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Avaliação e questões de bem estar de animais de produção 2

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Avaliação e questões de bem-estar de animais de produção 2 
Módulo 20 
 
Objetivos de aprendizagem 
Identificar os principais sistemas de criação em uso para a produção animal e as mutilações de 
rotina utilizadas em cada sistema 
Destacar os principais problemas inerentes de bem-estar em cada sistema de produção e 
mutilações associadas 
 
Sumário do conteúdo 
Sistemas de criação, principais questões de bem-estar e mutilações: 
Suínos: leitões, animais de engorda 
Frangos de corte 
Poedeiras 
Vacas leiteiras, bezerros, gado de corte 
Outras questões importantes de bem-estar 
Resumo 
Bem-estar de animais de produção – causas de bem-estar pobre 
Inerentes ao sistema de criação 
De correção difícil/impossível 
Específicas do sistema 
Baixo potencial de bem-estar 
Manejo ruim/recursos insuficientes 
De correção mais fácil 
Podem estar ruins em qualquer sistema 
No Módulo 19, estudamos as principais causas de problemas de bem-estar em animais de 
produção e diferenciamos entre os problemas evitáveis e aqueles inerentes ao sistema. 
Discutimos o conceito de “potencial” de bem-estar dos diferentes sistemas. Também 
desenvolvemos uma estrutura, baseada nas Cinco Liberdades, que pode ser utilizada para 
avaliar o bem-estar e identificar os principais problemas de bem-estar em uma fazenda. Vimos 
como problemas evitáveis podem estar presentes em qualquer sistema e que podem ser 
resolvidos mais facilmente que os problemas inerentes. O propósito deste módulo é estudar os 
problemas inerentes específicos de cada sistema de criação. 
Este módulo tem dois objetivos: 
• Primeiramente, equipar você, como médico veterinário, com informações para 
auxiliá-lo durante uma visita a uma fazenda. Se sabe o que provavelmente 
encontrará em um dado sistema de criação, você está mais bem equipado para 
identificar e quantificar o problema. 
• Em segundo lugar, equipá-lo com informações sobre os sistemas de produção 
de forma que você possa assessorar adequadamente produtores ou legisladores 
quando for consultado sobre os méritos relativos e pontos fracos dos diferentes 
sistemas. Seu treinamento como médico veterinário o preparou para prestar 
consultoria sobre produção e doenças – este módulo o capacitará para 
consultoria em bem-estar. Para cada espécie de animal de produção, 
estudaremos os principais sistemas de produção, os problemas inerentes de 
bem-estar de cada um deles e as mutilações realizadas rotineiramente. 
Bem-estar de animais de produção: suínos 
Porcas 
Leitões 
Leitões desmamados 
Suínos de terminação 
 
Os sistemas de produção de suínos podem ser classificados: para porcas, para leitões não 
desmamados, para leitões desmamados e para animais de terminação. Em uma visita a uma 
fazenda de reprodução, você também deve querer inspecionar as acomodações do cachaço. 
Os problemas inerentes dos sistemas de criação de porcas foram estudados no Módulo 19. 
Leitões: principais questões de bem-estar 
Esmagamento 
Mutilações 
Desmame precoce 
 
Os principais problemas de bem-estar para leitões incluem o risco de esmagamento pela porca. 
Como discutido no Módulo 19, os altos níveis de esmagamento de leitões são creditados a uma 
combinação de leitegadas anormalmente grandes, graças à seleção genética, com um deitar 
“desajeitado” pela porca devido ao desconforto e à pobre condição física pela falta de exercício. 
A utilização das gaiolas parideiras previne amplamente o esmagamento de leitões, porém 
causa uma restrição comportamental severa à porca. 
Leitões: exemplos de mutilações 
Corte de dentes 
Corte de cauda 
Castração 
 
Os dentes caninos de leitões são freqüentemente cortados com alicate ou lixados com um 
aparelho elétrico aos 2 ou 3 dias de idade, sem um agente anestésico. A razão dada para este 
procedimento é que os dentes pontiagudos danificam a face dos outros leitões e as tetas da 
porca. Não está claro por que alguns produtores não cortam os dentes e, mesmo assim, não 
têm problemas com ferimentos faciais nos leitões ou nas tetas das porcas. O corte de dentes é 
um procedimento muito doloroso, e todas as fazendas deveriam, pelo menos, tentar um 
período sem ele, uma vez que talvez não seja necessário. 
A cauda dos leitões é geralmente cortada aos 2 ou 3 dias de idade, sem agente anestésico, 
mesmo na União Européia, onde é ilegal sem prescrição veterinária. As caudas podem ter 
apenas a porção distal removida ou serem cortadas proximalmente, deixando somente poucas 
vértebras coccígeas. As caudas são cortadas para a prevenção de sua mordedura em porcos 
de engorda. Existem muitos aspectos da criação de suínos que são suspeitos de contribuir 
para um surto de mordeduras de cauda, entre os quais ambientes estéreis (pisos parcial ou 
totalmente ripados sem cama) e altas densidades de lotação, apesar de que algumas vezes a 
mordedura pode acontecer em pisos com palha em baixas densidades de lotação. Se as 
caudas são rotineiramente amputadas em uma fazenda, a densidade de lotação da engorda 
deve ser reduzida e enriquecimento ambiental, preferencialmente com material para fuçar, 
deve ser fornecido. 
A maioria dos suínos é castrada sem agente anestésico aos 2 ou 3 dias de idade. Isto é 
realizado para se prevenir a formação da “carne de cachaço”, com um odor forte e 
característico que é causado pela presença de um hormônio na carne de suínos machos. 
Alguns mercados se preocupam menos com este odor e suínos abatidos mais jovens (menos 
de 90 kg) têm baixos níveis de odor. Adicionalmente, algumas raças têm taxas naturalmente 
menores do hormônio que induz o odor que outras. 
Leitões: desmame precoce 
Mudança abrupta de dieta causando diarréia 
Perda de contato materno 
Sistema imune imaturo e susceptibilidade a doenças 
Ambientes estéreis, tédio e restrição do comportamento normal 
 
