Buscar

Resumão CONSTITUCIONAL II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Direito Constitucional - Resumo
PODERES DO ESTADO
A Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o sistema tripartido de
separação dos poderes, que são as de administrar, legislar e julgar. No Brasil, essas três
funções são exercidas pelo PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO,
respectivamente. Essa separação procura, principalmente, evitar abusos de poder, já que
um poder fiscaliza e limita a atuação do outro. Esse sistema denomina-se “pesos e
contrapesos”. A divisão dos poderes, no entanto, não é absoluta, sendo que cada um dos
poderes exerce, em menor ou maior grau, todas as funções.
 PODER EXECUTIVO
No Brasil, o Poder Executivo será exercido pelo Presidente da República,
auxiliado pelos Ministros de Estado. As atribuições do Presidente da República estão
listadas no art. 84 da Constituição Federal, citadas as principais:
o Nomear e exonerar seus Ministros de Estado;
o Exercer a direção superior da administração federal;
o Proceder à iniciativa de leis;
o Sancionar, promulgar e fazer publicar leis;
o Vetar projetos de lei;
o Editar decretos sobre a organização e o funcionamento da Administração federal
(desde que não aumente despesa, crie ou extinga órgão público);
o Declarar, por decreto, a extinção de cargos públicos, quando esses estiverem
vagos;
o Manter relações diplomáticas com Estados estrangeiros;
o Celebrar tratados internacionais, que serão posteriormente votados no Congresso
Nacional;
o Decretar Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal;
o Exercer o comando supremo das Forças Armadas (Exército, Marinha e
Aeronáutica);
o Nomear os Ministros do Supremo e dos Tribunais Superiores, Governadores de
Território, Procurador-Geral da República, Ministros do Tribunal de Contas e o
Presidente e Diretores do Banco Central;
o Declarar a guerra e celebrar a paz;
o Prestar contas ao Congresso;
1
Direito Constitucional - Resumo
o Editar Medidas Provisórias.
São delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da República as atribuições de expedir decretos sobre a organização
da administração federal, conceder indulto ou comutar penas, prover os cargos
públicos e, por fim, extingui-los, quando vagos.
Caso o Presidente da República cometa algum crime, só poderá ser processado
se a Câmara dos Deputados autorizar (por dois terços de seus membros). Em se
tratando de crimes comuns (previstos no Código Penal), será ele julgado pelo Supremo
Tribunal Federal. Nas hipóteses de crime de responsabilidade, o Presidente da República
será julgado pelo Senado. São crimes de responsabilidade todos aqueles atos que
atentem contra a Constituição.
. MINISTROS DE ESTADO
Os Ministros de Estado terão a função de auxiliar o Presidente da República,
orientando os órgãos da administração relacionados à sua área de atuação, expedindo
decretos e resoluções, e praticando os demais atos que lhes sejam designados. Serão
escolhidos pelo Presidente da República, dentre quaisquer brasileiros com mais de
vinte e um anos de idade e que detenham seus direitos políticos. 
. CONSELHO DA REPÚBLICA
Trata-se de um órgão de consulta superior do Presidente, que terá a função de se
pronunciar sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, além de
tratar de quaisquer questões relevantes para a estabilidade das instituições
democráticas.
. CONSELHO DA DEFESA
Esse conselho também será um órgão de consulta do Presidente, com a diferença
de que tratará das questões relativas à soberania nacional e à defesa do Estado.
Competirá a esse conselho: opinar sobre as declarações de guerra e de paz, opinar sobre
a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio e, por fim, propor medidas
que visem uma melhor defesa do território nacional, com o propósito de garantir a
independência nacional e a defesa do Estado Democrático.
2
Direito Constitucional - Resumo
 PODER JUDICIÁRIO
Caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas as fontes de direito, solucionar
conflitos existentes na sociedade ou conflitos entre os próprios poderes. O Judiciário
É AUTÔNOMO, não se subordina a nenhum outro poder. Por conta disso, ele mesmo
elabora seus orçamentos. O Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do Poder
Judiciário, poderá, exercendo seu poder de iniciativa, propor o Estatuto da Magistratura
(esse estatuto é a LOMAN, Lei Orgânica da Magistratura).
Os juízes possuem determinadas garantias que visam dar-lhes a segurança
necessária para que exerçam sua atividade de forma justa, sem se preocupar com
pressões. São elas:
o Vitaliciedade, adquirida, pelos juízes concursados, após dois anos de atividade.
Com essa garantia, só por sentença judicial transitada em julgado será declarada a
perda do cargo. Constitui requisito para o vitaliciamento a participação em curso
oficial ou reconhecido pela escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
magistrados;
o Inamovibilidade, que significa que o magistrado não pode ser lotado em outra
localidade sem que haja o seu consentimento, salvo se o Tribunal assim decidir,
por voto de dois terços, em razão do interesse público;
o Irredutibilidade de subsídio (remuneração), que garante a impossibilidade de se
diminuir a quantia recebida pelos juízes em virtude do seu trabalho.
Aos magistrados É PROIBIDO:
o Exercer outro cargo público, salvo o de professor;
o Receber dinheiro ou outra vantagem por conta dos processos;
o Dedicar-se à atividade político-partidária;
o Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou entidades públicas ou
privadas, salvo os casos previstos em lei;
o Exercer a advocacia, nos três anos após a sua aposentadoria ou exoneração, junto
ao Tribunal ou juízo no qual atuou.
. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
3
Direito Constitucional - Resumo
O Poder Judiciário é formado pelos seguintes órgãos:
o Supremo Tribunal Federal;
o Conselho Nacional de Justiça;
o Superior Tribunal de Justiça;
o Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
o Tribunais e Juízes do Trabalho;
o Tribunais e Juízes Eleitorais;
o Tribunais e Juízes Militares;
o Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais
Superiores terão sede em Brasília. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
Superiores têm jurisdição (poder de dizer o direito) em todo o território nacional. É
inerente à atividade judiciária a autonomia administrativa e financeira,
consubstanciada na capacidade de elaborar seus próprios orçamentos e gerenciá-
los. Os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça são os órgãos de segunda
instância do Poder Judiciário, ou seja, julgam os recursos interpostos de sentença dos
juízes de primeiro grau. Por conta de sua importância, determina a Constituição que um
quinto das vagas dessas cortes é reservado a membros do Ministério Público e
Advogados, ambos com, pelo menos, dez anos de carreira. Esse é o chamado “quinto
constitucional”.
As decisões dos juízes (sentenças) não são absolutas. Quase sempre há a
possibilidade de revisão por um órgão superior a este. Assim sendo, os tribunais têm a
função maior de revisar os julgados das sentenças dos juízes.
 PODER LEGISLATIVO
O Poder Legislativo federal é bicameral, composto por duas câmaras, exercido
pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal. Não há hierarquia entre as casas, sendo que o que uma decidir será revisto pela
outra.
Cabe ao Poder Legislativo a função precípua de elaborar leis, ou seja, legislar.
Além dessa função, também cabe ao Legislativo a fiscalização e o controle dos atos do
Executivo, função esta exercida com apoio do Tribunal de Contas.
4Direito Constitucional - Resumo
O Congresso Nacional é um órgão que representa o Poder Legislativo, sendo
formado pelo conjunto de duas casas, quais seja, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal, cada qual com seus regimentos internos próprios. Existem dois tipos de
competências previstas para o Congresso Nacional:
O primeiro tipo de competência trata-se da COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, que
será exercida visando à formação de leis, sendo, portanto, sujeitas à sanção presidencial.
Esse dispositivo demonstra que cabe ao Congresso dispor sobre aquelas matérias tidas
como de competência legislativa da União. O segundo compõe as COMPETÊNCIAS
DELIBERATIVAS do Congresso Nacional, que se referem aos atos que o Congresso
Nacional irá exercer sem a necessidade de sanção do Presidente da República, por meio
de decretos. Dessas atribuições destacam-se as seguintes (art. 49, CF/88):
• Resolver sobre tratados internacionais que resultem em encargos ao patrimônio
nacional;
• Autorizar o Presidente a declarar guerra ou celebrar a paz;
• Autorizar o Presidente a se ausentar do país por um período superior a 15 dias;
• Julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Presidente da República;
• Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
• Autorizar referendo e convocar plebiscito.
A CÂMARA DOS DEPUTADOS compõe-se de representantes do povo,
eleitos pelo sistema proporcional, segundo o qual o número de deputados varia de
acordo com a população do Estado, respeitando-se o limite mínimo de oito e o
máximo de setenta Deputados Federais por Estado. A Constituição cita as competências
privativas da Câmara dos Deputados (art. 51), sendo as principais:
• autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República;
• elaborar seu regimento interno;
• dispor sobre sua organização e seus servidores;
• eleger membros do Conselho da República.
O SENADO é a casa legislativa que representa os Estados, sendo que, ao
invés de seguir o sistema proporcional, segue o princípio majoritário. Cada Estado e
o Distrito Federal elegem três senadores. O art. 52 da Constituição Federal de 1988
enumera as atribuições do Senado Federal, sendo que as principais são:
5
Direito Constitucional - Resumo
• processar e julgar o Presidente da República e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade (quando um Ministro de Estado ou Comandante das Forças
Armadas praticar um crime conexo com o Presidente da República e Vice-Presidente,
também é julgado pelo Senado, ao invés de ser processado junto ao Supremo Tribunal
Federal);
• processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral
da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
• aprovar a escolha de alguns magistrados, Ministros do Tribunal de Contas da União,
Procurador-Geral da República.
• estabelecer limites globais para a dívida dos Estados, Distrito Federal e Municípios;
• elaborar seu Regimento Interno;
• dispor sobre sua organização e seus servidores;
• eleger membros do Conselho da República.
Uma das principais garantia de independência do Poder Legislativo é a capacidade
de auto-organização das casas legislativas. A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e
o Congresso Nacional terão Regimentos Internos próprios, que seguirão algumas regras
previstas na própria Constituição. 
. COMPOSIÇÃO DAS MESAS
Cada órgão terá sua mesa, eleita dentre seus membros para mandato de dois anos.
