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O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 1 Apresentação ................................................................................................................................ 6 Aula 1: Direito processual e a jurisprudência contemporânea ..................................................... 7 ............................................................................................................................. 7 Introdução ................................................................................................................................ 8 Conteúdo Jurisdição ............................................................................................................................ 8 Jurisdição - autores ......................................................................................................... 10 Teoria da Jurisdição Constitucional ............................................................................ 12 Código de Processo Civil ............................................................................................... 15 ....................................................................................................................... 17 Projetos de Lei Alterações no CPC - 2008 .............................................................................................. 18 Alterações no CPC - 2009 .............................................................................................. 18 Projetos de Lei - 2009 .............................................................................................................. 19 Alterações no CPC - 2010 .............................................................................................. 20 Emenda Constitucional nº 66/2010 ............................................................................. 22 Alterações no CPC – 2011 .............................................................................................. 22 Alterações no CPC - 2012 .............................................................................................. 23 O novo Código de Processo Civil - histórico ............................................................. 23 O novo Código de Processo Civil ................................................................................. 25 Atividade proposta .......................................................................................................... 26 Atividade proposta .......................................................................................................... 27 ........................................................................................................................... 28 Referências ......................................................................................................... 28 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 34 ..................................................................................................................................... 34 Aula 1 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 34 Aula 2: O novo CPC e o CPC-73: Processo de conhecimento ...................................................... 36 ........................................................................................................................... 36 Introdução .............................................................................................................................. 37 Conteúdo Acesso à justiça ................................................................................................................ 37 Princípios de acesso à justiça ........................................................................................ 39 Princípios de acesso à justiça ........................................................................................ 41 Reformas processuais ..................................................................................................... 42 Ciclos das reformas ......................................................................................................... 44 O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 2 O terceiro ciclo ................................................................................................................. 45 Lei nº 11.276/2006 ........................................................................................................... 47 Lei nº 11.276/2006 – Artigo 518 .................................................................................... 49 Lei n° 11.280/2006 ........................................................................................................... 51 Lei n° 11.280/2006 – Artigo 489 ................................................................................... 55 Atividade proposta .......................................................................................................... 56 out. 2009). ................................................................................................................................. 56 Atividade proposta .......................................................................................................... 57 ........................................................................................................................... 58 Referências ......................................................................................................... 59 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 66 ..................................................................................................................................... 66 Aula 2 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 66 Aula 3: Princípios processuais de conhecimento ........................................................................ 68 ........................................................................................................................... 68 Introdução .............................................................................................................................. 69 Conteúdo Princípios processuais ..................................................................................................... 69 Devido processo legal ..................................................................................................... 70 Isonomia ............................................................................................................................ 73 Juiz natural ....................................................................................................................... 74 Inafastabilidade do controle jurisdicional ................................................................... 75 Publicidade dos atos processuais ................................................................................. 76 Motivação das decisões judiciais .................................................................................. 77 Duração razoável do processo...................................................................................... 80 Normas fundamentais do processo civil ..................................................................... 82 Garantias fundamentais ................................................................................................. 87 Princípio da cooperação ................................................................................................87 Artigo 11 ............................................................................................................................. 88 Atividade proposta .......................................................................................................... 90 ........................................................................................................................... 91 Referências ......................................................................................................... 93 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 98 ..................................................................................................................................... 98 Aula 3 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 98 Aula 4: O processo justo contraditório participativo ................................................................ 101 ......................................................................................................................... 101 Introdução O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 3 ............................................................................................................................ 102 Conteúdo Contextualização ........................................................................................................... 102 O princípio do contraditório ........................................................................................ 103 Princípio do contraditório: simetria de posições subjetivas ................................. 