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O Estado na Ciência Política I

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O	ESTADO	NA	CIÊNCIA	POLÍTICA	
1.1	CONCEITO	E	ELEMENTOS	CONSTITUTIVOS	 1-2	POVO	VS.	POPULAÇÃO	 1	TERRITÓRIO	 1	SOBERANIA	(DIMENSÃO	INTERNA	E	EXTERNA)	 1	E	2	O	QUE	É	NAÇÃO?	 2		
1.2	SURGIMENTO	DO	ESTADO	 2-3	TEORIA	DA	POTENCIALIDADE	 2	TEORIA	FAMILIAR	 2	TEORIA	DA		CONQUISTA	OU	DA	FORÇA	 2	E	3	TEORIA	PATRIMONIAL	OU	ECONÔMICA	 3	
1.3	O	ESTADO	ANTIGO	 3-4	
1.4	O	ESTADO	NA	IDADE	MÉDIA	 4-5	
1.5	O	ESTADO	MODERNO	 5-7	ABSOLUTISMO	 5	E	6	
1.6	O	ESTADO	LIBERAL	CLÁSSICO	 7-9	LIBERALISMO	 8		REPUBLICANISMO	 8		SOCIALISMO	 9				
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ciência Política Professor Jaime Neto 
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1.1 O que é o Estado? 
- Uma das principais formas de controle do poder. 
- O surgimento do estado proporcionou uma maior clareza na diferenciação entre moral e 
direito. 
 
CONCEITO DE ESTADO: Uma forma de organização política composta por 3 elementos 
fundamentais: o povo, o território e a soberania. Um povo exercendo a soberania em um 
território. 
 
Qual a diferença entre povo e população? 
População é a soma das pessoas (nativos ou não) que se ENCONTRAM no território do 
estado em um determinado momento. Exemplificando: no período das olimpíadas, todo 
estrangeiro que se encontrava em território brasileiro fazia parte temporariamente da população 
brasileira. 
O povo é o elemento humano do Estado. É o conjunto de pessoas que irá exercer o 
poder soberano em um território. Em outras palavras, é um conjunto de pessoas que 
guarda com o Estado vínculos de identidade - vínculos jurídicos e políticos. O povo 
pertence ao Estado, e o Estado pertence ao povo. Aquele que faz parte de um povo de 
um Estado, fará parte desse povo independentemente das fronteiras. 
 
O povo é o elemento essencial do estado e não a população, pois para que um Estado exista é 
necessário que existam pessoas que possam comandá-lo e exercer a soberania sobre ele. 
 
Existe um vinculo meramente jurídico entre a população e o Estado. Todos que se 
encontram em território nacional de determinado país possui o dever de seguir as 
normas jurídicas que estão em vigor, isto é, são obrigados a respeitar a legislação local, 
bem como possui direitos dentro das leis federais. 
 
O que é o território? 
O território é a área do globo terrestre sobre a qual o Estado ou o povo exerce a 
soberania. Engloba o domínio terrestre, aéreo e marítimo. 
 
O que é a soberania? 
É o poder próprio do Estado, ou seja, é o poder que caracteriza o Estado como tal, e 
que se revela a partir de duas dimensões: a dimensão externa e a interna. 
A dimensão externa política da soberania significa que o Estado é soberano 
externamente, porque ele tem independência política perante os entes estrangeiros. A 
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soberania externa é exercida quando um país tem unicamente a prerrogativa de tomar a 
decisão sobre determinado assunto, sem a submissão a um outro país. Pode-se citar o caso do 
cidadão Americano em Singapura. 
A dimensão interna da soberania se revela a partir da imperatividade do poder Estatal, 
ou seja, no exercício da soberania interna, o Estado tem a capacidade de criar normas 
jurídicas e fazê-las cumprir. 
 
O que é nação? 
Um conjunto de pessoas que guardam entre si vínculos culturais semelhantes. A ideia de 
nação não esta necessariamente vinculada a ideia de estado e povo. O que forma uma nação é 
a existência de uma identidade cultural. Como por exemplo temos os Judeus. 
Um mesmo indivíduo pode fazer parte de varias nações, e várias nações podem estar em 
vários territórios, bem como um Estado pode ser constituído por várias nações. 
 