A Constituição determina que o Presidente do Senado Federal irá presidir a mesa do
Congresso Nacional, e os demais lugares serão ocupados alternadamente, pelos devidos
ocupantes das mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.
. QUORUM PARA DELIBERAÇÃO
Via de regra, as deliberações serão tomadas por maioria simples, presente a
maioria absoluta dos membros da casa. Em casos excepcionais, é necessário quorum
qualificado, exigindo-se, por exemplo, maioria absoluta para cassar mandato
parlamentar, aprovar lei complementar, exonerar ou aprovar o Procurador-Geral da
República e aprovar nomes indicados para Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Exige-se, por sua vez, maioria de dois terços da Câmara dos Deputados para autorizar
instauração de processo por crime de responsabilidade, três quintos para aprovar
6
Direito Constitucional - Resumo
Emenda Constitucional e dois quintos para cancelar concessão de rádio e TV, que são
exemplos de maiorias qualificadas.
. SESSÕES LEGISLATIVAS
Cada legislatura dura quatro anos, compreendendo quatro sessões
legislativas (uma a cada ano). As sessões legislativas são divididas em dois períodos, o
primeiro de 15 de fevereiro a 30 de junho e o segundo de 1º de agosto a 15 de dezembro.
Pode haver sessões legislativas extraordinárias no período de recesso, convocadas pelo
Presidente do Senado nos casos de intervenção federal, estado de defesa ou estado de
sítio e convocadas pelo Presidente da República, do Senado ou da Câmara em caso de
extrema urgência. Nessas sessões, serão decididas apenas as matérias para as quais
foram convocadas, salvo se existirem medidas provisórias, que serão automaticamente
inseridas na pauta de votação.
. COMISSÕES PARLAMENTARES
O Congresso Nacional e suas casas possuirão comissões, com formação e
competências próprias. Essas comissões se dividem em permanentes e temporários. Os
permanentes possuirão a mesma formação durante a legislatura e tratarão de assuntos
predeterminados. As comissões temporárias serão constituídas por tempo determinado
para tratarem de matérias específicas, sejam quais forem. As comissões poderão:
- Votar matérias que dispensem a apreciação do plenário;
- Convocar Ministros de Estado para prestarem informações (vide art. 50, CF/88);
- Receber reclamações de entidades públicas;
- Solicitar depoimentos;
- Apreciar planos e programas nacionais ou regionais.
A Constituição estipula duas comissões que terão um papel extremamente
importante nas atividades do Congresso Nacional. São elas: a Comissão
Representativa e as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s). 
. PRERROGATIVAS PARLAMENTARES (Estatuto dos Congressistas)
Os parlamentares (Deputados e Senadores) possuem certas garantias que visam
dar-lhes a devida proteção no exercício de sua função. As principais dessas garantias são
7
Direito Constitucional - Resumo
as IMUNIDADES, que se classificam em Imunidade Parlamentar Material (o
parlamentar não comete crime de opinião, não podendo ser responsabilizado por suas
palavras, votos, etc.) e Imunidade Formal (parlamentar terá de ter seu processo-crime
sustado por sua casa legislativa, a pedido de seu partido político ou da maioria dos seus
membros. Além disso, em virtude dessa imunidade, o parlamentar não pode ser preso,
salvo em caso de flagrante delito de crime que não admita fiança).
. INCOMPATIBILIDADES
As incompatibilidades (situações que impossibilitam sua investidura no cargo)
dos deputados e senadores são apuradas em dois momentos: em primeiro lugar, na
EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA (Manter contrato ou exercer cargo, função ou emprego
remunerado em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade
de economia mista ou empresa concessionária de serviço público) e, em segundo lugar,
quando da POSSE (Ser proprietário, diretor, ocupar cargo, função ou patrocinar causa
relativa às empresas anteriormente citadas, Ser titular de mais de um cargo público
eletivo).
o PROCESSO LEGISLATIVO
O processo legislativo corresponde a uma série de atos que visam à confecção das
espécies legislativas, quais sejam, as emendas constitucionais, leis complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativose resoluções. Várias
são as etapas que compõem a atividade legislativa, vejamos:
. INICIATIVA
A iniciativa é o ato que dá início ao processo legislativo por meio de um
projeto de lei. Várias são as pessoas que podem dar início ao processo legislativo,
dentre elas os próprios parlamentares, o Presidente da República, o Procurador Geral da
República, o Supremo Tribunal Federal e o povo. A iniciativa popular tem como
requisito a assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados com, no mínimo, 0,3% dos eleitores de cada um deles. Algumas leis só podem
ser iniciadas pelo Presidente da República. São elas as que disponham sobre: fixação do
efetivo das Forças Armadas e Regime Jurídico dos Militares; cargos públicos e seus
regimes jurídicos; organização dos serviços públicos; organização do Ministério Público
e Defensoria Pública da União e regras gerais para os Estados, DF e Territórios; criação
e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.
8
Direito Constitucional - Resumo
. VOTAÇÃO
A discussão e a votação do projeto serão feitas nas duas Casas Legislativas.
Via de regra, o projeto é iniciado na Câmara dos Deputados, salvo quando sua iniciativa
venha de um Senador, oportunidade em que a votação será iniciada no Senado. Temos,
assim, a atuação de duas casas na votação do projeto, a casa iniciadora e a revisora.
Podem ocorrer três hipóteses:
1ª) A casa iniciadora e a casa revisora aprovam. Resultado: o projeto é encaminhado ao
presidente para a sanção.
2ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora desaprova. Resultado: o projeto é arquivado.
3ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora emenda. Resultado: o projeto é
reencaminhado à casa iniciadora para a votação das emendas.
. SANÇÃO
Sanção significa a concordância, a aceitação do Presidente da República,
aplicada ao projeto de lei. Somente irão para o Presidente os projetos aprovados pelas
duas casas. Existem duas formas de sanção: a expressa e a tácita. O Presidente terá
quinze dias para sancionar expressamente sua aquiescência ao projeto, caso não o faça,
considerar-se-á que ele o aceita, ou seja, ocorrerá a sanção tácita.
. VETO
Nos quinze dias de que o Presidente dispõe para sancionar, ele também pode, ao
invés disso, vetar, ou seja, recusar o projeto, total ou parcialmente. Caso seja parcial, não
poderá alcançar somente palavras ou expressões, mas deverá abolir por completo um
artigo, parágrafo, inciso ou alínea. O veto, no entanto, NÃO É ABSOLUTO, sendo
apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional, que poderá derrubar esse veto desde
que assim o entenda por maioria absoluta de seus membros.
. PROMULGAÇÃO
A promulgação é o ato que declara a existência da lei, dando validade a ela. 
. PUBLICAÇÃO
9
Direito Constitucional - Resumo
Com a publicação da lei, dá-se a ciência à sociedade da existência e do conteúdo
dessas no mundo jurídico. Caberá, à autoridade que promulgou a lei, publicá-la. O
espaço de tempo entre a publicação e a vigência, se houver, é chamado de VACATIO
LEGIS, ou VACÂNCIA DA LEI, que é um período de adaptação à nova lei, definido
pelo legislador.
o ESPÉCIES LEGISLATIVAS
As espécies legislativas são os objetos do processo legislativo, podendo se manifestar
das seguintes maneiras:
. EMENDAS CONSTITUCIONAIS
Emendas à Constituição, inserem, no texto constitucional, novas
determinações, estando o legislador atuando como constituinte derivado. Podem dar
início a uma emenda um terço, no mínimo, dos membros de qualquer das casas
legislativas (Câmara ou Senado), o Presidente da República ou mais da metade das
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,
pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda constitucional será votada
e discutida em cada uma das casas legislativas e será considerada aprovada se obtiver
voto favorável de pelo menos três quintos dos votos de seus parlamentares. Assim
sendo, não será objeto de votação a emenda que queira acabar com:
- a forma federativa do Estado;
- o voto direto, secreto, universal e periódico;
- a separação dos Poderes;
- os direitos e garantias individuais.
. LEIS COMPLEMENTARES
As leis complementares são leis para as quais o constituinte reservou certas
matérias, consideradas de maior importância. Essas leis exigirão, para que sejam
aprovadas, os votos da maioria absoluta das respectivas casas. 
. LEIS ORDINÁRIAS
10
Direito Constitucional - Resumo
As leis ordinárias, como o próprio nome diz, são aquelas que tratam de todas as
matérias possíveis, sem qualquer rito especial para sua aprovação (requer somente
maioria simples, que significa mais da metade dos presentes). Existem basicamente duas
limitações às leis ordinárias, quais sejam, NÃO PODEM DISPOR sobre matérias
reservadas a lei complementar nem tratar sobre assuntos de competência privativa das
casas legislativas (tratadas por decretos legislativos).
. LEIS DELEGADAS
Leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, mediante
autorização expedida pelo Congresso Nacional, para determinados assuntos. O
Congresso Nacional pode, quando da autorização, determinar que a lei fique
condicionada a uma posterior votação, que será única e sem a possibilidade de emendas.
Não podem ser objeto de leis delegadas:
- Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional ou de qualquer de suas casas;
- Organização do Judiciário ou do Ministério Público;
- Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
- Questões orçamentárias.
. MEDIDAS PROVISÓRIAS
A faculdade de que o Presidente da República dispõe de expedir medidas
provisórias permite a ele que tome medidas com força de lei, quando houver uma
grande urgência e relevância. Depois de publicada, a medida provisória é
encaminhada ao Congresso para que se decida se transforma a medida em lei ou se será
derrubada. Esse instrumento, porém, sofre uma série de modificações inerentes a sua
característica de urgência, como por exemplo:
- não pode tratar de: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos,
direito eleitoral, direito penal, direito processual penal e processual civil, organização do
Judiciário e do Ministério Público, matérias orçamentárias, seqüestro de bens ou
aplicações financeiras;
- não pode dispor sobre matérias reservadas às leis complementares, nem matérias já
disciplinadas pelo Congresso Nacional e pendentes de sanção presidencial.
- terão duração de, no máximo, sessenta dias, prorrogável por mais sessenta;
11
Direito Constitucional - Resumo
- se a medida não for apreciada pelo Congresso em quarenta e cinco dias, será incluída
em caráter de urgência na pauta de votação, nada mais podendo ser votado, caso não seja
votada a Medida Provisória;
- Não se pode reeditar medida provisória que já tenha sido rejeitada ou que tenha
perdido sua eficácia por não ter sido apreciada.
. DECRETOS LEGISLATIVOS E RESOLUÇÕES
Os decretos legislativos, na verdade, são leis que não precisam de sanção do