105 Princípio do contraditório: garantia essencial ......................................................... 106 Análise do papel do juiz ............................................................................................... 107 Simétrica paridade ......................................................................................................... 108 Procedimento legal, previsível e flexível ................................................................... 108 Tutela coletiva ................................................................................................................ 110 Princípio político da participação democrática ....................................................... 111 Revalorização do contraditório ................................................................................... 112 Corte Europeia ............................................................................................................... 113 Artigo 8º da Convenção Americana .......................................................................... 115 Artigo 9º do NCPC ......................................................................................................... 116 Artigo 10º do NCPC e o Artigo 128 do atual CPC ................................................... 117 Conclusões sobre o novo CPC ................................................................................... 118 Atividade proposta ........................................................................................................ 120 ......................................................................................................................... 121 Referências ....................................................................................................... 124 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 129 ................................................................................................................................... 129 Aula 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 129 Aula 5: Questões atuais do processo eletrônico ....................................................................... 132 ......................................................................................................................... 132 Introdução ............................................................................................................................ 133 Conteúdo Processo eletrônico ....................................................................................................... 133 Lei nº 9.800/99 ............................................................................................................... 133 Lei nº 10.259/2001, Artigo 154, CPC/73 e Medida Provisória nº 2.200-2/2001 .. 134 Lei nº 11.341/2006 .......................................................................................................... 135 Lei nº 11.382/2006 ......................................................................................................... 135 Emenda constitucional nº 45 ...................................................................................... 136 Lei da Informatização do Judiciário: assinatura digital .......................................... 137 Momento da realização dos atos processuais ......................................................... 138 Erros no envio das petições ......................................................................................... 139 Lei nº 11.419/2006 - alterações do CPC/73 ............................................................... 139 Conselho Nacional de Justiça ..................................................................................... 141 O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 4 Padronização dos sítios de acesso aos órgãos do Judiciário ............................... 141 Resolução nº 70, de 18 de março de 2009 ............................................................... 142 Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe .............................................................. 143 O novo Código de Processo Civil ............................................................................... 146 NCPC e o processo eletrônico .................................................................................... 147 Atividade proposta ........................................................................................................ 150 ......................................................................................................................... 151 Referências ....................................................................................................... 151 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 158 ................................................................................................................................... 158 Aula 5 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 158 Aula 6: Tutela de urgência. Poderes do juíz .............................................................................. 161 ......................................................................................................................... 161 Introdução ............................................................................................................................ 162 Conteúdo A mediação no direito brasileiro................................................................................. 162 Tutela antecipada .......................................................................................................... 163 Tutela cautelar................................................................................................................165 Tutela inibitória .............................................................................................................. 170 O novo CPC .................................................................................................................... 171 ......................................................................................................................... 178 Referências ....................................................................................................... 179 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 186 ................................................................................................................................... 186 Aula 6 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 186 Aula 7: Principais aspectos do novo procedimento congnitivo ................................................ 189 ......................................................................................................................... 189 Introdução ............................................................................................................................ 190 Conteúdo CPC ................................................................................................................................... 190 Petição inicial .................................................................................................................. 190 Indeferimento da inicial ............................................................................................... 192 Decisões .......................................................................................................................... 195 Audiência preliminar ..................................................................................................... 196 Audiência de conciliação ............................................................................................. 196 Modificações do procedimento no CPC ................................................................... 197 Atividade proposta ........................................................................................................ 200 ......................................................................................................................... 201 Referências O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 5 ....................................................................................................... 201 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 207 ................................................................................................................................... 207 Aula 7 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 207 Aula 8: Carga dinâmica da prova. Flexibilidade ........................................................................ 209 ......................................................................................................................... 209 Introdução ............................................................................................................................ 210 Conteúdo Introdução ....................................................................................................................... 210 O equilíbrio entre a simplificação do procedimento e a flexibilização das exigências formais ......................................................................................................... 