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Curso de Direito
Direito Civil I 
I semestre 2011
DOS BENS 
Prof. Dr. Victor Hugo Tejerina Velázquez
DOS BENS
Os bens são coisas materiais ou imateriais, passíveis de
serem objeto de apropriação e desde que sejam escassos, ou
seja, tenham um valor em dinheiro. Aos olhos do Direito são
estudados em um duplo aspecto: tanto "maléfico" porque eles
podem ser fontes de danos, portanto, de responsabilidade,
quanto "benéfico", por ser, para os indivíduos, fontes de
vantagens: e serem objeto de direitos individuais. Este
segundo aspecto faz com que sejam chamados bens (V. Jean
Carbonnier. Les Biens, pág. 91 e ss.).
Nem todas as coisas são bens: só aquelas objeto de
apropriação. (Não são bens: as coisas comuns: o ar, a água, o
mar, etc.). Em sentido inverso, nem todos os bens são coisas,
no sentido material. Há bens incorpóreos.
Assim: os bens são coisas materiais ou imateriais que tem 
valor econômico e que podem servir de objeto de uma relação 
jurídica (A. Alvim).
Os Bens(espécie): têm valor econômico (patrimonial). São 
coisas (gênero): são raros, escassos, são úteis.
Bens: dizem relação a apropriação, dando origem a um
vínculo jurídico que é o domínio. São as coisas que
proporcionam ao homem alguma utilidade sendo suscetíveis
de apropriação, constituindo então seu patrimônio.
Compreendem: 1) não só os bens corpóreos, como 2) os
incorpóreos, ou ainda 3) como as criações intelectuais
(propriedade literária, artística, científica). Sendo que os fatos
humanos, as "prestações" de dar, fazer, não fazer, também
são considerados, pelo Direito, como suscetíveis de constituir
objeto de relação jurídica.
Caracteres: 1) idoneidade para satisfazer um interesse
econômico, excluindo-se da noção de bens:
1.1. os elementos morais da personalidade como a) a vida, b)
a honra, c) o nome, d) a liberdade, etc.
2) gestão econômica autônoma: constitui uma entidade
econômica distinta. Deve, o bem, constituir uma autonomia
econômica. Ex., se for o bem corpóreo: a sua individualidade
resulta da sua delimitação no espaço. Mas esse assunto não
é absoluto, precipuamente, no que concerne a energias
produzidas por uma coisa como a eletricidade. É preciso
distinguir: a energia inseparável do bem que a produz,
daquela que, não obstante produzida por certo bem, assume
autonomia própria que permite uma utilização e um valor
econômico, como se dá com o gás e a eletricidade.
3) subordinação jurídica a seu titular, por si só é bem jurídico
aquele dotado de uma existência autônoma capaz de ser
subordinada ao domínio do homem.
Classificação dos bens (Arts. 79-103 CC):
1. Bens considerados em si mesmos (CC): sem
qualquer relação com outros bens ou com seu titular,
atendo-se sua mobilidade, fungibilidade,
consuntibilidade (móveis, imóveis, bens fungíveis,
infungíveis, bens consumíveis e inconsumíveis, bens
divisíveis e indivisíveis, etc. )
2. Bens reciprocamente considerados (CC) (principais
e acessórios; em relação aos outros)
3. Bens públicos (CC) e privados (em relação ao titular
do domínio)
4. Bens no comércio e fora do comércio (quanto a
suscetibilidade de serem negociados), embora o CC
de 2002 não tenha reiterado este preceito, não exclui
a possibilidade de existência.
1. Bens considerados em si mesmos
1.1. Bens corpóreos e incorpóreos
1.1.1. Corpóreos: que tem existência material: uma
jóia, uma casa, um livro.
1.1.2. Incorpóreos: não têm existência tangível e são 
relativos aos direitos que as pessoas (físicas ou 
jurídicas) têm sobre as coisas, sobre o produto do 
seu intelecto ou contra outra pessoa, apresentando 
valor econômico, trata-se dos direitos reais, autorais 
obrigacionais.