presidente. Serão sempre utilizados quando se tratar de questões referentes às
competências exclusivas da casa Legislativa, tendo sempre uma força normativa para
toda a sociedade (externa). São elaborados pelo Congresso Nacional, com tramitação
por ambas as casas e aprovados por maioria relativa. 
As resoluções, por sua vez, são atos de caráter interno, que visam regular o
bom funcionamento das atividades legislativas. São elaboradas pelo Congresso
Nacional ou por cada casa legislativa de forma isolada, sempre por maioria relativa.
Essa espécie legislativa também prescinde de sanção presidencial.
HIERARQUIA DAS NORMAS
Na hierarquia federativadas normas, podemos distinguir a seguinte ordem:
1. Constituição Federal, norma maior e que estipula as demais competências;
2. Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal, que se
subordinam à Constituição Federal e com ela devem guardar similitude (princípio
da simetria);
3. Leis Orgânicas dos Municípios, sujeitas à Constituição Federal e às
Constituições Estaduais.
A ORDEM HIERÁRQUICA DAS NORMAS FEDERAIS pode ser assim
enumerada:
1. Constituição Federal, Revisões Constitucionais e Emendas Constitucionais, sendo
que as duas últimas não podem contrariar a primeira;
2. Leis Complementares;
12
Direito Constitucional - Resumo
3. Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos,
Resoluções Legislativas e Tratados Internacionais;
4. Atos Normativos editados pela Administração Pública que têm força normativa,
mas não podem inovar nem criarem direitos e obrigações.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Do ponto de vista político-administrativo, a República Federativa do Brasil se
divide em UNIÃO (não confundir com governo federal), ESTADOS, DISTRITO
FEDERAL E MUNICÍPIOS, sendo todos os entes autônomos, ou seja, possuem
capacidade de auto-organização, auto-governo e de auto-administração.
. VEDAÇÕES
Nenhum dos entes políticos anteriormente citados pode:
1º) Estabelecer, patrocinar, impedir o funcionamento e/ou criar dependência a cultos
religiosos ou igrejas.
2º) Recusar fé a documentos públicos. Os documentos públicos são dotados de
presunção de legitimidade, o que significa que se presumem verdadeiros os dados neles
constantes. Não pode, portanto, qualquer órgão da administração negar validade a um
documento público, como, por exemplo, uma certidão de nascimento ou uma escritura
de imóvel, salvo se provada alguma irregularidade.
3º) Criar regras que estabeleçam privilégios para alguns brasileiros, em detrimento do
restante do povo, ou entre os entes autônomos entre si.
o UNIÃO
A União, ente político dotado de autonomia, constitui uma pessoa jurídica de
direito público interno com função político-administrativa em todo o território
nacional. Não devemos confundir a União com a República, já que a primeira é dotada
de mera autonomia, enquanto a segunda, de soberania. Em alguns momentos, a União
exerce funções de soberania, como manter relações com outros Estados ou declarar
13
Direito Constitucional - Resumo
guerra e celebrar a paz, mas a titularidade da soberania continua com a República
Federativa do Brasil.
. BENS DA UNIÃO
A Constituição Federal determinou, em seu art. 20, os bens da União, que são: os
que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; as terras devolutas
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; os lagos, rios e
quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou
dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; as ilhas fluviais e
lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
e as costeiras, excluídas destas as áreas referidas no art. 26, II; os recursos naturais da
plataforma continental e da zona econômica exclusiva; o mar territorial; os terrenos de
marinha e seus acrescidos; os potenciais de energia hidráulica; os recursos minerais,
inclusive os do subsolo; as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
pré-históricos e, por fim, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Essa é uma
enumeração exemplificativa, não impedindo que a União venha a adquirir outras
modalidades de bens.
. COMPETÊNCIAS
A Constituição Federal de 1988 determinou as competências da União, de forma a
estipular sua área de atuação tanto na área administrativa como na legislativa. Dessa
maneira, dividiram-se as competências em dois grupos, quais sejam as competências
ADMINISTRATIVAS, que são aquelas tarefas que o governo executará na condição
de gerente das contas públicas, e, por fim, as competências LEGISLATIVAS, que são
as áreas que a União poderá disciplinar por meio de leis elaboradas pelo Legislativo
Federal, representado pelo Congresso Nacional. 
o ESTADOS FEDERADOS
Os Estados Federados, como analisado na Parte I, Capítulo III, são entes políticos
dotados de autonomia, caracterizada por três elementos:
- Auto - Organização
- Auto - Governo
14
Direito Constitucional - Resumo
- Auto - Administração
Devemos ressaltar que a competência dos Estados se define como
remanescente, visto que caberão aos Estados todas as atribuições que a Constituição
não proíba. Além, é claro, das competências administrativas comuns e legislativas
concorrentes citadas anteriormente. Um exemplo de caso de competência expressa ao
Estado-membro é a atribuição de explorar os serviços locais de gás canalizado.
. AUTO-ORGANIZAÇÃO
É a previsão de que os Estados estabelecerão suas próprias constituições e suas
próprias leis, seguindo sempre os preceitos maiores previstos na Constituição. Essa
capacidade será exercida primordialmente pelo Poder Legislativo Estadual. 
. AUTOGOVERNO
É a capacidade de escolher seus próprios governantes, que, no caso, serão os
próprios Deputados Estaduais, Governador e Vice. Os cargos do Executivo (Governador
e Vice) seguirão as seguintes regras:
- As eleições serão realizadas no primeiro domingo de outubro e no último, se houver
segundo turno, sempre no ano anterior à posse.
- O mandato será de quatro anos, permitida a reeleição apenas uma única vez.
- A posse será em 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição.
- O Governador não pode assumir outro cargo ou função pública, salvo em virtude de
concurso público, sob pena de perda do mandato.
- Os subsídios (remuneração) do Governador, Vice e Secretários serão definidos por Lei
Estadual.
. AUTO-ADMINISTRAÇÃO
A capacidade de auto-administração dos Estados é evidente diante da grande
função Estadual de administrar recursos e serviços públicos. Diante disso, verifica-se a
capacidade constitucionalmente instituída, por exemplo, de organizar regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, visando um melhor
planejamento.
15
Direito Constitucional - Resumo
Constituem-se bens dos Estados todos aqueles elencados no art. 26 da Constituição
Federal de 1988, quais sejam:
• As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,
nesse caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
• As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, de Municípios ou de terceiros;
• As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e
• As terras devolutas não compreendidas entre as da União.
o MUNICIPIOS
Assim como os Estados, os Municípios possuem plena autonomia, constituída
pela capacidade de se auto-organizar, autogovernar e auto-administrar. Os
municípios podem ser criados, incorporados ou desmembrados, desde que haja uma lei
estadual autorizando tal procedimento e tenha havido um plebiscito (consulta prévia)
com a população dos municípios envolvidos. Outro requisito para a criação,
incorporação de um Município ou o seu desmembramento é a divulgação de Estudos de
Viabilidade Municipal. O período em que será possível tal procedimento será definido
em lei complementar federal. A auto-organização, que é a capacidade de criar normas
próprias, compreenderá, nos Municípios, as suas próprias leis e a Lei Orgânica do
Município, que será votada em dois turnos, com um espaço de tempo de pelomenos 10
dias e aprovada por 2/3 da Câmara Municipal.
Todo Município tem sua Lei Orgânica, que, respeitando a Constituição Federal e a
Constituição Estadual respectiva, irá definir a forma de organização do Município.
o DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal é mais um ente político dotado de autonomia, que,
ACUMULANDO COMPETÊNCIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS, terá as seguintes
características:
• Será regido por uma Lei Orgânica.
• O Executivo é representado pelo Governador, e o Legislativo, pela Câmara Legislativa,
formada por Deputados Distritais.
16
Direito Constitucional - Resumo
• As eleições seguem as mesmas regras das eleições dos Estados, inclusive quanto à
duração dos mandatos.
• A Câmara Legislativa acumula as competências legislativas dos Estados e dos
Municípios.
• É proibida a divisão do Distrito Federal em Municípios (a Lei Orgânica do Distrito
Federal, que tem status de constituição estadual, determina a divisão do DF em regiões
administrativas).
• O Poder Judiciário do Distrito Federal, assim como sua Defensoria Pública e seu
Ministério Público, serão organizados e mantidos pela União.
o TERRITÓRIOS
Os territórios são meras unidades administrativas, previstas
constitucionalmente, com status de autarquia federal, NÃO POSSUINDO, portanto,
AUTONOMIA. Poderão ter poderes próprios, ter divisão em Municípios e elegerão
quatro Deputados Federais. Suas contas serão submetidas ao Congresso Nacional.
Apesar da previsão constitucional, atualmente não existem territórios, sendo que os
últimos (Fernando de Noronha, Amapá e Roraima) ou foram transformados em Estados,
ou incorporados. 
ORÇAMENTO PÚBLICO
O Orçamento Geral da União (OGU) prevê todos os recursos e fixa todas as
despesas do Governo Federal, referentes aos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário. As despesas fixadas no orçamento são cobertas com o produto da
arrecadação dos impostos federais, como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como das contribuições, como o da
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS, que é calculado sobre
o faturamento mensal das empresas, nas vendas de mercadorias, de mercadorias e
17
Direito Constitucional - Resumo
serviços e de serviços de qualquer natureza, e bem assim do desconto na folha que o
assalariado paga para financiar sua aposentadoria. Os gastos do governo podem
também ser financiados por operações de crédito - que nada mais são do que o
endividamento do Tesouro Nacional junto ao mercado financeiro interno e externo. Este
mecanismo implica o aumento da dívida pública.
As receitas são estimadas pelo governo. Por isso mesmo, elas podem ser
maiores ou menores do que foi inicialmente previsto. Se a economia crescer durante o
ano, mais do que se esperava, a arrecadação com os impostos também vai aumentar. O
movimento inverso também pode ocorrer. Com base na receita prevista, são fixadas as
despesas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois que o Orçamento é
aprovado pelo Congresso, o governo passa a gastar o que foi autorizado. Se a receita do
ano for superior à previsão inicial, o governo encaminha ao Congresso um projeto de lei
