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Avaliação e questões de bem estar de animais de produção

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Avaliação e questões de bem-estar de animais de produção 
Módulo 19 
 
Objetivos de aprendizagem 
• Identificar causas primárias de bem-estar pobre em animais de produção 
• Diferenciar problemas de bem-estar inerentes daqueles evitáveis 
• Descrever uma estrutura para a avaliação do bem-estar de animais de 
produção na fazenda, baseada nas Cinco Liberdades 
• Demonstrar como esta estrutura pode ser utilizada para a avaliação do bem-
estar de porcas em três sistemas de criação diferentes 
Sumário do conteúdo 
• Causas de bem-estar pobre – sistemas intensivos versus extensivos 
• Como avaliar bem-estar na fazenda: as Cinco Liberdades – o que observar? 
• Problemas de bem-estar evitáveis e inerentes 
• Um exempo: bem-estar de porcas em três sistemas de criação diferentes 
• Resumo 
• Bibliografia 
Bem-estar de animais de produção: 
Por que é importante? 
• Grande número de animais envolvidos 
• Completamente sobre o domínio humano 
• Considerados apenas como mercadorias 
Em termos numéricos, animais de produção constituem um dos maiores usos, se não o 
maior, de animais pelo homem. Uma pessoa comum no mundo desenvolvido comerá, em 
seu tempo de vida, aproximadamente 550 aves, 36 porcos, 36 ovelhas e 8 bois, mais 10.000 
ovos e o equivalente a 18 toneladas de leite, como fluido e derivados. 
Como vimos em módulos anteriores, existe um enorme volume de trabalhos científicos que 
mostram claramente que animais são capazes de sentir emoções, desta forma capazes de 
sofrer, e que eles sentem dor de forma similar ao homem. Existe também evidência 
convincente e abundante de que eles têm sentimentos, tais como fome, sede, tédio e medo, 
e que possuem processos cognitivos, ou seja, que são capazes de aprendizado e 
entendimento. Eles também estão inteiramente sob nosso controle e são reproduzidos 
especificamente para produzir carne, leite ou ovos. Desta forma, temos uma 
responsabilidade moral de considerar os seus interesses e buscar minimizar seu sofrimento, 
fome, sede, ferimentos, dor, medo e tédio; temos uma responsabilidade de proteger seu 
bem-estar. 
 
Bem-estar de animais de produção: 
Causas de bem-estar pobre 
Sistemas extensivos 
versus 
intensivos 
Existe uma opinião generalizada de que sistemas de produção extensivos são bons, pois 
permitem liberdade de escolha e movimentos, e que sistemas intensivos são ruins porque a 
liberdade de escolha e movimentos está restringida. Entretanto, não é tão simples assim, 
pois a analogia é muito “preta e branca”. 
 
Sistemas extensivos versus intensivos 
“Do ponto de vista dos animais, não importa o que pensamos ou sentimos, mas o 
que fazemos” 
 
Webster 1993 
Como vimos nos módulos anteriores, o bem-estar de um animal é inteiramente 
independente da nossa percepção de seu bem-estar e inteiramente dependente da percepção 
do animal. Como o professor Webster, da Universidade de Bristol, Reino Unido, escreveu: 
“Do ponto de vista dos animais, não importa o que pensamos ou sentimos, mas o que 
fazemos.” Se você está em dúvida sobre o estado de bem-estar de um animal, sempre 
imagine como a situação parece ao animal. 
 
Extensivo versus intensivo – a curva de McInerney 
 
Na realidade, ao assumirmos a responsabilidade por um animal, podemos melhorar seu 
bem-estar através da garantia de provisões de água e alimentos, proteção de predadores, 
vacinação para proteção de doenças endêmicas etc. 
O professor McInerney, da Universidade de Exeter, Reino Unido, publicou um trabalho 
descrevendo a relação entre intensidade dos sistemas produtivos e bem-estar dos animais; o 
gráfico resultante encontra-se reproduzido esquematicamente na projeção. Ele mostra que o 
bem-estar não é sempre bom em um sistema extensivo nem sempre ruim em um sistema 
intensivo, mas segue uma reação curvilínea, a curva de McInerney. 
Desta forma, um rebanho ovino na montanha, que talvez não seja alimentado, vacinado ou 
tratado quando doente (pelo seu baixo valor de mercado), nem protegido de predadores, 
tem mais liberdade que uma vaca ao pasto com um único bezerro, mas pode ter um nível 
mais baixo de bem-estar. A vaca é alimentada, vacinada, tratada quando doente e protegida 
de predadores, o que supera muito a restrição suave à sua liberdade de escolha e 
movimentos imposta pelas cercas de pasto; paradoxalmente, seu bem-estar foi aumentado 
pela intensificação. 
Extensivo versus intensivo –
a curva de McInerney
Intensificação
Bem-estar
Ovinos nas
montanhas
Poedeiras
em gaiolas
Vaca ao
pasto com 
um bezerro
Os problemas surgem quando a intensificação é ampliada para se aumentar a produção. As 
poedeiras em gaiolas industriais são alimentadas, vacinadas e protegidas de predadores, 
porém, não são tratadas quando doentes por causa de seu baixo valor de mercado e sua 
liberdade de escolha e movimentos é restrita de forma muito severa; a área de piso total 
para sua manutenção pode ser tão pequena quanto 320 cm2 por ave, dois terços o tamanho 
de uma folha de papel A4, e a ave pode não ser capaz de se levantar por completo e de 
realizar comportamentos normais, tais como andar, ciscar, bater as asas, aninhar-se ou 
tomar banho de areia. Para galinhas poedeiras, a restrição da liberdade de escolha e 
movimentos, o “comprometimento do bem-estar”, supera muito a proteção recebida por ser 
um animal de produção. 
 
Extensivo versus intensivo – como avaliar o bem-estar? 
 
Então, se não se trata de uma simples comparação sistema extensivo versus intensivo, como 
avaliar o bem-estar para estas poedeiras, por exemplo? 
 
Extensivo versus intensivo – como avaliar o bem-estar? 
 
Extensivo versus intensivo –
como avaliar o bem-estar?
As Cinco Liberdades: poedeiras industriais
Boa na granja; muito pobre durante a saída –
fraturas ósseas
Medo e estresse
Muito pobre – incapacidade de se mover, bater as 
asas, se aninhar, ciscar ou tomar banho de areia
Para expressar
comportamento
normal
Adequada na granja, muito pobre durante saída –
fraturas ósseas
Dor, lesões e 
doenças
Muito pobre – pisos de arame, baixa qualidade do arDesconforto
Adequada – porém possibilidade de fome
metabólica devida à seleção genética para alta
produção
Fome e sede
AvaliaçãoLiberdade
Extensivo versus intensivo –
como avaliar o bem-estar?
Gaiolas industriais
Nos módulos anteriores, discutimos como o bem-estar pode ser avaliado através da 
utilização de medidas científicas, tais como medidas patológicas, comportamentais, 
fisiológicas e bioquímicas. Como médico veterinário, muitas dessas medidas podem não 
estar disponíveis para você avaliar o bem-estar a campo, apesar de que você pode ter dados 
de mortalidade e pode realizar estudos post-mortem em animais perdidos. Um método que 
ajuda na inclusão de todos os aspectos de bem-estar na sua avaliação é a utilização das 
Cinco Liberdades, descritas em módulos anteriores. Você pode utilizar um sistema de cinco 
pontos – muito pobre, pobre, adequada, boa, muito boa – para avaliar em que grau o 
sistema que você está avaliando supre os requerimentos de cada uma das Cinco Liberdades. 
Você deve dar os motivos para cada uma das suas avaliações. 
Atualmente, não existe evidência científica sobre a importância relativa de cada Liberdade, 
embora exista um grande volume de atividade científica direcionada ao estabelecimento 
desta relação para muitas espécies de animais de produção, e essas comparações talvez em 
breve sejam possíveis. Nesta projeção, uma avaliação do bem-estar de poedeiras industriais 
é realizada como exemplo. 
 
Como avaliar o bem-estar? 
Cinco Liberdades: o que observar? 
 
As Cinco Liberdades são boas para se realizar uma avaliação geral de um sistema de 
criação; comovocê pode utilizá-las numa visita profissional para a avaliação do bem-estar 
em uma fazenda? 
A resposta reside em avaliar aspectos da fazenda que reflitam o bem-estar de um animal ou 
assegurem que o bem-estar é adequado, para cada uma das Cinco Liberdades. Estes 
aspectos podem ser: medidas feitas nos animais, tais como lesões de pele ou patas; 
avaliações de manejo e anotações, tais como a qualidade do programa veterinário; medidas 
dos recursos humanos, tais como a habilidade do tratador de observar problemas nas patas; 
ou uma medida dos equipamentos, tal como o número de aves por bebedouro. 
Para cada uma das Liberdades, você necessita tomar várias das medidas citadas. Quanto 
maior o número de medidas consideradas, mais precisa será a sua avaliação do bem-estar. 
Estudaremos agora quais medidas podemos tomar para nos auxiliar na avaliação da 
adequação de uma fazenda a cada uma das Cinco Liberdades. 
 
