Efeitos adversos entre antieméticos e procinéticos: sedação é o principal, seguida por boca 
seca, cefaleia e reações extrapiramidais. Com o uso de drogas psicóticas o risco de reação 
extrapiramidal é mais comum. 
Contraindicações: se o individuo já apresentou manifestações contra alguns desses agentes, 
não se indica usar outros com o mesmo mecanismo de ação. 
 
 
IMPORTANTE: nunca deve se usar anticolinérgicos em pacientes idosos e com glaucoma.4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 8 
 
AULA 2 
FARMACOLOGIA DAS DOENÇAS PÉPTICAS 
Em geral, as principais doenças ácido-pépticas são: DRGE, gastrites, dispepsia funcional e 
doença ulcerosa péptica. Entram nesse grupo de doenças as úlceras/gastrites por estresse; quando 
o paciente é ansioso/estressado, ele apresenta dispepsia funcional. 
 
A histologia e a endoscopia da gastrite nem sempre batem. Na histologia, o estômago 
sempre tem gastrite (devido à presença de linfócitos e neutrófilos). O que deve ser 
interpretado para um diagnóstico mais preciso é se a gastrite faz alterações de aplasia ou 
metaplasia. 
 
No corpo gástrico temos células parietais que produzem ácido clorídrico. Já no antro 
gástrico temos células que produzem muco, o qual protege o estômago contra o ácido produzido 
por ele próprio. A luz do estômago apresenta um pH extremamente ácido, e, a partir disso, é 
possível afirmar que nenhum alimento é capaz de mudar o pH do estômago. Portanto retirar 
alimentos ácidos para melhorar gastrite e úlcera não tem cabimento. Claro que a passagem de 
alimentos ácidos por uma úlcera, por exemplo, vai causar desconforto, mas não foi essa a causa da 
lesão. 
Então, para que o ácido clorídrico não faça mal ao estômago, o órgão deve apresentar 
muco e o ácido não pode escapar da luz gástrica. Portanto, as doenças ácido-pépticas acontecem 
quando o ácido sai do estômago ou quando esse estômago não tem a barreira protetora de 
muco. Nessas doenças ocorre: aumento de fator agressor, diminuição de fator protetor, ou ambos. 
Agentes protetores da mucosa: 
 Sucralfato 
 Bismuto 
 Misoprostaol 
O Sucralfato e Bismuto formam uma película protetora por onde eles passam a faringe, o 
esôfago e o estômago, impedindo que a úlcera seja agredida novamente pelo ácido, ajudando na 
cicatrização. O Misoprostaol aumenta a produção de prostaglandina E, portanto, a produção de 
muco – é proibido no Brasil, pois é abortivo. 
 
As doenças pépticas acontecem quando o epitélio do estômago não tem o muco 
protegendo do ácido. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 9 
 
Antiácidos: 
 Bicarbonato de sódio 
 Bicarbonato de cálcio 
 Hidróxido de magnésio (age também como laxante) 
 Hidróxido de alumínio (age também como obstipante) 
Essas medicações conseguem tamponar a secreção ácida por pouco tempo (30 a 40 
segundos). Então, elas dão alivio momentâneo apenas e, se o agente causal não for revertido, os 
sintomas retornam. O grande problema dos antiácidos é que, como seu efeito é curto, alguns 
pacientes usam-nos excessivamente. Esse uso abusivo pode fazer com que haja desregulação do 
equilíbrio ácido-base e distúrbios eletrolíticos. Num paciente hígido isso não tem problema; o 
problema maior é os pacientes que têm doença renal crônica, uma vez que os eletrólitos são 
excretados com dificuldade. Então, os antiácidos aliviam os sintomas, mas não são efetivos na 
cicatrização das lesões da mucosa. Por conta disso, surgiram medicações mais efetivas. 
A célula parietal tem uma bomba de prótons (H+/ K+/ATPase), a qual secreta hidrogênio 
ativamente na luz gástrica. A tentativa é bloquear essa bomba para que ela diminua a secreção 
ácida, para que, então, o pH do estômago fique neutro, sendo possível a cicatrização da úlcera. 
Para que essa bomba seja ativada, existem várias formas que podem ocorrer fisiologicamente: 
quando o centro da fome é ativado, ocorre aumento da produção ácida no estômago. Então o 
sistema parassimpático estimula as células enterocromafins a produzirem histamina, e, além disso, 
a acetilcolina está estimulando a produção de ácido, preparando o estômago para a chegada do 
alimento. Quando o alimento chega ao estômago, ele estimula, por via sanguínea, a produção de 
gastrina, que atua em um receptor próprio e também na histamina, estimulando a bomba de 
prótons, e consequentemente, a produção de ácido. 
Então, há três vias principais: a da acetilcolina, histamina e gastrina. Todas elas se 
relacionam através das células enterocromafins. Essas células são responsáveis pela produção de 
quase 90% da serotonina que circula pelo corpo. Logo, quase todos os distúrbios de humor tem 
relação com essas células. Um grupo de remédios que bloqueia a secreção ácida são os inibidores 
dos receptores H2. Então, essas medicações bloqueiam o receptor H2 diminuindo principalmente 
a produção basal de ácido. 
 
As células enterocromafins do estômago é que são as responsáveis pelos sintomas 
dispépticos, uma vez que têm três principais vias relacionadas ao desencadeamento desses 
sintomas: acetilcolina, histamina e gastrina. 
 
Inibidores de histamina: inibem a secreção basal de ácido gástrico atuando como 
antagonistas (inibição competitiva) de receptores H2 das células parietais. Uma vez que atuam na 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 10 
 
secreção basal, isso é interessante para diminuir a secreção noturna de ácido. Servem, também, 
para inibir os sintomas dispépticos ou de refluxo (pirose) não complicados e esporádicos e são 
usados para profilaxia de sangramento por gastrite de estresse orgânico (pacientes queimados ou 
internados na UTI, por exemplo). Esses medicamentos não devem ser usados com álcool (o álcool 
tem efeito exacerbado quando ingerido junto a essas drogas). 
 Cimetidina – faz muitas interações medicamentosas, além de apresentar confusão 
mental, bradicardia e hiperprolactinemia como efeitos adversos. Ficar atento para 
interação com procainamida e etanol. 
 Ranitidina (é eficiente e barato) 
 Famotidina (muito cara) 
 Nizatidina 
A Cimetidina, Ranitidina e Famotidina sofrem metabolismo hepático e depois são 
eliminadas/depuradas tanto pelo fígado quanto pelo rim. 
Um comprimido de Ranitidina tem 150 mg. Para úlceras e DRGE são indicados 300 mg/dia 
(2 comprimidos por dia), enquanto que para úlceras de estresse são indicados 50 mg EV, 3 vezes 
ao dia. 
 
Existe um outro grupo de drogas, que são os inibidores da bomba de prótons – IBP. Esse é 
um processo de inibição muito mais efetivo, pois não interessa a via por onde está chegando o 
estímulo para a secreção ácida, uma vez que ocorre inibição total da bomba, impedindo total 
produção de ácido. 
Inibidores da bomba de H+: 
 Omeprazol 
 Pantoprazol 
 Lanzoprazol Dose de 40 mg/dia 
 Rabeprazol 
 Esomeprazol 
 
São fármacos acido lábeis inativos; no ácido do estômago esse tipo de fármaco é inativado. 
Portanto esse medicamento possui revestimento entérico, que não deixa a substância do fármaco 
entrar em contato com o ácido para ser inativada. Esse revestimento permite que o comprimido se 
abra somente no intestino, onde será absorvido. 
Como são medicamentos de absorção intestinal, só entram na circulação após 30 minutos 
depois da sua ingestão. Por isso a importância de serem tomados em jejum. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 11 
 