pedindo autorização para incorporar e executar o excesso de arrecadação. Nesse projeto,
define as novas despesas que serão custeadas pelos novos recursos. Se, ao contrário, a
receita cair, o governo fica impossibilitado de executar o orçamento na sua totalidade, o
que exigirá corte nas despesas programadas.
ORDEM ECONOMICA FINACEIRA
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A busca pela resolução dos mais variados conflitos provenientes das relações 
entre a sociedade e o Estado, é sem dúvidas, um dos grandes desafios do campo político-
jurídico. Deste importante tema surgiram inúmeras teorias e estudos que visam definir 
qual seria a medida correta da intervenção estatal nas relações sociais, norteando, dentre 
tantos outros, o campo econômico-social.
Observa-se que o processo de elaboração de uma Constituição não passa ileso a 
esses conflitos e, naturalmente, tende a refletir em seu corpo as teorias dominantes 
daquele contexto sócio-político na qual a Carta Magna foi criada. Neste contexto, não 
diferindo de outros países, o Brasil tem demostrado historicamente em suas 
Constituições às concepções políticas que refletiam a teoria dominante à época em que 
as mesmas vigeram, produzindo, deste modo, várias alternâncias na estrutura 
socioeconômica brasileira, com intervenções inclusive no mundo jurídico.
Partindo desta premissa, a Constituição Federal de 1988 e suas diversas Emendas
Constitucionais têm norteado e definido a forma de intervenção que o Estado deve 
18
Direito Constitucional - Resumo
exercer sobre a economia, traçando os objetivos e estabelecendo os fundamentos que 
devem reger tal intervenção, como podemos observar no caput do artigo 170, in verbis:
Art. 170. A ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem 
por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os 
ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios:
(EC no 6/95 e EC no 42/2003). 
(BRASIL, 2012, p.107)
Dessa forma, evidencia-se na Constituição Brasileira a preocupação formal do 
Legislador em preservar características do Estado Liberal, evidenciado no Princípio da 
Livre Iniciativa, o qual é princípio norteador da Ordem Econômica adotada no país, 
assegurando, porém, direitos próprios do Estado Social, ao afirmar que a finalidade da 
própria Ordem é a tutelar “a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social.”
Diante da importância que o tema revela, foi destacado na CF/88 o Título VII, o 
qual abarca os artigos 170 a 192, para tratar do assunto, onde encontramos o conjunto de
normas que regulam a fiscalização, o incentivo e o planejamento econômico do Brasil, 
sendo este caracterizado por ser uma economia de mercado.
Assim, o presente trabalho acadêmico tem por finalidade principal abordar de 
maneira sucinta a Ordem Econômica e Financeira e seus princípios, abordando a 
diferença entre serviço público e atividade econômica, definindo o regime jurídico 
aplicável às empresas estatais que desenvolvem atividades econômicas, definindo ainda 
se existe prevalência da Livre Iniciativa na regração de nossa Ordem Econômica e como
tal princípio se articula com os demais princípios.
II. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ORDEM ECONÔMICA
A Constituição Federal de 1988 preconiza no artigo170 que a Ordem Econômica 
deve ser fundada em princípios que valorizem o trabalho humano e a livre iniciativa e 
elenca quais devem ser observados. Sobre estes princípios, chamados por José Afonso 
da Silva de princípios da constituição econômica formal¹ , teceremos alguns breves 
comentários a partir de agora.
19
Direito Constitucional - Resumo
2.1 – PRINCÍPIO DA SOBERANIA NACIONAL
Este é um princípio fundamental para a existência da própria República 
Federativa do Brasil. O mesmo é destacado já no artigo 1º da CF/88 e a partir dele o 
Estado pode intervir para viabilizar o fortalecimento de uma economia forte, autônoma e
que defenda os interesses do próprio Estado e da sociedade brasileira. Assim, a 
Soberania Nacional tende a refletir a autoridade superior que o Estado deve exercer, 
através de políticas públicas, afim de realizar os objetivos estabelecidos pelo Legislador 
na busca do fortalecimento de uma economia capitalista nacional, diante do contexto da 
economia mundial.
2.2 - O PRINCÍPIO DA PROPRIEDADE PRIVADA
Um dos pilares do modo de produção capitalista certamente é o princípio da 
Propriedade Privada. Este princípio é contemplado em nossa Carta Magna no art. 5º, 
inciso XXII, no intuito de garantir a cada indivíduo a responsabilidade por suapropriedade sem a intervenção arbitrária do Estado. Ao tratar sobre esse princípio, André
Ramos Tavares destaca que:
[...] de acordo com a 
orientação capitalista seguida pelo 
constituinte, o princípio do 
respeito à propriedade privada, 
especialmente dos bens de 
produção, propriedade sobre a qual
se funda o capitalismo, temperado,
contudo, de acordo com o inc. IV, 
pela necessária observância à 
função social, a ser igualmente 
aplicada à propriedade dos bens de
produção. (2011, p. 156)
No âmbito do artigo 170, o Legislador volta a tratar desse princípio, no entanto, 
de maneira mais esclarecedora, como um conjunto de bens que compõe o 
estabelecimento empresarial e que devem ser tutelados com vistas a resguardar o próprio
sistema capitalista, muito embora sem distanciar-se de sua finalidade constitucional que 
é o cumprimento de sua função social.
2.3 – PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
20
Direito Constitucional - Resumo
Este princípio, previsto no inciso III do artigo 170 da CF/88, se caracteriza por 
submeter ao Princípio da Propriedade Privada uma restrição em sua utilização. Dessa 
forma, a Constituição permite ao Estado intervir sobre aquelas propriedades que deixam 
de cumprir sua função social. A finalidade da propriedade é possibilitar a geração de 
riquezas ao seu proprietário, garantindo, entretanto, a geração de empregos, recolhendo 
os devidos tributos ao Estado e assim promover o desenvolvimento econômico do País 
baseado na existência digna de todos e na justiça social.
2.4 – PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA
O princípio da livre concorrência esta relacionado com o ideal de economia 
liberal, livre, sendo, pois, mais um princípio que visa garantir a prevalência do modo 
capitalista como sistema econômico característico de nosso País. Neste sentido, o 
legislador buscou estimular a participação dos particulares no desenvolvimento nacional,
garantindo, juntamente com o Estado, a busca pelo progresso. O reconhecimento pela 
ordem jurídica vigente deste princípio visa garantir a liberdade para a livre escolha da 
atividade que os indivíduos queiram desenvolver, limitando, ainda, a atuação do Estado 
no que tange as escolhas econômicas de cada agente, resguardando tanto o acesso, 
quanto a cessação da atividade econômica.
2.5 – PRINCÍPIO DA DEFESA DO CONSUMIDOR
Fundamentado na igualdade de oportunidades e igualdade de tratamento entre os 
indivíduos, o princípio da defesa do consumidor visa defender o interesse do 
consumidor nas relações econômicas, assegurando a estes, a tutela do Estado através de 
leis, atos e regras que regulam tais atividades. Neste sentindo e diante do aumento 
exponencial das relações de consumo em nosso país, surgiu a necessidade de 
aperfeiçoamento do regime jurídico que tratava esse assunto, fato este que acabou por 
desaguar na criação da Lei nº. 8078/1990 que instituiu o Código de Defesa do 
Consumidor, o qual estabelece normas de proteção e defesa do indivíduo, na 4 tentativa 
de equilibrar as relações econômicas no País, constituindo um importante instrumento de
cidadania.
2.6 – PRINCÍPIO DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Um dos temas mais debatidos na atualidade e que merece amplo envolvimento 
dos setores da sociedade, inclusive do mundo jurídico, na busca de soluções que 
conciliem a necessidade de desenvolvimento e a preservação dos recursos naturais 
21
Direito Constitucional - Resumo
certamente esta relacionado a defesa do meio ambiente. Neste sentido, a preocupação 
que o Legislador teve com o assunto em voga revela a importância que o tema traz 
consigo. É importante que o crescimento de uma nação se realize de maneira sustentável
e consciente e para tanto, faz-se necessário a atuação do Estado, através de políticas 
públicas que estimulem o uso consciente dos recursos naturais.
O professor Eros Roberto Grau, ao tratar sobre este assunto, assevera que:
[...] o princípio da defesa do 
meio ambiente conforma a ordem 
econômica (mundo do ser), 
informando substancialmente os 
princípios da garantia do 
desenvolvimento e do pleno 
emprego. Além de objetivo, em si, 
é instrumento necessário – e 
indispensável – à realização do fim
dessa ordem, o de assegurar a 
todos existência digna. Nutre 
também, ademais, os ditames da 
justiça social. (2012, p. 251)
Entende-se, assim, que o princípio da defesa do meio ambiente é de grande 
importância para que se possa realizar de maneira sustentável o crescimento e o 
desenvolvimento econômico que se busca para o Brasil.
2.7 - PRINCÍPIO DA REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS
Para a Constituição Federal de 1988, é de responsabilidade de todos os atores 
que participam das atividades econômicas no país a busca pela realização da diminuição 
das desigualdades regionais e sociais. E é neste contexto que o artigo 170, inciso VII, 
consagra a redução da desigualdade regional e social como um princípio da ordem 
econômica constitucional. Este é um princípio que busca dentro do modo capitalista de 
produção evitar as desigualdades, o que se revela um paradoxo diante do próprio ideal 
capitalista que baseia-se na acumulação de capital, enquanto a realização desse princípio
tem a premissa de melhorar a distribuição de renda em nosso país.
É válido ressaltar, entretanto, que a maior responsabilidade pela redução das 
desigualdades no País é do próprio Estado como bem preceitua o artigo 174, § 1º, da 
CF/88, ao destacar que
22
Direito Constitucional - Resumo
“A lei estabelecerá as 
diretrizes e bases do planejamento 
do desenvolvimento nacional 
equilibrado, o qual incorporará e 
compatibilizará os planos 
nacionais e regionais de 
desenvolvimento.” (BRASIL, 
2012, p. 108)
2.8 - PRINCÍPIO DA BUSCA DO PLENO EMPREGO.
A realização da justiça social em uma sociedade capitalista que abarca aspectos 
relativos a valores sociais e de dignidade da pessoa humana depende da garantia do 
direito ao trabalho digno e remunerado, pois entende-se que a grande maioria da 
população depende desta remuneração para poder adquirir os bens que são 
indispensáveis a sua subsistência. Diante deste contexto, e de acordo com o artigo 170 
da CF/88, a ordem econômica tem por finalidade garantir a existência digna a todos os 
indivíduos, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios indicados, 
dentre os quais, o princípio da busca do pleno emprego.
2.9 - PRINCÍPIO DO TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE 
PEQUENO PORTE
Visando proporcionar um maior equilíbrio entre as inúmeras empresas existentes 
