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RESUMO DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE - Amartya Sen

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O tema Desenvolvimento como liberdade é abordado pelo autor Amartya Sen, o qual carrega
como título de seu Livro. Em seu índice, o autor cita 7 tópicos como assunto e temas centrais para
explicitar a sua teoria. No primeiro tópico, o autor fala sobre “A perspectiva da liberdade”; no
segundo, “Os fins e os meios do desenvolvimento”; no terceiro, “Liberdade e os fundamentos da
justiça; no quarto, “Pobreza como privação de capacidades”; no quinto, “Mercados, Estado e
oportunidade Social”; no sexto, “A importância da democracia” e por fim, “Fomes coletivas e outras
crises”.
Ainda na introdução de seu livro, o autor fala que o desenvolvimento pode ser visto como um
processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberdades
humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, como as que identificam
desenvolvimento com crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais,
industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. O crescimento do PNB ou das rendas
individuais pode ser muito importante como um meio de expandir as liberdades desfrutadas pelos
membros da sociedade. Mas as liberdades dependem tambem de outros determinantes, como as
disposições sociais e econômicas (por exemplo, os serviços de educação e saúde) e os direitos civis
(por exemplo, a liberdade de participar de discussões e averiguações públicas). Se a liberdade é o que
o desenvolvimento promove, então existe um argumento fundamental em favor da concentração
nesse objetivo abrangente, e não em algum meio específico ou em alguma lista de instrumentos
especialmente escolhida. 
O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade, que
são a probreza e tirania, a carência de oportunidades economicas e destituição social sistemática, a
negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos. Às
vezes a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a pobreza econômica, que
rouba das pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter uma nutrição satisfatória ou remédios para
coenças tratáveis, a oportunidade de vestir-se ou morar de modo apropriado, de ter acesso a água
tratada ou saneamento básico. Em outros casos, a privação de liberdade vincula-se estreitamente à
carência de serviços públicos e assistência social, como por exemplo a ausência de programas
epidemiológicos, de um sistema bem planejado de assistência médica e educação ou de instituições
eficazes para a manutenção da paz e da ordem locais. Em outros casos, a violação da liberdade resulta
diretamente de uma negação de liberdades políticas e civis por regimes autoritários e de restrições
impostas à liberdade de participar da vida social, política e econômica da comunidade.
De acordo com o autor, a liberdade é central para o processo de desenvolvimento por dois
motivos: a primeira motivação é a razão avaliatória para concentrar-se na liberdade, o qual a
avaliação do progresso deve ser feita verificando-se primordialmente se houve um aumento das
liberdades das pessoas. Já a segunda é a razão da eficácia, é necessário observar as relações empíricas
relevantes, em particular as relações mutuamente reforçadoras entre liberdade de tipos diferentes. A
condição de agente livre e sustentável emerge como um motor fundamental do desenvolvimento. A
livre condição de agente não é uma parte “construtiva” do desenvolvimento, mas também contribui
para fortalecer outros tipos de condições de agente livres.
A ligação entre liberdade individual e realização de desenvolvimento social vai além da
relação constitutiva – por mais importante que ela seja. O que as pessoas conseguem positivamente
realizar é influenciado por oportunidade econômicas, liberdades políticas, poderes sociais e por
condições habilitadoras como boa saúde, educação básica e incentivo e aperfeiçoamento de
iniciativas. As disposições institucionais que proporcionam essas oportunidades são ainda
influenciadas pelo exercício das liberdades das pessoas, mediante a liberdade para participar da
escolha social e da tomada de decisões públicas que impelem o progresso dessas oportunidades.
As liberdades não são apenas os fins primordiais do desenvolvimento, mas os meios
principais. Além de reconhecer a importância avaliatória da liberdade, é necessário entender a relação
empírica de vincula umas às outras, liberdades diferentes. Liberdades políticas (na forma de liberdade
de expressão e eleições livres) ajudam a promover a segurança econômica. Oportunidades sociais (na
forma de serviços de educação e saúde) facilitam a participação economica. Facilidades econômicas
(na forma de oportunidades de participação no comércio e na produção) podem ajudar a gerar a
abundância individual, além de recursos públicos para os serviços sociais. Liberdades de diferentes
tipos podem fortalecer umas às outras. Essas relações reforçam as prioridades valorativas. `Pela
antiquada distinção entre “paciente” e “agente”, essa concepção da economia e do processo de
desenvolvimento centrada na liberdade é em grande medida uma visão orientada para o agente. Com
oportunidades sociais adequadas, os indivíduos podem efetivamente moldar seu próprio destino e
ajudar uns aos outros. Não precisam ser vistos sobretudo como beneficiários passivos de engenhosos
programas de desenvolvimento. Existe, de fato, uma sólida base racional para reconhecermos o papel
positivo da condição de agente livre e sustentável – e até mesmo o papel positivo da impaciência
construtiva. 