São bases fracas lipofílicas; isso permite com que eles passem pela membrana das células 
sem precisar de uma enzima carreadora (se difundem de forma espontânea). Por serem bases 
fracas, se difundem pelo corpo em busca de um ambiente ácido, como o estômago, assim, eles 
vão direito para alvo desejado. 
Têm que ser protonados em ambiente ácido para que se tornem fármacos ativos – só existe 
ambiente ácido em células parietais ativas. Então, mesmo que o medicamento circule pelo resto 
do corpo, ele não será ativado. Quando o fármaco se transforma em sulfonamida tiofílica, que é a 
substância ativa, ele se liga irreversivelmente na bomba de prótons (a célula parietal a que ele se 
ligou se torna inativa para sempre, e então, é preciso que o corpo sintetizeoutra célula parietal 
para secretar ácido - isso leva em torno de 24 a 48 horas). Quando comemos, ativamos cerca de 
30% das células parietais. Levam-se em torno de 2 a 3 dias para que todas as bombas de prótons 
sejam inibidas; logo, o efeito total do remédio aparece quando se conseguiu bloquear todas essas 
bombas. Caso o paciente pare o uso do medicamento, células parietais serão formadas e passarão 
a secretar ácido novamente. 
Em resumo, os IBPs devem ser tomados por via oral e os comprimidos devem ter 
revestimento entérico. Além disso, tem que ser administrado em jejum e é obrigatório que o 
paciente se alimente em torne de 30 minutos a 1 hora depois, para que as bombas de prótons 
sejam ativadas. Se o paciente permanecer em jejum, somente 10% serão bloqueados (apenas 10% 
das bombas de prótons estão ativadas quando estamos em jejum). 
A administração do medicamento pode ser feita 1 vez ao dia. O IBP tem meia vida de 2h, 
mas isso é suficiente para ter inibição ácida por cerca de 24h. O efeito inibidor ácido máximo é 
atingido em 3 a 4 dias. Podem ser administrados por via endovenosa também, quando o paciente 
não está conseguindo se alimentar pela boca. 
Os IBPs são indicados para DRGE, UP, dispepsia, profilaxia no sangramento por gastrite de 
estresse e distúrbios de hipersecreção, como nos gastrinomas. 
Efeitos colaterais: cefaleia, alteração do hábito intestinal, nutrição, infecções, interação 
medicamentosa com digoxina, cetoconazol, varfarina, diazepan, fenitoina e teofilina e 
hipergastrinemia. 
 
Importante: no início de um quadro de Refluxo pode ser recomendado o uso do IBP duas 
vezes ao dia, já que a inibição da bomba de prótons é uma ligação irreversível. Assim, no 
começo pode ser necessário que se atinjam mais bombas, ao contrário de um caso crônico, 
que já teve muitas bombas inibidas ao longo de seu tratamento. 
 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 12 
 
O uso prolongado de IBP faz atrofia relativa da liberação do fator intrínseco, o qual precisa 
de ácido para ser liberado. Então, se não tem célula parietal liberando ácido, não tem FI sendo 
liberado de forma apropriada. A falta de FI vai diminuir a absorção de B12, e a deficiência dessa 
vitamina pode causar doenças neurológicas. Os pacientes que precisam usar IBP em doses altas e 
por uso prolongado devem fazer dosagem de B12 anualmente. Além disso, pausa de 1 semana a 
cada 3 meses do medicamento é suficiente para retomar a liberação de fator intrínseco e, 
portanto, absorção de B12. Cerca de 5 a 7% dos pacientes com mais de 60 anos e que usam IBP 
contínuo fazem insuficiência de B12. Mas essa população também está sujeita a outros fatores 
para deficiência de B12, como, por exemplo, não comer carne e ovos. 
O bloqueio da secreção ácida em pacientes imunodeprimidos, idosos e crianças aumenta a 
hiperproliferação bacteriana intestinal. 
 
Casos clínicos para fixar: 
MAS, 43 anos, pirose há cerca de 2 anos, desde ganho de peso de cerca de 10Kg. 
Sintomas esporádicos cerca de 1x por semana. Nega disfagia ou sangramento. HMP, HMF, 
CHV, RS e EF sem particularidades. 
Esse paciente provavelmente tem DRGE, sem marcadores de alarme. A endoscopia 
foi normal e, portanto, é uma DRGE não complicada. A terapia deve ser feita com IBP. 
O paciente deve retornar de 2 a 3 meses. Se no retorno o paciente não apresentar 
mais os sintomas, pode suspender o uso do IBP. Se os sintomas retornarem, retorna 
com IBP. No caso desse paciente, a medida mais eficaz para melhorar a doença do 
refluxo é a perda de peso. O aumento da pressão intra-abdominal por ganho de 
peso faz alargamento do EEI, causando refluxo. Esse paciente também poderia usar 
bloqueador H2 quando sentisse sintomas ou, ainda, um antiácido. Portanto, o 
objetivo do tratamento é o controle dos sintomas. 
 
JFS, 42 anos, pirose há 4 anos, esporádica e tosse seca há cerca de 6 meses. Nega 
perda de peso ou disfagia. HMP, HMF, CHV, RS e EF sem particularidades. 
Esse paciente tem DRGE com manifestação atípica de tosse. A EDA foi normal, então 
essa também é uma DRGE não erosiva e não complicada. Tratar com IBP 40 mg 2x ao 
dia (mais eficaz que uma vez só, uma vez que ele tem sintomas atípicos. Portanto, é 
preciso bloquear a secreção noturna, já que é ela que faz sintomas altos, como a 
tosse). Outra opção é usar IBP de manhã ou Ranitidina à noite, que também é eficaz 
para o bloqueio da secreção ácida noturna. 
 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 13 
 
AULA 3 
FARMACOLOGIA DA TIREOIDE 
 Ao se falar da tireoide, é preciso lembrar quais são os hormônios por ela produzidos e sua 
importância. Os principais são T3 e T4, além da calcitonina, que é responsável pela modulação da 
concentração sérica de cálcio no organismo. No quesito de distúrbios da tireoide, os hormônios 
que mais interessam são a tiroxina e a tri-iodo tirosina. 
 A formação, estocagem e liberação hormonal estão condicionadas à regulação do eixo 
hipotálamo-hipófise; em suma, a hipófise envia TSH para agir sobre a glândula e, então, ocorrer a 
liberação dos hormônios. Esses hormônios são importantes em várias fases da nossa vida, como as 
fases iniciais de amadurecimento e constituição orgânica. Por exemplo: uma criança com 
supressão de hormônios tireoideanos no ventre da mãe pode nascer com cretinismo, sem 
crescimento neural, por ausência desses hormônios em seu organismo. Além disso, eles atuam em 
conjunto com outros hormônios, como GH e os esteroides sexuais, para que tenhamos 
amadurecimento e crecimento normal do organismo. 
 Como são formados? A glândula tireoide faz captação de íons iodeto, o qual é 
transformado pelo organismo a partir do iodo ingerido diariamente. No coloide da glândula estão 
resíduos de tirosina, que vão ser iodados e darão origem aos hormônios. O iodeto é captado pela 
glândula e oxidado à iodo, sendo, então, possível de ser ligado aos resíduos da tirosina por ação 
da enzima peroxidase tireoideana (POT). A ligação do um iodo a um resíduo de tirosina forma a 3-
monoiodotirosina (MIT), que pode sofrer outro acréscimo de iodo em seu carbono 5, formando, 
daí, a 3,5-diiodotirosina (DIT). Isso quer dizer que os resíduos de tirosil são iodados em diferentes 
posições: no carbono 3 ou no carbono 3 + 5 (em ambos ao mesmo tempo). 
 De início tem-se formado um resíduo tirosil com um iodo e outro com dois; na conjunção 
desses resíduos é que se formam o T3 e o T4, sendo que o T3 tem três iodos na molécula 
(triiodotirosina) e o T4 tem 4. A conjunção é feita entre dois resíduos de tirosil próximos um ao 
outro. Se houver um MIT próximo a um DIT, haverá formação de T3. Se houver dois DITs próximos 
um ao outro, haverá formação de T4. Todas as ligações que ocorrem entre as moléculas e o íon 
são feitas com auxílio da POT. Quando as moléculas estão prontas, sofrem uma lise residual e, 
enfim, são liberadas como T3 e T4. 
HIPERTIREOIDISMO é quando se tem muita formação de hormônio pela tireoide e ele está 
sendo liberado em grande quantia para a circulação, o que ocasiona sintomas e repercussões 
orgânicas. Para o tratamento dessa condição, o princípio de ação do fármaco usado é tentar 
diminuir a formação do iodo; isso pode ser feito ao se impedir a ação da enzima, pois uma vez que 
ela esteja inibida, não há formação da molécula. Esses fármacos são as tioamidas: (1) propil-
tiouracil e (2) metimazol. Ambos inibem a POT e a condensação dos resíduos de tirosina. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 14 
 
(1) O propil-tiouracil impede que o T4 se transforme em T3, uma vez que quase todo o T4 é 
transformado em T3; o T4 é liberado pela circulação, sofre biotransformação para T3 e aí 
é ativado, ou seja, é comose o T4 fosse o pró-hormônio de T3. 
 