Em condições naturais, leitões são desmamados entre 7 e 12 semanas de idade. Para se 
aumentar o número de leitões produzidos por uma porca em cada ano, o desmame geralmente 
ocorre entre 3 e 4 semanas. A mudança abrupta de dieta geralmente causa diarréia e a 
imaturidade do sistema imune aumenta a susceptibilidade a doenças. Isto é exacerbado pelo 
estresse de uma perda abrupta do contato materno e por ambientes estéreis. Muitos dos 
sistemas de cercados com piso puro utilizados são estéreis, causando tédio e restrição do 
comportamento normal. 
Leitões: desmame precoce 
Este é um sistema de criação típico para leitões desmamados. 
 
Sistemas de criação: suínos de engorda 1 
Totalmente ripado 
Parcialmente ripado – área de descanso sólida e de dejetos ripada 
Concreto – áreas de descanso e dejetos separadas, canais de escoamento de dejetos 
Palha ou outros substratos 
Ao ar livre 
 
Sistemas de criação para suínos de engorda podem ter pisos totalmente ripados; parcialmente ripados 
com uma área sólida para descanso e uma ripada para dejetos; pisos de concreto com áreas de 
descanso e dejetos separadas, onde o canal de escoamento de dejetos é varrido por máquina; pisos 
com palha ou outros substratos ou sistemas ao ar livre. 
Substrato é qualquer material que possa ser manipulado, utilizado para cama, tal como cepilho. 
 
Sistemas de criação: suínos de engorda 2 
Cercados parcialmente ripados, naturalmente ventilados, formam um ambiente muito estéril e 
mordeduras de cauda podem acontecer. O conforto térmico pode ser difícil de ser obtido tanto 
em clima quente quanto frio. 
Sistemas de criação: suínos de engorda 3 
Cercados com palha fornecem excelente conforto térmico e físico, assim como um substrato adequado 
para o comportamento normal. 
 
Questões principais de bem-estar: suínos de engorda 
• Densidade de lotação 
• Ambientes estéreis 
• Mordedura de cauda, flancoe orelhas 
• Instalações escuras 
• Alta amônia atmosférica 
• Doenças respiratórias 
Os problemas principais para suínos de engorda são altas densidades de lotação, 
ambientes estéreis e resultantes mordeduras de cauda, flanco e orelhas, instalações 
escuras com alta amônia atmosférica e conseqüentes taxas altas de doenças respiratórias. 
 
Sistemas de criação: frangos de corte 1 
• Intensivo com cama profunda 
• Soltos ao ar livre 
• Soltos ao ar livre – produção orgânica 
• Aves de reprodução 
• Aves de elite 
O bem-estar animal deve ser avaliado levando-se em consideração o bem-estar de todos os 
animais que contribuem para um produto alimentício. Assim, apesar do frango de corte ser o 
produto final, o bem-estar das aves reprodutoras e dos grupos de elite (onde existe seleção 
genética para melhoria na produtividade) também deve ser incluído. 
Alguns consumidores preferem comer aves criadas soltas ou por produção orgânica, onde 
métodos profiláticos artificiais não são utilizados. 
Sistemas de criação: frangos de corte 2 
Frangos de corte sofrem de muitos dos problemas de suínos em sistemas muito intensivos, 
apesar de serem menos agressivos que os suínos e o canibalismo ser muito incomum. São 
geralmente mantidos em um ambiente controlado; em instalações estéreis e escuras há 
densidades de lotação tão altas quanto 45 kg de aves por metro quadrado. 
Sistemas de criação: frangos de corte 3 
As aves orgânicas soltas ao ar livre terão mais espaço e acesso ao pasto, sendo desta forma 
capazes de desempenhar comportamentos mais naturais. Entretanto, essas aves podem estar 
menos protegidas de doenças introduzidas por aves silvestres e mais susceptíveis à predação 
por mamíferos e aves silvestres. 
Questões principais de bem-estar: 
frangos de corte - intensivo 1 
Seleção genética para crescimento rápido + altas densidades de lotação 
• Claudicação 
• Dermatite por contato 
• Síndrome de hipertensão pulmonar 
• Fome severa em reprodutoras e aves de elite 
Todos os principais problemas de aves de corte surgem a partir de uma combinação de 
seleção genética para crescimento rápido com altas densidades de lotação nas instalações. A 
indústria da carne de frango tem por objetivo aumentar a taxa de crescimento dos frangos de 
corte de forma a reduzir o tempo para atingir idade de abate em um dia por ano – e tem 
conseguido alcançar esse objetivo pelos últimos 40 anos. Um frango de consumo em 1960 
teria sido abatido entre 10 e 12 semanas com 2 kg; hoje ele é abatido entre 40 e 42 dias com 2 
kg. Isto resultou em uma ave muito pesada sobre ossos das patas cartilaginosos e imaturos, 
que são facilmente deformados quando jovens, levando a altos níveis de deformidade de patas. 
Além disso, altas densidades de lotação culminam com cama úmida, altamente contaminada 
por bactérias nas instalações de frangos de corte. Aves mancas ficam nessa cama 
contaminada, que causa queimaduras por amônia nos pés, articulações das patas e peito; isto 
é denominado “dermatite por contato”. Nesse cenário as bactérias prontamente invadem as 
lesões de pele causando doenças, especialmente infecções ósseas. 
O sistema circulatório também recebe uma sobrecarga pesada pelo tamanho excessivo da ave, 
e a falta de ar em função da insuficiência cardíaca é comum. 
Claramente, essas aves foram selecionadas para altas taxas de crescimento e estão, desta 
forma, programadas para serem extremamente famintas. Não se pode permitir que as aves 
reprodutoras cresçam à mesma taxa das aves de corte, pois se tornariam incapazes de se 
reproduzir entre 16 e 21 semanas de idade, graças à incapacidade de suas patas de suportar 
seu peso. Essas aves são mantidas em dieta muito restrita e passam por fome severa. Aves de 
elite passam por um grau ainda maior de fome. Inicialmente, são alimentadas à vontade para 
se avaliar desempenho e, então, aquelas selecionadas sofrem restrição alimentar severa para 
reduzi-las a um peso compatível com reprodução. 
Questões principais de bem-estar: frangos de corte - intensivo 2 
 