Livre de fome e sede 
Os aspectos que você deve avaliar dentro do conceito das Cinco Liberdades variam de 
acordo com o sistema de criação. Por exemplo, você precisa considerar as necessidades 
metabólicas de um animal para avaliar a adequação da dieta e do programa de alimentação; 
uma vaca holandesa aos três meses pós-parto necessita de uma dieta completamente 
diferente daquela de uma vaca seca. O alimento pode parecer nutricionalmente adequado, 
mas é adequado às necessidades do trato digestivo do animal e é palatável? Uma dieta 
concentrada de cereais e uréia é adequada para uma vaca de leite e a silagem de gramíneas 
é palatável? O escore de condição corporal, ou seja, a avaliação da cobertura de gordura 
dorsal, é uma boa forma de se avaliar a adequação da dieta. É relativamente fácil de 
desenvolver-se um sistema de pontuação, por exemplo, de 1, muito magra, a 5, muito 
gorda. 
 
Livre de desconforto 
Livre de desconforto inclui conforto físico e térmico, assim como um fluxo de ar adequado 
(mas livre de correntes) e boa qualidade do ar em termos de poeira e gases nocivos, tais 
como amônia. Se você não dispõe de equipamentos para medir poeira e amônia, use seu 
olfato – se é aversivo para você, é provável que também o seja ao animal. Dê atenção 
especial ao piso: textura, qualidades térmicas, limpeza, probabilidade de escorregões e se é 
convidativo a se deitar. A área é suficientemente iluminada e o programa de iluminação 
(para replicar as variações diurnas) é utilizado para comodidade dos animais? As 
instalações são frias ou quentes, os animais estão ofegantes ou amontoados ou se deitando 
nas áreas de escoamento de fezes/urina? 
A iluminação pode afetar o bem-estar de várias formas. Uma quantidade de luz aumentada 
permite boa inspeção dos animais, encoraja comportamento social, promove padrões 
diurnos “normais”, tais como o ato da galinha de se empoleirar; uma quantidade de luz 
diminuída pode reduzir interações agressivas. Como contexto, os níveis típicos de 
iluminação em granjas de frangos de corte são de 3 a 10 lux. Os níveis de luz são medidos 
utilizando-se um luxímetro. Níveis típicos obrigatórios para a inspeção de carne são de 
1.200 lux; a 50 lux uma pessoa normal torna-se capaz de discernir as letras em um jornal 
comum. 
Em muitas criações intensivas, a intensidade e a duração da luz são ajustadas para o 
aumento da produção (por exemplo, para causar muda forçada) – isto é prejudicial ao bem-
estar das galinhas. 
 
Livre de dor e doenças 
Os animais podem estar todos saudáveis durante o seu exame, mas existe um programa 
veterinário assegurando que os mesmos estejam protegidos de doenças, tais como 
parasitas? As medidas de biossegurança são apropriadas e adequadas – existe infra-
estrutura disponível para a prevenção da entrada de doenças na propriedade, tais como 
pedilúvio e roupas protetoras específicas da propriedade? Existe a infra-estrutura adequada 
para o tratamento? Existem meios de se realizar eutanásia imediata e humanitária no caso 
de ferimento severo? Que mutilações são realizadas, são elas necessárias, as pessoas que as 
realizam estão adequadamente treinadas e todo o equipamento é mantido limpo ou 
esterilizado? As agulhas são utilizadas apenas uma vez e descartadas de forma adequada? 
(Muitos produtores tendem a reutilizar agulhas e a utilizar medicamentos com prazo 
expirado, sem perceber o dano causado ao animal e a probabilidade de desqualificação da 
carcaça devida a abscessos e doenças.) Os animais são geneticamente adequados ao sistema 
de criação? Alguns podem ser mais bem adaptados a sistemas mais extensivos. 
 
Livre para expressar comportamento normal 
Comportamentos extremamente anormais, tais como estereotipias, são imediatamente 
óbvios, porém raramente você terá tempo suficiente para observar o comportamento por um 
período longo. Lutas, devidas à competição por recursos ou às altas densidades de lotação, 
e lesões de pele, devidas ao comportamento agressivo, podem ser óbvias. Você também 
pode observar a probabilidade de que a maior parte do comportamento normal seja possível 
através do exame dos níveis de enriquecimento ambiental – palha para suínos, fardos para 
frangos de corte e densidade de lotação ou espaço disponível. Uma poedeira em gaiola com 
320 cm2 de espaço de piso por 45 cm de altura não será capaz de realizar nenhum aspecto 
do seu repertório comportamental. 
 
Livre de medo e estresse 
Os graus de liberdade de medo e estresse que um animal possa ter dependerão de como ele 
é manejado pelo tratador, quão bem protegido de predadores e equipamentos barulhentos 
ele se encontra e se ele pode fugir da agressão de animais no mesmo grupo. 
 
Bem-estar de animais de produção: 
Causas de bem-estar pobre 
É importante ser capaz de distinguir entre bem-estar pobre inerente ao tipo de sistema de 
criação que você está avaliando e, desta forma, difícil ou impossível de corrigir 
imediatamente, e problemas de bem-estar causados por manejo inadequado ou recursos 
insuficientes, os quais podem surgir em qualquer sistema e podem ser corrigidos mais 
facilmente. É importante que você concentre sua energia em problemas de bem-estar que 
você, com a ajuda do produtor, possa ser capaz de resolver. Os médicos veterinários 
também têm um papel na recomendação de reforma/substituição de sistemas mais velhos e 
podem recomendar sistemas que tenham maior potencial de bem-estar, isto é, sistemas que 
não tenham características que, de forma inerente, diminuam o bem-estar. Discutiremos o 
conceito de “potencial de bem-estar” dos diferentes sistemas de criação de maneira mais 
completa a seguir. 
 
Ao se tentar resolver um problema de bem-estar, é útil identificar a causa básica. As causas 
básicas de muitos problemas de bem-estar incluem: negligência, onde cuidados 
insuficientes são dados aos animais; pressão para produção, onde as pessoas tentam 
aumentar a produtividade de um sistema através do aumento do número de animais 
mantidos em um dado momento ou através de um crescimento mais rápido; ou inadequação 
genética, onde animais reproduzidos para um sistema de criação são mantidos em outro. 
 
Causas de bem-estar pobre: Negligência 
• Falta de recursos 
• Treinamento/conhecimento insuficientes 
• Viés de subsídios 
• Baixa razão tratador/animal 
A negligência pode ser fruto de recursos insuficientes. Existem outras formas de se ter 
acesso aos recursos necessários? Se um produtor não pode contratar atenção veterinária, 
existe uma clínica mantida pelo governo nas redondezas? Se a construção de um abrigo 
com o propósito específico não pode ser paga, existe abrigo natural disponível? Como 
médico veterinário, você está numa posição excelente para atuar caso determine que o 
problema de bem-estar se deva a conhecimentosinsuficientes. É seu trabalho informar ao 
fazendeiro quais animais sentem dor, fome, estresse calórico e frustrações, da mesma forma 
que os humanos. Você também pode (e deve) explicar como ele pode aliviar estes 
problemas; um exemplo seria a recomendação do uso de cabresto para um burro em vez de 
amarrá-lo pela pata (que pode causar lesões). Às vezes o problema deve-se a um viés 
inapropriado de subsídios. Na Comunidade Européia (CE), por exemplo, ovinocultores vêm 
sendo subsidiados com base no número de animais por muitos anos, independentemente da 
produção, isto é um subsídio por cabeça, baseado no tamanho do rebanho. Naturalmente os 
fazendeiros recebem mais subsídios aumentando a lotação de suas terras para a maior 
quantidade possível de animais e, para melhorar a lucratividade, podem reduzir 
vacinações, alimentos, desverminação e o número de tratadores por cabeça. 
Inevitavelmente, isto resulta em severos problemas de bem-estar. A tempo, o sistema de 
subsídio na CE está prestes a mudar, de forma que o subsídio fique independente do 
número de animais. 
Um exemplo brasileiro seria o projeto Hungria, que propicia aos produtores de leite a 
aquisição de sêmen holandês no Ministério da Agricultura por R$ 3,00 a R$ 10,00 (valor no 
mercado comum em torno de R$ 90,00), com a facilidade de pagamento em até 5 vezes. O 
Brasil, pelo acordo, tem o compromisso de importar 226 mil doses de sêmen da Hungria. 
Aqui a distorção que compromete o bem-estar dos animais é o estímulo da utilização de 
animais altamente selecionados para produção de leite, que talvez não consigam se adaptar 
à realidade das propriedades onde serão criados, cujos responsáveis nem sempre recebem o 
devido treinamento ou têm as condições financeiras e de infra-estrutura adequadas para 
fornecer aos animais o suprimento de suas altas necessidades alimentares e exigências 
ambientais. O incentivo à utilização de genética importada como medida isolada leva ao 
grau extremo de desrespeito às Cinco Liberdades (de fome e sede, de desconforto, de dor, 
lesões e doenças) que se observa em alguns rebanhos de gado holandês no Brasil. 
Existe pouco que um médico veterinário individual possa fazer a campo para afetar 
diretamente esta situação, exceto apontar ao produtor suas responsabilidades para com o 
bem-estar de seus animais. Entretanto, você está na posição de reconhecer o problema e 
trazê-lo à tona para as autoridades competentes (estas podem ser as organizações de 
proteção animal, a polícia local ou funcionários de ministério). Isto, entretanto, somente 
ataca os sintomas. Para atacar as causas, aqueles responsáveis por alterações na política de 
subsídios têm de ser informados das conseqüências não-intencionais de suas políticas. 
 