no Brasil, o princípio do tratamento diferenciado tem a finalidade de estabelecer 
melhores condições para que as empresas de menor faturamento possam se manter no 
mercado. As micro e pequenas empresas, juntamente com as empresas de pequeno porte,
representam ao país a base da sustentação econômica, pois as mesmas são diretamente 
responsáveis, em grande parte, pela geração e criação renda no Brasil.
Desse modo, O inciso IX, do artigo 170, da Constituição Federal, que em sua 
redação inicial falava em “tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País”, teve 
alteração através da Emenda Constitucional nº. 6, estendendo o benefício do tratamento 
diferenciado para micro, pequenas empresas, desde que constituídas sob os princípios da
legislação brasileira e que mantém sua sede e administração no País.
É válido ressaltar ainda, que baseado nesse princípio constitucional foi instituída 
a Lei Complementar nº. 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabeleceu o Estatuto 
23
Direito Constitucional - Resumo
Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, trazendo uma gama de 
normas para favorecer o tratamento diferenciado às empresas de pequeno porte.
III – DIFERENÇA ENTRE SERVIÇO PÚBLICO E ATIVIDADE ECONÔMICA 
E REGIME JURÍDICOADOTADO PELAS EMPRESAS ESTATAIS.
A Constituição Federal de 1988 determina as atividades que a Administração 
Pública deve exercer e trata sobre serviço público e a exploração direta das atividades 
econômicas pelo próprio Estado como duas formas distintas de intervenção estatal na 
Ordem Econômica e financeira. Ao consagrar a Livre iniciativa e proteção a propriedade
privada como pilares da economia brasileira, revelando nitidamente o viés capitalista de 
nosso setor econômico, a Constituição Federal determina que o Estado somente possa 
operar na economia de forma excepcional.
É neste sentido que o artigo173 da Constituição estabelece que o Estado só 
poderá atuar na economia por imperativos de segurança nacional ou relevante interesse 
coletivo, definidos em lei. Os casos definidos em lei, basicamente podem ser 
encontrados na própria Constituição previstos no artigo 25, §2° e os casos de monopólio 
da União previstos no artigo 177. Celso Antônio Bandeira de Mello, ao tratar sobre a 
distinção entre serviço público e exploração estatal de atividade econômica, preleciona o
seguinte:
A distinção entre uma coisa e 
outra é obvia. Se está em pauta 
atividade que o Texto 
Constitucional atribuiu aos 
particulares e não atribuiu ao 
Poder Público, admitindo, apenas, 
que este, excepcionalmente, possa 
empresá-la quando movido por 
"imperativos da segurança 
nacional" ou acicatado por 
"relevante interesse coletivo‟, 
como "tais definidos em lei‟ (tudo 
consoante dispõe o art. 173 da Lei 
Magna), casos em que operará, 
basicamente, na conformidade do 
regime de Direito Privado, é 
evidente que em hipóteses 
quejandas não se estará perante 
24
Direito Constitucional - Resumo
atividade pública, e, portanto, não 
se estará perante serviços público. 
(2006, p. 648)
Deste modo, a distinção entre os termos tratados neste tópico esta relacionada a 
aplicação específica da atividade dos prestadores de serviços públicos, que devem ser 
associadas ao destinatário social que é próprio cidadão, sendo os serviços públicos 
criados propriamente para atender as necessidades básicas da sociedade, enquanto que 
nas atividades econômicas, o interesse da coletividade não se apresenta de forma latente,
substancial.
Ressalte-se ainda a preocupação da Constituição em tutelar a livre concorrência e
definir que as empresas públicas, bem como as sociedades de economia mista que 
explorem atividade econômica em sentido restrito, “não poderão gozar de privilégios 
fiscais não extensivos às do setor privado” ² . Destaca-se assim que o Estado não dispõe 
de liberdade para agir como agente explorador de atividade em concorrência com os 
particulares.
Ao tratar sobre regime jurídico das Empresas Estatais, observa-se que apesar 
possuírem personalidade características do direito privado as mesmas ainda devem 
sujeitar-se a controles públicos e estarem comprometidas com objetivos coletivos, não 
importando se são apenas prestadoras de serviços ou exploradoras atividades 
econômicas.
Há de se destacar, porém, que além de serem regidas pelo direito público 
também obedecem as normas próprias do direito privado. Os dois regimes jurídicos 
destacados podem ser aplicados em diferentes esferas, onde aplica-se o direito privado 
na área operacional buscando promover mais agilidade ao funcionamento dessas 
empresas. Já as normas de direito público devem ser observadas quando tratam sobre os 
meios humanos e materiais, aquisição de bens e controle das atividades dessas empresas.
Desse modo, ao efetuar uma análise da Constituição de modo a buscar entender 
sua unicidade, podemos observar que as Empresas Estatais têm um regime jurídico 
diferenciado das empresas privadas, mantendo características próprias do regime de 
direito privado, tais como o preconizado no artigo 173, § 1º, da CF/88, e, ainda 
características de regime de direito público, regidos pelo artigo 37 da CF/88, formando 
assim, um regime hibrido.
IV- LIVRE INICIATIVA NA REGRAÇÃO DE NOSSA ORDEM ECONÔMICA
25
Direito Constitucional - Resumo
A Livre Iniciativa no contexto da Ordem Econômica Nacional estabelecido pela 
Constituição Federal de 1988, apresenta-se como fundamento basilar do sistema de 
econômica capitalista adotado no Brasil. Nesse aspecto, é imperativo a necessidade da 
aplicação deste princípio para o bom funcionamento do próprio sistema econômico 
nacional. Todavia, há de se ressaltar que aplicação deste princípio deve ser ponderada 
pela observância dos preceitos trazidos no artigo 170 da CF/88, os quais visam conciliar 
a Livre Iniciativa com a garantia da existência digna, observando valores sociais do 
trabalho para a realização da justiça social.
Assim, podemos entender a partir da interpretação da Constituição brasileira, que
a mesma considera fundamental a livre iniciativa, desde que aplicada em contexto de 
preservação da dignidade humana e realização da justiça social. A liberdade empresarial 
como vimos anteriormente, é assegurada a todos em consonância as regras do sistema 
capitalista liberal democrático, mas não significa que essa liberdade é total, pois cabe ao 
Estado intervir em situações em que hajam confrontos entre os princípios e deste 
confronto emerja um desequilíbrio indesejável entre os agentes sociais.
É neste sentido que preceitua o Ministro Eros Grau, na ementa da Ação Direta de
Inconstitucionalidade - ADI 1950, ao analisar no caso concreto a sobreposição de 
princípios constitucionais:
A livre iniciativa é expressão 
de liberdade titulada não apenas 
pela empresa, mas também pelo 
trabalho. Por isso a Constituição, 
ao contemplá-la, cogita também 
“iniciativa do Estado”; não a 
privilegia, portanto, como bem 
pertinente apenas a empresa.
Se de uma lado a Constituição 
assegura a livre iniciativa, do outro
determina ao Estado a adoção de 
todas as providências tendentes a 
garantir o efetivo exercício do 
direito à educação, à cultura e ao 
desporto [artigos 23, inciso V, 205,
208, 215 e 217 § 3º, da 
Constituição]. Na composição 
desses princípios e regras há de ser
26
Direito Constitucional - Resumo
preservado o interesse da 
coletividade, interesse público 
primário.
Observa-se assim, que a livre iniciativa deve ter sua atuação limitada quando 
confrontada no caso concreto com princípio que buscam realizar a justiça social. E deste
modo José Afonso da Silva nos ensina que:
[...] a liberdade de iniciativa 
econômica privada, num contexto 
de uma Constituição preocupada 
com a realização da justiça social 
(o fim condiciona os meios), não 
pode significar mais do que 
liberdade de desenvolvimento da 
empresa no quadro estabelecido 
pelo poder público, e, portanto, 
possibilidade de gozar das 
facilidades e necessidade de 
submeter-se às limitações postas 
pelo mesmo. É legítima, enquanto 
exercida no interesse da justiça 
social. Será ilegítima quando 
exercida com objetivo de puro 
lucro e realização pessoal do 
empresário. Daí por que a 
iniciativa econômica pública, 
embora sujeita a outros tantos 
condicionamentos constitucionais, 
se torna legítima, por mais ampla 
que seja, quando destinada a 
assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça 
social. (2014. p. 806)
A necessidade de imposição de limites ao princípio da livre iniciativa deve ser 
observada a partir da analise de um conjunto de valores e finalidades do próprio texto 
constitucional. Assim, a realização deste princípio somente adquire legitimidade se 
forem garantidos e respeitados os fundamentos da República Federativa do Brasil e da 
ordem econômica, concretizados na realização da justiça social. 
27
Direito Constitucional - Resumo
TRIBUTOS
O tributo é uma obrigação de pagar, criada por lei, impondo aos indivíduos o dever de
entregar parte de suas rendas e patrimônio para a manutenção e desenvolvimento do
Estado, afinal vivemosem sociedade e o Estado deve representá-la se fazendo presente
nas áreas de interesse desta, sobretudo saúde, educação, segurança, política econômica,
entre outras.
Na prática, todavia, não é bem assim ou como disse John Garland Pollard “O imposto é
a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade
de penas.”
O tributo deve ser pago em dinheiro, não sendo possível que a dívida seja liquidada com
outros bens, tais como móveis, veículos, sacos de cereais, etc. Havendo autorização
legal, todavia, é possível o pagamento de tributo com imóveis.
Nesse sentido temos o artigo 3º do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo o
assunto nos seguintes termos:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
Em termos gerais classificam-se cinco espécies de tributos: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais, as
quais se identificam como segue:
a) Impostos: incidem, por exemplo, sobre a propriedade de imóvel urbano (IPTU), a 
disponibilidade de renda (Imposto sobre a Renda), a propriedade de veículo
automotor (IPVA), entre outros.
b) Taxas: as taxas decorrem de atividades estatais, tais como os serviços públicos ou do
exercício do poder de polícia. Exemplos: custas judiciais e a taxa de licenciamento de
veículos.
c) Contribuições de Melhoria: as contribuições de melhoria se originam da realização de
obra pública que implique valorização de imóvel do contribuinte. Por exemplo:
benfeitorias no entorno do imóvel residencial.
d) Empréstimos compulsórios: têm por finalidade buscar receitas para o Estado a fim 
de promover o financiamento de despesas extraordinárias ou urgentes, quando o 
interesse nacional esteja presente e;
e) Contribuições Parafiscais: são tributos instituídos para promover o financiamento de
atividades públicas. São, portanto, tributos finalísticos, ou seja, a sua essência pode ser
encontrada no destino dado, pela lei, ao que foi arrecadado.
28
Direito Constitucional - Resumo
LEIS ESPECIFICAS ORÇAMANETARIAS 
nstrumentos de Planejamento e Orçamento
Vander Gontijo(*)
Introdução
 