211 O processo ...................................................................................................................... 212 O CPC projetado ............................................................................................................ 213 Ônus da prova ................................................................................................................ 215 Os aspectos apresentados pelo ônus da prova ....................................................... 216 A inversão do ônus da prova ....................................................................................... 216 O objeto da prova .......................................................................................................... 217 Princípios constitucionais ............................................................................................ 222 Atividade proposta ........................................................................................................ 224 ......................................................................................................................... 225 Referências ....................................................................................................... 225 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 232 ................................................................................................................................... 232 Aula 8 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 232 Conteudista ............................................................................................................................... 235 O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 6 Esta disciplina visa apresentar as principais características do novo Código de Processo Civil. Será examinada a evolução legislativa, desde o Anteprojeto até a versão final sancionada e publicada (Lei n° 13.105/15), sempre numa perspectiva comparativa com o texto do Código de 1973. Vamos analisar os principais tópicos, passando pelas garantias fundamentais, poderes do juiz, adoção do sistema de precedentes, além das principais modificações que serão introduzidas no procedimento comum. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar aos alunos uma visão geral do Projeto do novo Código de Processo Civil Brasileiro, traçando linhas de comparação com o texto atual. 2. Enfocar algumas das questões mais relevantes do novo CPC, tais como as garantias constitucionais aplicadas, os poderes do juiz, a flexibilidade procedimental e a carga dinâmica da prova. 3. Capacitar o aluno a se preparar para a mudança legislativa a partir do exame das novas tendências doutrinárias e jurisprudenciais. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 7 Introdução Nesta aula veremos as principais mudanças pelas quais tem passado o moderno processo civil brasileiro. A partir da noção de neoconstitucionalismo é proposto um novo alcance para o termo jurisdição. Isto é visto, não apenas diante das recentes reformas na legislação processual, mas, sobretudo, ante o novo Código de Processo Civil. Objetivo: 1. Apresentar uma nova feição para a jurisdição neoconstitucional; 2. Examinar as recentes reformas na legislação processual brasileira e abordar as premissas do novo CPC. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 8 Conteúdo Jurisdição Originariamente, a fraqueza do Estado permitia apenas que esse estabelecesse os direitos e, diante desse cenário, cabia aos titulares desses direitos a sua defesa e efetivação, por meio da justiça privada, impossibilitando a almejada paz social.No entanto, a insegurança gerada pela justiça privada desencadeou o fortalecimento do Estado e o aprimoramento da correta concepção de Estado de Direito, desenvolvendo maior apreciação pela Justiça Pública ou Justiça Oficial. Com isso, o Estado apropriou-se do encargo de definir, aplicar e executar o direito, quando injustamente resistidos, de forma monopolista. Segundo Humberto Theodoro Jr., a ampla aceitação e obediência à ordem jurídica pelos membros da coletividade dão-se porque esta se estabeleceu fundamentada na garantia da paz social e do bem comum, o que autoriza ao Estado, diante de uma transgressão a essas garantias, a adoção de medidas de coação, tendo em vista a proteção do ordenamento e sua credibilidade. THEODORO JR., Humberto. Curso de direito processual civil. 52. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. v. 1. p. 45-46. No direito romano, diante da necessidade de proteger e defender direitos, aos titulares do direito lesado era permitido invocar junto aos magistrados os institutos da actio e da interdicta. Tais institutos eram, contudo, medidas de ordem administrativa, exercidas pelo praetor romano, o que depõe traços diversos da jurisdição que temos conhecimento e demonstra que, segundo a doutrina mais antiga, apenas a actio teria natureza jurisdicional. SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Jurisdição e execução na tradição romano-canônica. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 25. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 9 Como se sabe, a jurisdição, ou jurisdictio, em latim, traduz-se na “ação de dizer o direito”; resulta da soberania do Estado e, junto às funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas. Não obstante o entendimento das funções do Estado Moderno estar rigorosamente associado à célebre obra de Montesquieu – O espírito das leis –, pela qual o Estado seria representado pela separação dos poderes, hodiernamente, vem prevalecendo a ideia de que o poder, como expressão da soberania estatal, é, na verdade, uno e indivisível. MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Nesse sentido, na concepção da doutrina mais moderna, a clássica expressão “separação de poderes” deve ser interpretada como uma divisão funcional de poderes. Convencionalmente chamada de funções do Estado, a divisão compreende, por conseguinte, as funções legislativa, administrativa e jurisdicional. Respectivamente, estas são as chamadas funções típicas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Segundo dispõe a Convenção Americana de Direitos Humanos, a função jurisdicional deve ser exercida por um "tribunal imparcial" lato sensu, que, nas palavras de Leonardo Greco, "é aquele dotado de dois atributos, que são notas essenciais da jurisdição, quais sejam: independência e imparcialidade em sentido estrito", de onde se conclui que é uma função exclusiva de magistrados. GRECO, Leonardo. Instituições de processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 67. A partir dessa ideia, podemos identificar a jurisdição como sendo, simultaneamente, um poder – capacidade de impor suas decisões imperativamente –, uma função – como encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos sociais –, e uma atividade. Corroborando com o exposto O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 10 até então, Candido Rangel Dinamarco ressalta que a jurisdição não consiste em um poder, mas o próprio poder estatal que é uno. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2001. v. 1. p. 297. A jurisdição apresenta as seguintes características: • Função de atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando-os juridicamente irrelevantes, ato emanado, em regra, do Poder Judiciário; • Reveste-se de particularização; • Atividade exercida mediante provocação; • Imparcial; • Com o advento da coisa julgada, torna-se imutável. Jurisdição - autores Chiovenda Segundo Chiovenda, jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do Estado. Em sendo a jurisdição uma atividade de substituição, há de existir algo a ser substituído para que se possa caracterizá-la. Esse entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do juiz, pois a vontade do povo é expressada pela lei, a qual é o produto da atividade do legislador. Francesco Carnelutti Em oposição, coloca-se a teoria constitutiva ou unitarista do ordenamento jurídico. Francesco Carnelutti, adepto da teoria, afirma que a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição da lide, caracterizada pela exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio, bem como O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 11 pela resistência da outra parte. Nessa visão, só haveria processo e jurisdição se houvesse lide. Em conclusão não existiria um direito até que o Poder Judiciário – e não o Poder Legislativo – o conferisse, de modo que a jurisdição teria o intuito de resolver o litígio. Atenção O conceito de lide de Carnelutti desenvolve-se a partir da ideia de que, se a pretensão é a "subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio", a resistência seria justamente a inconformidade dessa pretensão em frente ao interesse alheio. Diante dessa afirmativa, formou-se o famoso conceito de lide, segundo o qual seu objeto seria o conflito de interesses formado pela contestação quanto à necessidade de subordinação de um interesse a outro. CARNELUTTI, Francesco. Instituições do