1.2. Bens móveis e imóveis: corresponderia à antiga
classificação: res mancipi e res nec mancipi (embora
a comparação o seja em termos, já que não se sabe
qual foi o critério que levou aos romanos a fazer
semelhante distinção. (V. nesse sentido Schulz, F. Derecho
Romano Clásico).
pessoa, apresentando valor econômico, trata-se dos 
direitos reais, obrigacionais, autorais.
1.2. Bens móveis e imóveis (Arts. 79-84 CC):
corresponderia à antiga classificação: res mancipi e
res nec mancipi (embora a comparação o seja em
termos, já que não se sabe qual foi o critério que
levou os romanos a fazer semelhante distinção. (V.
nesse sentido SCHULZ, F. Derecho Romano Clásico).
1.2.1. Bens imóveis: aqueles que não se podem
transportar, sem destruição de um lugar para outro
(Clóvis); aqueles que não podem ser removidos sem
alteração da sua substância (O. Gomes). Aubry et Rau
(Cours de Droit Civil Français) dizem: "Les choses
corporelles sont meubles ou immeubles, selon
qu'elles peu vent ou non se transporter d'un
lieu à un outre, sans charger de nature".
1.2.2. Bens móveis: os que não têm deterioração na
substância ou na forma, podem ser transportados de
um lugar para outro por força própria ou estranha,
“sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social”. (Art. 82 CC).
1.2.2.1. por força própria: semoventes: animais
1.2.2.2. por força estranha: mercadorias, moedas, 
títulos da dívida pública, ações de companhias, etc.
O Código Civil considera como bens móveis, as
energias (elétrica, por exemplo) que tenham valor
econômico (art. 83).
Lembra-se que os direitos (bens incorpóreos) podem
ser divididos em imobiliários e mobiliários.
Imobiliários: porque só podem recair sobre bens
imóveis: direitos reais de servidão, uso, habitação,
enfiteuse, usufruto (que pode ser mobiliário ou
imobiliário segundo a natureza dos bens). A
importância desta divisão é grande, pois:
a) todos os direitos reais sobre imóveis 
“...constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, 
só se adquirem com o registro no Cartório de 
Registro de Imóveis dos referidos títulos” (arts. 1.245 
a 1.247), salvo os casos expressos no Código- como 
por exemplo, o usufruto proveniente de usucapião 
(Art 1.391), bem como o usufruto dos bens dos filhos 
considerado inerente ao exercício do poder familiar
(Art. 1.689) em que não há necessidade do registro 
para sua aquisição. Transfere-se o domínio, entre 
vivos, com o registro do título no Registro de Imóveis. 
Há de presumir-se que enquanto não se registrar o 
título traslativo de direito de propriedade continua a 
figurar como proprietário o alienante, como enquanto 
não se promover a invalidade e respectivo 
cancelamento do registro o adquirente há de 
continuar sendo havido como dono do imóvel. 
Concomitantemente, os efeitos da perda da 
propriedade imóvel por alienação ou por renúncia 
"serão subordinados ao registro do título transmissivo, 
ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis" (Art. 
1.275, Parágrafo único, correspondente ao 589 § 1o, 
C.C. de 1916).
Classificação no Código Civil:
Bens imóveis: 1. Imóveis pela sua natureza (4.3.1.): 
nos termos do Art. 1.229, a propriedade do solo 
abrange a do espaço aéreo e subsolo 
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao 
seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a 
atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma 
altura ou profundidade tais, que não tenha ele 
interesse legítimo em impedi-las.
a) Nos termos do art. 1.229, a propriedade quanto a 
altura e profundidade abrange na medida em que 
são úteis ao seu exercício.
Exceções:
a) D. 24643 modif. D.L. 852/38: Código de Águas: art. 145:" 
as quedas e outras fontes de energia hidroelétrica são bens 
imóveis considerados como coisas distintas do solo em que 
se encontram, assim a propriedade superficial não abrange à 
água, o álveo do curso no trecho em que se ache a queda de 
água nem a respectiva energia hidráulica para efeitos deseu 
aproveitamento industrial"
b) A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e 
demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, 
os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis 
especiais.