Curiosidade: É possível que um brasileiro seja condenado a morte em tempo de paz? Fora do 
Brasil, sim. 
 
1.2 Surgimento do Estado 
- Antes de existir o Estado, existia as nações, e devido a esse fato, muitos, de forma 
precipitada, confundem os conceitos para cada termo. 
 
TEORIA DA POTENCIALIDADE 
Diz que os seres humanos no exercício da criatividade evoluíram de sociedades 
nômades para sedentárias, dominando a agricultura, pecuária e técnicas de 
sobrevivência. Decorrente dessa sedentarização, surge o território a partir do exercício do 
potencial criativo do ser humano. Isto é, o Estado surge a partir do potencial evolutivo 
do ser humano e da sedentarização. 
 
TEORIA FAMILIAR 
Se distingue da potencialidade, pois ressalta o aspecto familiar como núcleo do 
surgimento do Estado. A partir da convivência das diversas famí lias entre si, juntamente 
com a sedentarização, surge o Estado. 
 
TEORIA DA CONQUISTA ou DA FORÇA 
Baseia-se na ideia do conflito. Sua concepção consiste em afirmar que as sociedade eram 
nômades, alem de cada sociedade viver em grupos. A partir da rivalidade desses grupos 
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e dessas sociedades, o Estado surgiu. Grupos rivais entram em conflito. Um ganha, 
outro perde. Ambos se sedentarizam, e é criada uma divisão de trabalho. 
 
TEORIA PATRIMONIAL OU ECONÔMICA 
Parte do pressuposto segundo qual em um determinado momento um grupo de nômades 
toma para si um território, e surge a propriedade privada. Então o mundo divide-se entre 
os proprietários e os servos destes proprietários. Cria-se uma divisão de trabalho e, 
claramente, subsequente aos fatos, há sedentarização dos grupos envolvidos. Um o 
explorador, e o outro e o explorado. 
 
Na prática, todas as teorias do surgimento do Estado se complementam. 
O Estado surge a partir de uma sedentarização, na qual grupos sociais se organizam 
exercendo o poder soberano sobre um território. 
 
- Antes de existir o Estado, os conceitos de moral e direito eram confusos. Tais termos, 
indubitavelmente, eram fortemente interligados. O Direito era uma moral elevada. O que 
vale salientar é que o Direito existia antes do Estado existir. “Ubi societas, ib jus.” ONDE 
HÁ SOCIEDADE, HÁ O DIREITO. 
 
1.3 O Estado Antigo 
 
A característica geral dos Estados Antigos era a Teocracia. 
 
Outros destaques: Egito e Índia. 
 
Dentre os Estados Antigos, a China possui um destaque maior. Diferentemente dos outros 
Estados, ela possuía um caráter humanístico, em virtude do grande desenvolvimento 
filosófico, sociológico, e outros. É interessante também destacar a Mesopotâmia, já que 
ela fora o palco para o surgimento do Código de Hammurabi - código jurisprudencial, 
uma compilação de situações concretas que deu origem o advento do principio da 
proporcionalidade no Direito, a partir da lei do Talião - olho por olho, dente por dente.) 
 
A Grécia, mais especificamente, Atenas e Sparta, era divida em pólis (cidades-Estado). 
Atenas - classe política dominante os Eupátridas; Com desenvolvimento da filosofia e 
comércio, o domínio do poder pelos Eupátridas é questionada. Estes perdem prestigio, 
e são obrigados a fazer reformas políticas. Surge posteriormente a democracia. Essa 
democracia pensada por S e Péricles era baseada na ideia de isonomia dos cidadãos 
(todos os homens adultos, livres e Atenienses tinham a prerrogativa de se reunir em 
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praça pública para debater os temas revelastes para a sociedade e tomada de 
decisões), além de romperem com a ideologia de que Deus era o governante. Os 
representativos da política eram escolhidos através de sorteio. Eles acreditavam que a 
eleição não era democrática, e sim aristocrática. 
Atenas é um marco para a historia do surgimento do Estado, uma vez que ela marca a 
ruptura com a crença de quem regia as sociedades eram os deuses. Em outras palavras, o 
poder não é divino, é humano. 
Vale salientar que na época das reformas políticas em Atenas ressalta-se uma reforma 
sem sucesso com autoria de Drácon, um dos Eupátridas. 
 