Densidades de lotação muito altas podem resultar em baixa qualidade do ar, especificamente 
altos níveis de amônia e poeira. Altos níveis de morte por causa de estresse calórico foram 
relatadas, seja em conseqüência de sistemas de ventilação inadequados ou de falências dos 
sistemas. Como vimos até o momento, sistemas intensivos tendem a favorecer ambientes 
estéreis e escuros, e o caso de frangos de corte não é uma exceção. A escuridão encoraja 
taxas de crescimento aumentadas pela supressão tanto de atividade quanto de comportamento 
agressivo. Sugere-se que agressão reduzida melhora bem-estar, porém este é um argumento 
falso. Os genótipos de frangos de corte utilizados comercialmente hoje não tendem à 
agressividade e em sistemas intensivos muitas aves não têm mobilidade devido à claudicação. 
Para contextualizar, os níveis de luz típicos em granjas de frangos de corte variam de 3 a 10 
lux. Os níveis de luz são medidos utilizando-se um luxímetro. Níveis típicos requeridos para 
inspeção de carne são 1.200 lux. A 50 lux uma pessoa comum começa a discernir as letras em 
uma impressão padrão de jornal. 
Questões primárias de bem-estar: 
frangos de corte soltos ao ar livre e produção orgânica 
 
Apesar de que as aves em sistemas soltos ao ar livre possam exibir mais comportamentos naturais, 
existem problemas significativos. 
Aves geneticamente selecionadas para sistemas intensivos são freqüentemente utilizadas em sistemas 
ao ar livre. Graças à sua alta taxa de crescimento, essas aves podem estar sujeitas à fome pelos 
regimes de restrição alimentar necessários para se cumprir os requerimentos legais de idade ao abate 
(56 dias na Europa). Raças de crescimento mais lento reduziriam este problema. 
Além disso, muitos sistemas de produção ao ar livre e orgânicos são pobremente cercados e pode haver 
cobertura insuficiente. A mortalidade pode ser alta por predação, levando a medo nas aves que 
permanecem. Os genótipos de aves modernos foram selecionados para crescer nas dietas modernas de 
engorda, que incluem muitos micronutrientes, alguns dos quais sintéticos. Estes micronutrientes foram 
adicionados durante os últimos 30 anos para superar causas metabólicas de claudicação, resultante de 
taxas de crescimento mais altas. Padrões orgânicos proíbem a inclusão de nutrientes sintéticos na dieta 
e isto resulta em um ressurgimento de problemas nas patas, para cuja solução foram desenvolvidas as 
dietas incluindo nutrientes sintéticos. Também pode haver um problema com bicadas de penas em aves 
orgânicas, que pode ser devido a deficiências na dieta ou ao genótipo das aves utilizadas. 
A maioria destes problemas ocorre graças a uma raça inapropriada, podendo ser melhorado com a 
utilização de raças de crescimento mais lento. Com a raça correta, muitas aves nestes sistemas 
extensivos têm bom estado de bem-estar. Em outras palavras, o potencial de bem-estar deste sistema é 
alto. O total potencial de bem-estar do sistema pode ser alcançado quando são utilizados a raça 
apropriada de aves e os níveis adequados de manejo. 
 