O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos 
minerais de emprego imediato na construção civil, desde que 
não submetidos a transformação industrial, obedecido o 
disposto em lei especial.( Art. 1.230, Parágrafo único).
d) A Constituição de 1988,( V. art. 176(§ 1o. e 4o.): "As jazidas, 
em lavra ou não e demais recursos minerais e potenciais de 
energia hidráulica, constituem propriedade distinta da do solo 
para o efeito de exploração ou aproveitamento e pertencem a 
União garantida ao concessionário propriedade do produto da 
lavra"
"É assegurada ao proprietário do solo participação, nos 
resultados da lavra; quanto a jazida e minas, cuja exploração 
constitui monopólio da União, a lei regulará a forma de 
indenização".
2. Imóveis por acessão (aumento, justaposição, 
acréscimo ou aderência de uma coisa a outra). (antes 
física artificial) natural ou artificial (CC Art. 79, 
segunda parte. São bens imóveis o solo e tudo 
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.):
inclui tudo aquilo que o homem incorporar
permanentemente ao solo (somente, os edifícios e 
construções -pontes, viadutos-), de modo que não 
possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou 
dano. 
Se os prédios fossem demolidos, esses materiais 
serão considerados móveis (art. 84 CC. Os materiais 
destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; 
readquirem essa qualidade os provenientes da 
demolição de algum prédio.), salvo que tivessem sido 
separados provisoriamente de um prédio para nele 
mesmo se reempregarem (art. 81,II). Não perdem o 
caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para 
outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um 
prédio, para nele se reempregarem.
3. Imóveis por acessão intelectual (CC. art. 93. São 
pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se 
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao 
aformoseamento de outro.), ou por destinação do 
proprietário: coisas intencionalmente empregadas em 
sua exploração industrial, aformoseamento ou 
comodidade. São "pertenças" tratores ou máquinas, 
ornamentos, instalações animais ou materiais 
empregados no cultivo da terra (ex. trator em 
exploração agrícola destinado pelo proprietário é
imóvel por acessão intelectual e hipotecado o imóvel 
o direito real de garantia abrangerá aquelas 
máquinas -RT. 133:520-). A imobilização de coisa 
móvel, ela se dá quando a coisa é colocada ao 
serviço do imóvel e não da pessoa. Há uma afetação 
de móvel a imóvel por ficção legal.
Requisitos para haver acessão intelectual:
a) se trate de coisa móvel, b) pertença ao proprietário 
do imóvel, c) se destine a finalidade econômica de 
coisa principal ou a seu serviço e não aos interesses 
do proprietário e tenha um caráter permanente, d) 
haja possibilidade dessa destinação atuar, mediante 
relação local como o imóvel.
4. Imóveis por determinação legal (art. 80, I e 
II CC). Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que 
os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. 
(Súmula STF 329) E são:
a) direitos reais sobre imóveis (usufruto, uso, 
habitação, direito de superfície, anticrese, 
servidão predial) inclusive o penhor agrícola e as 
ações que os asseguram. 
b) apólices da dívida pública oneradas com 
cláusula de inalienabilidade.
c) o direito à sucessão aberta ainda que a herança 
só seja formada de bens móveis.
Esse direitos são bens incorpóreos. 
Bens móveis
Três categorias
1. Móveis por natureza: nos termos do art. 82 do NCC: 
São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de 
remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da 
destinação econômico-social, logo os bens materiais de 
construção enquanto não fossem nela empregados são 
móveis. 
Temos bens móveis: se moventes (que se movem por força 
própria: animais; e inanimados, que se movem por força 
estranha.
Como já mencionado determinados bens móveis por natureza, 
navios, aviões, a lei os considera como imóveis para efeitos 
de hipoteca, por ex.( V. art. 1473 CC).
2. Móveis por antecipação (RT. 394:305) em que a 
vontade humana mobiliza bens imóveis em função da 
finalidade econômica, por ex.: árvores, frutos e, 
metais aderentes ao imóvel são imóveis, separados 
para fins humanos, são móveis (árvore -imóvel por 
natureza- se se destina ao corte para transformação 
em lenha ou carvão, ou outra finalidade industrial, 
são móveis).