Sparta - uma sociedade hierarquizada, militarizada, rural e religiosa. 
 
Cidades-Estado de Roma - Roma, em seu período da República (democracia),diferencia-
se dos períodos de Realeza (antecessor a república, teocrático e rural) e Império (sucessor a 
república, teocrático) por possuir o aspecto humanístico do poder. 
 
476 d.C - Fim do Império Romano Ocidental - Fim da Idade ANTIGA. 
 
 
1.4 O Estado na Idade Média 476 d.c - 1453 
 
Um ordenamento jurídico é um sistema de normas jurídicas aplicado em uma mesma 
sociedade. No entanto, o pluralismo jurídico é constituído por vários ordenamentos 
jurídicos aplicados em uma mesma sociedade e em um mesmo período de tempo. 
Digamos que na Idade Média, um feudo possuía um determinado ordenamento jurídico. Neste 
feudo, era aplicado mais de um ordenamento, ou seja, neste feudo era aplicado o chamado 
pluralismo jurídico. Tal diversidade causava conflitos e dúvidas sobre qual deles 
deveria prevalecer. 
A principal característica do Direito na Idade Média era a presença do pluralismo 
jurídico. Na verdade, a ideia do Estado como “o todo poderoso” se esfacelou. A unidade 
política do Estado fora mitigada pelo surgimento dos feudos. Eles estavam geograficamente 
dentro de um Reino. Contudo, na prática um senhor feudal possuía mais poder do que o 
rei. EM contradição com essa ú ltima afirmativa, este mesmo senhor não tinha uma 
independência externa, já que este poderia também ser um vassalo de um outro 
suserano. É nessa situação conflituosa, que surgem as dúvidas. 
Esse cenário dúbio se acentua mais na Alta Idade Média. 
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A Baixa Idade Média ressurge quando o comércio é reativado, bem como os espaços 
urbanos. Juntamente como esses ressurgimentos, nasce, então, a classe burguesa e as 
raízes do capitalismo. O poder do Rei é questionado, principalmente os dos senhores 
feudais. Neste marco histórico ocorre a união de interesses entre o Rei e a burguesia. 
Concomitantemente, têm-se a unificação da moeda e da política. O Estado surge a partir 
do apoio da burguesia e a concentração do poder nas mãos do Rei, agora, Absolutista. 
Para a compreensão da historia do Direito, vale ressaltar a formação histórica das duas 
principais famí lias jurídicas inglesas: Civil Law e Common Law. 
- Civil Law (direito civil) é uma tradição jurídica que se fundamenta no estudo da lei 
geral e abstrata, e dos códigos. 
- O Common Law (direito comum) é uma tradição jurídica que se baseia no caso 
concreto, nas jurisprudências. Ele se finda nos precedentes, nos costumes dos 
tribunais. 
O Westminster é uma região na qual foi criado o Common Law a partir das suas 
jurisprudências. 
A Idade Média é um período de consolidação de tradições jurídicas (Corpus Juris 
Civilis, Common Law e outros) que perduram até os dias atuais. 
 