SABER: a função tireoideana está controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise; a formação dos 
hormônios é feita com ajuda de enzimas e para o processo ocorrer, precisa haver iodeto 
disponível. 
 
 De maneira geral, os hormônios da tireoide são reguladores para a maioria dos tecidos. 
Produzem aumento geral no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Sua administra-
ção aumenta a frequência cardíaca, o débito cardíaco e leva à propensão de desenvolver fibrilação 
atrial. Têm ação direta nas células do organismo e potencializam a ação do GH. 
Mecanismo de ação: o hormônio penetra na célula e se liga em receptores 
intracitoplasmáticos, que permitem seu transporte e entrada no núcleo, onde age sobre o DNA. 
Como são moduladores, agir sobre o DNA permite com que haja a produção ou inibição de 
determinadas proteínas – não são sempre as mesmas (variam com o tecido em que o hormônio 
atua). O hormônio T4 tem pouco efeito e, portanto, vai ser convertido em T3. 
ANORMALIDADES DA FUNÇÃO TIREOIDEANA: (1) hipertireoidismo: se dá pela 
atividade excessiva dos hormônios, com alta taxa metabólica, o que caracteriza os pacientes como 
pessoas magras e agitadas. Além disso, ocasiona aumento da temperatura corporal e da 
transpiração e predispõe a uma acentuada sensibilidade ao calor. No paciente com 
hipertireoidismo ocorrem sintomas como nervosismo, tremor, taquicardia, fadiga e maior apetite 
associado com a perda de peso. Uma das causas da doença pode ser uma neoplasia local, que 
leva à hipertrofia da glândula. Um achado pode ser também o bócio tóxico difuso, que está ligado 
a problemas imunológicos, em que anticorpos agem sobre a tireoide, estimulando a glândula à 
produção hormonal e que pode ter uma condição concomitante chamada de bócio exoftálmico, o 
qual consiste na protrusão dos globos oculares (exoftalmia) e o bócio nodular tóxico, uma 
neoplasia benigna em que se tem uma grande produção hormonal, nem sempre acompanhada 
por exoftalmia; (2) hipotireoidismo: consiste em menor atividade da glândula e o que se observa 
é que pode ser de origem imunológica ou por falta de iodo da alimentação. Nessa disfunção a 
taxa metabólica é lenta, o paciente apresenta letargia, bradicardia, sensibilidade ao frio, fala 
arrastada, voz rouca e profunda e até mesmo pode levar à deterioração mental. Outra condição 
relativamente frequente nesse distúrbio é a presença de mixedema, um espessamento da pele 
com perda de elasticidade. Essa deficiência hormonal durante a gestação pode levar ao cretinismo 
no feto. A deficiência dietética de iodo se for prolongada, acarreta aumento na concentração 
plasmática, levando ao desenvolvimento de bócio simples ou atóxico. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 15 
 
MEDICAMENTOS USADOS: 
(1) Para hipertireoidismo: tioureilenos compostos por carbimazol (pró-hormônio que 
precisa ser biotransformado em metimazol, não comercializado no Brasil), metimazol e 
propiltiouracil. Eles inibem a POT; se essa enzima não está funcionando, não há iodação 
dos resíduos de tirosina, sua condensação e não há, então, a liberação desses 
hormônios produzidos para a circulação. 
Seu início de ação é lento porque quando se começa a administração ainda se tem 
hormônio armazenado dentro da glândula, que vai ser liberado. Portanto, o 
medicamento leva aproximadamente 1 mês para começar. O efeito é rápido – o inicio 
da ação é rápido, mas demora para ser observada porque se tem os hormônios 
armazenados. A administração é por via oral. 
O metimazol se distribui por toda a água corporal e tem vida plasmática de cerca de 
16h. O propiltiouracil é mais rápido porque impede a conversão de T4 para T3 também, 
o problema está no seu efeito adverso hepático (causa hepatite) e, portanto, nunca 
pode ser a droga de primeira escolha (é utilizado em momentos extremos). 
Sempre se prefere usar o metimazol porque tem menos efeitos adversos. Sua absorção 
é rápida e apresenta 80% de biodisponibilidade no organismo. É um medicamento 
usado durante as refeições, sempre no mesmo horário. Deve ser feito exame de sangue 
periódico porque pode causar granulocitose. 
O metilmazol é mais potente que o propiltiouracil, mas apresenta riscos na gravidez. 
Apesar disso, é uma droga mais segura e sempre a de escolha. Os metabólitos são 
excretados na urina e o propiltiouracil tem essa excreção mais rápida. O efeito de 
ambos é geral – não se concentram na tireoide. 
Reações adversas: prurido e exantema (em alguns casos esses medicamentos são 
associados a anti-histamínicos para diminuir esse efeito). Qualquer outro tipo de efeito 
é mais grave e, nesses casos, deve ser interrompida a utilização do medicamento, 
partindo para outro tipo de procedimento. Os casos mais graves são: agranulocitose, 
icterícia, distúrbios hepáticos, cefaleia, náusea, artralgia (correspondem a menos de 1%). 
Interações medicamentosas: cuidar com a associação de medicamentos que têm iodo 
na formulação, com alguns anticoagulantes orais (porque se aumenta a atividade desse 
medicamento) e depressores da medula óssea (potencializa o efeito adverso de 
agranulocitose). 
O que fazer se o paciente não pode usar tiourilenos e tem hipertireoidismo? Há 
situações em que o paciente não responde ao medicamento ou não adere ao 
tratamento por condição social e orgânica (doenças que impedem a utilização). Então 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 16 
 