O modelo orçamentário brasileiro é definido na Constituição Federal de 1988 do Brasil.
Compõe-se de três instrumentos: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA.
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
O PPA, com vigência de quatro anos, tem como função estabelecer as diretrizes,
objetivos e metas de médio prazo da administração pública. Cabe à LDO, anualmente,
enunciar as políticas públicas e respectivas prioridades para o exercício seguinte. Já a
LOA tem como principais objetivos estimar a receita e fixar a programação das despesas
para o exercício financeiro. Assim, a LDO ao identificar no PPA as ações que receberão
prioridade no exercício seguinte torna-se o elo entre o PPA, que funciona como um
plano de médio-prazo do governo, e a LOA, que é o instrumento que viabiliza a
execução do plano de trabalho do exercício a que se refere.
De acordo com a Constituição Federal, o exercício da função do planejamento é um
dever do Estado, tendo caráter determinante para o setor público e indicativo para o
setor privado.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.
29
Direito Constitucional - Resumo
Assim, o planejamento expresso no Plano Plurianual assume a forma de grande moldura
legal e institucional para a ação nacional, bem como para a formulação dos planos
regionais e setoriais.
O § 1º do inciso XI do art. 167 da Constituição Federal é um argumento forte em relação
à importância que os constituintes deram ao planejamento no Brasil:
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício
financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou
sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
 