Causas de bem-estar pobre: Pressão para produção 
Os problemas principais de bem-estar na produção intensiva ou 
“agroindústria/agronegócio” devem-se às pressões para produção. A pecuária intensiva é 
movida pela eficiência e aqueles que administram essas indústrias podem esquecer que 
estão lidando com seres capazes de sentir emoções em vez de mercadorias. Para aumentar 
lucros é necessário diminuir custos. Por exemplo, nos países onde a mão-de-obra é cara, 
inevitavelmente opta-se por reduzir o número de funcionários. Quando levado ao extremo, 
isto pode ser literalmente um desastre para o bem-estar animal. Nos EUA existem granjas 
de suínos com uma taxa de 1.000 porcas para um único funcionário – ele não tem 
oportunidade nem de ver todos os seus animais em um dia, muito menos de tratar deles, 
sendo que as considerações a respeito do bem-estar de cada porca serão impedidas por 
pressão do tempo de trabalho. 
As margens de lucro por área de manutenção dos animais e o retorno do investimento de 
capital feito em instalações e infra-estrutura podem ser aumentados com a manutenção de 
um maior número de animais por metro quadrado. Perus, nos EUA, podem ser alojados em 
até 70 kg de aves por metro quadrado de piso. 
 
 
 
Os animais podem ser selecionados para o aumento de produção em detrimento do seu 
bem-estar. A foto mostra uma vaca holandesa em uma propriedade do Noroeste dos EUA. 
Apesar do parto recente levar a certo grau de edema de úbere, agravando de forma 
temporária o aumento do volume das glândulas mamárias, salta aos olhos a 
desproporcionalidade entre o tamanho do úbere e o corpo do animal. Pode-se questionar, de 
imediato, o grau de diminuição do seu conforto, devido ao úbere exageradamente grande, 
durante atividades de rotina como, por exemplo, deitar-se para ruminar. Note também que a 
fazenda adota o corte de cauda como procedimento de rotina. O maior problema para a 
vaca leiteira em países desenvolvidos é a exaustão metabólica e fome crônica, devidas a 
produções de leite de mais de 9.000 kg por lactação. Talvez seja possível alimentar 
adequadamente esses animais ou assegurar seu bem-estar em algumas poucas fazendas 
muito especializadas e com excelentes recursos, porém, na maioria das fazendas, isto não é 
possível. Como médico veterinário, você tem a responsabilidade de chamar a atenção dos 
fazendeiros para os controles legais para o bem-estar animal em todos os países – esses 
controles não têm exceções por causa de imperativos econômicos. 
 
Causas de bem-estar pobre: Inadequação genética 
Como exemplo de inadequação genética, considere uma porca selecionada para alta 
produção mantida confinada (espaço suficiente apenas para se levantar e se deitar) e 
parindo em gaiolas parideiras. Se ela for transferida a um sistema de criação ao ar livre, ela 
provavelmente esmagará seus leitões e, tendo pouca pelagem, estará sujeita a queimaduras 
solares e a estresse por frio. Ela é geneticamente inadequada ao sistema. 
De forma similar, uma vaca de leite é geneticamente programada para produzir leite, 
independentemente da dieta. Se ela é transferida a um sistema a pasto com alimentação 
concentrada inadequada ou inexistente, ela continuará a produzir leite, porém se tornará 
muito magra e com fome crônica. Ela é geneticamente inadequada a este regime 
nutricional. 
 
O potencial de bem-estar dos sistemas de criação 1 
• Sistemas de manutenção 
• Tipo de seleção genética 
• Regime alimentar 
• Práticas de criação que envolvam dor 
Uma outra forma de se pensar sobre o bem-estar de animais de produção é em termos do 
potencial de bem-estar dos diferentes sistemas de produção. As maiores preocupações com 
o bem-estar surgem a partir de métodos de produção animal com baixo potencial de bem-
estar. Estes são sistemas que deixam de suprir as necessidades fisiológicas e 
comportamentais dos animais criados, tais como a criação industrial de poedeiras, desta 
forma causando sofrimento. 
Então, o que significa o potencial de bem-estar de um sistema de produção? De início, é 
importante reconhecer que altos níveis de recursos humanos e manejo são pré-requisitos 
para qualquer operação de produção animal de sucesso. Entretanto, o potencial para se 
atingir altos padrões de bem-estar está inevitavelmente ligado a e limitado pelo sistema de 
criação utilizado. Existe um número de fatores que afetam o potencial de bem-estar de 
qualquer método de produção animal. Estes incluem: 
• Sistemas de manutenção – sistemas de confinamento acentuado, tais como 
as gaiolas industriais para poedeiras, ou sistemas que restrinjam a expressão 
comportamental, que têm baixo potencial de bem-estar. Sistemas ao ar livre 
ou em instalações com animais soltos, onde os animais são mantidos em 
ambientes mais enriquecidos, têm mais alto potencial de bem-estar 
• Reprodução – animais que foram reproduzidos seletivamente para 
características produtivas à custa de critérios de bem-estar terão mais baixograu de bem-estar 
• Regimes alimentares – quando os animais recebem uma dieta que assegura 
alta produção, mas talvez não conduza à manutenção de saúde e vitalidade 
normais, existe baixo potencial de bem-estar 
• Práticas de criação – tais como mutilações (castração, corte de cauda, 
debicagem etc.), que provavelmente causem dor ou estresse resultarão em 
bem-estar diminuído. Estas práticas geralmente são realizadas para lidar com 
os sinais de sistemas de criação pobres 
 
O potencial de bem-estar dos sistemas de criação 
Um exemplo clássico de potencial de bem-estar pode ser encontrado na área de produção 
de ovos. Em gaiolas industriais, o ambiente lotado e estéril é tão restritivo que as 
necessidades comportamentais e fisiológicas das aves são frustradas. Como resultado as 
aves sofrem. 
A natureza restritiva das gaiolas comerciais é uma parte inerente do sistema. As gaiolas 
comerciais são, desta forma, um sistema de baixo potencial de bem-estar. Não importa 
quantos funcionários e cuidados você dispense às aves nesse sistema, o seu bem-estar 
permanecerá pobre e o sofrimento inevitável. 
 
Um sistema ao ar livre, no entanto – com seu espaço e ambiente enriquecido – tem um alto 
potencial de bem-estar. Obviamente, se os níveis de recursos humanos forem pobres ou os 
tratadores negligentes, as aves sofrerão. Porém, altos padrões de funcionários deve ser uma 
obrigação, não uma opção, em qualquer sistema de produção animal. Similarmente, uma 
unidade mal desenhada também pode ter um efeito negativo sobre o bem-estar dos animais. 
Entretanto, como os problemas não são uma parte inerente do sistema, eles podem ser 
ajustados ou melhorados. O ponto é que os problemas nestes sistemas ao ar livre podem ser 
resolvidos através de melhorias de desenho ou manejo, permitindo que o potencial de bem-
estar do sistema seja atingido de forma integral. 
Exemplos de sistemas de criação animal com baixo potencial de bem-estar incluem: 
• Animais em sistemas de confinamento acentuado – gaiolas industriais para 
poedeiras, porcas em gaiolas de manutenção e gaiolas parideiras, gaiolas de 
vitela para bezerros 
• Métodos de produção animal em massa, onde animais são mantidos em 
ambientes estéreis e superlotados – criação de frangos de corte e perus, por 
exemplo, assim como engorda intensiva de suínos, produção de salmão em 
tanques, produção intensiva de gado bovino em confinamento fechado (tais 
como os sistemas “bovinos de cevada” (“barley beef”) e os pátios de 
engorda bovina ao ar livre estilo americano) etc. 
• Métodos fisiologicamente intensivos – tais como frangos de corte de 
crescimento rápido, vacas leiteiras de alta produção etc. 
Sistemas e práticas de produção animal com baixo potencial de bem-estar, que causem dor 
ou sofrimento aos animais, são eticamente inaceitáveis. Em termos gerais, existe um 
espectro de potencial de bem-estar. Este vai de sistemas altamente intensivos no extremo de 
baixo bem-estar (sistemas de confinamento fechado como as gaiolas industriais para 
poedeiras), passando pelos sistemas fechados menos intensivos (ex.: produção de ovos em 
galinheiros com aves soltas no interior), até os sistemas extensivos ao ar livre, tais como 
animais soltos, no extremo alto do espectro. 
 