processo civil. Tradução Adrián Sotero de Witt Batista. Campinas: Servanda, 1999. v. 1. p. 80-81. Moacyr Amaral Santos Alguns doutrinadores que acabaram por reunir os conceitos de ambas as escolas, por entenderem complementares e não excludentes, como Moacyr Amaral Santos ao conceituar o processo como "o complexo de atos coordenados, tendentes à atuação da vontade da lei às lides ocorrentes, por meio dos órgãos jurisdicionais". SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 1. p. 13. Luiz Guilherme Marinoni O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 12 Por fim, é necessário fazer a referência à obra de Luiz Guilherme Marinoni, que vem retomando a ideia de um processo civil constitucionalizado, revendo os conceitos tradicionais de jurisdição apresentados pelos mestres italianos. MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo. Estudos de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 13-66. Atenção Marinoni sustenta que "Diante da transformação da concepção de direito, não há mais como sustentar as antigas teorias da jurisdição, que reservavam ao juiz a função de declarar o direito ou de criar a norma individual, submetidas que eram ao princípio da supremacia da lei e ao positivismo acrítico. O Estado constitucional inverteu os papéis da lei e da Constituição, deixando claro que a legislação deve ser compreendida a partir dos princípios constitucionais de justiça e dos direitos fundamentais. Expressão concreta disso são os deveres de o juiz interpretar a lei de acordo com a Constituição, de controlar a constituciona-lidade da lei, especialmente atribuindo-lhe novo sentido para evitar a declaração de inconstitucionalidade, e de suprir a omissão legal que impede a proteção de um direito fundamental". Assim, facilmente apreende-se por todo o expostoque não é possível conceber nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos princípios constitucionais, em especial os princípios do acesso à justiça e da dignidade da pessoa humana. Teoria da Jurisdição Constitucional Pela Teoria da Jurisdição Constitucional, a jurisdição teria como objeto primário a garantia da aplicação dos princípios constitucionais àquele processo. A lei não mais seria o centro do conceito de jurisdição. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 13 A partir dessa mudança, surge a expressão do juiz garantista – muito usada no processo penal – como sendo aquele que está preocupado em aplicar os princípios e garantias constitucionais. As principais características da jurisdição, capazes de distingui-la das demais funções estatais e que, em regra, estão presentes em todas as suas manifestações, são: A inércia; A substitutividade; A natureza declaratória. Tal classificação não goza de unanimidade na doutrina, havendo quem sustente serem características a lide (partidários da doutrina de Carnelutti), a secundariedade e a definitividade. Assim, conforme Michel Temer, a definitividade seria a característica primordial da jurisdição. TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 161. A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos princípios a seguir. Princípio da investidura O princípio da investidura está ligado à forma de ingresso dos legitimados a exercer o poder. O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de provas e títulos, como estabelece o Artigo 37, II, CF. Princípio da territorialidade O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 14 Pelo princípio da territorialidade, o juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite territorial fixado na lei. Excepcionalmente atos podem ser determinados em outras localidades, o que se dá por meio da carta precatória. Princípio da indeclinabilidade O princípio da indeclinabilidade consiste no fato de que o juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata-se da chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a matéria. Esse princípio está previsto no Artigo 140 do NCPC. Princípio da improrrogabilidade Em um desdobramento lógico do princípio do juiz natural e do princípio da improrrogabilidade, é vedado o exercício da jurisdição a quem dela não esteja previamente investido, segundo a lei e a Constituição. Princípio da indelegabilidade Podemos, ainda, concluir dos princípios acima expostos pela indelegabilidade. Essa vedação se aplica integralmente no caso do poder decisório, pois violaria a garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões. São exemplos os casos previstos no Artigo 102, I, “m” e no Artigo 93, XI, ambos da CF. Princípio da inafastabilidade Um dos mais importantes princípios para o presente estudo é o da inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário (Artigo 5º, XXXV, CF), que se fundamenta na ideia de que o direito de ação é abstrato e não se vincula à O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 15 procedência do que é alegado. Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria Constituição: Artigo 52, I e II. Princípio do juiz natural Outro importante princípio é o do juiz natural, que consiste na exigência da imparcialidade e da independência dos magistrados. Essa garantia deve alcançar, inclusive, o âmbito administrativo, tanto em relação aos juízes dos tribunais administrativos quanto às autoridades responsáveis pela decisão de requerimentos nas repartições administrativas. Código de Processo Civil O Código de Processo Civil, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, foi baseado no anteprojeto de autoria de Alfredo Buzaid. Foi substituído pelo novo CPC, publicado no dia 17 de março de 2015, com vacatio legis de um ano. Com o CPC/73, inaugurou‑se a Fase Instrumental, pela qual o processo não seria um fim em si mesmo, mas um instrumento para assegurar direitos. Com isso, surgiu a relativização das nulidades e a liberdade das formas para maior efetividade da decisão judicial. Atenção Para Buzaid, mais fácil se afigurava a criação de um novo Código processual civil que a correção do já existente, devido não só à pluralidade e diversidade de leis processuais então vigentes, mas também à necessidade de serem supridas diversas lacunas e falhas do Código de 1939, que o impediam de funcionar como instrumento de fácil manejo no auxílio à administração da Justiça. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 16 O CPC de 1973 sofreu inúmeras alterações, sobretudo a partir do início da década de 1990. Teve início aí a chamada Reforma Processual, processo fragmentado em dezenas de pequenas leis que se destinam a fazer mudanças pontuais e ajustes “cirúrgicos”. Dentro dessas premissas, passamos a analisar o movimento do legislador brasileiro em prol das reformas processuais, sobretudo a partir da Emenda nº 45/04. Em dezembro de 2004, depois de intensos debates, foi finalmente aprovada e editada a Emenda Constitucional nº 45, que traz em seu bojo a chamada “Reforma do Poder Judiciário”. Tal Diploma inclui no Texto Constitucional temas relevantes, tais como a garantia da duração razoável do processo, a federalização das violações aos direitos humanos, a súmula vinculante, a repercussão geral da questão constitucional como pressuposto para a admissibilidade do recurso extraordinário e os Conselhos Nacionais da Magistratura e do Ministério Público. Anexo ao texto da Reforma é assinado pelos Chefes dos Três Poderes da República um “Pacto” em favor de um Judiciário mais rápido, eficiente e Republicano. Esse Pacto trouxe um novo pacote de reformas ao CPC, o que denotou, de maneira bem clara, que as modificações até então empreendidas não haviam sido suficientes para a efetiva melhora na qualidade da prestação jurisdicional. Vários projetos foram, então, encaminhados ao Congresso Nacional, principalmente pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil, originando outras alterações, dentre as quais a Lei nº 11.187/2005, que alterou novamente o regime do agravo e a Lei nº 11.232/2005, que deu novo tratamento à execução por quantia certa fundada em sentença, estendendo a essa a comunhão entre as instâncias cognitiva e executória, consagrando como O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 17 regra o sincretismo, antes relegado à figura de situação excepcional no cenário executivo brasileiro. Projetos de Lei Aos existentes Diplomas juntaram-se: A Lei nº 11.277/2006, dispondo sobre uma nova e polêmica hipótese de sentença liminar; A Lei nº 11.276/2006, que inseriu no nosso ordenamento a denominada súmula obstativa de recurso e alterou disposições relativas à apelação; A Lei nº 11.280/2006, que incluiu no texto do Código diversas disposições de relevo; A Lei nº 11.341/2006, que alterou o parágrafo único do artigo 541, CPC; A Lei nº 11.382/2006, que criou nova sistematização para a execução fundada em títulos extrajudiciais;A Lei nº 11.417/2006, que disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal; A Lei nº 11.418/2006, que acrescenta dispositivos que regulamentam o § 3º do Artigo 102 da Constituição Federal; A Lei nº 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial; A Lei nº 11.441/2007, que simplifica o procedimento para o inventário, partilha, separação e divórcio consensuais; A Lei nº 11.448/2007, que atribui legitimidade à Defensoria Pública para a propositura de ação civil pública; A Lei nº 11.672/2008, que inseriu a letra "c" no Artigo 543 do CPC, regulamentando o julgamento pelo STJ dos processos repetitivos; Lei nº 11.694/2008, que alterou os Artigos 649 e 655-A ao tratar da execução de dívidas dos Partidos Políticos. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 18 Alterações no CPC - 2008 No período de julho de 2008 a fevereiro de 2010 diversas leis e duas emendas constitucionais trouxeram alterações relevantes para o processo civil. A Lei nº 11.737, de 14 de julho de 2008, alterou a redação do Artigo 13 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que previa que as transações de alimentos celebradas perante o Promotor de Justiça e por ele referendadas terão efeito de título executivo extrajudicial, dispensando a parte, em caso de descumprimento do acordo, de ajuizar uma ação de conhecimento para discutir os alimentos devidos, a fim de avançar para a cobrança do que foi celebrado no acordo. A alteração passou a prever que a transação de alimento firmada perante Defensor Público e por ele referendada também terá valor de título executivo extrajudicial. Alterações no CPC - 2009 Já no ano de 2009, mais precisamente no dia 13 de abril, foi assinado o II Pacto Republicano. O referido Pacto, assinado pelos três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, em sua segunda versão, tem como objetivos o acesso à Justiça, especialmente dos mais necessitados (inciso I), o aprimoramento da prestação jurisdicional (inciso II) e o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições do Estado (inciso III). Como forma de concretizar estes objetivos, o Pacto traz várias medidas, sendo algumas delas a disciplina do mandado de segurança individual e coletivo, especialmente quanto à medida liminar e quanto aos recursos, a conclusão das normas relativas ao funcionamento do Conselho Nacional de Justiça, o aprimoramento para maior efetividade ao pagamento de precatórios, a revisão das normas processuais, visando a agilizar e a simplificar o processamento das ações, através da restrição das hipóteses do reexame necessário e da redução dos recursos, o fortalecimento da Defensoria Pública, a revisão da lei da ação O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 19 civil pública, e a instituição dos Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Projetos de Lei - 2009 Em 29 de julho de 2009, a Lei nº 12.008 dispôs sobre a prioridade concedida à pessoa idosa. A referida lei confere prioridade no trâmite processual a todos os procedimentos em que figure como parte pessoa idosa, assim entendida como aquela que tiver 60 anos ou mais; pessoa portadora de deficiência física ou mental e pessoas com doenças graves, descritas no inciso IV do Artigo 69-A da Lei nº 9.784/99, que regula o processo no âmbito da Administração Pública Federal, ainda que essas doenças tenham sido contraídas no curso do processo. A referida lei dispõe, ainda, que as pessoas nessas situações deverão comprovar sua condição e, ainda que faleçam no curso do processo, a prioridade permanecerá, estendendo-se tal benefício a seus sucessores. Em 07 de agosto de 2009, concretizando uma das previsões do II Pacto Republicano (item 1.5), entrou em vigor a Lei nº 12.016. A referida lei revogou diversas leis já existentes, dentre elas a Lei nº 1.533/51, que dispunha sobre o mandado de segurança individual, e passou a dispor não só sobre o mandado de segurança individual como, regulamentando os incisos LXIX e LXX do Artigo 5º da Constituição Federal, em dois artigos, passou a dispor também sobre o mandado de segurança coletivo. No que tange ao mandado de segurança coletivo, a Lei nº 12.016, como mencionado, regulamentou, em seus Artigos 21 e 22, os dispositivos constitucionais, dispondo sobre a legitimação para o mandado de segurança coletivo, o objeto, a coisa julgada, a litispendência e a necessidade de oitiva da pessoa jurídica de direito público, prevendo a aplicação das disposições sobre o mandado de segurança individual no que houver compatibilidade. Contudo, o legislador limitou a previsão do mandado de segurança coletivo apenas aos direitos coletivos e individuais homogêneos, sem que essa restrição tenha qualquer base constitucional. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 20 Em 15 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.122 incluiu às causas de procedimento sumário as de revogação da doação, incluindo o inciso "g" ao artigo 275 do CPC. No dia seguinte, 16 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.126 veio a ampliar o rol de legitimados a propor ações nos Juizados Especiais Cíveis no âmbito estadual, fazendo acréscimos ao § 1º do Artigo 8º da Lei nº 9.099/95 para prever também como legitimados a serem partes nos juizados estaduais as pessoas físicas capazes, desde que excluídos os cessionários das pessoas jurídicas (inciso I), as microempresas, segundo definição da Lei nº 9.841/99 (inciso II) e as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, assim qualificadas pela Lei nº 9.790/99 (inciso III). Ainda em dezembro de 2009, mais uma lei trouxe alterações à redação da Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais no âmbito estadual: a Lei nº 12.137, de 18 de dezembro de 1999. A referida lei alterou o Artigo 9º, § 4º, da Lei nº 9.099, que previa que, no caso de o réu ser pessoa jurídica, poderia ser representado por preposto, para especificar que o preposto deve estar munido de carta de preposição, com poderes de transigir, mas que não precisa ter vínculo empregatício. A Lei nº 12.153, de 22 de dezembro de 2009, realizando a previsão do item 3.3 do II Pacto Republicano, previu a criação de Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que estes, junto com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”. Alterações no CPC - 2010 Em 14 de janeiro de 2010, a Lei nº 12.195 alterou os incisos I e II do Artigo 990, CPC, possibilitando que sejam nomeados como inventariantes o cônjuge casado sob o regime da comunhão de bens, que estivesse convivendo com o O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 21 outro ao tempo de sua morte e o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge supérstite. Em setembro de 2010, a Lei nº 12.322, que entrou em vigor em dezembro de 2010, transformou o agravo de instrumento interposto contra decisão que não admite recurso extraordinário ou especial em agravo nos próprios autos, alterando dispositivos do Código de Processo Civil. Não se tratou de mera alteração formal do agravo, já que, agora, o recurso não chega ao Tribunal Superior por instrumento. Não são remetidas as cópias dos autos principais para os Tribunais Superiores, mas sim os próprios autos. Diante da alteração legislativa, o próprio Supremo Tribunal Federal, em 1º de dezembro de 2010, modificou seu Regimento Interno para preveruma nova classe processual, denominada recurso extraordinário com agravo. Em 29 de novembro de 2010, não há uma nova lei, mas uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que recebeu o nº 125, tratando de formas de solução de conflitos no Poder Judiciário. A resolução enfatiza a conciliação e a mediação como instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, sem, contudo, deixar de se referir a outros meios de solução de conflitos e se preocupa com a excessiva judicialização dos conflitos de interesses. Já em dezembro de 2010, a Lei nº 12.376 alterou apenas a ementa do Decreto nº 4.657/42, também conhecida como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC). Mais do que uma lei de introdução ao Código Civil, o referido diploma trata da regra geral de aplicação das normas, trazendo, inclusive, regras relevantes para o processo internacional e, por isso, a alteração veio apenas para dispor que o diploma, mais do que uma introdução ao Código Civil, deve se chamar “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 22 Todavia, não foram apenas essas novas leis em 2010 que caracterizaram menos alterações do que no ano anterior. Neste ano, houve também uma Emenda Constitucional, a EC nº 66, que trouxe impacto relevante não só para o direito civil, mas também para o processo civil. Emenda Constitucional nº 66/2010 A partir da Emenda Constitucional nº 66/2010, surgiram inúmeras divergências no direito civil que influenciaram os procedimentos judicial e extrajudicial de separação e de divórcio. Alguns civilistas afirmam que teria acabado a separação no Brasil, enquanto outros acreditam que não se colocou fim à separação, mas apenas suprimiu os requisitos de 1 ano de separação judicial para o requerimento do divórcio ou de 2 anos de separação de corpos para o divórcio direto. Em consequência, questionou-se qual seria a previsão dos procedimentos extrajudiciais a partir da Emenda Constitucional nº 66, se haveria a previsão de separação e de divórcio pela via extrajudicial ou apenas de divórcio direto. Em resposta ao pedido de providência ao Conselho Nacional de Justiça, feito pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, solicitando