Plano Plurianual - PPA 
Encontram-se, na literatura orçamentária e financeira, indicações de alguns problemas
relacionados com o funcionamento do modelo orçamentário acima descrito. Decorrem,
em sua maioria, da inexistência da lei complementar mencionada no § 9º do art. 165 da
CF.
Em relação ao PPA, a primeira questão que pode ser colocada neste contexto se refere ao
entendimento da expressão "de forma regionalizada". Sua finalidade está ligada ao
mandato constitucional de "redução das desigualdades regionais" (§ 7º do art. 165 da CF
88). Ou seja, sendo apresentado de forma regionalizada, o plano permitirá ser
devidamente avaliado em relação àquele objetivo.
 
_________________
(*) Economista. Consultor de Orçamentos e Fiscalização Financeira da Câmara dos
Deputados.
 
Mas que regiões seriam estas a que se refere a Constituição? Uma primeira indicação
encontra-se no art. 35 do ADCT - CF 1988
O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até
dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão
proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.
Resta, entretanto, que as regiões estão definidas como sendo as macrorregiões adotadas
pelo IBGE. Mas, de qualquer forma, cerca de 80% das ações propostas nos projetos
30
Direito Constitucional - Resumo
orçamentários estão “regionalizadas” na classificação “nacional” - o que em nada ajuda
para o cumprimento do preceito constitucional.
Além disso, é mister lembrar que o mandado constitucional exige que estados,
municípios e o Distrito Federal também pratiquem o sistema de planejamento esboçado
na Carta Magna. Nesse caso, quais seriam os parâmetros da regionalização a ser
adotada?
A terceira questão refere-se ao termo "programa de duração continuada". O que seria
isso? Não existe ainda nenhum delineamento satisfatório para este conceito. Sua
definição, apesar do destaque constitucional, não consta nem mesmo dos projetos
orçamentários apresentados.
Um passo paralelo foi dado pela LRF:
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente 
derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixe para 
o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois 
exercícios.
Então, um programa que abrigue tal tipo de despesa corrente poderia ser caracterizado
também como programa de duração continuada! Foi nesse sentido as interpretações
dadas por ocasião do PPA 1991-96 e na apreciação dos Projetos de Lei Complementar nº
222, de 1990, e nº 135, de 1996. Todas focalizavam apenas no caráter finalístico das
ações.
Felizmente, e por acaso, uma definição objetiva, mas esdrúxula, surge no Substitutivo do
PPA 2004-07 do Senador Sibá Machado. A redação do art. 2º da Proposta do PPA era a
seguinte:
Art. 2º Os Programas, no âmbito da Administração Pública federal, como 
instrumento de organização das ações de Governo, ficam restritos àqueles 
integrantes do Plano Plurianual.
Ou seja, dada a exigência da compatibilidade da Lei Orçamentária com o PPA, o
programa nela proposto deveria constar necessariamente deste Plano. Mas, qual o
problema com esse dispositivo? Vários programas que constam da Lei Orçamentária
Anual não necessariamente constam do PPA (programas de suporte administrativo, por
exemplo). Portanto, algumaalteração havia que ser feita para consertar o problema.
Qual foi o substitutivo para esse dispositivo?
31
Direito Constitucional - Resumo
Art. 2º Os Programas, no âmbito da Administração Pública Federal, para efeito 
do art. 165, § 1º, da Constituição, são os integrantes desta Lei.
Assim, ao tentar resolver um problema, resolveu-se outro, o da definição do "programa
de duração continuada". Agora são aqueles que integram a Lei que institui o PPA.
 
Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO
Uma das principais funções da LDO é estabelecer parâmetros necessários à alocação dos
recursos no orçamento anual, de forma a garantir, dentro do possível, a realização das
metas e objetivos contemplados no PPA. É papel da LDO ajustar as ações de governo,
previstas no PPA, às reais possibilidades de caixa do Tesouro Nacional e selecionar
dentre os programas incluídos no PPA aqueles que terão prioridade na execução do
orçamento subsequente.
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
Observe-se que prioridade pode ser entendida como o grau de precedência ou de
preferência de uma ação ou situação sobre as demais opções. Em geral, é definida em
razão da gravidade da situação ou da importância de certa providência para a eliminação
de pontos de estrangulamento. Também se considera a relevância do empreendimento
para a realização de objetivos estratégicos de política econômica e social.
MOGNATI (2008) observa, entretanto, que a importância do Anexo de Metas e
Prioridades da LDO para a lei orçamentária tem sido relativizada pelo governo federal
nos últimos orçamentos, sendo inclusive motivo de crítica por parte do Tribunal de
Contas da União.
Da SILVA (2007) questionou a existência de compatibilidade entre as metas constantes
no PPA, na LDO e na LOA: “Se esses instrumentos de planejamento devem manter
perfeita sintonia entre si, então, depreende-se que a inconsistência de um refletirá no
resultado do outro.”
32
Direito Constitucional - Resumo
Ao observar os dados do seu estudo, constatou falta de consonância, compatibilidade e
integração entre o PPA, a LDO e a LOA. Dentre as principais inconsistências
encontradas cita:
a) falta de coerência entre o que foi planejado no PPA e as metas físicas
estabelecidas nas LDOs;
b) b) execução orçamentária de programas do orçamento de investimento das
estatais acima da dotação autorizada na LOA;
c) divergências entre as metas prioritárias estipuladas pelo Governo na LDO e
as efetivamente registradas na LOA; e
d) programas prioritários que não foram executados.
Apesar da existência de vários problemas relacionados com este importante instrumento
de planejamento, não há dúvidas que ele continua sendo útil em antecipar o debate dos
grandes problemas orçamentários (como por exemplo, salário mínimo, compensações a
estados e municípios, alterações tributárias, política de pessoal) no fórum adequado, no
plenário do Poder Legislativo.
 
Lei Orçamentária Anual - LOA
A lei orçamentária da União estima receitas e fixa as despesas para um exercício
financeiro. De um lado, permite avaliar as fontes de recursos públicos no universo dos
contribuintes e, de outro, quem são os beneficiários desses recursos. Reza o § 5º do
artigo 165 da Constituição de 1988:
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
 
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a
ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
 
33
Direito Constitucional - Resumo
a) Orçamentos Fiscal e da Seguridade
 
O Orçamento Fiscal abrange os três poderes, seus fundos, órgãos, autarquias, inclusive
as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Compreende também as
empresas públicas, sociedades de economia mista e demais controladas que recebam
quaisquer recursos do Tesouro Nacional, exceto as que percebam unicamente sob a
forma de participação acionária, pagamento de serviços prestados, ou fornecimento de
bens, pagamento de empréstimo e financiamento concedidos e transferências para
aplicação em programa de financiamento. Este último, refere-se aos 3% do IR e do IPI
destinados aos FNO, FCO, FNE, e 40% das contribuições do PIS/PASEP, destinados ao
BNDES.
 
b) O Orçamento da Seguridade Social
Particularmente, constitui o detalhamento dos montantes de receitas vinculados aos
gastos da seguridade social - especialmente as contribuições sociais nominadas no art.
195 da Constituição. Compreende também outras contribuições que lhe sejam
asseguradas ou transferidas pelo orçamento fiscal, bem como do detalhamento das
programações relativas à saúde, à previdência e à assistência social que serão
financiadas por tais receitas. Esse orçamento abrange todas as entidades e órgãos
vinculados à seguridade social, da administração direta e indireta, bem como fundos e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
 
c) Orçamento de Investimento das Estatais
As Estatais, operando nas condições e segundo as exigências do mercado, não teriam
obrigatoriedade de ter suas despesas e receitas operacionais destas empresas integrem o
orçamento público. As despesas de custeio das empresas estatais vinculadas ao
Executivo (entendidas como empresas públicas e as sociedades de economia mista,
subsidiárias, controladas) terão seus orçamentos organizados e acompanhados com a
participação do MPO, mas não são apreciadas pelo Legislativo.
A inclusão de seus investimentos é justificada na medida em que tais aplicações constam
com o apoio do orçamento fiscal e até mesmo da seguridade que fornecem os recursos
ou com o apoio do Tesouro que concede aval para as operações de financiamento, ou
com "lucros e excedentes" de aplicações de recursos públicos. Por uma questão de
racionalidade, transparência e evitar a dupla contagem não se incluem neste orçamento
34
Direito Constitucional - Resumo
as programações de estatais cujos trabalhos integrem os orçamentos fiscal e da
seguridade social (CBTU, CODEVASF, CONAB, CPRM, EMBRAPA, RADIOBRÁS,
SERPRO).
 