Bem-estar de animais de produção – porcas 
Até aqui neste módulo, estudamos as principais causas de bem-estar pobre em animais de 
produção e como avaliar o bem-estar. Agora, vamos estudar um exemplo para ilustrar estes 
princípios. Aplicaremos nosso sistema de avaliação para verificar o bem-estar de porcas em 
diferentes sistemas de criação. Mas, antes que possamos entender os problemas principais 
de bem-estar, assim como as vantagens de cada sistema, precisamos entender os principais 
sistemas de criação utilizados para porcas. 
 
Sistemas de criação de porcas 
Existem três sistemas principais de manutenção de porcas quando elas estão gestantes e 
sem leitegada: instalações fechadas com animais soltos, baias ou amarras e ao ar livre. 
Estudando o primeiro deles, as porcas soltas em instalações cobertas são mantidas em 
grupos, em construções com ambientes controlados. A especificação exata de um sistema 
com instalações fechadas e animais soltos varia. O tamanho dos grupos varia de 4 a mais de 
100 e os pisos podem ser total ou parcialmente ripados, de concreto sólido ou com uma 
camada fina ou espessa de cama de palha. A alimentação é geralmente restrita, uma vez que 
as porcas se tornam facilmente obesas graças à seleção genética para crescimento rápido. 
Um alimentador eletrônico para suínos (ESF) despeja no cocho quantidades de alimento 
calculadas por computador quando acionadas por um sensor acoplado a um colar; suínos 
alimentados via sistema ESF podem ser mantidos em grupos grandes, para compensar o 
custo de investimento nestes alimentadores. Em outras instalações de alojamento em grupo, 
a alimentação pode ser atirada ao chão para encorajar o comportamento de fuçar; neste caso 
é fornecido ao grupo todo uma quantidade total de alimentos apropriada ao estágio de 
gestação e, desta forma, os grupos tendem a ser menores. Entretanto, existe certo risco 
nestes sistemas de que porcas menos dominantes não recebam alimentação suficiente. A 
alimentação em baias individuais previne este problema, através do confinamento 
individual durante a alimentação, de forma que cada porca possa receber individualmente 
suas necessidades diárias totais. 
Ainda existem sistemas de alimentação para porcas “ad libitum”, geralmente uma “sopa” 
de leite e restos de indústrias de alimentos, fornecida através de encanamento, sendo que o 
alimento não é restrito; nestes sistemas, as porcas podem não ser alimentadas um dia na 
semana, para prevenir que fiquem obesas. As porcas sentirão fome neste dia. 
 
 
Este é um confinamento fechado com animais soltos e cama abundante, mostrado aqui com 
leitões. À primeira vista, parece que o bem-estar é muito bom para estas fêmeas. Como 
médico veterinário, você será capaz de analisar a situação com mais detalhes. Como já 
mencionamos, a primeira coisa a fazer é usar as Cinco Liberdades como referência. 
 
Dado o contexto das porcas da foto anterior, podemos construir a tabela acima. Claramente, 
devemos observar de perto, mais que simplesmente ver uma foto, para avaliarmos o bem-
estar. Isto enfatiza a necessidade de se diferenciar entre problemas de bem-estar evitáveis e 
inerentes, como discutidos anteriormente. O sistema com cama espessa de palha não 
apresenta problemas inerentes, porém não saberemos sobre os problemas evitáveis até que 
uma análise mais elaborada seja conduzida. 
 
Como avaliar o bem-estar?
As Cinco Liberdades: porcas em feno abundante
Podem estar sujeitas à agressão de outros animais do 
mesmo grupo
Medo e estresse
Muito bom – podem preferir cama de madeira em
decomposição ou casca de árvore
Para expressar
comportamento
normal
Exame clínico – feridas na pele ou articulações
inchadas? Dados veterinários – desverminação, 
vacinação, tratamento quando doente?
Dor, lesões e 
doenças
Conforto físico muito bom, conforto térmico muito bom –
controlado pela porca; qualidade do ar – existe poeira?
Desconforto
Avaliar o escore de condição corporal e inspecionar a 
qualidade e quantidade de alimentos
Fome e sede
AvaliaçãoLivre de
 
Este é um sistema de baias. Em um sistema de amarras, as porcas são presas por uma 
corrente ao redor do pescoço. O piso pode ser total ou parcialmente ripado ou de concreto 
sólido, com um canal de esgoto na parte posterior das baias. Em ambos os sistemas, as 
porcas são mantidas sem possibilidade de fuçar, se exercitar ou se virar durante toda a 
gestação. 
Como antes, precisamos ver de perto,mais que somente observar uma foto, para avaliar o 
bem-estar. A tabela das Cinco Liberdades pode ser novamente construída – se o sistema 
não pode ser mudado, o problema inerente (e inevitável) é o comprometimento 
significativo da habilidade de expressar comportamento normal. Igualmente, a qualidade do 
piso pode gerar um desconforto considerável a partir de lesões nas patas e as porcas 
experimentam uma dificuldade considerável de “se aconchegarem” ao deitar. 
 
Porcas ao ar livre geralmente têm abrigos com cama de palha ao pasto. Elas dão à luz no 
abrigo, sendo que a palha fornece material para a construção do ninho. 
Mais uma vez, devemos avaliar o bem-estar com base nas Cinco Liberdades. O que parece 
inicialmente um sistema excelente em termos de bem-estar dos animais pode não ser 
adequado para alguns suínos. Alguns pastos podem ser inadequados – onde a terra tem 
pedras (ou é pantanosa) ou onde área sombreada ou poça não estão disponíveis. O principal 
motivo de se permitir acesso ao pasto – para permitir o comportamento de fuçar – pode ser 
vencido por preocupações ambientais. O fuçar excessivo (ou por um número excessivo de 
animais em área muito pequena) leva a pastagens danificadas e barrentas, desprovidas de 
vegetação, cujo solo fica passível de erosão para cursos d’água. Em alguns casos são 
utilizados anéis de focinho para a prevenção do fuçar excessivo, o que em si é um assunto 
de bem-estar, uma vez que causa dor aos suínos. 
Entretanto, este é um sistema com potencial de bem-estar muito alto. 
 
Questões primárias de bem-estar – 
sistemas de confinamento fechado com porcas soltas 
• Animais soltos 
 – agressão/medo, desconforto, tédio 
– Brigas 
– Mordedura de vulva 
– Restrição de comportamento normal em sistemas sem cama (ripados 
totais/parciais ou pisos de concreto) 
Vimos que cada fazenda deve ser avaliada individualmente para propósitos de bem-estar. 
Entretanto, existem problemas inerentes que caracterizam sistemas de criação específicos e 
afetam o potencial de bem-estar destes sistemas, os quais você deve ter em mente antes de 
visitar uma fazenda para fazer a avaliação do bem-estar. 
Na maioria dos sistemas de criação em confinamento fechado com animais soltos existe 
sofrimento por agressão em graus variados pelas porcas dominantes, causando medo nos 
animais subordinados. Isto pode levar a lutas, ferimentos de pele e mordeduras na vulva. 
Este problema pode ser exacerbado por altas densidades de lotação e falta de cama para 
fuçar e brincar. 
Estes problemas podem ser reduzidos pela provisão de espaço adicional, cama e barreiras 
no sistema, que permitam a fuga dos animais subordinados para escapar dos animais 
dominantes do mesmo grupo. 
 
Questões primárias de bem-estar – 
sistemas de baias ou amarras 1 
Quais são as implicações de baias ou amarras para o bem-estar? 
• Tédio/restrição do comportamento normal 
• Restrição do movimento 
• Desconforto físico 
• Infecção do trato urinário 
• Ferimentos nas patas 
• Ferimentos das amarras 
Este é um sistema com potencial de bem-estar muito baixo. Muitos dos problemas sérios de 
bem-estar são inerentes ao sistema. 
 
Os principais problemas associados aos sistemas de baia ou amarras são a restrição severa a 
movimentos e comportamento normais, o desconforto físico e os ferimentos nas patas. A 
tendência a infecções do trato urinário também fica aumentada. Porcas amarradas também 
freqüentemente têm ferimentos causados pelas amarras que podem ser severos. 
Estereotipias, tais como morder as barras de contenção ou as correntes, também são 
freqüentemente vistas nesses sistemas, provavelmente resultantes da severa restrição 
comportamental. 
Sistemas de baias e amarras são ilegais em muitos países, incluindo o Reino Unido. 
Sistemas de amarras serão ilegais em toda a União Européia ao fim de 2005. Sistemas de 
baias serão ilegais na UE a partir de 2012. 
 
Questões primárias de bem-estar – 
porcas em sistemas de criação ao ar livre 
• Sistemas ao ar livre – estresse por calor/frio, queimadura solar, ferimentos nas 
patas e anéis no focinho 
– Inadequação genética 
– Falta de abrigo/poças 
– Ferimentos nas patas devidos à presença de pedras no chão 
– Anel no focinho para evitar danos à pastagem 
 Como já discutimos, os problemas potenciais de porcas ao ar livre são estresse por 
calor/frio, queimaduras solares, ferimentos nas patas e anel no focinho. As porcas podem 
ser geneticamente inadequadas para esses sistemas, o pasto pode não ser adequado para 
suínos ao ar livre devido à ausência de abrigos ou poças ou à presença de pedras 
causando ferimentos nas patas. Adicionalmente, a colocação de anel no focinho pode ser 
realizada para se prevenir danos ao pasto e, por sua vez, previne o comportamento 
normal de fuçar. 
Os recursos humanos são fundamentais para se evitar estes problemas de bem-estar. 
 