que a Resolução nº 35 do CNJ, que regulamenta os procedimentos extrajudiciais, fosse adequada à emenda constitucional, ficou definido que o Artigo 53 da referida resolução estaria revogado e o Artigo 52 manteve a possibilidade de se requerer tanto a separação como o divórcio direto pela via extrajudicial. Alterações no CPC – 2011 No dia 02 de junho de 2011, foi elaborada uma resolução conjunta do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), prevendo a criação de um cadastro nacional de informações de ações coletivas, inquéritos civis e termos de ajustamento de conduta. A referida resolução prevê que tais informações ficassem disponibilizadas na rede mundial de computadores até o dia 31 de dezembro de 2011, o que traria grandes O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 23 avanços para a tutela coletiva, informando sobre todos os procedimentos que já estão em curso. Alterações no CPC - 2012 A Lei nº 12.665, de 13 de junho de 2012, dispôs sobre a criação da estrutura permanente para as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais. O novo Código de Processo Civil - histórico O PL nº 8.046/2010, que almejava a edição de um novo Código de Processo Civil, foi elaborado por uma Comissão composta por diversos juristas, que concluiu, em dezembro de 2009, a primeira fase de seus trabalhos. Após, submeteu a proposta elaborada a oito audiências públicas, que resultaram na análise de mais de mil sugestões e, finalmente, ao processo legislativo. O projeto foi apresentado ao presidente do Senado no dia 8 de junho de 2010, sob o PL nº 166/2010. Foi, então, constituída uma Comissão no Senado para apresentar emendas ao projeto até o dia 27 de agosto de 2010 e, em novembro de 2010, já havia a divulgação dos relatórios parciais sobre o projeto. O relatório da Comissão do Senado, no dia 24 de novembro de 2010, veio com a apresentação de um projeto substitutivo, o PLS nº 166/2010, do Senador Valter Pereira, que foi, após algumas mudanças no texto do projeto substitutivo, aprovado no Senado, no dia 15 de dezembro de 2010. O projeto foi, então, para a Câmara dos Deputados, como PL nº 8.046/2010, seguindo, no dia 5 de janeiro de 2011, para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. No dia 3 de fevereiro de 2011, o projeto estava na Coordenação de Comissões Permanentes e, no dia 4 de maio de 2011, em plenário, foi requerida a nomeação de comissão especial, para analisar o projeto para um novo Código de Processo Civil. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 24 Houve uma consulta pública, oportunizando a todos que desejassem se manifestar sobre quaisquer dispositivos do novo Código através da Internet e, no dia 16 de junho, a Comissão Especial é criada, com 25 (vinte e cinco) membros titulares e igual número de suplentes, mais um titular e um suplente, atendendo ao rodízio entre as bancadas não contempladas. Em 1º de julho de 2011 é retificado o ato de criação da Comissão Especial para avaliar o projeto de novo Código, mas a correção é apenas no dispositivo do regimento interno da Câmara, mantendo-se a determinação de criação de uma Comissão Especial para avaliar o projeto. Em 05 de julho, já na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o Requerimento nº 1.560/2011, de criação de comissão especial para análise do projeto de lei, é julgado prejudicado, tendo em vista a determinação de instalação da Comissão Especial. Designada a Comissão, a partir do segundo semestre de 2011 foram realizadas diversas reuniões e audiências públicas, tendo sido o texto dividido em cinco partes, sob a relatoria parcial de cinco deputados. Substituído o Relator‑Geral, pelo Deputado Paulo Teixeira, o texto foi redesenhado. Foram sistematizados: a versão inicial que chegou à Câmara (PL nº 8.046/2010), os relatórios parciais, o relatório Barradas e a Emenda nº 1. Em meados de junho daquele ano, foi idealizado o texto provisório com todas essas modificações. Ocorre que, em agosto, o Deputado Barradas reassumiu a relatoria do projeto e apresentou o relatório geral da Comissão Especial do Novo CPC, em texto de 17 de agosto. Já no ano de 2013, foram apresentadas duas novas versões, uma em janeiro e outra em junho. Em julho o texto foi aprovado pela Comissão Especial e remetido ao pleno. Em dezembro de 2013 e março de 2014 foram O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 25 apresentados e votados Destaques. Finalmente em 25 de março foi votada e aprovada a versão final, que já foi devolvida ao Senado. O Senado reconvocou sua Comissão original, promoveu diversas alterações no texto e aperfeiçoou a redação. A versão final foi votada em dezembro de 2014, em dois dias. No primeiro o texto-base, e no segundo os destaques (matérias mais polêmicas, sobre as quais não havia consenso). Aprovado o texto final, a partir do Substitutivo apresentado pelo Senador Vital do Rego, foi feita uma profunda revisão para evitar equívocos nas remissões ou antinomias no texto. Finalmente, foi enviado à sanção Presidencial em fevereiro de 2015. O texto foi sancionado com sete vetos, no dia 16 de março e publicado no DOU, no dia 17: Lei n° 13.105/15 – Institui o novo Código de Processo Civil brasileiro. O novo Código de Processo Civil Independentementeda versão a ser analisada, é possível dizer que a ideia norteadora do texto é a de conferir maior celeridade à prestação da justiça, atentando à premissa de que há sempre bons materiais a serem aproveitados da legislação anterior, mas, também, firme na crença de que são necessários dispositivos inovadores e modernizantes. O projeto, portanto, empenhou-se na criação de um “novo Código”, buscando instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam pelo Poder Judiciário. Trata-se de uma nova ideologia, de um novo jeito de compreender o processo civil. Pela leitura do texto, é possível perceber a preocupação em sintonizar as regras legais com os princípios constitucionais, revelando a feição neoconstitucional e pós-positivista do trabalho. Os institutos são revistos, o procedimento é abreviado, os recursos são reservados para os casos relevantes, os precedentes passam a ter maior O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 26 prestígio, o processo eletrônico é viabilizado e a efetividade, finalmente, parece se tornar algo mais próximo e palpável. Tendo como premissa essa meta, construiu-se a proposta de instituição de um incidente de resolução de demandas repetitivas, objetivando evitar a multiplicação das demandas, na medida em que o seu reconhecimento em uma causa representativa de milhares de outras idênticas imporá a suspensão de todas. Outra previsão é a redução do número de recursos hoje existentes, como a abolição dos embargos infringentes e do agravo, como regra, adotando‑se no primeiro grau de jurisdição uma única impugnação da sentença final, oportunidade em que a parte poderá manifestar todas as suas discordâncias quanto aos atos decisórios proferidos no curso do processo, ressalvada a tutela de urgência impugnável de imediato por agravo de instrumento. Prioriza-se a conciliação, incluindo-a como o primeiro ato de convocação do réu a juízo, uma vez que proporciona larga margem de eficiência em relação à prestação jurisdicional. As mudanças pensadas pela Comissão de juristas quando da elaboração do novo texto são diversas e objetivam não enfrentar centenas de milhares de processos, mas antes, desestimular a ocorrência do volume atual de demandas, com o que visa tornar efetivamente alcançável a duração razoável dos processos. Atividade proposta Identifique três importantes características da jurisdição contemporânea, a partir de uma visão neoconstitucional. Chave de resposta: Como pode ser visto no material de leitura, a jurisdição contemporânea é baseada nas seguintes premissas: preocupação em preservar as garantias constitucionais, busca pela efetivação do direito material, aumento dos poderes do juiz (sobretudo quanto à instrução, modulação temporal dos O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 27 efeitos da decisão, deferimento de medidas de urgência, cautelares e satisfativas e gerenciamento do ônus da prova), respeito aos precedentes e decisão uniforme das questões idênticas e repetitivas. Atividade proposta (MP/RJ - XXXI CONCURSO 2009). O Ministério Público ajuizou ação civil pública visando a obrigar determinado Município a fornecer medicamentos necessários à manutenção da vida de pessoas idosas enfermas e com deficiência física, mas com o necessário discernimento para os atos da vida civil. Em contestação, alegou-se ilegitimidade ativa, por se tratar de direitos individuais de pessoas com plena capacidade para seus atos, bem como impossibilidade jurídica do pedido, por ausência de determinação da fonte de custeio e por se tratar de tema afeto à discricionariedade administrativa. Acolhendo tais argumentos, o juiz extinguiu o processo sem resolução do mérito e remeteu os autos ao Tribunal para reexame necessário, não tendo havido recurso do Ministério Público. Por não haver necessidade de provas, o Tribunal reformou a sentença e julgou o mérito do processo favoravelmente ao Ministério Público, excluindo a condenação em honorários advocatícios em razão da natureza da parte autora. Manifeste-se objetivamente sobre as decisões judiciais. Chave de resposta: Você deverá fazer uma correlação direta entre os sistemas econômicos e o atendimento privado e público das necessidades de saúde, assim como exemplificar com casos concretos, como os da Suécia, do Brasil ou dos Estados Unidos. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 28 Material complementar Para saber mais sobre direito processual e jurisdição, leia o texto disponível em nossa biblioteca virtual. Referências BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Tendências contemporâneas do direito processual civil. In: Temas de direito processual. Terceira Série. São Paulo: Saraiva, 1984. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2001. v. 1. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO PROJETO DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PLS nº 166/10. Disponível em: http://www.senado.gov.br/novocpc. FUX, Luiz (Coord.). O novo processo civil brasileiro - direito em expectativa. Rio de Janeiro: Forense, 2011. GRECO, Leonardo. Instituições de processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. 1. MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo. Estudos de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. PINHO, Humberto Dalla Bernardina de; ALMEIDA, Marcelo Pereira. O novo ciclo de reformas do CPC. Revista Quaestio Iuris, Faculdade de Direito da UERJ, n. 4, Rio de Janeiro: Gamma Editora, set. 2006, p. 53/76. Exercícios de fixação Questão 1 VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público O princípio da inércia da jurisdição: a) É absoluto, sem possibilidade de sofrer qualquer forma de mitigação. b) Pode ser mitigado na jurisdição voluntária, mas não na contenciosa. c) Está presente mesmo na instauração de inventário de ofício. d) É consequência do princípio constitucional de devido processo legal. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 29 e) Nenhuma das alternativas acima. Questão 2 CESPE - 2013 - TJ-MA - Juiz No que concerne à lei processual civil superveniente, assinale a opção correta. a) Encontrando-se o processo em curso, é facultado ao juiz aplicar a lei nova ou a lei anterior que melhor atenda à rápida solução da lide, amparado no princípio constitucional da celeridade processual. b) Nesse caso, aplica-se a regra do isolamento dos atos processuais, de modo que a lei nova é aplicada aos atos processuais pendentes, tão logo entre em vigor, respeitados os já praticados e seus efeitos. c) Os efeitos dessa lei atingem os processos ajuizados após a edição da lei, não se aplicando a nova lei processual aos processos em curso. d) A nova regra processual editada no curso do processo não se aplica no grau de jurisdição em que o processo tramita, repercutindo-se os seus efeitos nos graus de jurisdição subsequentes. e) Nenhuma das alternativas acima. Questão 3 FCC - 2013 - AL-PB - Procurador O pedido do autor delimita a jurisdição a ser prestada. O princípio processual que informa essa delimitação é o da: a) Duração razoável do processo b) Eventualidade c) Imparcialidade d) Adstrição ou congruência e) Celeridade ou economia processuais Questão 4 VUNESP - 2014 - EMPLASA - Analista Jurídico Entre os princípios constitucionais do processo, está o da ubiquidade, o qual determina que: O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 30 a) Nenhuma ameaça ou lesão de direito individual ou coletivo será subtraída à apreciação do Poder Judiciário.b) O juiz deve tratar as partes de maneira isonômica, ainda que isso signifique tratar desigualmente os desiguais. c) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve se pautar por critérios de equidade, em todos os seus termos. d) Em caso de dúvida sobre quem tem razão, o juiz não poderá deixar de sentenciar, devendo aplicar a regra do ônus da prova. e) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve agir com imparcialidade, em todos os seus termos, permanecendo equidistante das partes. Questão 5 CESPE - 2013 - TRT - 5ª Região (BA) - Juiz do Trabalho Acerca dos princípios aplicáveis ao processo civil e do juízo de admissibilidade, assinale a opção correta. a) De acordo com o princípio da complementaridade, o magistrado está autorizado a aceitar as razões apresentadas após interposto o recurso, se isso não resultar prejuízo ao contraditório. b) Embora desprovida de vedação legal explícita, a regra da proibição da reformatio in pejus tem um de seus fundamentos no princípio do dispositivo. c) Caracteriza desistência tácita do direito de recorrer o cumprimento, pela parte vencida, de sentença suspensa em face do recebimento de recurso no duplo efeito. d) Caso a parte vencida tenha recorrido da sentença proferida, se sobrevier decisão, em embargos de declaração interpostos posteriormente, modificando o ato, o recurso poderá ser novamente interposto. e) Realizado juízo de admissibilidade de recurso especial pelo presidente do tribunal recorrido, o ato impede que o relator no tribunal destinatário o tenha por inadmissível. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 31 Questão 6 TRF 4ª Região - 2000 Juiz Federal Substituto Considerar as seguintes afirmações, indicando, adiante, a alternativa correta: I - No processo civil moderno não mais se admite o princípio da inércia da jurisdição. II - Em nosso sistema, a competência relativa é regida pelo princípio da perpetuatio jurisdictionis. III - Em nosso sistema, o princípio da demanda é aplicável, tanto ao processo de conhecimento, quanto ao processo de execução. a) As três afirmações estão inteiramente corretas b) Apenas as afirmações II e III estão inteiramente corretas c) Apenas a afirmação III está inteiramente correta d) Apenas a afirmação II está inteiramente correta Questão 7 FCC - 2011 - DPE - RS - Defensor Público de Classe Inicial. Princípio dispositivo no Direito Processual Civil: a) Contrapõe-se ao princípio inquisitivo, de modo que ao julgador é vedada iniciativa na produção de provas e na investigação dos fatos da causa, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade, buscando- se, no processo civil, apenas a verdade formal, com o reconhecimento do caráter mítico e utópico da verdade real. b) Com a modernização do processo civil, voltada, sobretudo, para a reaproximação entre direito material e processual, decorrência do movimento do acesso à justiça, o princípio dispositivo ganhou novos contornos, sendo permitido ao juiz determinar, de ofício, a produção de provas, mesmo que sejam determinantes para o resultado da causa. c) Embora o princípio dispositivo possua limitações, não é dado ao julgador, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade e de violação à característica da inércia da jurisdição, determinar, de ofício, as provas necessárias à instrução do processo, devendo julgar com base na regra de distribuição do ônus da prova. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 32 d) De acordo com o atual estágio do processo civil brasileiro, marcado, notadamente, pelo caráter publicista, o princípio dispositivo, no que concerne à postura equidistante do julgador, está relacionado, tanto com a propositura da ação e com a fixação dos contornos da lide, quanto com a investigação dos fatos e com a produção de provas necessárias à instrução do processo. e) A publicização do processo e o fenômeno da judicialização da política imprimiram maior efetividade ao princípio dispositivo, tanto no seu sentido material quanto formal, reduzindo as possibilidades de ser relativizado. Questão 8 MPT - 2009 - MPT - Procurador do Trabalho. A propósito dos princípios gerais e fundamentais do processo civil, considere as seguintes proposições: I - O direito processual constitucional abrange, de um lado, ( a ) a tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do processo; ( b ) de outro, a jurisdição constitucional; II - O contraditório e ampla defesa são assegurados em todos os processos, inclusive administrativos, desde que neles haja litigantes ou acusados; III - A Constituição Federal de 1988 deu concretude à igualdade processual que decorre do princípio da isonomia, transformando-a no princípio da paridade de armas, mediante o equilíbrio dos litigantes no processo civil, sendo, todavia, vedado ao juiz determinar a produção de provas, sem requerimento das partes, por violar o princípio da imparcialidade; IV - Em ação civil de indenização por danos morais e materiais, em face do normatizado na Carta Magna, que considera inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação, não é considerada prova ilícita. De acordo com as assertivas retro, pode-se afirmar que: a) O item I é certo e o item II é errado O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 33 b) O item I é errado e o item III é certo c) O item III é errado e o item IV é certo d) O item II é errado e o item III é certo e) Não respondida Questão 9 O princípio da inafastabilidade ou princípio do controle jurisdicional expresso na Constituição Federal garante: a) A todos o acesso ao Poder Judiciário b) Às partes a ampla defesa c) A todos o juiz natural d) A todos o juiz imparcial e) Ao juiz o poder diretivo do processo Questão 10 ESAF - 2001 – SERPRO. Analista de Assuntos Jurídicos. Relativamente aos princípios constitucionais do processo civil, é correto afirmar- se que: a) O princípio do juiz natural consiste exclusivamente na proibição de tribunais de exceção. b) O princípio da igualdade é ofendido pelas normas legais que atribuem prerrogativas processuais à Fazenda Pública e ao Ministério Público. c) O princípio do contraditório tem o seu conteúdo limitado à ciência bilateral dos atos contrariáveis. d) O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o direito ao procedimento contraditório. e) A concessão de providência jurisdicional cautelar sem a ouvida prévia da parte contrária implica violação ao contraditório. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 34 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: A inércia é uma das garantias fundamentais do devido processo legal e deve ser observada em todos os procedimentos. Mesmo nas hipóteses nas quais haja autorização pontual para a iniciativa do magistrado, o princípio da inércia deve ser observado nas demais situações. Questão 2 - B Justificativa: É a regra prevista no Artigo 1211 do CPC. Trata-se garantia relativa aos atos jurídicos perfeitos e decorrente da segurança jurídica. Questão 3 - D Justificativa: É a decorrência do princípio da inércia e da correlação entre o pedido e a sentença, previsto no Artigos 2° e 128 do CPC. Questão 4 - A Justificativa: O princípio, também conhecido como princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional está previsto no Artigo 5°, inciso XXXV, da Constituiçãode 1988. Questão 5 - B Justificativa: A ideia da non reformatio in pejus é decorrência dos princípios dispositivo e da limitação horizontal da cognição recursal, previsto nos Artigos 515 e 516 do CPC. Questão 6 - B Justificativa: A resposta é obtida a partir da conjugação dos Artigos 87, 128 e 162, todos do CPC vigente. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 35 Questão 7 - B Justificativa: A ideia do princípio dispositivo sofre uma releitura a partir da concepção neoconstitucional da jurisdição e da nova dimensão do princípio do acesso à justiça. Questão 8 - C Justificativa: O item III está errado porque desconsidera a iniciativa probatória do juiz, tida como essencial, justamente para manter a paridade entre as partes. O item IV está correto pois a orientação jurisprudencial que prevalece no STF é no sentido de que um dos interlocutores pode gravar a conversa telefônica. Questão 9 - A Justificativa: O inciso XXV do Artigo 5° da CF ao prever a inafastabilidade do controle jurisdicional consagra o amplo e irrestrito acesso ao Poder Judiciário. Questão 10 - D Justificativa: O devido processo legal pode ser compreendido no sentido substantivo (razoabilidade) ou procedimental. Neste último vai se basear na ideia-chave do contraditório como premissa para todas as demais garantias. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 36 Introdução O princípio do acesso à justiça, consubstanciado no Artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição de 1988 é a base do processo civil contemporâneo. A ideia segundo a qual ninguém pode ser impedido de deduzir em juízo uma pretensão renova os demais princípios processuais e coloca o Judiciário numa posição elevada, o que pode dar ensejo aos fenômenos do ativismo e da judicialização excessiva, tão bem analisados pelo Ministro Roberto Barroso. Objetivo: 1. Compreender melhor em que consiste o princípio do acesso à justiça e como ele se relaciona com a obra de Mauro Cappelletti; 2. Examinar os desdobramentos desse princípio no direito brasileiro, sobretudo com as alterações legislativas que ensejaram a criação de novas ferramentas processuais. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 37 Conteúdo Acesso à justiça Cândido Rangel Dinamarco destaca, desde há muito, a relevância de se emprestar “interpretação evolutiva aos princípios e garantias constitucionais do processo civil”, reconhecendo que “a evolução das ideias políticas e das fórmulas de convivência em sociedade” repercute necessariamente na leitura que deve ser feita dos princípios processuais constitucionais a cada época. Com efeito, o acesso à justiça é um princípio essencial ao funcionamento do Estado de Direito. Tal garantia, nas palavras de Dinamarco, “figura como verdadeira cobertura geral do sistema de direitos, destinada a entrar em operação sempre que haja alguma queixa de direitos ultrajados ou de alguma esfera de direitos atingida” (DINAMARCO, op. cit., p. 112). (DINAMARCO, 2005, p. 246). Nunca é demais relembrar que as questões e problemas relacionados ao acesso à justiça têm sua origem na cidade de Florença, Itália, num projeto iniciado em 1971, com a Conferência Internacional relativa às garantias fundamentais das partes no processo civil. Nos dez anos subsequentes, o estudo teve continuidade, abrangendo o problema da assistência judiciária aos hipossuficientes, da proteção aos interesses difusos e, finalmente, da necessidade de implementação de novas soluções processuais. Esse movimento foi, então, difundido internacionalmente por Mauro Cappelletti, sendo fundamental esclarecer, resumidamente, as posições identificadas no bojo do movimento, a fim de que se compreenda melhor esse verdadeiro despertar da ciência processual para os problemas sociojurídicos enfrentados pelos países ocidentais. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 38 Sem dúvida, o acesso à justiça é direito social básico dos indivíduos, direito este que não deve se restringir aos limites do acesso aos órgãos judiciais e ao aparelho judiciário estatal; deve, sim, ser compreendido como um efetivo acesso à ordem jurídica justa. Esse entendimento, trazido por Kazuo Watanabe, é de fundamental importância para a compreensão do movimento e para uma atuação sistemática e lúcida. (WATANABE, 1988, p. 128-129). Assim, se inserem as propostas de modificação do Código de Processo Civil numa perspectiva reformadora mais consciente, no sentido de aprimorar a técnica e a substância do direito processual como meio essencial para que se permita o acesso à tão proclamada ordem jurídica justa. Ainda nas oportunas conclusões de Kazuo Watanabe, o direito de acesso à justiça possui como dados elementares: O direito à informação e perfeito conhecimento do direito substancial e à organização de pesquisa permanente, a cargo de especialistas e orientada à aferição constante da adequação entre a ordem jurídica e a realidade socioeconômica do país. Direito de acesso à Justiça adequadamente organizada e formada por juízes inseridos na realidade social e comprometidos com o objetivo de realização da ordem jurídica justa. Direito à pré-ordenação dos instrumentos processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos. Direito à remoção de todos os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à Justiça com tais características. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 39 Direito à remoção de todos os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à Justiça com tais características. Tais considerações nos levam a concluir que as velhas regras e estruturas processuais precisam, de fato, sofrer revisão e aprimoramento, com o intuito de que constituam instrumento cada vez mais eficaz rumo ao processo justo. GRECO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: o processo justo. Trabalho disponível no site: htttp://www.mundojuridico.adv.br/html/artigos/documentos/texto165.htm; acesso em 02 de maio de 2006. Nesse ponto, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, após se propor a estudo com o objetivo de aferir se as reformas legislativas havidas em meio ao movimento de acesso à justiça foram fiéis às premissas iniciais, assevera que o desenvolvimento dessa empreitada depende da apresentação de proposta que contenha os quatro grandes princípios que devem informar o real significado da expressão acesso à justiça. (CARNEIRO, 1999, p. 54). Princípios de acesso à justiça Segundo Carneiro, existem quatro princípios que informam o significado de acesso à justiça. Acessibilidade Esse princípio pressupõe a existência de sujeito de direito, com capacidade tanto de estar em juízo como de arcar com os custos financeiros para tanto, e que procedam de forma adequada à utilização dos instrumentos legais judiciais ou extrajudiciais, de tal modo a possibilitar a efetivação de direitos individuais e coletivos. O NOVO CPC E O CPC-73: PROCESSO DE CONHECIMENTO 40 A expressão desse princípio se dá por três elementos, quais sejam o direito à informação enquanto conhecimento dos direitos que se detém e da forma de se utilizá-los; a garantia da escolha adequada dos legitimados para propositura das demandas; e, por fim, a redução dos custos financeiros do processo de forma que estes não dificultem ou inibam o acesso à justiça. Operosidade O princípio da operosidade
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