pode se usar o iodo radioativo; o iodo é captado pela glândula como iodeto e dentro 
dela vai começar a liberar partículas radioativas, que são altamente citotóxicas e vão 
formar uma reação inflamatória com fibrose – a glândula vai diminuir e perder sua ação. 
O problema quando se utiliza iodo radioativo é que pode se partir de um hiper para um 
hipotireoidismo, uma vez que é muito difícil se controlar a dose que vai ser 
administrada para saber qual a quantidade de tecido a ser destruída. A meia vida dessa 
substância é de 8 dias, mas continua emitindo radiação por 2 meses. Esse tratamento 
também pode ser utilizado como teste de função tireoideana, em que se usa uma 
quantidade bem menor para ver se é captado pela glândula (em casos de 
hipotireoidismo a glândula não capta esse iodo). Outra forma de tratamento pode ser a 
administração de íons iodeto - uma alta concentração de iodeto na circulação faz 
feedback negativo; nosso organismo, mesmo com os distúrbios, interpreta que existe 
muito hormônio tireoideano circulante e, então, tenta diminuir sua produção e sua 
liberação pela glândula. Quando se usam esses íons, há diminuição da vascularização 
glandular, favorecendo à cirurgia – pode ser feita a retirada de um pedaço da glândula 
(não tem perigo de hemorragia). Esse tratamento é feito para fim cirúrgico, não como 
tratamento diário. 
Adjuvantes da terapêutica: uma pessoa com hipertireoidismo é agitada, magra (mas 
que come muito), nervosa e apresenta problemas de taquicardia. Então, como 
adjuvante, pode ser usado β-bloqueador, como propranolol, que bloqueia receptores 
β1 e diminui os efeitos cardíacos. Esses medicamentos secundários servem apenas para 
melhorar os efeitos/sintomas. Outro medicamento usado é a guanetidina, que diminui a 
função de neurônio adrenérgico, diminui a sinapse, ou seja, diminui a função da sinapse 
adrenérgica; isso, no hipertireoidismo com exoftalmia, é importante porque diminui a 
protrusão, já que deixa a pálpebra mais leve (consegue diminuir a sensação da 
protrusão, mas não diminui a protrusão em si, ou seja, não vai melhorar a doença, mas 
sim um dos seus problemas). Corticoides também podem ser usados; alguns tipos de 
hipertireoidismo acontecem por problemas imunes (há aumentoda produção de 
anticorpos, que fazem o aumento da produção hormonal) – a dexametasona, em 
associação com iodeto, diminui a tireotoxicose (pode se usar a dexametasona porque 
ela também diminui a vascularização da glândula). Entretanto, essa associação é feita só 
em casos graves - normalmente não se utiliza no tto do hipertireoidismo. 
(2) Para hipotireoidismo: é resolvido somente ao se fazer reposição hormonal. Desde que 
a patologia não seja causada por distúrbio alimentar, não tem nada que se use para 
mudar a situação hormonal. O comum é administrar tiroxina ou triiodotirosina, ambas 
disponíveis no mercado. As doses devem ser individualizadas para cada caso e o uso é 
crônico, ou seja, para o resto da vida. Euthyrox, puran e syntroid são os mais 
conhecidos. As doses de adulto e de criança variam. Em crianças existe a peculiaridade 
de se iniciar o tto o mais rápido possível porque essa doença está relacionada ao 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 17 
 
amadurecimento, ao crescimento. Lembrar que esses hormônios se ligam fortemente a 
proteínas plasmáticas – isso é importante porque deve se tomar cuidado se o paciente 
tiver alguma inflamação ou infecção grave – isso diminui proteínas plasmáticas e 
alteram o efeito hormonal. É sempre recomendado monitorar a dosagem de TSH. O 
medicamento deve ser dado em jejum (1h ou 2h depois de comer) e sempre no mesmo 
horário. T3: liotirnina, tem ação rápida e é usada em casos mais graves. T3 + T4: 
semelhante ao que acontece no nosso organismo. 
Reações adversas: são decorrentes do próprio tto. Há aumento dos batimentos 
cardíacos, emagrecimento, estímulos excitatórios, insônia, intolerância ao calor e 
transpiração excessiva (características de hipertireoidismo). 
Alguns cuidados: crianças (para que não tenham hiper nem hipotireoidismo), 
diabéticos e hipertensos (esse hormônio mexe com todo o metabolismo, então a 
pessoa com hipo tem seu organismo centrado em uma condição – quando se usa o 
medicamento, pode haver descontrole da DM e da HAS), insuficiência hepática e 
mulheres na fase de lactação (o hormônio é encontrado no leite e pode ser transferido 
para a criança). 
Contraindicação: não usar o medicamento em pacientes com distúrbios do ritmo 
cardíaco (principalmente paciente com queixa de angina instável ou episódios de IAM), 
com insuficiência adrenal sem tratamento e com hipertireoidismo. 
 
É necessária muita atenção ao paciente com distúrbio tireoideano; por isso é importante 
reconhecer a sintomatologia característica desses distúrbios, desestimular a utilização de 
medicamentos emagrecedores que contenham hormônios tireoideanos, orientar o paciente 
quanto à utilização correta dos medicamentos e alertar para a percepção de sub ou 
superdosagem. Sempre estimular o uso racional de medicamentos; o pior problema é educar 
o paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
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FARMACOLOGIA CLÍNICA I 18 
 
AULA 4 
FÁRMACOS ANTIDIABÉTICOS ORAIS 
 Dentro da regulação metabólica do organismo, existe a síntese e a liberação de insulina, 
que acontece mediante o aumento da glicemia plasmática, após a ingesta de alimentos. É 
importante entender que vários fatores regulam a secreção de insulina, portanto, para se obter 
ação terapêutica semelhante se trabalha por vários mecanismos de ação. Além da secreção de 
insulina ser estimulada ou inibida por esses fatores, tem-se, também, a ação dela nos tecidos; ou 
seja, não basta apenas secreta-la, é preciso que meu tecido seja sensível a ela. Então, de alguma 
forma é preciso propiciar o uso da insulina pelo organismo diabético e ela deve combater a 
glicose sérica – desse modo, eu estimulo uma insulina que está sendo pouca produzida ou, 
quando existe sua produção, maximizo a atividade através do estímulo de mais produção ou 
através do aumento da sensibilidade ao hormônio. Portanto, os medicamentos antidiabéticos se 
usam dessas propriedades. 
 
Mecanismo de ação do hormônio insulina: nas células pancreáticas se tem a liberação de 
insulina e, uma vez liberada, ela chega ao tecido alvo. Nesse tecido, a insulina se liga a um 
receptor específico de superfície, que é um grande complexo glicoproteico transmembrana, 
composto por duas subunidades α (totalmente extracelulares) e duas β (com atividade de 
tirosina quinase) – quando a insulina se liga ao receptor, há mudança na conformação dessas 
subunidades e, assim, o hormônio consegue adentrar a célula, onde vai formar uma vesícula, 
resultando em down regulation, que proporciona a captação para utilização de glicose, via 
tirosina quinase. Assim, haverá todo o metabolismo para produção de ATP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 19 
 
Quando se tem 
deficiência de insulina – seja 
deficiência de quantidade ou 
de sensibilidade periférica ao 
hormônio –, tem-se uma 
diminuição na captura de 
glicose. Assim, tem-se 
aumento do catabolismo 
proteico e lipídico (uso de 
outras fontes de energia), 
acarretando consequências ao 
organismo que podem, 
inclusive, levar a óbito. O paciente com essa deficiência apresentará hiperglicemia, glicosúria, 
diurese osmótica diminuída e perda de eletrólitos. Como se aumenta o catabolismo proteico, os 
aminoácidos plasmáticos, há perda de nitrogênio na urina. 
 A importância de se trabalhar a farmacoterapia antidiabética é porque existe uma epidemia 
de DM, que pode atingir mais de 410 milhões de pessoas até o ano de 2040. Por isso é importante 
haver medidas de controle e prevenção. 
 O diabetes é definido, principalmente, por polidipsia (sede), emagrecimento, poliúria e 
aumento da fome (polifagia). Isso tudo é advindo da hiperglicemia e pela perda de eletrólitos. 
Todos os sintomas são decorrentes da falta de glicose no tecido normal. Não é uma única doença, 
mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a 
hiperglicemia, resultada de defeitos na ação da insulina, em sua secreção ou em ambos os 
processos. 
 Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença são: HAS, hipercolesterolemia, 
obesidade, sedentarismo, tabagismo, ingestão insuficiente de frutas, verduras e legumes e, ainda, 
uso de certos medicamentos como asparaginase, glicocorticoides, pentamidina, ácido nicotínico, 
alfa-interferona, inibidores da protease e antipsicóticos atípicos. 
 A doença é classificada em tipo 1 (autoimune, de causa genética associada a fatores 
ambientais, com insuficiência severa de insulina, precisando de insulinoterapia plena), tipo 2 
(necessidade de sensibilizar os tecidos periféricos para a utilização da insulina, que pode ser 
insuficiente ou que não traz sensibilização dos receptores periféricos), gestacional e de outros 
tipos. 
 Tratamento: vai desde a parte de controle glicêmico, com orientações não farmacológicas 
(dieta, atividade física, melhoras de hábitos de vida), uso de medicamentos e tratamento das 
doenças de base associadas ao diabetes do paciente, além da triagem e contensão dos problemas 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 20 
 
crônicos do diabetes (complicações como retinopatia, doença cardiovascular, neuropatia e 
nefropatia). 
 