 
Sistemas de criação: poedeiras 1 
Os principais sistemas de criação de poedeiras são: gaiolas industriais, galinheiros e galpões 
de poleiros e soltas ao ar livre, associado ou não à produção orgânica. Na União Européia, 
onde as gaiolas industriais têm de ser eliminadas até o ano 2012, “gaiolas enriquecidas” 
desenhadas para suprir necessidades comportamentais (incluindo caixa para ninho, poleiro, 
substrato para banho de areia e espaço adicional) permanecerão legais. Ainda não está claro 
se estes sistemas serão economicamente viáveis. 
Sistemas de criação: poedeiras 2 
O espaço fornecido atualmente em sistemade gaiolas industriais é de 320 cm
2 
(17,9 x 17,9 cm) 
por ave nos EUA a 550 cm
2 
(23,5 x 23,5 cm) na Europa; este último sendo aproximadamente o 
tamanho de uma folha de sulfite A4. A alimentação, o fornecimento de água e a colheita dos 
ovos são automatizadas. Em alguns países as poedeiras são submetidas à “muda forçada”, 
através de restrição severa de alimentos, água e às vezes luz, por até duas semanas, com o 
objetivo de fazer retornar a postura. Um tratador pode ser responsável por vários galpões, e em 
cada um podem existir dezenas de milhares de aves. 
 
Sistemas de criação: poedeiras 3 
Galpões de poleiros oferecem às aves mais liberdade comportamental que gaiolas. Caixas ou áreas 
coletivas para construção de ninho são fornecidas. Alguns sistemas, entretanto, podem ser utilizados em 
densidades de lotação muito altas. Assim como nas gaiolas industriais, a remoção das aves das 
instalações pode levar a altos níveis de fraturas. 
 
Questões principais de bem-estar: poedeiras 
Seleção genética para alta produção de ovos, promove osteoporose e fraturas ósseas 
O principal problema inerente para poedeiras, em todos os sistemas de criação, é representado 
pelas fraturas ósseas, tanto durante o ciclo de postura quanto durante a remoção das aves das 
instalações. Isto se deve à seleção genética para alta produtividade, reduzindo os níveis de 
cálcio no organismo. Para comparação, uma matriz de frangos de corte produz 
aproximadamente a metade do número de ovos de uma poedeira, com aproximadamente 150 
ovos por ano. 
Os níveis de fratura encontrados em poedeiras variam com o sistema de criação. Fraturas 
durante um ciclo completo são menos freqüentes em gaiolas industriais do que em galpões de 
poleiros e galinheiros. Entretanto, a fraqueza óssea crônica é inerente às gaiolas industriais. 
Questões principais de bem-estar: gaioloas industriais 
Em gaiolas industriais, altas densidades de lotação e gaiolas estéreis restringem severamente todos os 
comportamentos normais, incluindo bater as asas, ciscar, caminhar, fazer ninho, tomar banho de areia e 
empoleirar-se. 
 
Sistemas em colônias 
Aves em sistemas de colônia têm mais espaço (em comparação com sistemas de gaiolas industriais) 
para liberdade comportamental e têm possibilidade de interagir com outras aves. 
Companhias comerciais geralmente mantêm as aves em grupos de tamanho grande. As aves não são 
capazes de formar uma hierarquia estável em grupos com mais de 100 animais. Isto leva a altos níveis 
de bicadas agressivas nas penas, medo, estresse e alta mortalidade. Existe alto grau de medo entre 
aves que talvez não consigam caminhar pela extensão necessária. A impossibilidade de se movimentar 
pode ser exacerbada por cobertura inadequada da área e proteção deficiente contra predadores, da 
mesma forma que para aves de corte. Por causa da necessidade de rotação de áreas, estas podem ser 
estreitas e compridas, aumentando desta forma a distância à periferia e reduzindo a motivação para 
movimentação. Os danos causados pelas bicadas agressivas são reduzidos pela “apara” ou amputação 
do bico. Existe uma quantidade considerável de trabalhos demonstrando que as aves passam por uma 
dor considerável quando utilizam bicos amputados, que são altamente inervados, podendo ocorrer a 
formação de neuromas na superfície de corte. 
 
Questões principais de bem-estar: debicagem 
Pintos são debicados por termocauterização no primeiro dia de vida. Isto é realizado através de 
uma lâmina de metal quente, que corta e cauteriza o bico. Isto será doloroso para a ave se uma 
quantidade grande de bico for removida. 
Galos: exemplos de mutilação 
Debicagem 
Remoção de dedos e esporas 
Castração 
Remoção de cristas e barbelas 
Os galos utilizados para reprodução, tanto de poedeiras quanto de frangos de corte, são também 
rotineiramente debicados para se reduzir danos a outras aves durante bicadas agressivas. A remoção de 
dedos é rotineira no pinto de um dia de idade para a redução de ferimentos às galinhas durante a cruza. 
Os galos podem ser castrados para encorajar a produção de gordura. Cristas e barbelas podem ser 
removidas para se reduzir os ferimentos em sistemas de restrição de alimentos através da cobertura de 
cochos com grades. Também podem ser removidas para se prevenir ferimentos durante brigas. Esta é 
uma operação de rotina em galos de corte, onde a seleção genética para altas taxas de ganho de peso 
torna essencial uma restrição alimentar severa. 
Algumas dessas mutilações podem ser ilegais em certos países. Todas podem causar dor severa e 
restrição de comportamento. 
 