1.5 O Estado Moderno 
 
Século XV ao XVIII 
1453 - Queda de Constantinopla (Império Bizantino) 
1492 - Descoberta da América 
A Idade Moderna é uma era de transição entre o Feudalismo decadente e o Capitalismo 
ascendente. Observe que essa transição começa no século X, quando surge as primeiras 
raízes do capitalismo. A consolidação do poder nas mãos do Rei com a formação do 
Estado Moderno Absolutista é a grande conseqüência da junção do poder real e a 
burguesia contra o senhor feudal. O capitalismo de fato se torna predominante com a 
Revolução Industrial. A Idade Moderna é o palco das Revoluções Burguesas e Industriais. 
Assim sendo o marco da decadência intensa do Feudalismo. 
[absolutismo] 
No inicio da Idade Moderna, vale ressaltar primordialmente a formação do Estado Moderno 
Absolutista. O absolutismo vai ser consolidado a partir da formação de um poder 
central, da unificação de moeda e da superação do pluralismo jurídico pelo monismo 
jurídico. O Estado (representado pelo Rei) ressurge e assume a responsabilidade de 
criar e aplicar o Direito (adjetivo absoluto, que vige acima de todos). Além disso, ocorre, bem 
como, a decadência da Igreja Cató lica (Reforma Protestante). O direito canônico, portanto, 
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perde prestígio. A ideia de ciência começa a se formar como um dos grandes paradigmas 
da realidade. Surge as figuras de Rene Descartes, pai do Racionalismo, e de Francis 
Bacon, o “pai” do Empirismo. Bacon e Descartes se complementam em seus ideais. Com o 
passar do tempo, em um determinado momento, a Burguesia percebe a sua força, devido 
principalmente pela eclosão da Revolução Industrial. O Rei passa a ser visto como 
desnecessário e como um entrave. Uma vez que o senhor feudal já tinha sido derrotado, a 
figura real não é mais interesse dos burgueses. Caminhamos então para o fim do 
Absolutismo Monárquico e, subsequentemente, para a formação do Estado Liberal. 
Salienta-se que o evento maior da Idade Moderna foi a Unificação da Espanha. Ademais, 
vale frisar que os princípios burgueses eram baseados nos valores primordiais do 
capitalismo: liberdade individual, comércio, ascensão social, e outros. 
 
O berço de Thomas Hobbes - defensor do Leviatã - é a Inglaterra. O período de Hobbes se 
finda em um cenário de crises. 
1628 - Petition of Rights - além de ter sido a primeira forma de insatisfação parlamentar, 
fora a carta que o Parlamento Inglês dirigiu ao Rei Charles I em contradição ao poder 
autoritário da figura Real, pedindo para que os Parlamentares fossem ouvidos e 
valorizados. O Parlamento, naquela época, se encontra enfraquecido e “desativado”, quando 
analisa-se o cenário político e econômico. Nessa “Petição”, quatro pontos foram ressaltados: 
 1. Nenhuma taxa poderia ser cobrada sem o consentimento do Parlamento. 
 2. Nenhuma lei de guerra poderia ser usada em tempos de paz. 
 3. Nenhum cidadão Inglês poderia ser preso sem uma “causa” (reforçando o HC). 
 4. Os cidadãos, em tempos de paz, não eram obrigados a acolher ou instalar 
soldados em suas residências. 
 
[Leviatã] 
Com o livro Leviatã, Thomas Hobbes deixou sua contribuição como teórico do absolutismo. Na 
visão de Hobbes, em seu estado de natureza e entregues à própria sorte, os homens 
devorariam uns aos outros. É por isso, então, que, por necessidade, fizeram entre si um 
contrato social que designou um soberano sobre todos os demais, tidos como súditos. A esse 
soberano - o rei absolutista, no caso - competiria garantir a paz interna e a defesa da nação. 
 