3. Móveis por disposição da lei: Nos termos do 
artigo 83: Consideram-se móveis para os efeitos 
legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações 
correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e 
respectivas ações.
c) os direitos de autor (L. 9.610 de 19/02/1998, art. 3º
que reputa os direitos autores,para efeitos legais, 
bens móveis). (O autor poderá ceder seus direitos 
autorais sem outorga uxória. A propriedade industrial, 
no C. de Propriedade Industrial, é considerada coisa 
móvel abrangendo o poder de criação e invenção de 
um indivíduo).
Q. A energia elétrica ou qualquer outra forma de 
energia se equipara a coisa imóvel ou móvel?
Estão na categoria de móveis incorpóreos: as quotas 
de capital de ações que possua o indivíduo em uma 
sociedade mercantil (Caio Mário).
4. Bens fungíveis e infungíveis
(fungível~substituível) (Art. 85. São fungíveis os 
móveis que podem substituir-se por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade).
"No sistema do CC a fungibilidade é atributo exclusivo 
de bens móveis; não há bens imóveis fungíveis. 
Entretanto, existem móveis infungíveis" (N. de 
Washington de Barros Monteiro).
4.1."Fungíveis são os bens homogêneos-
equivalentes"(Ferrara) entre si (carvão, dinheiro, trigo, 
etc). Fungíveis são as coisas avaliadas e 
consideradas no comércio em sua massa quantitativa. 
4.2. Infungíveis, os que, pela sua qualidade individual, 
têm valor especial, não podendo ser substituídos, sem 
que isso acarrete uma alteração do seu conteúdo
(ex. um quadro do pintor Degas, de Portinari ou de 
Cézanne).
Infungíveis são aqueles corpos certos, que não 
admitem a substituição por outros do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade. Infungíveis são as coisas 
consideradas em sua massa individual.
Afirma-se que a fungibilidade e infungibilidade advém 
da vontade das partes (Baudry-Lacantinerie). Mas a 
vontade das partes não pode tornar fungíveis as 
coisas que são infungíveis, por faltar praticidade 
material, mas a infungibilidade pode resultar de 
acordo com a vontade ou das condições especiais da 
coisa (ex. uma jóia emprestada para uma exposição, 
para pompa ou ostentação).
A fungibilidade é uma qualidade da própria coisa. 
Haverá situações em que apenas o caso concreto 
poderá definir a situação do objeto). 
A distinção interessa ao Direito das Obrigações. A prestação do 
devedor, se for obrigação de fazer, poderá ser personalíssima 
como é a obrigação de um pintor famoso fazer um retrato. Nesse 
sentido, na obrigação de coisa certa, "O credor não é obrigado a 
receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais 
valiosa” (art. 313 CC). (Caso de ter obrigação de entregar um 
animal 1/4 de milha chamado"Esperança" e pretender substituí-
lo por outro mais valioso chamado "Rock and Roll").( É diferente a 
situação de quem se obriga a entregar tantas sacas de feijão ou 
trigo, já que os cereais são substituíveis em gênero, quantidade e 
qualidade).
A fungibilidade e infungibilidade é conceito próprio das coisas 
móveis. Os imóveis, mormente aqueles que o são por sua 
natureza, são sempre infungíveis, embora, existam autores com 
opiniões contrárias (V. Caio Mário. Instituições de Direito Civil: "é 
o caso de vários proprietários comuns de um loteamento que 
ajustam partilhar os lotes ao desfazerem a sociedade: um que se 
retire receberá certa quantidade de lotes, que são havidos como 
coisas fungíveis, até o momento da lavratura do 
instrumento...etc.).
No Direito das Obrigações aparece a diferença com maior nitidez:
1) no mútuo (arts. 586- 592,III) (V. 369, 645 CC) que é 
empréstimo de coisas fungíveis, ao contrário de,
2) o comodato que é empréstimo de coisas infungíveis (arts. 579-
585 CC).
5. Bens consumíveis e não consumíveis: de acordo com o Art. 
86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição 
imediata da própria substância, sendo também considerados tais 
os destinados à alienação.