Questões principais de bem-estar: vacas leiteiras 
Os principais sistemas de criação de vacas leiteiras têm baias e cercados com palha ou 
concreto. Para bezerros, os principais sistemas são gaiolas de vitelo e grupos em cercados 
com palha. 
Quais são as questões de bem-estar para vacas leiteiras? 
• Claudicação 
• Desconforto na área de descanso 
• Mastite 
• Gaiolas de vitelo 
Em sistemas de criação de vacas leiteiras, um problema de bem-estar se refere ao preparo do 
rufião. No preparo de rufiões para a identificação das vacas no cio, as quais serão 
inseminadas, são utilizadas técnicas cirúrgicas que provocam ou o desvio lateral ou a 
aderência ou a fixação do pênis do touro, não permitindo que ele penetre a fêmea. Tais 
intervenções, além dos inconvenientes próprios de qualquer procedimento cirúrgico nessa 
região anatômica, como o surgimento de grandes edemas pós-cirúrgicos, no caso da aderência 
e da fixação do pênis, ainda são responsáveis por dor intensa sentida pelo macho toda vez que 
este tenta, e não consegue, fazer a exposição do órgão diante da fêmea no cio. 
A seleção genética para alta produção aumentou a produção de leite por lactação de 
aproximadamente 3.000 kg por lactação na vaca Friesian para mais de 9.000 kg por lactação 
na vaca Friesian-holandesa, nos últimos 30 anos. Este estresse levou a um aumento na 
susceptibilidade a infecções, especialmente mastite e laminite. A vaca leiteira também é 
susceptível a doenças metabólicas e fome. Úberes aumentados causam desconforto e 
anormalidade no andar, que, por sua vez, leva a problemas nas patas em função de o peso do 
animal ser deslocado para os dedos laterais nos membros pélvicos. 
Questões principais de bem-estar: sistemas de baias 
 
Os principais problemas em sistemas de baias incluem: 
• Baias insuficientes para o número de animais, levando as vacas a ficarem por muito tempo em 
pé, especialmente as subordinadas e as novilhas jovens 
• Desenho inadequado das baias (geralmente muito curtas ou muito estreitas): insuficiente área 
para se levantar*, divisões sólidas e pouca ou nenhuma cama causam desconforto, dificuldade 
para se deitar, cama/concreto sujos e mastite 
• Uso de silagem causa dejetos úmidos, ácidos e doenças de casco, e concreto excessivamente 
liso pode levar a escorregões 
*Área para se levantar = área necessária na frente do animal para permitir um movimento livre da cabeça 
durante o ato de se levantar 
 
Baias antigas podem ser muito curtas, muito estreitas com divisões sólidas ou ter espaço insuficiente 
para o animal se levantar e altura insuficiente do degrau. 
 
Questões principais de bem-estar: vacas leiteiras/bezerros 
Um problema principal inerente aos sistemas de produção de leite em países desenvolvidos é a 
separação dos bezerros de suas mães no momento do parto ou logo após. Esta prática causa prejuízos 
ao bem-estar, tanto para a vaca quanto para o bezerro, por causa da perda do contato materno, e 
predispõe o bezerro a doenças, em função de seu sistema imune imaturo. 
O volume de leite que seria ingerido pelo bezerro é pequeno em comparação à produção de leite de uma 
vaca leiteira moderna. A vantagem econômicade um bezerro saudável pode superar os custos por 
causa do leite fornecido ao bezerro. Adicionalmente, a produção de leite de vacas leiteiras aumenta 
quando elas são ordenhadas mais freqüentemente; deixar o bezerro com a mãe pode aumentar a 
produção total de leite e reduzir mastite. 
 
Questões principais de bem-estar: bezerros 
As gaiolas de vitelo para a criação de bezerros causam problemas severos de bem-estar em 
conseqüência da restrição do comportamento normal, incluindo comportamento oral, locomotor e social, 
assim como das deficiências nutricionais, tais como de fibra e ferro. As gaiolas são tão estreitas que os 
bezerros logo se tornam incapazes de se virar ou exercitar. Os níveis de doenças e infecções, tais como 
pneumonia e doenças intestinais, são altos, e os bezerros passam por desconforto físico severo. 
Estes sistemas são ilegais em alguns países e se tornarão ilegais em toda a União Européia a partir de 
2007, para bezerros com mais de 8 semanas. 
 
Bezerros: exemplos de mutilação 
-Descorna 
-Castração 
-Corte de cauda 
A descorna envolve a remoção dos botões dos chifres utilizando-se agentes químicos cáusticos 
ou termocauterização durante a primeira semana de vida. Infelizmente, os bezerros às vezes 
são consideravelmente mais velhos que isso quando a operação é realizada, freqüentemente 
sem um agente de anestesia local. Isto é ilegal em muitos países. Os chifres são removidos 
para facilitar o manejo dos animais e diminuir ferimentos a outros animais. Os chifres podem 
ser removidos em animais adultos que não sofreram descorna quando pequenos, utilizando-se 
uma serra de lâmina ou fio e termocautério. A anestesia local raramente é empregada. A 
reprodução de raças mochas para se evitar a necessidade de descorna deve ser fortemente 
encorajada. 
A castração é realizada cirurgicamente ou pela compressão do suprimento sangüíneo e cordão 
espermático, geralmente nas primeiras semanas de vida, apesar de que, em alguns países que 
utilizam sistemas extensivos, eles podem ser bem mais velhos que isso. Estudos têm 
demonstrado que todos os métodos de castração causam um grau significativo de dor, tanto 
aguda quanto crônica. A castração é realizada para facilitar o manejo dos animais, apesar de 
que alguns países criam com sucesso uma alta proporção de machos não castrados (touros) 
para a produção de carne; a Alemanha produz cerca de 70% da sua carne a partir de touros. 
O corte de cauda é utilizado em alguns países, tais como Nova Zelândia e Estados Unidos, 
rotineiramente, com o objetivo de diminuir o contágio de doenças, incluindo leptospirose, e 
melhorar o conforto do ordenhador. As caudas são removidas pela aplicação de um anel de 
elástico para constrição aproximadamente 12 cm abaixo da vulva e, duas semanas depois, 
secionando-se a cauda com aparadores de casco ou instrumentos agudos similares. Isto, 
comprovadamente, produz dor aguda e crônica. Existe pouca evidência de diminuição de 
contágio de doenças pela amputação da cauda e vários estudos fracassaram na tentativa de 
mostrar algum efeito desta amputação na condição de limpeza da vaca. 
Questões principais de bem-estar: gado de corte 
 