Questões primárias de bem-estar – 
porcas em gaiolas parideiras 
Muitos sistemas de produção intensiva de suínos utilizam gaiolas parideiras. A porca é 
levada à gaiola parideira até 1 semana antes do parto e ali permanece até que os leitões 
sejam desmamados, com 3 ou 4 semanas de idade. O principal objetivo é a redução do 
número de leitões esmagados pela porca. 
 
Os problemas inerentes principais de bem-estar de porcas em gaiolas parideiras são severa 
restrição de comportamento normal, doença e desconforto. 
Existe evidência científica forte de que porcas são tão motivadas* a construir um ninho nas 
36 horas antes do parto quanto a comer, um comportamento cuja expressão não é possível 
em gaiolas parideiras em função da ausência de material para a construção do ninho. 
A restrição de movimentos leva a aumento nos níveis de distocia e infecções do trato 
urinário se comparado a confinamento com animais soltos. 
Os altos níveis de esmagamento de leitões parecem ser devidos a uma combinação de 
leitegadas grandes por seleção genética e um deitar “desajeitado” pelo desconforto e pela 
má forma física devida à falta de exercício. 
*Motivação: conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem 
fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um 
indivíduo. 
 
Módulo 20 
Este módulo tem dois objetivos: 
• Primeiramente, equipar você, como médico veterinário, com informações 
para auxiliá-lo durante uma visita a uma fazenda. Se sabe o que 
provavelmente encontrará em um dado sistema de criação, você está mais 
bem equipado para identificar e quantificar o problema. 
• Em segundo lugar, equipá-lo com informações sobre os sistemas de 
produção de forma que você possa assessorar adequadamente produtores ou 
legisladores quando for consultado sobre os méritos relativos e pontos fracos 
dos diferentes sistemas. Seu treinamento como médico veterinário o 
preparou para prestar consultoria sobre produção e doenças – este módulo o 
capacitará para consultoria em bem-estar. Para cada espécie de animal de 
produção, estudaremos os principais sistemas de produção, os problemas 
inerentes de bem-estar de cada um deles e as mutilações realizadas 
rotineiramente. 
 
Bem-estar de animais de produção: suínos 
• Porcas 
• Leitões 
• Leitões desmamados 
• Suínos de terminação 
Os sistemas de produção de suínos podem ser classificados: para porcas, para leitões não 
desmamados, para leitões desmamados e para animais de terminação. Em uma visita a uma 
fazenda de reprodução, você também deve querer inspecionar as acomodações do cachaço. 
Os problemas inerentes dos sistemas de criação de porcas foram estudados no Módulo 19. 
 
Leitões: principais questões de bem-estar 
• Esmagamento 
• Mutilações 
• Desmame precoce 
Os principaisproblemas de bem-estar para leitões incluem o risco de esmagamento pela 
porca. Como discutido no Módulo 19, os altos níveis de esmagamento de leitões são 
creditados a uma combinação de leitegadas anormalmente grandes, graças à seleção 
genética, com um deitar “desajeitado” pela porca devido ao desconforto e à pobre condição 
física pela falta de exercício. A utilização das gaiolas parideiras previne amplamente o 
esmagamento de leitões, porém causa uma restrição comportamental severa à porca. 
 
Leitões: exemplos de mutilações 
• Corte de dentes 
• Corte de cauda 
• Castração 
Os dentes caninos de leitões são freqüentemente cortados com alicate ou lixados com um 
aparelho elétrico aos 2 ou 3 dias de idade, sem um agente anestésico. A razão dada para 
este procedimento é que os dentes pontiagudos danificam a face dos outros leitões e as tetas 
da porca. Não está claro por que alguns produtores não cortam os dentes e, mesmo assim, 
não têm problemas com ferimentos faciais nos leitões ou nas tetas das porcas. O corte de 
dentes é um procedimento muito doloroso, e todas as fazendas deveriam, pelo menos, tentar 
um período sem ele, uma vez que talvez não seja necessário. 
A cauda dos leitões é geralmente cortada aos 2 ou 3 dias de idade, sem agente anestésico, 
mesmo na União Européia, onde é ilegal sem prescrição veterinária. As caudas podem ter 
apenas a porção distal removida ou serem cortadas proximalmente, deixando somente 
poucas vértebras coccígeas. As caudas são cortadas para a prevenção de sua mordedura em 
porcos de engorda. Existem muitos aspectos da criação de suínos que são suspeitos de 
contribuir para um surto de mordeduras de cauda, entre os quais ambientes estéreis (pisos 
parcial ou totalmente ripados sem cama) e altas densidades de lotação, apesar de que 
algumas vezes a mordedura pode acontecer em pisos com palha em baixas densidades de 
lotação. Se as caudas são rotineiramente amputadas em uma fazenda, a densidade de 
lotação da engorda deve ser reduzida e enriquecimento ambiental, preferencialmente com 
material para fuçar, deve ser fornecido. 
A maioria dos suínos é castrada sem agente anestésico aos 2 ou 3 dias de idade. Isto é 
realizado para se prevenir a formação da “carne de cachaço”, com um odor forte e 
característico que é causado pela presença de um hormônio na carne de suínos machos. 
Alguns mercados se preocupam menos com este odor e suínos abatidos mais jovens (menos 
de 90 kg) têm baixos níveis de odor. Adicionalmente, algumas raças têm taxas 
naturalmente menores do hormônio que induz o odor que outras. 
 
Leitões: desmame precoce 
• Mudança abrupta de dieta causando diarréia 
• Perda de contato materno 
• Sistema imune imaturo e susceptibilidade a doenças 
• Ambientes estéreis, tédio e restrição do comportamento normal 
Em condições naturais, leitões são desmamados entre 7 e 12 semanas de idade. Para se 
aumentar o número de leitões produzidos por uma porca em cada ano, o desmame 
geralmente ocorre entre 3 e 4 semanas. A mudança abrupta de dieta geralmente causa 
diarréia e a imaturidade do sistema imune aumenta a susceptibilidade a doenças. Isto é 
exacerbado pelo estresse de uma perda abrupta do contato materno e por ambientes estéreis. 
Muitos dos sistemas de cercados com piso puro utilizados são estéreis, causando tédio e 
restrição do comportamento normal. 
 
Sistemas de criação: 
suínos de engorda 1 
• Totalmente ripado 
• Parcialmente ripado – área de descanso sólida e de dejetos ripada 
• Concreto – áreas de descanso e dejetos separadas, canais de escoamento de 
dejetos 
• Palha ou outros substratos 
• Ao ar livre 
Sistemas de criação para suínos de engorda podem ter pisos totalmente ripados; 
parcialmente ripados com uma área sólida para descanso e uma ripada para dejetos; 
pisos de concreto com áreas de descanso e dejetos separadas, onde o canal de 
escoamento de dejetos é varrido por máquina; pisos com palha ou outros substratos ou 
sistemas ao ar livre. 
Substrato é qualquer material que possa ser manipulado, utilizado para cama, tal como 
cepilho. 
Sistemas de criação: 
suínos de engorda 
Cercados parcialmente ripados, naturalmente ventilados, formam um ambiente muito estéril 
e mordeduras de cauda podem acontecer. O conforto térmico pode ser difícil de ser obtido 
tanto em clima quente quanto frio. 
 
Cercados com palha fornecem excelente conforto térmico e físico, assim como um 
substrato adequado para o comportamento normal. 
 
Os problemas principais para suínos de engorda são altas densidades de lotação, ambientes 
estéreis e resultantes mordeduras de cauda, flanco e orelhas, instalações escuras com alta 
amônia atmosférica e conseqüentes taxas altas de doenças respiratórias. 
 
Sistemas de criação: frangos de corte 
O bem-estar animal deve ser avaliado levando-se em consideração o bem-estar de todos os 
animais que contribuem para um produto alimentício. Assim, apesar do frango de corte ser 
o produto final, o bem-estar das aves reprodutoras e dos grupos de elite (onde existe seleção 
genética para melhoria na produtividade) também deve ser incluído. 
Alguns consumidores preferem comer aves criadas soltas ou por produção orgânica, onde 
métodos profiláticos artificiais não são utilizados. 
 
Frangos de corte sofrem de muitos dos problemas de suínos em sistemas muito intensivos, 
apesar de serem menos agressivos que os suínos e o canibalismo ser muito incomum. São 
geralmente mantidos em um ambiente controlado; em instalações estéreis e escuras há 
densidades de lotação tão altas quanto 45 kg de aves por metro quadrado. 
 
As aves orgânicas soltas ao ar livre terão mais espaço e acesso ao pasto, sendo desta forma 
capazes de desempenhar comportamentos mais naturais. Entretanto, essas aves podem estar 
menos protegidas de doenças introduzidas por aves silvestres e mais susceptíveis à 
predação por mamíferos e aves silvestres. 
 