Medicamentos para controle glicêmico: 
 Depois do dx de DM1: insulinoterapia plena 
 Depois do dx de DM2: dieta + exercícios, antidiabéticos orais em monoterapia, 
antidiabéticos em combinações, antidiabéticos + insulina até atingir, progressivamente, a 
necessidade de insulinoterapia plena. 
 
 ANTIDIABÉTICOS ORAIS: 
São substâncias que, quando usadas, abaixam a glicemia e a mantém em níveis normais. 
Entretanto, se não houver monitorização, não adequara posologia, dose ou combinações de 
farmacologias, pode haver hipoglicemia, principalmente com classes de secretagogos. 
Algumas classes estimulam a secreção de insulina nas ilhotas, por meio dos bloqueios de 
canais de potássio, outras vão trabalhar nos tecidos periféricos melhorando a sensibilidade de 
percepção à insulina, outras podem inibir a absorção de carboidratos (não conseguem tanto 
resultado na redução da glicemia) por inibição da α-glicosidase. Existem, também, substâncias 
sintéticas que mimetizam a ação de hormônios produzidos pelo TGI chamados de incretinas, que 
trabalham a homeostase do processo de insulina e glicemia. Pode-se, ainda, trabalhar na excreção, 
aumentando-a por inibição dos co-transportadores de sódio e glicose nos túbulos proximais do 
néfron (esses medicamentos têm sido utilizados na fase clínica – já estão no mercado, mas ainda 
em fase de teste quanto às reações adversas, pois é uma classe nova). 
 Secretagogos de insulina: são exemplos as sulfonilureias e as glinidas. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 21 
 
o Sulfonilureias. As sulfonilureias são fármacos derivados das sulfonamidas, usadas 
antigamente para febre tifoide; a partir desse uso, se observou que aumentava a 
secreção de insulina também. Então passou a ser sintetizada uma molécula parecida 
que age direto nas ilhotas. 
 Clorpropamida – exclusivamente de excreção renal, portanto não pode ser 
indicada para pacientes com insuficiência renal. É comercialmente chamado 
de Diabinese. 
 Glibenclamida – comercialmente conhecido como Daonil 
 Glimepirida – produz menos hipoglicemia que as demais gerações. É o 
Amaryl comercial. 
 
 
 
 
 
 
 
O grande problema dessa classe de medicamentos é que causam episódios de hipoglicemia. 
 
 
Mecanismo de ação: bloqueiam o canal de 
potássio das ilhotas pancreáticas, despola-
rizando a membrana, aumentando cálcio 
intracelular e, com isso, liberando as vesí-
culas com grânulos de insulina. Ou seja, 
estimulam a secreção da insulina, agindo 
em um receptor específico – fecham os 
canais de potássio e fazem a despolariza-
ção da célula. Aumentam a secreção do 
hormônio e a sensibilidade periférica a ele, 
aumentando a secreção de somatostatina e 
diminuindo a secreção de glucagon. 
 
Efeitos adversos: como há aumento na secreção de insulina, há diminuição na 
secreção de glucagon, logo, o principal efeito é a hipoglicemia. Todo fármaco 
secretagogo tem o risco de causar hipoglicemia, portanto é importante saber usa-lo 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 22 
 
para minimizar esse risco. Outros efeitos podem variar de acordo com o paciente, 
como náusea, vômitos, disfunções hematológicas (agranulocitose, anemia aplásica e 
hemolítica) reações de hipersensibilidade e dermatológicas, efeito dissulfiram (rubor 
induzido por álcool) e ganho de peso. 
 
Contraindicações: DM1 (não há produção de insulina, logo não é possível 
administrar esse fármaco para estimular a secreção), gravidez (são medicamentos 
teratogênicos), lactação (passam do leite para o bebê), insuficiência hepática ou renal 
(principalmente para as de 1ª e 2ª gerações). 
 
Interações medicamentosas: podem aumentar a biotransformação da digoxina 
(aumentam sua excreção, o que acarreta diminuição dos níveis terapêuticos 
plasmáticos). β-bloqueadores diminuem a liberação de insulina. No uso 
concomitante ao álcool o paciente fica sujeito ao efeito dissulfiram (interação das 
moléculas de álcool e do fármaco, sendo que o intermediário resultante é 
responsável pelos efeitos de náusea, vômito e mal-estar). Tomar cuidado com a 
administração junto de AINES, cimetidina, clofibrato, inibidores de MAO e 
sulfonamidas – todos aumentam a glicemia do paciente. Cetoconazol e miconazol 
diminuem a biotransformação das sulfonilureias (risco de hipoglicemia), enquanto 
que o fenobarbital aumenta. 
 
Quando a interação é a nível biocinético não é necessário suspender o uso de um dos 
fármacos. O ideal é fazer ajuste posológico, ou seja, administrar os medicamentos em 
horários alternados. Quando a interação for farmacodinâmica, essa posologia não é possível 
de se controlar. 
 
 
o Glinidas. São da mesma classe dos secretagogos, ou seja, colaboram na liberação de 
insulina também. 
 Repaglinida – derivado do ácido benzoico, estimula a secreção de insulina na 
presença de glicose. Liga-se a receptores na célula β, diferente dos receptores 
das sulfonilureias. Sua ação é mais rápida e mais curta que as das 
sulfonilureias. Nome comercial é Prandim. Faz redução da glicose – é 
semelhante ao das sulfonilureias de ação intermediária. Tem efeito aditivo à 
metformina. É absorvida e eliminada rapidamente por metabolismo hepático, 
ou seja, sofre mais excreção hepática do que renal. 
 Nateglinida – comercialmente conhecido como Starlix. É um derivado da D-
fenilalanina, que faz aumento da sensibilidade da célula β à glicose 
plasmática. Esse medicamento se liga a receptores diferentes na célula β dos 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 23 
 
que as sulfanuloreias se ligam. Fazem a despolarização da membrana, 
propiciando a entrada de cálcio e a exocitose dos grânulos de insulina. Tem 
absorção gastrintestinal rápida (pode ser ingerido minutos antes das 
refeições). 
 
 
 
Mecanismo de ação: atuam bloqueando 
os canais de potássio também. Aumentam 
a liberação de insulina pelo pâncreas. 
 
 
 
As glinidas têm estruturas mães diferentes das sulfanilureias e têm maior 
especificidade pelo fígado, então não vão interferir nos sistemas musculares e 
cardíacos; assim, não se tem um risco tão grande de hipoglicemia. São, então, menos 
potentes que as sulfonilureias. Têm especificidade maior pelas células pancreáticas e 
isso vai diminuir o risco de o mesmo bloqueio de canais de potássio nas células 
periféricas, que poderiam causar hipoglicemia. Entretanto, não são 100% seguras. 
O início e o térmico de ação das glinidas são rápidos – elas são absorvidas 
rapidamente pelo TGI. Têm efeito hipoglicemiante de curta duração, são uteis no 
controle da glicemia pós-prandial (meia vida de 3h, aproximadamente); é indicado 
seu uso pré-prandial. 
Interações medicamentosas: existe aumento da ação das glinidas (devido ao seu 
deslocamento das proteínas plasmaticas) por β-bloqueadores, Cloranfenicol, 
inibidores da MAO, cumarínicos, AINEs, probenecida, salicilaatos e sulfonamida. Há, 
também, fármacos que aumentam a ação das glinidas por alterar o seu metabolismo, 
como genfibrozila, itraconazol, trimetopim, ciclosporina, sinvastatina, claritromicina. 
Fármacos que diminuem a ação das glinidas são os corticosteroides, rifamicinas, 
simpaticomiméticos, diuréticos tiazídicos e produtos da tireoide. 
Contraindicações: gravidez. Por serem mais excretadas pelo fígado, poderia se 
pensar que hepatopatas não podem usa-lo, entretanto, isso não é verdadeiro, pois 
não envolve muita a metabolização hepática. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 24 
 