A característica da consuntibilidade pode ser:
a) de fato: como os alimentos
b) de direito: como o dinheiro
São inconsumíveis os bens que admitem uso reiterado, sem 
destruição da sua substância. Tal entendimento deve ser 
compreendido no sentido econômico-jurídico. (algo inconsumível 
pode ser considerado consumível. Ex., um livro numa livraria para 
ser vendido). Em regra uma coisa fungível é sempre consumível 
mas pode acontecer que uma coisa infungível seja consumível 
(uma garrafa de whisky destinada a exibição). Do mesmo modo
uma coisa fungível não pode ser consumível (ex. um torno 
numérico de série de uma fábrica, ou CDs, livros numa livraria 
destinados a venda).
Resumo:
a) Bens consumíveis: todos aqueles que podem 
desaparecer por um só ato de utilização.
b) Bens inconsumíveis: aqueles que permitem uso 
continuado sem que esse uso acarrete a sua 
destruição total ou parcial. 
Estado atual da questão: Hoje com as novas 
técnicas da indústria, muitos objetos que 
tradicionalmente eram considerados inconsumíveis 
são tratados como "descartáveis", isto é de utilização 
única ou limitada, o que os torna consumíveis.
Certos direitos não podem recair sobre bens consumíveis como é 
o caso do usufruto. Mas no caso do quase-usufruto (V. art. 1.392 
§ 1º CC) o quase-usufrutuário está obrigado a restituir, findo u 
usufruto, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade ou seu 
valor ao tempo da restituição.
A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da 
sua destinação econômico-jurídica.
6. Bens divisíveis e indivisíveis: Bens divisíveis são os que se 
podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. (Art. 
87).
Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes.( Art. 88).
Nos bens divisíveis cada parte dividida mantêm as qualidade do 
todo. O bem indivisível não admite fracionamento. Deve ser 
considerada a individualidade material ou física e a intelectual ou 
jurídica, ambas decorrentes da lei (normalmente um imóvel não 
construído é divisível, porém, a lei do parcelamento do solo 
urbano proíbem construções abaixo de determinada metragem. O 
imóvel rural, por disposição da lei (Estatuto da Terra) não é 
divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo 
rural, dimensão mínima, que o legislador entendeu como 
produtivo.
Resumindo, há indivisibilidade, por natureza, por determinação 
legal e por vontade das partes. 
Deve-se ter em mira que uma coisa material ou legalmente 
indivisível pode ser dividida em partes ideais (pro-indiviso) 
mantendo-se as partes em condomínio, sem ocorrer a 
decomposição.
O Novo Código Civil no art. 87 determina: Bens divisíveis são os 
que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam e, o Art. 88. Determina que: Os bens naturalmente 
divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou 
por vontade das partes.
Q. Qual a reação da doutrina bem como da OAB sobre esta 
determinação que introduz a noção de valor nos bens 
divisíveis? 
7. Bens singulares e coletivos: 
a) São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram 
de per si, independentemente dos demais (Art. 89)
b) Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens 
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação 
unitária.
Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de 
relações jurídicas próprias (Art. 90);
c) Constitui universalidade de direito o complexo de relações 
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico (Art. 91).
"As coisas simples ou compostas, materiais ou imateriais são 
singulares ou coletivas:
I Singulares - quando, embora reunidas, se consideram de per 
se, independentemente das demais;
II Coletivas ou universais quando se encaram agregadas em um 
todo".
1. As coisas singulares podem ser:
1.1. Singulares simples: são coisas formadas de um todo 
constituído naturalmente, ou artificialmente (por um ato humano) 
sem que as respectivas partes integrantes conservem a sua 
condição jurídica anterior (animal, edifício).
1.2. Singulares compostas: são coisas que se juntam, unindo 
diferentes objetos, corporeamente, em um todo só, sem que 
desapareça a condição particular de cada uma delas. Surge, aqui, 
o conceito de parte integrante *. 
[*Parte integrante: deve entender-se se existe: a) uma conexão corpórea que 
deixe a parte integrante aparecer como uma coisa; b) a necessidade de que 
o todo constitutivo das partes se considera como coisa (ex. trator: formado 
de várias partes integrantes: motor, rodas, carroceria, i.e., etc.] 