Questões de bem-estar em bovinos de corte incluem: 
• Descorna 
• Marcação a quente 
• Colocação de brincos 
• Marcação a frio 
• Mutilações 
• Desmame precoce (lactentes múltiplos) 
• Problemas de parto (fetos muito grandes) 
• Restrição de comportamento normal e desconforto (sistemas totalmente ripados e de criação 
confinada ao ar livre) 
 
A descorna acaba de ser descrita. Marcação a quente envolve a utilização de um ferro quente para se 
queimar uma marca de identificação na pele. É realizada sem anestesia e, de forma similar a você se 
queimar em um fogão ou com um ferro, é muito dolorosa. Brincos podem ser utilizados para 
identificação, apesar de que os mesmos podem ser removidos se o gado for roubado. Marcação a frio 
imprime uma marca permanente através da utilização de um ferro super-resfriado em gelo-seco; 
pensa-se que também seja dolorosa. 
Bezerros de corte podem ser removidos da mãe logo após o nascimento e passar por problemas 
similares àqueles de bezerros de leite: estresse pela separação, doenças intestinais e respiratórias 
surgindo a partir do estresse e da imaturidade do sistema imune. Bezerros mantidos com a mãe, que 
esteja amamentando somente o seu bezerro, geralmente gozam de maior grau de bem-estar. 
Gado de corte pode ser selecionado para taxa de crescimento e para aumento de tamanho dos cortes de 
carne mais valorizados. Isto resultou no desenvolvimento do gene para musculatura dobrada no gado 
Belgian Blue, que por sua vez resultou na incapacidade de parir sem assistência das vacas Belgian Blue 
e algumas de suas cruzas. Estes animais têm problemas severos de bem-estar por causa da distocia, 
incluindo traumatismos ao canal do parto e infecções subseqüentes, paralisia do nervo obturador, 
retenção de placenta e as conseqüências de cesarianas, tais como dor, aumento do risco de infecção e 
complicações pós-operatórias. 
Bovinos que passam o inverno em pisos totalmente ripados, sem cama, são geralmente lotados em alta 
densidade, uma vez que se defende esta prática sob a alegação de ser necessária para que os animais 
forcem os dejetos através das ripas para o tanque de esterco abaixo. O espaço fornecido para um 
novilho de 600 kg pode ser tão pequeno quanto 2,2 m
2
; aqueles deitados tanto sofrem de desconforto 
quanto estão sujeitos a serem pisoteados pelos outros animais. 
A principal preocupação quanto ao bem-estar de bovinos em sistemas confinados ao ar livre é a 
exposição ao clima sem abrigo. 
Bovinos de corte a pasto têm poucos problemas de bem-estar, desde que haja abrigos e que o pasto 
não se torne lamacento em função de superlotação em clima úmido. 
Este animal de corte foi selecionado para aumentar o tamanho dos cortes de carne mais valorizados. 
Vacas gestando estes animais freqüentemente passam por um parto difícil e traumatismo de canal de 
parto ou por uma cesariana. 
 