 
 Sensibilizadores de insulina: 
o Biguanidas – metformina. Normalmente se faz uma associação com sulfanilureias ou 
glinidas – assim, tem-se um efeito hipoglicemiante aditivo. Nessa classe há uma 
característica importante, que é o emagrecimento do paciente – há perda de 2 a 3 kg 
durante os primeiros seis meses de tratamento. Essa classe faz aumento da captação 
da insulina nos tecidos periféricos, fazendo diminuição de hipoglicemia, diminui a 
resistência dos tecidos periféricos (muscular, adiposo, hepático) e melhora a 
captação da glicose. Observa-se diminuição da hiperglicemia, diminuiçãoda 
produção hepática de glicose, aumento na captação da glicose e diminuição de 
resistência periférica à insulina. Tem meia vida de 3h. Não se liga a proteínas 
plasmáticas (isso é importante porque permite que seja um medicamento usado por 
pacientes com microalbuminúria). Sua eliminação é renal, como composto 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 25 
 
inalterado. É a primeira escolha para pacientes obesos (padrão ouro) com DM2, pois 
tem efeito sobre os lipídeos, proporcionando perda de peso. Também é indicada 
para pacientes pré0diabéticos, pois é um poupador da insulina e não produz 
hipoglicemia. Não é secretagogo; esse fármaco utiliza, da melhor maneira possível, a 
insulina disponível no organismo. A dose pode chegar a 1mg 2 x ao dia junto com as 
refeições, pois causa transtorno gastrintestinal (flatulência, náusea e diarreia). 
 
Efeitos adversos: diarreia, náuseas, cólica intestinal, anorexia, diminuição da 
absorção da vitamina B12. Raramente se tem acidose lática – ter cautela em 
pacientes idosos com IC. Com o passar do tempo o organismo do paciente se 
adapta ao medicamento e os efeitos passam a não existir mais – por isso é 
importante orientar o paciente para que aguente firme o começo do tratamento. 
 
 
Pacientes que precisam usar contraste iodado devem parar com o uso de metformina 
porque há complexação, formação de histocomplexos, que fazem comprometimento de 
função renal. 
 
o Glitazonas: pioglitazona (Actos nome comercial) e rosiglitazona (Avandia 
comercialmente). Aumentam a sensibilidade da insulina nos tecidos periféricos, 
principalmente no músculo esquelético, ligando-se a um receptor nuclear que leva a 
um aumento da expressão dos transportadores de membrana de glicose (GLUT 4). 
Muitas vezes as glitazonas não trazem um resultado de controle de glicemia 
plasmática nas primeiras semanas já, mas têm atividade interessante em até 60 dias – 
mesmo após um mês de utilização sem resultados, devem-se esperar os 60 dias para 
observar melhoras. Atingem concentração plasmática máxima em cerca de 2 horas 
após a ingestão. Têm meia-vida de 7h, mas o efeito máximo é lento (1-2 meses, 
conforma já comentado). Essa classe se liga fortemente a proteínas plasmáticas 
(99%). São metabolizadas pelo citocromo p450 em metabólitos ativos, que são 
eliminados de formas diferentes; os metabolitos da rosiglitazona são liberados na 
urina e os da pioglitazona são eliminados pela bile. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 26 
 
Efeitos adversos: ganho de 
peso (2 a 4 kg durante o 
primeiro ano de tratamento), 
retenção hídrica (pode 
precipitar ou piorar casos de 
IC), cefaleia, cansaço e 
distúrbios gastrinsteinais. 
 
Interações: a pioglitazona 
reduz a concentração 
plasmática de contraceptivos 
(perdem a eficácia). 
 
 
 Inibidores da absorção de carboidratos: são inibidores da enzima α-glicosidase. Quando 
se alimenta, há ação de várias enzimas no TGI, as quais propiciam a quebra dos açucares 
para serem absorvidos. Por isso é interessante o medicamento atuar inibindo as enzimas 
que fazem isso – essa inibição é reversível e atua principalmente na α-amilase pancreática e 
na α-glicosideo-hidrolase, que estão ligadas na parede intestinal. Assim, esses 
medicamentos retardam a digestão e a absorção de carboidratos e diminuem a glicemia 
pós-prandial. O principal representante é a acarbose (um oligossacarídeo complexo obtido 
por fermentação de microrganismos). Esses inibidores nunca podem ser usados sozinhos. 
Devem ser ingeridos no inicio da refeição, antes de se alimentar. Um ponto positivo é que 
não causam hipoglicemia. 
 
Efeitos adversos: como agem a nível de parede intestinal, pode produzir efeitos como 
flatulência, desconforto abdominal, diarreia e má absorção. 
 
Contraindicações: pacientes com transtornos gastrointestinais crônicos, pois o 
medicamento precisa de um tecido íntegro para agir. Pacientes com doença inflamatória 
intestinal ou obstrução intestinal e em pacientes com insuficiência renal de estágio IV. 
 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 27 
 
Interações medicamentosas: a interação acontece basicamente com todos os fármacos de 
ação intestinal (atua na absorção). A acarbose pode diminuir a absorção de digoxina e o 
miglitol pode reduzir a absorção de propranolol e ranitidina. 
 
 Fármacos baseados em incretinas: as incretinas são hormônios liberados pelo trato 
gastrintestinal em resposta a uma refeição, responsáveis pela homeostase da glicose. Os 
fármacos (1) mimetizam essas incretinas ou (2) fazem a inibição de enzimas que as 
degradam. No primeiro caso, usam-se agonistas de receptores GLP1. Os inibidores atuam, 
principalmente, sobre a enzima DPP-4 (dipeptilpeptidase). 
A mimetização é do GLP1, que faz homeostase a partir da diminuição da produção de 
glicose, aumentando a sensibilidade dos tecidos à insulina, A degradação desse hormônio 
acontece pela DPP-4, então essa enzima é inibida pelos fármacos para garantir a ação do 
GLP1 por mais tempo. 
Os miméticos das incretinas são a exenatida e a liraglutida. Os inibidores da DPP-4 são a 
sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina e a linagliptina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mecanismo de ação dos miméticos: os miméticos das incretinas estimulam a secreção de 
insulina em resposta à ingesta de alimentos, suprimem a secreção de glucagon e diminuem 
o esvaziamento gástrico, a fim de permitir o aproveitamento do conteúdo que está no 
órgão. Essas incretinas sintéticas não são degradadas pela enzima humana, então têm 
tempo de ação melhor. A administração é subcutânea, ou seja, é uma administração mais 
invasiva, o que talvez seja uma desvantagem. A eliminação é renal. 
o Exenatidina: tem nome comercial de Byetta – é um composto sintético análogo da 
exendina-4, um peptídeo de ocorrência natural em repteis, cuja ação é de agonismo 
no receptor para GLP-1. O tempo de meia vida é cerca de 2 a 3 horas. A injeção 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 28 
 
subcutânea deve ser feita 2x/dia, antes do desjejum e antes da janta. É associada 
com metformina, sulfonilureias ou tiazolidinedionas para melhor controle glicêmico. 
o Liraglutida: vulgo Victoza, é um análogo da GLP-1 cujo mecanismo de ação é 
semelhante ao do GLP-1 secretado pelo intestino delgado distal e pelo cólon. É 
ativado pela ingestão de alimentos e, com isso, aumenta a secreção de insulina, 
diminui o glucagon, retarda o esvaziamento gástrico, aumenta a saciedade e reduz o 
apetite. Também melhora os níveis de pressão arterial e colesterol. É administrada 1x 
ao dia, por via subcutânea. 
 
Efeitos adversos dos miméticos: trazem perda de peso (2,5 a 4 kg), podem alterar a 
absorção gastrintestinal de outros fármacos (principalmente antibióticos e contraceptivos 
orais), causam náusea (devido à redução do esvaziamento gástrico) e vômito. 
 
São secretagogos também, mas de mecanismos de ação diferentes; são usados como 
tratamento coadjuvante. 
 
Mecanismo de ação dos inibidores da DPP-4: são as gliptinas. Prolongam a sobrevida das 
incretinas, auxiliando o pâncreas a fornecer insulina quando a glicemia está elevada; a 
produção de glucagon pelas células α pancreáticas é suprimida, reduzindo a liberação de 
glicose hepática. São administrados por via oral, têm efeito de duração de 24h e sofrem 
eliminação renal. Não causam hipoglicemia. 
 