As coisas coletivas (universitas rerum) são as que sendo 
compostas de várias coisas singulares, se consideram um 
conjunto formando um todo. Assim temos: a) universitas facti
(universalidades de fato) que são complexos de coisas corpóreas 
(ex. uma biblioteca, um rebanho); b) universitas juris
(universalidades de direito) que são complexos de coisas e 
direitos (ex. herança, patrimônio).
Estado da questão. São matérias com contornos confusos que 
Clóvis Bevilácqua não considerou na relação da sua obra mas 
que o novo código o fez como se viu acima. Contudo a idéia de 
"universalidades" explorada por Aubry et Rau na sua teoria do 
patrimônio, (V. supra), é digna de ser lembrada.
No sistema do CC, as universalidades de coisas são regidas 
assim: 
O patrimônio e a herança são coisas universais, embora 
não constem de coisas materiais (art. 91 CC).
II Bens reciprocamente considerados: principais e 
acessórios.
Depois de haver descrito os bens considerados em si mesmos, o 
legislador preocupa-se em classificar os bens com relação aos 
outros, distinguindo-os em :
A. Principais e B. Acessórios.
Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; 
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal (Art. 92). 
Não apenas o objeto corpóreo pode ser acessório, como também 
os direitos como o caso da fiança e da hipoteca, cuja existência 
se vincula a uma obrigação principal (ou o caso de um crédito 
que existe sobre si, tem autonomia própria).
O Novo Código introduz a idéia de pertença, dizendo que são 
aqueles bens que, não constituindo partes integrantes, se 
destinam, de modo duradouro, ao uso, aoserviço ou ao 
aformoseamento de outro (Art. 93 CC).
E ainda determina que: Os negócios jurídicos que dizem respeito 
ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o 
contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das 
circunstâncias do caso (Art. 94)
Como permite que apesar de ainda não separados do bem 
principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio 
jurídico (Art. 95 CC).
O princípio fundamental vem descrito pelo art. 89 CC., que dá 
lugar ao desdobramento de dois princípios:
a) a natureza do acessório é da principal; se esta é imóvel, aquele 
também o é, 
b) o proprietário do principal é proprietário do acessório. O 
acessório pressupõe: a existência de um bem principal, ficando 
assentado que o bem acessório não tem autonomia, pois, não há 
que confundir acessório com a noção de parte integrante que é 
parte constitutiva da própria coisa. De acordo com o processo de 
ligação a coisa principal, os acessórios podem ser:
a) naturais, b) industriais e c) civis
a) naturais, os que aderem naturalmente ao principal (ex. como 
os frutos a uma árvore). No art. 95 do CC se diz que “ainda 
não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser 
objeto de negócio jurídico”. Determina a Constituição de 
1988,( V. art. 176(§ 1o. e 4o.): "As jazidas, em lavra ou não e 
demais recursos minerais e potenciais de energia hidráulica, constituem 
propriedade distinta da do solo para o efeito de exploração ou 
aproveitamento e pertencem a União garantida ao concessionário 
propriedade do produto da lavra.”
b) são industriais os derivados do trabalho humano como a 
produção de uma fábrica.
c) civis: os que resultam de uma relação de direito. Ex. alugueis 
em relação ao bem imóvel; juros em relação ao capital. Há que 
lembrar que a acessão é um modo de adquirir a propriedade (art. 
1.248 CC).
Sobre os frutos há duas teorias: a) Teoria objetiva: frutos são as 
utilidades que a coisa periodicamente produz, constituem a 
produção normal, ordinária e certa da coisa sem dispêndio da 
sua substância; b) Teoria subjetiva: frutos, são riquezas 
normalmente produzidas por um bem, podendo ser tanto uma 
safra como os rendimentos de um capital.
Os frutos são ainda classificados em pendentes, quando unidos à 
coisa que a produziu; percebidos ou colhidos depois de 
separados e armazenados percebemos os que deveriam ter sido 
colhidos e não foram, e consumidos, os utilizados, já que não 
existem.