O Rei Charles I, ao não dar ouvidos ao Parlamento Inglês, tem seu poder enfraquecido, e 
posteriormente, fora preso e assassinado. Surge, então durante 5 anos, a República de 
Cromwell que não obteve sucesso e caminhou a política inglesa novamente para o 
Monarquismo. 
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1679 - Publicação do HC Act (uma lei segundo a qual ninguém será preso sem uma causa 
real, somente devido a algum poder autoritário). Ressalto que, o HC teve as suas raízes na 
Magna Carta e reforço na Petition of Rights. 
1688-1689 - Revolução Gloriosa - O rei estava sofrendo forte oposição do parlamento. 
Nessa perspectiva, a ameaça de uma Guerra Civil se torna mais próxima. Jaime II, rei da 
época, foge, e deixa o trono vago. Abre-se então espaço para Guilherme de Orange, rei 
coroado com o apoio da burguesia, uma vez que concordara em assinar o Bill of Rights. 
Bill of Rights - documento que significou o fim do absolutismo monárquico inglês, o 
mantimento da monarquia, a o estabelecimento oficial do Common Law, e a 
solidificação do principio segundo qual o poder mais importante é o poder parlamentar. 
O rei torna-se mero executor da lei, já o Parlamento, o governador verídico. 
Com influência de Locke, o poderio inglês se divide em 3 poderes: 
Executivo - executa as leis vigentes. FUNÇÃO DO REI. 
Legislativo - cria as leis gerais e abstratas, bem como fiscaliza as atividades do 
executivo. FUNÇÃO DO PARLAMENTO. 
Judiciário - aplica as leis. 
 
1.6 O Estado Liberal Clássico 
 
1779 - Revolução Francesa - marco histórico que marcaa transição da Idade Moderna 
para a Contemporânea. 
A RF se propôs de fato a ser uma revolução, uma ruptura efetiva com o antigo regime, 
principalmente demonstrada pelo assassinato do Rei. Fundadas nos princípios liberais e 
iluministas - objetividade, racionalidade, igualdade, fraternidade, liberdade - as 
sociedades criadas pela RF escolhem a lei como instrumento de regência nacional. 
Separa-se o Estado da religião, surgindo a pregação do Estado Laico. Cria-se, então, a 
noção de que todos são iguais perante a lei. A burguesia, ao conquistar o poder, enfrenta 
o desafio de mante-lo. Sem possibilidade de recorrer a “Deus ou a religião”, a burguesia cria 
um novo elemento de unificador da sociedade a partir da razão humana - a lei. 
 
Na prática, traduzimos o lema da RF liberdade, igualdade, fraternidade = liberdade, 
liberdade e liberdade. Qual era a igualdade que a burguesia francesa queria? A igualdade 
política baseada na supremacia da lei. Todos deveriam ser iguais perante a lei 
(igualdade formal). Entretanto, a lei é criada por alguns de acordo com certos 
interesses. Sendo a lei desigual, como que, perante a ela, todos poderiam ser iguais? 
Tratamento desigual aos desiguais, na medida da sua desigualdade. Esta seria a 
tradução da igualdade material. Liberdade de mais, igualdade de menos 
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A fraternidade liberal era uma fraternidade egoísta. Se você quer o bem do próximo, seja 
individualista e produza riquezas. Todos irão sair ganhando com isso. 
 
[liberalismo] 
Acentua-se que o liberalismo prega a liberdade individual, mercado livre (autorregulação 
do mercado através da mão invisível) e Estado mínimo (somente para garantir a segurança 
pública e defesa da soberania). Na perspectiva liberal, quanto menor for a intervenção 
do Estado na sociedade, melhor e mais desenvolvida será essa sociedade. Para os 
liberais, o Estado é uma espécie de escravocrata. A medida que o Estado intervém, nos 
tornamos escravos dele, uma que limita nossas liberdades. 
Baseados, então, no liberalismo, a burguesia defendia a atuação MÍNIMA do Estado, bem 
como o constitucionalismo (tendência teórica que defende a escrita de constituições 
como a Carta Magna dos Estados Nacionais). Tal ideologia ganha força com a Constituição 
Americana de 1787 e a Constituição Francesa. As leis constitucionais garantem, de acordo 
com o pensamento ideológico produto do iluminismo e liberalismo, a segurança jurídica, além 
de marcar o limite da intervenção do Estado na sociedade. A constituição lidera o topo 
da pirâmide do ordenamento jurídico. É a partir da constituição que a legislação (códigos, 
leis) é derivada. Seguindo a luz destas, temos os atos administrativos e os “direitos 
particulares” (contratos, testamentos, decisões judiciais). 
 