Todos os principais problemas de aves de corte surgem a partir de uma combinação de 
seleção genética para crescimento rápido com altas densidades de lotação nas instalações. 
A indústria da carne de frango tem por objetivo aumentar a taxa de crescimento dos frangos 
de corte de forma a reduzir o tempo para atingir idade de abate em um dia por ano – e tem 
conseguido alcançar esse objetivo pelos últimos 40 anos. Um frango de consumo em 1960 
teria sido abatido entre 10 e 12 semanas com 2 kg; hoje ele é abatido entre 40 e 42 dias com 
2 kg. Isto resultou em uma ave muito pesada sobre ossos das patas cartilaginosos e 
imaturos, que são facilmente deformados quando jovens, levando a altos níveis de 
deformidade de patas. 
Além disso, altas densidades de lotação culminam com cama úmida, altamente 
contaminada por bactérias nas instalações de frangos de corte. Aves mancas ficam nessa 
cama contaminada, que causa queimaduras por amônia nos pés, articulações das patas e 
peito; isto é denominado “dermatite por contato”. Nesse cenário as bactérias prontamente 
invadem as lesões de pele causando doenças, especialmente infecções ósseas. 
O sistema circulatório também recebe uma sobrecarga pesada pelo tamanho excessivo da 
ave, e a falta de ar em função da insuficiência cardíaca é comum. 
Claramente, essas aves foram selecionadas para altas taxas de crescimento e estão, desta 
forma, programadas para serem extremamente famintas. Não se pode permitir que as aves 
reprodutoras cresçam à mesma taxa das aves de corte, pois se tornariam incapazes de se 
reproduzir entre 16 e 21 semanas de idade, graças à incapacidade de suas patas de suportar 
seu peso. Essas aves são mantidas em dieta muito restrita e passam por fome severa. Aves 
de elite passam por um grau ainda maior de fome. Inicialmente, são alimentadasà vontade 
para se avaliar desempenho e, então, aquelas selecionadas sofrem restrição alimentar severa 
para reduzi-las a um peso compatível com reprodução. 
 
Densidades de lotação muito altas podem resultar em baixa qualidade do ar, 
especificamente altos níveis de amônia e poeira. Altos níveis de morte por causa de estresse 
calórico foram relatadas, seja em conseqüência de sistemas de ventilação inadequados ou 
de falências dos sistemas. Como vimos até o momento, sistemas intensivos tendem a 
favorecer ambientes estéreis e escuros, e o caso de frangos de corte não é uma exceção. A 
escuridão encoraja taxas de crescimento aumentadas pela supressão tanto de atividade 
quanto de comportamento agressivo. Sugere-se que agressão reduzida melhora bem-estar, 
porém este é um argumento falso. Os genótipos de frangos de corte utilizados 
comercialmente hoje não tendem à agressividade e em sistemas intensivos muitas aves não 
têm mobilidade devido à claudicação. 
Para contextualizar, os níveis de luz típicos em granjas de frangos de corte variam de 3 a 10 
lux. Os níveis de luz são medidos utilizando-se um luxímetro. Níveis típicos requeridos 
para inspeção de carne são 1.200 lux. A 50 lux uma pessoa comum começa a discernir as 
letras em uma impressão padrão de jornal. 
 
Apesar de que as aves em sistemas soltos ao ar livre possam exibir mais comportamentos 
naturais, existem problemas significativos. 
Aves geneticamente selecionadas para sistemas intensivos são freqüentemente utilizadas 
em sistemas ao ar livre. Graças à sua alta taxa de crescimento, essas aves podem estar 
sujeitas à fome pelos regimes de restrição alimentar necessários para se cumprir os 
requerimentos legais de idade ao abate (56 dias na Europa). Raças de crescimento mais 
lento reduziriam este problema. 
Além disso, muitos sistemas de produção ao ar livre e orgânicos são pobremente cercados e 
pode haver cobertura insuficiente. A mortalidade pode ser alta por predação, levando a 
medo nas aves que permanecem. Os genótipos de aves modernos foram selecionados para 
crescer nas dietas modernas de engorda, que incluem muitos micronutrientes, alguns dos 
quais sintéticos. Estes micronutrientes foram adicionados durante os últimos 30 anos para 
superar causas metabólicas de claudicação, resultante de taxas de crescimento mais altas. 
Padrões orgânicos proíbem a inclusão de nutrientes sintéticos na dieta e isto resulta em um 
ressurgimento de problemas nas patas, para cuja solução foram desenvolvidas as dietas 
incluindo nutrientes sintéticos. Também pode haver um problema com bicadas de penas em 
aves orgânicas, que pode ser devido a deficiências na dieta ou ao genótipo das aves 
utilizadas. 
A maioria destes problemas ocorre graças a uma raça inapropriada, podendo ser melhorado 
com a utilização de raças de crescimento mais lento. Com a raça correta, muitas aves nestes 
sistemas extensivos têm bom estado de bem-estar. Em outras palavras, o potencial de bem-
estar deste sistema é alto. O total potencial de bem-estar do sistema pode ser alcançado 
quando são utilizados a raça apropriada de aves e os níveis adequados de manejo. 
 
Os principais sistemas de criação de poedeiras são: gaiolas industriais, galinheiros e 
galpões de poleiros e soltas ao ar livre, associado ou não à produção orgânica. Na União 
Européia, onde as gaiolas industriais têm de ser eliminadas até o ano 2012, “gaiolas 
enriquecidas” desenhadas para suprir necessidades comportamentais (incluindo caixa para 
ninho, poleiro, substrato para banho de areia e espaço adicional) permanecerão legais. 
Ainda não está claro se estes sistemas serão economicamente viáveis. 
 
O espaço fornecido atualmente em sistema de gaiolas industriais é de 320 cm2 (17,9 x 17,9 
cm) por ave nos EUA a 550 cm2 (23,5 x 23,5 cm) na Europa; este último sendo 
aproximadamente o tamanho de uma folha de sulfite A4. A alimentação, o fornecimento de 
água e a colheita dos ovos são automatizadas. Em alguns países as poedeiras são 
submetidas à “muda forçada”, através de restrição severa de alimentos, água e às vezes luz, 
por até duas semanas, com o objetivo de fazer retornar a postura. Um tratador pode ser 
responsável por vários galpões, e em cada um podem existir dezenas de milhares de aves. 
 
Galpões de poleiros oferecem às aves mais liberdade comportamental que gaiolas. Caixas 
ou áreas coletivas para construção de ninho são fornecidas. Alguns sistemas, entretanto, 
podem ser utilizados em densidades de lotação muito altas. Assim como nas gaiolas 
industriais, a remoção das aves das instalações pode levar a altos níveis de fraturas. 
 
O principal problema inerente para poedeiras, em todos os sistemas de criação, é 
representado pelas fraturas ósseas, tanto durante o ciclo de postura quanto durante a 
remoção das aves das instalações. Isto se deve à seleção genética para alta produtividade, 
reduzindo os níveis de cálcio no organismo. Para comparação, uma matriz de frangos de 
corte produz aproximadamente a metade do número de ovos de uma poedeira, com 
aproximadamente 150 ovos por ano. 
Os níveis de fratura encontrados em poedeiras variam com o sistema de criação. Fraturas 
durante um ciclo completo são menos freqüentes em gaiolas industriais do que em galpões 
de poleiros e galinheiros. Entretanto, a fraqueza óssea crônica é inerente às gaiolas 
industriais. 
 
Em gaiolas industriais, altas densidades de lotação e gaiolas estéreis restringem 
severamente todos os comportamentos normais, incluindo bater as asas, ciscar, caminhar, 
fazer ninho, tomar banho de areia e empoleirar-se. 
 
Aves em sistemas de colônia têm mais espaço (em comparação com sistemas de gaiolas 
industriais) para liberdade comportamental e têm possibilidade de interagir com outras 
aves. 
Companhias comerciais geralmente mantêm as aves em grupos de tamanho grande. As aves 
não são capazes de formar uma hierarquia estável em grupos com mais de 100 animais. Isto 
leva a altos níveis de bicadas agressivas nas penas, medo, estresse e alta mortalidade. Existe 
alto grau de medo entre aves que talvez não consigam caminhar pela extensão necessária. A 
impossibilidade de se movimentar pode ser exacerbada por cobertura inadequada da área e 
proteção deficiente contra predadores, da mesma forma que para aves de corte. Por causa 
da necessidade de rotação de áreas, estas podem ser estreitas e compridas, aumentando 
desta forma a distância à periferia e reduzindo a motivação para movimentação. Os danos 
causados pelas bicadas agressivas são reduzidos pela “apara” ou amputação do bico. Existe 
uma quantidade considerável de trabalhos demonstrando que as aves passam por uma dor 
considerável quando utilizam bicos amputados, que são altamente inervados, podendo 
ocorrer a formação de neuromas na superfície de corte. 
 
Questões principais de bem-estar: debicagem 
Pintos são debicados por termocauterização no primeiro dia de vida. Isto é realizado através 
de uma lâmina de metal quente, que corta e cauteriza o bico. Isto será doloroso para a ave 
se uma quantidade grande de bico for removida. 
 