Efeitos adversos: náusea e cefaleia, além de aumento de infecções do trato respiratório 
superior, mas não se tem nada muito concreto ainda sobre essa informação. 
 
 Fármacos inibidores do co-transportede sódio e glicose nos túbulos proximais: 
são a mais recente opção terapêutica oral. Os representantes são a dapagliflozina 
(forxiga comercialmente), empagliflozina (jardiance comercialmente) e canagliflozina 
(invokana comercialmente). É uma tentativa de excretar mais glicose pelos rins, para 
diminuir a glicemia – ou seja, reduz a glicemia por inibição da recaptação de glicose 
nos rins, promovendo a glicosúria. São também chamados de inibidores SGLT-2. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 29 
 
Então se excreta glicose na urina e mais volume de urina também. Desta forma, pode 
se controlar a glicemia independente da secreção e da ação da insulina, como 
consequente menor risco de hipoglicemia, podendo favorecer também a perda de 
peso. 
 
Mecanismo de ação: inibe as proteínas carreadoras do transporte ativo de sódio e 
glicose nos túbulos proximais dos rins. Controla, assim, a glicemia 
independentemente da secreção de insulina, o que é bastante vantajoso. 
 
Efeitos adversos: baixo risco para hipoglicemia, perda de peso (2 a 3 kg), redução 
da pressão arterial sistólica de 4 a 6 mmHg, pode ser combinado com todos os 
agentes orais e com insulina (sem risco de interação), entretanto apresenta risco 
aumentado para infecções genitais e do trato urinário porque a glicose na urina 
propicia o desenvolvimento bacteriano (serve como meio de cultura). 
 
Contraindicações: não deve ser indicada em casos de insuficiência renal moderada 
ou grave. Pode levar à depleção de volume – tomar cuidado para reduzir a dose ou 
escolher por não usar nesses casos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FARMACOLOGIA CLÍNICA I 30 
 
AULA 5 
INSULINOTERAPIA PARA DM1 
 A insulinoterapia pode ser plena, para diabéticos do tipo 1, ou associada aos fármacos 
antidiabéticos orais, em casos de diabetes do tipo 2. 
 
A insulina é um polipetídeo de síntese endógena (pancreática) que tem três fases de 
produção: no RER, no REL, e depois vai para vacúolos, dos quais é externalizada mediante 
um estimulo. Nesse processamento a insulina perde as cadeias C e P para se transformar nas 
subunidades de cadeia que vão se ligar aos seus receptores. É o hormônio responsável pela 
atividade de transformação de energia da glicose advinda da alimentação. A regulação da 
sua secreção se dá mediante a concentração da glicose plasmática – se aumenta a 
concentração, há estímulo da liberação da insulina. Nas células teciduais ela regula 
receptores que permitem a entrada de glicose para sofrer os processos de obtenção de 
energia. 
 
A secreção da insulina depende do influxo de cálcio na célula pancreática, que leva à 
liberação dos vacúolos para o organismo. Além da glicose, outros fatores podem regular essa 
secreção, como aminoácidos, ácidos graxos, alguns hormônios do trato gastrintestinal e nervos 
parassimpáticos (sensibilizando sempre em receptores muscarínicos, neste caso). Ou seja, são 
vários os fatores que agem sobre as células β. 
A insulina endógena adentra na célula tecidual e abre o canal de captação da glicose, 
através da exposição de GLUTs na membrana apical. 
Como a insulina diminui a glicemia? Através do seu mecanismo principal de ação, que é o 
aumento da captação de glicose, pela lise dessa glicose em energia e pela utilização dela pelas 
células dos tecidos. Já que se tem aumento da energia via lise da glicose, como down regulation 
há diminuição de fenômenos como gliconeogênese, glicogenólise e aumento da formação de 
outras fontes de acúmulo (aminoácidos e ácidos graxos). Então, a insulina atua priorizando a 
obtenção de energia por meio do uso de glicose – os outros meios são guardados para reserva e 
se utiliza sempre a glicose como primeira opção. 
Não esquecer que nos momentos de jejum tem-se o aumento da secreção de glucagon, 
que faz o contraponto da insulina, enquanto que no período pós-prandial há aumento da insulina 
e controle do glucagon. 
Saber sobre insulinoterapia é importante, pois no cenário atual existe uma epidemia de DM, 
da qual se espera uma prevalência de 400 milhões de diabéticos até 2040. É preciso controlar. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 31 
 
Não esquecer, também, que todos os sintomas clássicos da DM são advindos do 
descontrole de glicose no organismo, ou seja, são a forma que organismo tenta compensar esse 
déficit. HAS, hipercolestermia, obesidade e hiperglicemia estão relacionadas à síndrome 
metabólica. 
No DM1 há destruição das células β, gerando deficiência absoluta ou bem proveniente de 
insulina no organismo. Nesse tipo de DM tem-se grande importância a suscetibilidade genética, 
associada a fatores ambientais, que instala episódios de insulinites, já que existe esse ataque às 
células produtoras, as quais resultam na deficiência de insulina. Esse tipo de DM corresponde de 
5% a 10% dos pacientes, ou seja, não é a de maior ocorrência no cenário atual. É mais comum em 
indivíduos jovens, já que não é adquirida ao longo do tempo (é rapidamente diagnosticada 
quando existe) e a sua incidência está aumentando em mais ou menos 3%. É uma doença 
autoimune. Os níveis de insulina nesse tipo de paciente são ausentes ou insignificantes, portanto a 
insulinoterapia plena é a opção de tratamento. Sem a insulinoterapia, o cenário do paciente pode 
complicar para cetoacidose diabética, neuropatia, retinopatia e nefropatia. A intervenção 
farmacológica, então, é a própria administração de insulina exógena. 
Para se classificar o paciente como diabético, é preciso analisar seus níveis glicêmicos e sua 
tolerância à glicose. Os níveis de definição para pré-diabéticos são sempre usado para o tipo 2; 
quando a gente se depara com o tipo 1, o aumento de glicose é sempre bem significativo, não 
resta dúvidas no diagnóstico. O teste da hemoglobina glicada não é muito usado, mas 
complementa o diagnóstico, quando realizado; os níveis estão sempre acima de 6,5% (a glicose 
em excesso se deposita na parede das hemácias). com isso há diminuição da captura e uso da 
glicose e aumento da quebra das outras fontes de energia (cetoacidose e aumento de glicose a 
nível sanguíneo). 
 
As complicações agudas do DM1 são devidas à cetoacidose diabética e as complicações 
crônicas estão envolvidas com o acúmulo da glicose nos tecidos e capilares ao longo do 
tempo. 
 
Esse paciente com DM1 vai ser tratado com insulinoterapia. Existem diferentes tipos de 
insulina e elas são classificadas de acordo com seu tempo de ação. Essa diferença de tempo de 
ação é obtida a partir da manipulação de aminoácidos na molécula da insulina natural. Existem 
insulinas de ação ultrarrápida, rápida, intermediária e lenta. 
A insulina ultrarrápida é usada em momentos em que se tem certeza que o paciente vai 
fazer pico glicêmico, ou seja, no período pós-prandial. As mais lentas são usadas para manter o 
controle da glicemia basal para o paciente não sofrer hiperglicemia ao longo do dia. O diabético 
do tipo 1 não tem essa insulina basal sendo produzida. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 32 
 
O objetivo do tratamento com insulina é fazer reposição da insulina basal e o controle da 
glicemia pós-prandial. 
O mercado farmacêutico oferece várias combinações das insulinas, inclusive misturando 
duas no mesmo medicamento. Entretanto, a adesão a esse método de administração vai depender 
do quanto se deseja aplicar, como é o dia-a-dia do paciente em relação aos picos glicêmicos, seus 
episódios de hipoglicemia e seus hábitos de vida. 
 