Benfeitorias: são obras ou despesas feitas na coisa, para o fim 
de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. São obras 
decorrentes da ação humana. Excluem-se os acréscimos
naturais que sofre a coisa. De acordo com o art. 96 CC, as benfeitorias são:
1. Voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso 
habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado 
valor.
2. Úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
3. Necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore.
Das necessárias e úteis, o possuidor tem direito à indenização, 
podendo levantar as voluptuárias se não lhe forem pagas e 
permitir a coisa (V. Art. 1.219 CC). 
Permitido direito de retenção sobre as benfeitorias necessárias e 
úteis ao possuidor de boa-fé. Já o possuidor de má-fé não tem 
direito de retenção devendo apenas ser ressarcido pelas 
benfeitorias necessárias (art. 1.219 e 1.220 CC).
As benfeitorias não se confundem com acessões industriais ou 
artificiais (a construção e a plantação não são consideradas 
benfeitorias como se percebe pelos arts. 1.253 a 1.259, CC).
Não se confundem as benfeitorias com as acessões (Art. 97 
CC). 
1. O mesmo proprietário ou possuidor faz as benfeitorias;
2. Na acessão, uma das coisas não pertence a quem uniu a 
outras , ou a quem a transformou.
3. Igualmente não se consideram benfeitorias ou bens 
acessórios: (art. 1.270, § 2º. CC), segundo um critério de valor, a 
pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-
prima. Em casos de confecção de obra de arte, em que o valor 
da-mão-de-obra exceda consideravelmente o preço da matéria 
prima, existe o interesse social em preservá-la e em prestigiar o 
trabalho artístico.
Bens Públicos e Particulares
Diz o art. 98 CC que "São públicos os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos 
os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem."
Classificação (Art. 98 CC): Classificam-se em
I bens de uso comum do povo (mares, rios, estradas, ruas e 
praças) (Art. 99, I, CC)
II os de uso especial (edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou 
estabelecimento federal, estadual ou municipal) (Art. 99, II CC);
III Os dominicais, os que constituem o patrimônio da União, dos 
Estados ou dos Municípios (como objeto de direito pessoal , ou 
real de cada uma dessas entidades, ex. estradas de ferro, títulos 
da dívida pública, telégrafos, oficinas do Estado, etc.) (Art. 99, III CC)
Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial 
são inalienáveis enquanto conservarem a sua qualificação (Art. 
100 CC). Os bens públicos domicanicais podem ser alienandos 
observadas as exigências da lei (Art. 101 CC).
Os bens públicos são imprescritíveis (Art. 102 CC e Art. 183, § 3º. 
E 191, parágrafo único da C.F.). O uso comum dos bens públicos 
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem (Art. 
103 CC).
Os bens que estão fora do comércio
Esse capítulo não foi reproduzido pelo CC de 2002. 
“Todavia, pode-se dizer que se encontram na situação de bens 
extra commercium, por não poderem ser objeto de relações 
jurídicas negociais, mesmo não mencionados expressamente, 
os bens:
1) Naturalmente inapropriáveis por sua natureza (água do mar, 
ar atmosférico, luz solar etc)
2) Inalienáveis por força da lei [bens públicos, bens das 
fundações, dos menores,lotes rurais inferiores ao módulo rural, 
bem de família, (Art. 1.711 CC), bens tombados, terras ocupadas 
pelos índios (CF Art. 231, § 4º.)]. 
3) os inalienáveis por vontade humana (cláusula de 
inalienabilidade, art. 1676 CC), deixados em testamento ou 
doados com cláusula de inalienabilidade (Arts. 1.848 e 1.911 CC).
Bem de Família (estudar-se-á no D. de 
Família (Art. 1.711-1.722 CC).
Bens que a lei resguarda com as características de 
inalienabilidade e impenhorabilidade em benefício da 
constituição e permanência de uma moradia para o corpo 
familiar. Originou-se nos EUA (Texas, Homestead Exemption Act 
de 1839) garantindo a cada cidadão determinada área de terras, 
isentas de penhora.
Nos termos do a.rt. 1.711 do CC:
Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou 
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, 
desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao 
tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do 
imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por 
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação 
expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar 
beneficiada.

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