Galos: exemplos de mutilação 
• Debicagem 
• Remoção de dedos e esporas 
• Castração 
• Remoção de cristas e barbelas 
Os galos utilizados para reprodução, tanto de poedeiras quanto de frangos de corte, são 
também rotineiramente debicados para se reduzir danos a outras aves durante bicadas 
agressivas. A remoção de dedos é rotineira no pinto de um dia de idade para a redução 
de ferimentos às galinhas durante a cruza. Os galos podem ser castrados para encorajar a 
produção de gordura. Cristas e barbelas podem ser removidas para se reduzir os 
ferimentos em sistemas de restrição de alimentos através da cobertura de cochos comgrades. Também podem ser removidas para se prevenir ferimentos durante brigas. Esta é 
uma operação de rotina em galos de corte, onde a seleção genética para altas taxas de 
ganho de peso torna essencial uma restrição alimentar severa. 
Algumas dessas mutilações podem ser ilegais em certos países. Todas podem causar dor 
severa e restrição de comportamento. 
 
Questões principais de bem-estar: vacas leiteiras 1 
Os principais sistemas de criação de vacas leiteiras têm baias e cercados com palha ou 
concreto. Para bezerros, os principais sistemas são gaiolas de vitelo e grupos em cercados 
com palha. 
Quais são as questões de bem-estar para vacas leiteiras? 
• Claudicação 
• Desconforto na área de descanso 
• Mastite 
• Gaiolas de vitelo 
 
Em sistemas de criação de vacas leiteiras, um problema de bem-estar se refere ao preparo 
do rufião. No preparo de rufiões para a identificação das vacas no cio, as quais serão 
inseminadas, são utilizadas técnicas cirúrgicas que provocam ou o desvio lateral ou a 
aderência ou a fixação do pênis do touro, não permitindo que ele penetre a fêmea. Tais 
intervenções, além dos inconvenientes próprios de qualquer procedimento cirúrgico nessa 
região anatômica, como o surgimento de grandes edemas pós-cirúrgicos, no caso da 
aderência e da fixação do pênis, ainda são responsáveis por dor intensa sentida pelo macho 
toda vez que este tenta, e não consegue, fazer a exposição do órgão diante da fêmea no cio. 
A seleção genética para alta produção aumentou a produção de leite por lactação de 
aproximadamente 3.000 kg por lactação na vaca Friesian para mais de 9.000 kg por 
lactação na vaca Friesian-holandesa, nos últimos 30 anos. Este estresse levou a um aumento 
na susceptibilidade a infecções, especialmente mastite e laminite. A vaca leiteira também é 
susceptível a doenças metabólicas e fome. Úberes aumentados causam desconforto e 
anormalidade no andar, que, por sua vez, leva a problemas nas patas em função de o peso 
do animal ser deslocado para os dedos laterais nos membros pélvicos. 
 
Os principais problemas em sistemas de baias incluem: 
• Baias insuficientes para o número de animais, levando as vacas a ficarem por muito 
tempo em pé, especialmente as subordinadas e as novilhas jovens 
• Desenho inadequado das baias (geralmente muito curtas ou muito estreitas): 
insuficiente área para se levantar*, divisões sólidas e pouca ou nenhuma cama 
causam desconforto, dificuldade para se deitar, cama/concreto sujos e mastite 
• Uso de silagem causa dejetos úmidos, ácidos e doenças de casco, e concreto 
excessivamente liso pode levar a escorregões 
 
*Área para se levantar = área necessária na frente do animal para permitir um movimento 
livre da cabeça durante o ato de se levantar 
 
Baias antigas podem ser muito curtas, muito estreitas com divisões sólidas ou ter espaço 
insuficiente para o animal se levantar e altura insuficiente do degrau. 
 
Um problema principal inerente aos sistemas de produção de leite em países desenvolvidos 
é a separação dos bezerros de suas mães no momento do parto ou logo após. Esta prática 
causa prejuízos ao bem-estar, tanto para a vaca quanto para o bezerro, por causa da perda 
do contato materno, e predispõe o bezerro a doenças, em função de seu sistema imune 
imaturo. 
O volume de leite que seria ingerido pelo bezerro é pequeno em comparação à produção de 
leite de uma vaca leiteira moderna. A vantagem econômica de um bezerro saudável pode 
superar os custos por causa do leite fornecido ao bezerro. Adicionalmente, a produção de 
leite de vacas leiteiras aumenta quando elas são ordenhadas mais freqüentemente; deixar o 
bezerro com a mãe pode aumentar a produção total de leite e reduzir mastite. 
 
As gaiolas de vitelo para a criação de bezerros causam problemas severos de bem-estar em 
conseqüência da restrição do comportamento normal, incluindo comportamento oral, 
locomotor e social, assim como das deficiências nutricionais, tais como de fibra e ferro. As 
gaiolas são tão estreitas que os bezerros logo se tornam incapazes de se virar ou exercitar. 
Os níveis de doenças e infecções, tais como pneumonia e doenças intestinais, são altos, e os 
bezerros passam por desconforto físico severo. 
Estes sistemas são ilegais em alguns países e se tornarão ilegais em toda a União Européia a 
partir de 2007, para bezerros com mais de 8 semanas. 
 
A descorna envolve a remoção dos botões dos chifres utilizando-se agentes químicos 
cáusticos ou termocauterização durante a primeira semana de vida. Infelizmente, os 
bezerros às vezes são consideravelmente mais velhos que isso quando a operação é 
realizada, freqüentemente sem um agente de anestesia local. Isto é ilegal em muitos países. 
Os chifres são removidos para facilitar o manejo dos animais e diminuir ferimentos a outros 
animais. Os chifres podem ser removidos em animais adultos que não sofreram descorna 
quando pequenos, utilizando-se uma serra de lâmina ou fio e termocautério. A anestesia 
local raramente é empregada. A reprodução de raças mochas para se evitar a necessidade de 
descorna deve ser fortemente encorajada. 
A castração é realizada cirurgicamente ou pela compressão do suprimento sangüíneo e 
cordão espermático, geralmente nas primeiras semanas de vida, apesar de que, em alguns 
países que utilizam sistemas extensivos, eles podem ser bem mais velhos que isso. Estudos 
têm demonstrado que todos os métodos de castração causam um grau significativo de dor, 
tanto aguda quanto crônica. A castração é realizada para facilitar o manejo dos animais, 
apesar de que alguns países criam com sucesso uma alta proporção de machos não 
castrados (touros) para a produção de carne; a Alemanha produz cerca de 70% da sua carne 
a partir de touros. 
O corte de cauda é utilizado em alguns países, tais como Nova Zelândia e Estados Unidos, 
rotineiramente, com o objetivo de diminuir o contágio de doenças, incluindo leptospirose, e 
melhorar o conforto do ordenhador. As caudas são removidas pela aplicação de um anel de 
elástico para constrição aproximadamente 12 cm abaixo da vulva e, duas semanas depois, 
secionando-se a cauda com aparadores de casco ou instrumentos agudos similares. Isto, 
comprovadamente, produz dor aguda e crônica. Existe pouca evidência de diminuição de 
contágio de doenças pela amputação da cauda e vários estudos fracassaram na tentativa de 
mostrar algum efeito desta amputação na condição de limpeza da vaca. 
 
Questões principais de bem-estar: gado de corte 
 
Questões de bem-estar em bovinos de corte incluem: 
• Descorna 
• Marcação a quente 
• Colocação de brincos 
• Marcação a frio 
A descorna acaba de ser descrita. Marcação a quente envolve a utilização de um ferro 
quente para se queimar uma marca de identificação na pele. É realizada sem anestesia e, de 
forma similar a você se queimar em um fogão ou com um ferro, é muito dolorosa. Brincos 
podem ser utilizados para identificação, apesar de que os mesmos podem ser removidos se 
o gado for roubado. Marcação a frio imprime uma marca permanente através da utilização 
de um ferro super-resfriado em gelo-seco; pensa-se que também seja dolorosa. 
 
Bezerros de corte podem ser removidos da mãe logo após o nascimento e passar por 
problemas similares àqueles de bezerros de leite: estresse pela separação, doenças 
intestinais e respiratórias surgindo a partir do estresse e da imaturidade do sistema imune. 
Bezerros mantidos com a mãe, que esteja amamentando somente o seu bezerro, geralmente 
gozam de maior grau de bem-estar. 
Gado de corte pode ser selecionado para taxa de crescimento e para aumento de tamanho 
dos cortes de carne mais valorizados. Isto resultou no desenvolvimento do gene paramusculatura dobrada no gado Belgian Blue, que por sua vez resultou na incapacidade de 
parir sem assistência das vacas Belgian Blue e algumas de suas cruzas. Estes animais têm 
problemas severos de bem-estar por causa da distocia, incluindo traumatismos ao canal do 
parto e infecções subseqüentes, paralisia do nervo obturador, retenção de placenta e as 
conseqüências de cesarianas, tais como dor, aumento do risco de infecção e complicações 
pós-operatórias. 
Bovinos que passam o inverno em pisos totalmente ripados, sem cama, são geralmente 
lotados em alta densidade, uma vez que se defende esta prática sob a alegação de ser 
necessária para que os animais forcem os dejetos através das ripas para o tanque de esterco 
abaixo. O espaço fornecido para um novilho de 600 kg pode ser tão pequeno quanto 2,2 
m2; aqueles deitados tanto sofrem de desconforto quanto estão sujeitos a serem pisoteados 
pelos outros animais. 
A principal preocupação quanto ao bem-estar de bovinos em sistemas confinados ao ar 
livre é a exposição ao clima sem abrigo. 
Bovinos de corte a pasto têm poucos problemas de bem-estar, desde que haja abrigos e que 
o pasto não se torne lamacento em função de superlotação em clima úmido. 
 