Questões principais de bem-estar: outras questões importantes 
• Ovinos/caprinos de montanha (negligência devido ao baixo valor) 
– Fome, doenças e parasitas em conseqüência da falta de profilaxia e tratamento 
(claudicação, moscas, pneumonia) 
– Superlotação pelos sistemas de subsídio 
– Mutilações (castração, corte de cauda, “mulesing”, transferência de embrião cirúrgica) 
• Produção de peixes 
– Densidade de lotação, doenças, parasitas 
Cabras e ovelhas de montanha podem ser tratadas com negligência por causa de seu baixo 
valor. Elas são suscetíveis a fome, doenças e parasitas em conseqüência da falta de profilaxia 
e tratamento. Problemas específicos incluem claudicação em conseqüência da podridão de 
cascos, pneumonia por pasteurela e miíase, com postura de ovos de moscas em ferimentos ou 
lã suja de fezes, os quais então se desenvolvem para larvas. Em alguns países os problemas 
são exacerbados pela superlotação das pastagens; ex.: devido a sistemas de subsídio que 
pagam por número de animais no rebanho. 
Mutilações comumente realizadas em ovinos incluem castração para facilitar o manejo e 
melhorar o acabamento de carcaça, amputação de cauda e, em alguns países, “mulesing” para 
reduzir a susceptibilidade a miíase. “Mulesing” é a remoção de uma área de pele na região 
perineal, com a formação de tecido cicatricial; existe evidência que este procedimento, para o 
qual não se utiliza anestesia, é muito aversivo. A transferência de embriões em ovelhas 
atualmente envolve implantação cirúrgica de embriões, com a dor e os riscos associados, e é 
considerada por muitos como causadora de dor e estresse desnecessários. 
Fazendas de peixes trabalham com altas densidades, o que impede comportamento normale 
aumenta o risco de parasitas e outras doenças. Os criadores, especialmente aqueles que 
recebem consumidores em sistema pesque-pague ou na venda varejista, não praticam a 
insensibilização nesses animais. Desta forma, a observação de peixes ainda conscientes 
sendo manipulados para remoção de escamas, barbatanas e de seus órgãos internos é comum 
nesse tipo de criação. 
Um novo procedimento para abater crustáceos é apresentado por Hugh Wirth, presidente da 
Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals: ao invés de jogar lagostas vivas em 
panelas de água fervente para matá-las, método cruel e que envolve grande sofrimento para o 
animal, Wirth sugere que as lagostas sejam adormecidas num refrigerador ou freezer e depois 
mortas - partidas ou perfuradas. Esse método já é seguido há muitos anos por Jill Mure, cuja 
família mantém restaurantes na Tasmânia há quase 30 anos, e ele garante que há tempos 
utiliza a prática de resfriar e adormecer as lagostas no freezer, estando convencido de ser esse 
um modo bem melhor de abate. 
• Criação de perus: 
– Densidade de lotação, pouca luz, agressão 
• Criação de coelhos: 
– Gaiolas industriais, ambientes estéreis, densidade de lotação e altura das 
gaiolas 
• Criação de patos: 
– Sem água para banho, traumas por bicadas e golpes das patas, densidade de 
lotação 
• Gansos e patos para “patê de foie gras”: 
– Alimentação forçada 
Perus geralmente são criados em ambientes intensivos e controlados, em instalações 
iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), e em densidades 
de lotação muito altas, freqüentemente excedendo 60 kg de ave por metro quadrado de espaço 
de piso. Perus são muito mais agressivos a outros aves do mesmo grupo que frangos de corte 
e, desta forma, têm de ser mantidos em níveis muito baixos de luz, usualmente com menos de 
1 lux. Altas densidades de lotação e iluminação escassa impedem a maior parte do 
comportamento normal. 
Coelhos são geralmente criados em gaiolas comerciais similares àquelas de poedeiras e, da 
mesma forma, sofrem com ambientes estéreis, espaço de piso inadequado e gaiolas muito 
baixas, que os impedem de manter uma posição em pé normal. 
Patos são freqüentemente criados em ambientes intensivos e controlados, em instalações 
iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), em densidades 
de lotação muito altas. Além disso, algumas raças sofrem de traumas por bicos e unhas 
pontiagudos. Geralmente não têm acesso à água para se banhar, que é uma necessidade para 
seu comportamento normal. 
Em alguns países, gansos e patos são alimentados de maneira forçada durante as últimas 
semanas de vida, para a obtenção de fígados com acúmulo de muita gordura, para a produção 
final de „patê de foie gras’. Um tubo é inserido em seu trato digestivo através da boca e uma 
mistura de milho, gordura e sal é colocada diretamente no estômago. 
Vários países têm leis que proíbem a produção de foie gras, entre eles Dinamarca, Alemanha, 
Luxemburgo, Noruega e Polônia. Em 2003 entrou em vigor, no quarto produtor mundial de foie 
gras, Israel, legislação proibindo a atividade. As ações do médico veterinário naqueles países 
onde esse tipo de produção ainda não é proibida devem envolver esclarecimentos sobre a 
atividade para legisladores, conscientização do público consumidor e uma explicação dos 
procedimentos utilizados aos produtores com intenção de adotar o sistema. No Brasil, o 
Decreto Federal nº 24.645/34 considera maus-tratos, e proíbe em seu artigo 3º inciso XXV, 
“engordar aves mecanicamente”. 
Bem-estar de animais de produção: patos 
Patos são freqüentemente criados em ambientes intensivos e controlados, em instalações 
iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), em densidades 
de lotação muito altas. Além disso, algumas raças sofrem de traumas por bicos e unhas 
pontiagudos. Geralmente não têm acesso à água para se banhar, que é uma necessidade para 
seu comportamento normal. 
Bem-estar de animais de produção: gansos 
Em alguns países, gansos e patos são alimentados de maneira forçada durante as últimas 
semanas de vida, para a obtenção de fígados com acúmulo de muita gordura, para a produção 
final de „patê de foie gras‟. Um tubo é inserido em seu trato digestivo através da boca e uma 
mistura de milho, gordura e sal é colocada diretamente no estômago. 
Vários países têm leis que proíbem a produção de foie gras, entre eles Dinamarca, Alemanha, 
Luxemburgo, Noruega e Polônia. Em 2003 entrou em vigor, no quarto produtor mundial de foie 
gras, Israel, legislação proibindo a atividade. As ações do médico veterinário naqueles países 
onde esse tipo de produção ainda não é proibida devem envolver esclarecimentos sobre a 
atividade para legisladores, conscientização do público consumidor e uma explicação dos 
procedimentos utilizados aos produtores com intenção de adotar o sistema. No Brasil, o 
Decreto Federal nº 24.645/34 considera maus-tratos, e proíbe em seu artigo 3º inciso XXV, 
“engordar aves mecanicamente”. 
Resumo: questões de bem-estar 
Avaliação do bem-estar de animais de produção – o que verificar: 
 Mutilações de rotina 
 Ferimentos do sistema/de agressões 
 Condição inadequada dos animais 
 Estereotipias 
 Locomoção prejudicada 
 Uso de antibióticos de rotina 
 Instalações escuras 
Em resumo, um sistema de criação deve ser delineado para se adequar às necessidades de 
manutenção de saúde e bem-estar dos animais mantidos. Sete indicações-chave de que talvez 
esta não seja a situação são listadas abaixo. 
O bem-estar de animais em qualquer sistema de criação é provavelmente baixo se mutilações 
de rotina são realizadas ou se existem ferimentos causados pelo sistema, como feridas de 
amarras ou de agressão. 
Se os animais têm baixo escore de condição corporal, geralmente visto em vacas de leite de 
alta produção alimentadas inadequadamente, ou apresentam estereotipias, tais como morder 
barras da gaiola em porcas, isto pode ser tomado como evidência conclusiva que os animais 
estão num estado de bem-estar pobre. 
Um número de animais com locomoção prejudicada em uma fazenda, geralmente visto em 
granjas de frango de corte, é uma indicação clara de um sistema de bem-estar pobre. 
Qualquer sistema que requeira uso rotineiro de antibióticos para a manutenção de animais 
saudáveis, como em muitas granjas de suinocultura intensiva, provavelmente está escondendo 
comprometimentos do bem-estar. 
E, finalmente, das nossas sete pistas, qualquer sistema que requeira a manutenção dos 
animais com iluminação muito baixa não é adequado aos animais que abriga. 
Quando você entrar em qualquer fazenda, busque informações sobre mutilações de rotina, 
ferimentos do sistema ou por agressão, animais com baixo escore de condição corporal, 
estereotipia, locomoção comprometida, uso de antibióticos de rotina e instalações escuras. 
Dirão a você que são “inevitáveis” ou que, se os antibióticos e as mutilações não forem 
empregados rotineiramente, o resultado será um comprometimento maior do bem-estar dos 
animais. Isto pode ser o caso para aquele sistema de criação específico – mas é o sistema que 
não é adequado aos animais e é o sistema de criação que deve ser mudado. Em outras 
palavras, aquele sistema de criação específico tem baixo potencial de bem-estar. 
Resumo: melhoria do bem-estar 
Para melhorar o bem-estar animal a campo: 
Avalie o bem-estar em termos das Cinco Liberdades – quais são os problemas? 
Para cada problema – por que ocorre? 
É um problema inerente ou evitável? 
Que atitude pode ser tomada para evitá-lo? 
Em resumo: Se você for solicitado para avaliar o bem-estar em uma fazenda, utilize asCinco Liberdades, 
modificadas para se adequar ao sistema de produção que você está avaliando. Cada Liberdade pode ser 
avaliada através de exame dos animais, avaliação das instalações e dos equipamentos, dos dados da 
fazenda e sistemas de manejo, ou através da observação ou entrevista do tratador. Para cada problema 
de bem-estar você tem de decidir a causa. Será decorrente de pressões para produção, negligência, 
conhecimento ou treinamento insuficientes do tratador, inadequação genética dos animais para o 
sistema ou falta de recursos? 
A seguir, você deve decidir se o problema é inerente ao sistema ou evitável. Mesmo problemas inerentes 
podem ser melhorados através da provisão de enriquecimento ambiental, mais espaço ou 
reagrupamento dos animais. Agora você está em posição de decidir o que pode fazer para melhorar o 
bem-estar dos animais na fazenda em questão. 
 