Ciclo de planejamento e orçamento
 
O PPA é peça de mais alta hierarquia dentre a tríade orçamentária, embora esta seja
somente constituída de leis ordinárias. Esse é o modelo disposto em nossa Carta Magna,
que determina em seu art. 165, § 7º, que os orçamentos devem ser compatibilizados com
o plano plurianual. No § 2º desse artigo exige que a LOA deve ser elaborada conforme
dispuser a LDO. E no art. 166 § 3º, I, prevê a admissão de emendas ao orçamento
somente se compatíveis com o plano plurianual e com a LDO.
A técnica utilizada na elaboração dessas leis orçamentárias – a do Orçamento Programa,
ao possibilitar uma linguagem unificada nas relações entre essas três leis, permite a
desejada e preconizada integração entre o planejamento e o orçamento.
Todas as leis orçamentárias são de iniciativa do Poder Executivo que as envia, sob a
forma de proposta,para apreciação e aprovação do Poder Legislativo. Cabe ao Chefe do
Poder Executivo sancioná-las e executá-las. Compete ao Poder Legislativo acompanhar
e fiscalizar sua execução. O ciclo integrado de planejamento e orçamento pode ser
ilustrado da seguinte maneira:
 
35
Direito Constitucional - Resumo
Apreciação do Orçamento pelo Poder Legislativo
 
MOGNATTI (2008) descreve, de forma sucinta, o processo de apreciação do orçamento
no Congresso Nacional. Reconhece que é o Poder Executivo que determina a formação
da agenda para o conjunto de políticas públicas a serem formalizadas no orçamento.
No âmbito do Poder Legislativo federal a apreciação das peças orçamentárias cabe à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) (Art. 166, § 1º, I
e II, CF), composta por trinta Deputados Federais e dez Senadores da República, com
igual número de suplentes, regida pela Resolução nº 1 do Congresso Nacional, de 26 de
dezembro de 2006 (Resolução nº 1/06-CN).
A CMO emite parecer e delibera sobre os projetos de lei do plano plurianual, diretrizes
orçamentárias, orçamentos anuais e suas alterações (créditos adicionais), além de outras
matérias de cunho orçamentário. Em seu âmbito são apresentadas as emendas aos
projetos para inclusão dos interesses dos parlamentares, respeitando os prazos, limites e
condições determinados pela Resolução.
Cada proposta de PPA, LDO ou LOA recebe proposições acessórias durante sua
tramitação, que auxiliarão na análise das proposições principais e determinarão regras
para atuação dos relatores e a apresentação de emendas. Dentre essas proposições
36
Direito Constitucional - Resumo
acessórias destacam-se o parecer preliminar, os relatórios setoriais (somente no caso do
projeto da LOA), as emendas e os destaques.
As emendas podem ser apresentadas pelos parlamentares de forma individualizada ou
coletiva. As emendas individuais são apresentadas por qualquer parlamentar detentor do
mandato e também por relatores das propostas, sendo estas limitadas à correção de erros
ou omissões contidas nos projetos em análise. As emendas coletivas derivam do
consenso dos parlamentares reunidos em comissões permanentes de cada Casa do
Congresso Nacional – Emendas de Comissão – ou dos parlamentares pertencentes à
mesma unidade da federação – Emendas de Bancada. No caso das Emendas de
Comissão, sua apresentação fica condicionada à aprovação pela maioria de seus
membros, e as Emendas de Bancada devem constar de ata assinada por, no mínimo, 3/4
(três quartos) de deputados federais e 2/3 (dois terços) de senadores da respectiva
unidade da federação para serem submetidas à apreciação da CMO.
37
Direito Constitucional - Resumo
Processo Legislativo 
Processo legislativo é o conjunto de exigências e procedimentos para a elaboração das
leis, sendo responsabilidade do Poder Legislativo. No Brasil, embora o Executivo e
o Judiciário também possam, excepcionalmente, redigir leis, a palavra final cabe sempre
38
Direito Constitucional - Resumo
ao Congresso Nacional, sede federal do Legislativo, estando suas principais normas
descritas na Seção VIII, Título IV da Constituição Federal. Nela, mencionam-se
sete tipos de legislação: leis ordinárias, complementares e delegadas, emendas
constitucionais, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
Leis ordinárias e complementares
Leis ordinárias são as normas jurídicas com as regras mais gerais e abstratas - ou seja, as
leis mais comuns -, enquanto leis complementares procuram reforçar a matéria
constitucional; seu caráter, pois, é de complemento à Constituição. Além de seus
processos serem bem similares, ambas podem ser propostas por qualquer membro ou
comissão do Congresso Nacional; pelo Presidente da República; pelo Supremo Tribunal
Federal (STF); pelos Tribunais Superiores; pelo Procurador-Geral da República; e pelos
cidadãos.
Quando nasce no Congresso, o Projeto de Lei (PLO) vai para a comissões técnica
competente da casa originária (Câmara dos Deputados, com 35 comissões, ou Senado,
com 11); quando vindo de algum membro externo ao Congresso, o PL é apresentado à
Câmara. Se a comissão entender que o projeto é constitucional, legal e útil à sociedade,
ele o envia para votação em plenário, onde a aprovação depende de maioria simples, ou
seja, no mínimo 50% dos votos dos congressistas presentes.
Em caso de rejeição, o projeto é arquivado. Em aprovação, ele segue para a outra Casa
do Congresso (Casa revisora): a Câmara envia o projeto para o Senado e vice-versa. Se a
Casa revisora aprovar apenas partes do PLO, ela o emenda e devolve para reavaliação da
Casa inicial, que pode aprovar o novo texto ou rejeitá-lo. Se a aprovada (maioria
simples) pela Casa revisora, a lei é enviada para sanção ou veto presidencial.
Se o Presidente não se pronunciar em até 15 dias do seu recebimento, considera-se a lei
sancionada, seguindo-se sua promulgação (torna-se válida, oficial). Em caso de veto,
porém, ambas as Casas se reúnem para apreciá-lo, sendo que um veto só é derrubado
com maioria absoluta de votos, ou seja, no mínimo metade de todos os congressistas,
não só os presentes. Derrubado o veto, segue a lei à promulgação (prazo de 48 horas; se
o Presidente não promulgá-la, o Presidente do Senado deve fazê-lo); se mantido, ela é
arquivada.
Com projetos de lei complementar, a única diferença é que, no lugar de maioria simples,
as votações são por maioria absoluta. A Constituição estabelece limites para a
proposição de leis por não congressistas, sendo estes mais rigorosos com projetos de lei
de iniciativa popular (PLPs), que precisam do apoio de 1% dos eleitores, distribuídos em
ao menos cinco Estados, com um mínimo de 0,33% de apoio em cada Estado.
Emendas constitucionais
39
Direito Constitucional - Resumo
A Constituição brasileira é um documento rígido, que não pode ser facilmente alterado.
Como Lei Máxima da nação, modificações em seu texto devem ser consideradas com
extremo cuidado, visto que repercutirão em toda a legislação subordinada. Sendo este o
propósito das emendas, seu processo exige grande consenso entre os parlamentares.
Emendas podem ser propostas pelo Presidente da República, por metade das
Assembleias Legislativas do país ou por, no mínimo, um terço dos membros de qualquer
Casa do Congresso. Além de não poder ser realizadas durante intervenção federal e
estado de emergência ou sítio, elas não podem prejudicar a federação, o voto,
a separação de poderes e os direitos e garantias individuais - as chamadas cláusulas
pétreas da Constituição.
Feita a proposta, cada Casa do Congresso deve discuti-la e votá-la em dois turnos,
havendo aprovação somente com mais de 60% dos votos em ambas. Se rejeitada, a
matéria da proposta não pode ser repetida na mesma sessão legislativa; ou seja, uma
"nova tentativa" ocorre só no ano seguinte.
Leis delegadas
Exclusivas do Presidente da República, essas leis só são possíveis com a concessão do
Congresso, que delega seus poderes de legislação. Para promulgá-las, o Presidente
primeiro envia uma solicitação ao Congresso. Esta pode ser aprovada por maioria
simples em sessão conjunta ou separada das Casas, tornando-se, neste caso, uma
resolução que estipula as condições para o uso dos poderes delegados. Uma delegação
típica é quando o Congresso permite ao Presidente elaborar e promulgar leis sem sua
apreciação. Quando a lei, mesmo delegada, precisa ser remetida ao Congresso,
caracteriza-se uma delegação atípica.
Medidas provisórias
Outro recurso exclusivo do Presidente, essas são instrumentos com força de lei para situações
de grande urgência. Sua vigência é imediata,

Outros materiais