Em síntese, o autor relata que há Cinco tipos distintos de liberdade,vistos de uma perspectiva
“instrumental”, que são investigados particularmente nos estudos empíricos de Amartya Sen. São
eles: Liberdades políticas; Facilidades econômicas; Oportunidades sociais; Garantias de transparência
e Segurança protetora. Cada um desses tipos distintos de direitos e oportunidades ajuda a promover a
capacidade geral de uma pessoa. Eles podem ainda atuar complementando-se mutuamente. As
políticas públicas visando ao aumento das capacidades humanas e das liberdades substantivas em
geral podem funcionar por meio da promoção dessas liberdades distintas, mas inter-relacionadas. Na
visão do “desenvolvimento como liberdade”, as liberdades instrumentais ligam-se uma às outras e
contribuem com o aumento da liberdade humana em geral.
Embora a análise do desenvolvimento precise, ocupar-se de objetivos e metas que tornam
importantes as consequências dessas liberdades instrumentais, é necessário igualmente levar em conta
os encadeamentos empíricos que unem os tipos distintos de liberdade uns aos outros, fortalecendo sua
importância conjunta. Essas relações são fundamentais para uma compreensão mais plena do papel
instrumental da liberdade. As liberdades não são apenas os fins primordiais do desenvolvimento, mas
também os meios principais. Além de reconhecer, fundamentalmente, a importância avaliatória da
liberdade, precisamos entender a notável relação empírica que vincula, umas às outras, liberdades
diferentes. 
Analisando e comparando os níveis de renda de grupos populacionais dos Estados Unidos, por
exemplo, Sen aponta como a população afroamericana é relativamente mais pobre que a de
americanos brancos, mas muito mais ricos quando comparados com habitantes oriundos do chamado
Terceiro Mundo. Todavia, os afroamericanos têm chances absolutamente menores de alcançar idades
mais avançadas quando comparado a esses mesmos habitantes do Terceiro Mundo, como China, Sri
Lanka ou partes da Índia, ainda que tendam a se sair melhores em termos de sobrevivência nas faixas
etárias mais baixas. A explicação para esses contrastes perpassam as disposiçõessociais e
comunitárias como cobertura médica, serviços de saúde públicos, educação escolar, lei e ordem,
prevalência de violência etc. Comparando tais grupos diante desta perspectiva, fica evidente que os
afro-americanos são, dessa forma, mais excluídos e limitados no que se refere ao quesito de liberdade
que os chineses ou indianos, ainda que detenham maior renda quando comparado a estes mesmos
grupos. Este exemplo é crucial para entender como a percepção de desenvolvimento sob o viés
puramente da renda é limitada para captar o significado real do desenvolvimento.
Amartya Sen aponta também como o sistema político democrático, e dessa forma, a liberdade
política, pode, por si só, fortalecer demais tipos de liberdades ao se referir à freqüência nula de
ocorrências de fomes coletivas, entre outros desastres econômicos, em países com democracias
estáveis, acontecendo com freqüência imensamente maior em países com regimes ditatoriais e
opressivos. A questão é que governantes ditatoriais tendem a não ter os estímulos em tomar medidas
preventivas acerca dessas questões que governantes democráticos possuem, diante da necessidade que
tem em vencer eleições e enfrentar a crítica pública. Torna-se assim evidente, mais uma vez, a
interconexão que as liberdades possuem umas com as outras. A importância de tais liberdades são, de
qualquer modo, independentes das influências positivas que possam vir a ter na esfera econômica,
devido a pessoas sem liberdades políticas ou direitos civis estarem privadas de liberdades importantes
para conduzir suas vidas e de participar de decisões cruciais ligadas a assuntos públicos, restringindo
suas vidas social e politicamente. Desse modo, todos os tipos de privações devem ser considerados
repressivos, mesmo que não acarretem outros males.
Dessa forma, a tese de Amartya Sen é inovadora no seu papel de encontrar uma nova
metodologia para entender o processo do desenvolvimento, estabelecendo lógica e coerência
absoluta. A aproximação realizada com a filosofia de Aristóteles no que se refere à riqueza (que por si
própria não é, evidentemente, o bem que os homens almejam, sendo sua utilidade avaliada tão
somente diante de sua capacidade de obter alguma outra coisa) pode ser perfeitamente aplicável
levando em conta que a riqueza por si só não é alvo de interesse real dos indivíduos, mas sim as
experiências e estilos de vida com que a riqueza estabelece pontes de conexão. As liberdades, dessa
forma, precisam ser encaradas idealmente como meios e fins ligados ao desenvolvimento, de modo a
alcançar um grau de liberdade consolidado que possa vir a ser cada vez mais usufruído pelos
indivíduos.

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