Melhoria do bem-estar 
Assessoria 
Melhore o sistema de criação 
Mude o sistema de criação 
Legislação 
Requerimentos mínimos para cada sistema 
Proibição de certos sistemas 
Mercado 
Consumidores podem buscar produtos de mais altos padrões de bem-estar 
 
Como no Módulo 19, médicos veterinários têm um papel claro na assessoria de clientes sobre o impacto 
de seu sistema de criação no bem-estar dos animais. Essa assessoria pode ser no sentido de melhorar o 
sistema atual ou de mudar o sistema de forma mais radical. Para animais de produção, essa assessoria 
tem de considerar o contexto econômico. Entretanto, em muitas situações, as melhorias de bem-estar 
(ex.: redução nos níveis de doenças) também irão, na verdade, produzir melhorias na lucratividade. 
A legislação (desde que acompanhada de aplicação e fiscalização) pode trazer melhorias reais de 
bem-estar através da proibição de sistemas com baixo potencial de bem-estar e da criação de requisitos 
mínimos para cada sistema de produção. 
O mercado é outra influência significativa. Alguns consumidores buscam produtos de padrão de 
bem-estar mais alto. Varejistas em muitos países também estão aumentando as demandas de melhoria 
nos padrões de bem-estar que fazem para seus fornecedores. A motivação principal neste caso é evitar 
publicidade negativa em relação ao bem-estar animal. 
 
Bibliografia 
WEBSTER, J., 1995: Animal Welfare: A Cool Eye towards Eden. Oxford, Blackwell Science 
ISBN 0632039280 
FRASER, A. F. & BROOM, D. M. 1996: Farm Animal Behaviour and Welfare. 3rd Ed. CABI 
Publishing, ISBN 0851991602 
Farm Animal Welfare Council (FAWC) reports on website www.fawc.org.uk 
Compassion in World Farming website at www.ciwf.co.uk

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