[republicanismo] 
Concomitantemente ao desenvolvimento do liberalismo, também desenrola-se o 
republicanismo (teoria baseada no equilíbrio das forças políticas, na ideia de que em 
uma sociedade republicana há uma necessidade de se equilibrar os mais diversos 
interesses). Nasce na Grécia, especificamente em Atenas, e em Roma Antiga com Cicero e 
Políbio. O Estado deveria se organizar a partir dos ideais de separação de poderes, respeito a 
lei e representação política. 
O republicanismo prega ideologicamente o compromisso do cidadão com o Estado, ou 
seja, a ideia de que o cidadão deve se integrar a sociedade. 
A perspectiva liberal separa, de forma muito clara, a esfera pública e privada. Esta ú ltima 
existe e deve ser respeitada por ser totalmente fundamental. Subsidiariamente a ela, 
encontra-se a esfera pública (segundo plano). Já os defensores do republicanismo, 
pregam a ideia de que o indivíduo só é completo quando este se integra a sociedade. Em 
outras palavras eles defendiam o princípio de que a esfera pública e privada se 
completam. Para os liberais, a política é representativa Já para os republicanos, o 
cidadão deve ser ativo e participativo politicamente. 
Maquiavel foi um dos maiores representantes da Ideologia Republicana. 
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Há uma distinção entre o o Iluminismo francês e inglês, uma vez que o primeiro realmente fora 
um movimento que elevou a França a protagonista do Mundo Ocidental. A ideia principal de 
tais preceitos iluministas era que os valores franceses burgueses deveriam ser transportados 
por todo o mundo, e estes fundados nos direitos humanos não deveriam apenas se conter ao 
território francês, mas sim criar uma hegemonia global política e social. Já o Iluminismo inglês 
finda-se em acordos entre burguesia e Rei. Não há rompimento ideológico, e sim, pactos de 
interesses. 
 
Declaração Universal dos direitos do homem e do cidadão - Liberdade, igualdade e 
fraternidade - os valores trazidos na Declaração deveriam ser observados por todo o mundo, 
independentemente dos valores culturais e escolhas de cada sociedade. Defende, em tese, os 
direitos inerentes ao ser humano. 
 
O liberalismo se impõe como ideologia dominante a partir das revoluções burguesas. 
Entretanto é no século XIX que o capitalismo selvagem e a liberdade de mais, e a 
igualdade de menos (possibilitada pela igualdade formal), mostra um dos seus principais 
resultados: uma grande desigualdade social. Em meio a revoluções políticas e sociais, 
surgem as greves, os sindicatos de trabalho (agente regulador das condições precárias 
trabalhistas impostas pelas revoluções industriais). 
Inicia-se o pensamento socialista científico e utópico. Enquanto o primeiro apresenta o 
problema da desigualdade social gerado a partir do capitalismo, e a dialética como 
solução, o segundo expõe a problemática, mas não renota resolução para tal. 
 
[socialismo] 
Marx e Engels defendem a perspectiva que durante toda a historia da humanidade a 
economia fora a base da organização sociopolítica. Ele conclui que existe uma 
infraestrutura (relações econômicas) e a superestrutura (todas as outras relações, sendo 
estas, por sua vez, decorrentes das relações econômicas). 
Eles acreditavam na ideologia da dialética de Hegel - a sociedade evolui a partir de 
conflitos e consensos de teses e antíteses. Para que pudesse existir o comunismo, 
existiria em primeiro momento, o capitalismo - momento no qual haveria um conflito de 
teses entre a burguesia e operariado. Como consequência dessa oposição ideológica, 
uma síntese seria formada e uma fase de transição - Socialismo - daria início. Nesta fase 
de transição, o Estado ainda existiria, mas, gradativamente, perderia forças até deixar de 
existir. Se tal fato se realizasse, o comunismo entraria em cena. O comunismo seria, 
então, a base ideológica e organizacional de uma sociedade na qual o Estado não existe, 
bem como a propriedade privada dos meios de produção.

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