 Ultrarrápida: lispro. Em sua fórmula química têm-se aminoácidos lisina e protamina, 
que são trabalhados em conjunto dentrode sua estrutura. Tem rápida dissociação e 
permeação pelo tecido subcutâneo. Esse tipo de insulina é usado quando se tem um 
consumo alto de glicose em pouca quantidade de tempo, no momento pós-prandial. 
Essa insulina nunca é a única opção - sempre vem associada a uma lenta ou 
intermediária. Sua aplicação é subcutânea, tem rápido início de ação, faz pico de 
ação 1-2 horas após a administração e seu efeito dura de 3-5 horas. Utilizada junto 
às refeições; deve ser injetada imediatamente antes. 
 
 
 
 
 
 Rápida: chamada de regular. Seu tempo de dissociação pelo subcutâneo é maior, 
então ela demora mais para permear pelo tecido. Sua modificação estrutural é nas 
cadeias de aminoácidos também. É usada quando o paciente faz um pico de 
consumo de glicose menor, num tempo maior; como ainda se tem pico, a associação 
com UR não deve acontecer nunca, senão aumenta esse pico ainda mais e causa 
hipoglicemia. Sempre se usa rápida ou UR associada à lenta ou intermediaria. A 
insulina regular é a escolhida para manobrar pacientes com pré-coma de CAD, pois é 
a única que pode ser administrada via intramuscular, que tem ação mais eficaz – ela 
se reverte rapidamente no músculo, que tem maior vascularização e, portanto, 
permite que a insulina chegue rápido à corrente sanguínea. Não se usa UR nesse 
caso porque há grande risco de hipoglicemia e não se usa a lenta porque não é 
capaz de reverter no músculo. Tem início de ação de até 1 h, pico de 2-3 horas e 
tempo de ação de até 8h. Utilizada junto às refeições do dia. Deve ser injetada entre 
30 e 45 minutos antes do início das refeições. 
 
Início da ação Pico de ação Duração da ação 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 33 
 
 Intermediária: NPH. Tem associação de zinco e protamina em sua molécula. A ação 
mais lenta é feita quando há mistura de 30% de semi-lenta com zinco e 70% de 
ultralenta (que tem maior concentração de zinco). Ou seja, quanto maior a 
concentração de zinco e protamina, maior a lentidão na dissociação cinética do 
medicamento. Essa insulina tem um pico parecido com o da insulina R, mas não tão 
proeminente e é mais duradouro – então a administração é subcutânea. Pode ser 
associada à R ou UR. Frequentemente, a aplicação começa uma vez ao dia, antes de 
dormir. Pode ser indicada uma ou duas vezes ao dia. Não é específica para refeições. 
 
 
 
 Lenta: glargina, degludeca, insulina-zinco. A insulina-zinco não tem complexação 
com protamina, portanto até chega a fazer uma parábola como pico de ação. A 
glargina só faz manutenção, basal. Esse tipo é mais seguro de se usar porque 
mantém a insulina basal e não faz pico de ação (com exceção da insulina-zinco). Isso 
é importante porque o pico é mais interessante apenas nos momentos em que se 
tem muito consumo de carboidrato, quando se deseja um trabalho rápido. 
Frequentemente, a aplicação começa uma vez ao dia, antes de dormir. Levemir pode 
ser indicada uma ou duas vezes ao dia. Tresiba é utilizada sempre uma vez ao dia, 
podendo variar o horário de aplicação. Não é específica para refeições. 
 
 
 
 
É a alteração farmacocinética da molécula que altera a ação da insulina sintética. 
 
 Insulina pré-misturada regular: 70% NPH + 30% R. Normalmente se administra 
antes das refeições porque é um misto de rápida e intermediária. Por cuidado deve 
ser feito próxima das refeições, ou seja, pode ser aplicada junto a uma ou mais 
refeições ao dia. Deve ser injetada de 30 a 45 minutos antes do início das refeições. 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 34 
 
 UR + lenta associadas: faz o pico insulínico pós-prandial e a manutenção basal 
necessária. Aplicada junto a uma ou mais refeições ao dia. Deve ser injetada de 0 a 
15 minutos antes do início das refeições. 
 
A aplicação da insulina é subcutânea ela é destruída por componentes do TGI; então, não 
adianta fazer por via oral. Ela é absorvida mais rapidamente na parede abdominal, seguida por 
braços, nádegas e coxa – essa ordem de absorção está relacionada à disponibilidade de tecido 
adiposo pelos tecidos. Para a glargina não importa o local de aplicação porque sua composição 
não depende tanto do tecido; é mais envolvida na questão da formulação, que torna mais 
demorada a passagem para os capilares. 
A insulina exógena é metabolizada no fígado, nos rins e no músculo esquelético, por meio 
de metabólitos inativos. Tem tempo meia vida de 8 minutos e a dose média aplicada para a 
população é 0,6-0,7 U/kg/dia – depende do peso do individuo. 
 
 
 
 
 
 
 
A aplicação é feita com a agulha a 90 graus, se o paciente fizer prega subcutânea ou a 45 
graus, sem a prega. É importante variar quanto ao local para não inflamar o tecido e não ocasionar 
necrose. É uma aplicação geralmente indolor. Um aspecto importante é orientar o paciente quanto 
à auto-aplicação. 
As alternativas de aplicação são canetas (injetores portáteis) e bombas de infusão contínua 
(não chega a ser bolus porque não há infusão direta em grande quantidade, mas, sim, uma infusão 
contínua adequada ao paciente – isso é usado mais em pacientes que fazem pico e vale). As 
bombas têm um sensor de glicose, que percebe mínimas impressões de hiperglicemia; assim, vai 
4º PERÍODO TAYNARA LOPES 
 
FARMACOLOGIA CLÍNICA I 35 
 
liberando a insulina de acordo com a programação do aparelho para a glicose ser captada. A 
bomba é pouco utilizada e é indicada para pacientes bem específicos porque o custo é bem alto. 
 Afrezza: é a proposta de insulina da indústria atualmente, do tipo inalável. A 
tentativa é diminuir a falta de adesão à insulinoterapia, já que é considerada como 
um procedimento invasivo. Foi aprovada em 2014 pelo FDA, testada, passou por 
todos os estudos pré-clínicos e clínicos e está atualmente em estágio 4, ou seja, 
ainda se verificando os seus efeitos terapêuticos. É usada logo após as refeições; têm 
ação rápida. A principal contraindicação é os pacientes com alteração de trato 
respiratório superior, porque eles têm superfície alterada (DPOC, asma) e isso não 
garante a absorção da insulina. 
Interações medicamentosas: (1) fármacos com efeitos hipoglicêmicos adjacentes, que 
fazem complementação à hipoglicemia (etanol, antagonistas de β-adrenérgicos porque se tem 
uma ação do SNA aumentando a própria liberação da insulina ou sua ação e salicilatos por efeito 
paradoxal em apenas alguns pacientes); (2) fármacos com efeitos hiperglicêmicos: adrenalina (é α-
2-adrenérgica, portanto atua em muitos receptores e é muito potente – agindo nesses receptores, 
ela aumenta a vasoconstrição periférica e a liberação subcutânea da insulina, que não deveria 
acontecer), glicocorticoides (mexem na regulação entre a insulina e o glucagon) e bloqueadores 
dos canais de cálcio (são essenciais para externalizar a insulina – pacientes com certa produção de 
insulina perdem essa liberação quando ingerem bloqueadores dos canais de cálcio). São 
mecanismos farmacodinâmicos de interação e não cinéticos. 
Reações adversas: hipoglicemia (risco maior – trabalhar a melhor forma de liberação da 
insulina por perfil glicêmico de cada paciente, para o tipo de alimentação que tem e tipo de 
exercício físico que faz, pois há consumo de carboidratos de forma diferente). Pode haver ganho 
de peso (por mais que exista quebra de glicose, há também acúmulo de lipídeos e proteínas), 
alergia à insulina (devido às suspensões com proteínas que as formulações levam), reação de 
hipersensibilidade, urticária local e sistêmica por anafilaxia, reações aos concomitantes que estão 
na formulação do medicamento, resistência imunológica à insulina (por IgE e IgG). Por isso é 
importante monitorar

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