Este animal de corte foi selecionado para aumentar o tamanho dos cortes de carne mais 
valorizados. Vacas gestando estes animais freqüentemente passam por um parto difícil e 
traumatismo de canal de parto ou por uma cesariana. 
 
Outras questões de bem-estar 
Cabras e ovelhas de montanha podem ser tratadas com negligência por causa de seu baixo 
valor. Elas são suscetíveis a fome, doenças e parasitas em conseqüência da falta de 
profilaxia e tratamento. Problemas específicos incluem claudicação em conseqüência da 
podridão de cascos, pneumonia por pasteurela e miíase, com postura de ovos de moscas em 
ferimentos ou lã suja de fezes, os quais então se desenvolvem para larvas. Em alguns países 
os problemas são exacerbados pela superlotação das pastagens; ex.: devido a sistemas de 
subsídio que pagam por número de animais no rebanho. 
Mutilações comumente realizadas em ovinos incluem castração para facilitar o manejo e 
melhorar o acabamento de carcaça, amputação de cauda e, em alguns países, “mulesing” 
para reduzir a susceptibilidade a miíase. “Mulesing” é a remoção de uma área de pele na 
região perineal, com a formação de tecido cicatricial; existe evidência que este 
procedimento, para o qual não se utiliza anestesia, é muito aversivo. A transferência de 
embriões em ovelhas atualmente envolve implantação cirúrgica de embriões, com a dor e 
os riscos associados, e é considerada por muitos como causadora de dor e estresse 
desnecessários. 
Fazendas de peixes trabalham com altas densidades, o que impede comportamento normal 
e aumenta o risco de parasitas e outras doenças. Os criadores, especialmente aqueles que 
recebem consumidores em sistema pesque-pague ou na venda varejista, não praticam a 
insensibilização nesses animais. Desta forma, a observação de peixes ainda conscientes 
sendo manipulados para remoção de escamas, barbatanas e de seus órgãos internos é 
comum nesse tipo de criação. 
Um novo procedimento para abater crustáceos é apresentado por Hugh Wirth, presidente da 
Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals: ao invés de jogar lagostas vivas em 
panelas de água fervente para matá-las, método cruel e que envolve grande sofrimento para 
o animal, Wirth sugere que as lagostas sejam adormecidas num refrigerador ou freezer e 
depois mortas - partidas ou perfuradas. Esse método já é seguido há muitos anos por Jill 
Mure, cuja família mantém restaurantes na Tasmânia há quase 30 anos, e ele garante que há 
tempos utiliza a prática de resfriar e adormecer as lagostas no freezer, estando convencido 
de ser esse um modo bem melhor de abate. 
Perus geralmente são criados em ambientes intensivos e controlados, em instalações 
iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), e em 
densidades de lotação muito altas, freqüentemente excedendo 60 kg de ave por metro 
quadrado de espaço de piso. Perus são muito mais agressivos a outros aves do mesmo 
grupo que frangos de corte e, desta forma, têm de ser mantidos em níveis muito baixos de 
luz, usualmente com menos de 1 lux. Altas densidades de lotação e iluminação escassa 
impedem a maior parte do comportamento normal. 
Coelhos são geralmente criados em gaiolas comerciais similares àquelas de poedeiras e, da 
mesma forma, sofrem com ambientes estéreis, espaço de piso inadequado e gaiolas muito 
baixas, que os impedem de manter uma posição em pé normal. 
Patos são freqüentemente criados em ambientes intensivos e controlados, em instalações 
iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), em 
densidades de lotação muito altas. Além disso, algumas raças sofrem de traumas por bicos e 
unhas pontiagudos. Geralmente não têm acesso à água para se banhar, que é uma 
necessidade para seu comportamento normal. 
Em alguns países, gansos e patos são alimentados de maneira forçada durante as últimas 
semanas de vida, para a obtenção de fígados com acúmulo de muita gordura, para a 
produção final de ‘patê de foie gras’. Um tubo é inserido em seu trato digestivo através da 
boca e uma mistura de milho, gordura e sal é colocada diretamente no estômago. 
Vários países têm leis que proíbem a produção de foie gras, entre eles Dinamarca, 
Alemanha, Luxemburgo, Noruega e Polônia. Em 2003 entrou em vigor, no quarto produtor 
mundial de foie gras, Israel, legislação proibindo a atividade. As ações do médico 
veterinário naqueles países onde esse tipo de produção ainda não é proibida devem 
envolver esclarecimentos sobre a atividade para legisladores, conscientização do público 
consumidor e uma explicação dos procedimentos utilizados aos produtores com intenção de 
adotar o sistema. No Brasil, o Decreto Federal nº 24.645/34 considera maus-tratos, e proíbe 
em seu artigo 3º inciso XXV, “engordar aves mecanicamente”. 
 Patos são freqüentemente criados em ambientes intensivos e controlados, em 
instalações iluminadas artificialmente (similares àquelas utilizadas para frangos de corte), 
em densidades de lotação muito altas. Além disso, algumas raças sofrem de traumas por 
bicos e unhas pontiagudos. Geralmente não têm acesso à água para se banhar, que é uma 
necessidade para seu comportamento normal 
 
Em alguns países, gansos e patos são alimentados de maneira forçada durante as últimas 
semanas de vida, para a obtenção de fígados com acúmulo de muita gordura, para a 
produção final de ‘patê de foie gras’. Um tubo é inserido em seu trato digestivo através da 
boca e uma mistura de milho, gordura e sal é colocada diretamente no estômago. 
Vários países têm leis que proíbem a produção de foie gras, entre eles Dinamarca, 
Alemanha, Luxemburgo, Noruega e Polônia. Em 2003 entrou em vigor, no quarto produtor 
mundial de foie gras, Israel, legislação proibindo a atividade. As ações do médico 
veterinário naqueles países onde esse tipo de produção ainda não é proibida devem 
envolver esclarecimentos sobre a atividade para legisladores, conscientização do público 
consumidor e uma explicação dos procedimentos utilizados aos produtores com intenção de 
adotar o sistema. No Brasil, o Decreto Federal nº 24.645/34 considera maus-tratos, e proíbe 
em seu artigo 3º inciso XXV, “engordar aves mecanicamente”. 
 
Resumo: questões de bem-estar 
Em resumo, um sistema de criação deve ser delineado para se adequar às necessidades de 
manutenção de saúde e bem-estar dos animais mantidos. Sete indicações-chave de que 
talvez esta não seja a situação são listadas abaixo. 
O bem-estar de animais em qualquer sistema de criação é provavelmentebaixo se 
mutilações de rotina são realizadas ou se existem ferimentos causados pelo sistema, como 
feridas de amarras ou de agressão. 
Se os animais têm baixo escore de condição corporal, geralmente visto em vacas de leite de 
alta produção alimentadas inadequadamente, ou apresentam estereotipias, tais como morder 
barras da gaiola em porcas, isto pode ser tomado como evidência conclusiva que os animais 
estão num estado de bem-estar pobre. 
Um número de animais com locomoção prejudicada em uma fazenda, geralmente visto em 
granjas de frango de corte, é uma indicação clara de um sistema de bem-estar pobre. 
Qualquer sistema que requeira uso rotineiro de antibióticos para a manutenção de animais 
saudáveis, como em muitas granjas de suinocultura intensiva, provavelmente está 
escondendo comprometimentos do bem-estar. 
E, finalmente, das nossas sete pistas, qualquer sistema que requeira a manutenção dos 
animais com iluminação muito baixa não é adequado aos animais que abriga. 
Quando você entrar em qualquer fazenda, busque informações sobre mutilações de rotina, 
ferimentos do sistema ou por agressão, animais com baixo escore de condição corporal, 
estereotipia, locomoção comprometida, uso de antibióticos de rotina e instalações escuras. 
Dirão a você que são “inevitáveis” ou que, se os antibióticos e as mutilações não forem 
empregados rotineiramente, o resultado será um comprometimento maior do bem-estar dos 
animais. Isto pode ser o caso para aquele sistema de criação específico – mas é o sistema 
que não é adequado aos animais e é o sistema de criação que deve ser mudado. Em outras 
palavras, aquele sistema de criação específico tem baixo potencial de bem-estar. 
 
Avaliação do bem-estar de animais de produção – o que verificar: 
•Mutilações de rotina 
•Ferimentos do sistema/de agressões 
•Condição inadequada dos animais 
•Estereotipias 
•Locomoção prejudicada 
•Uso de antibióticos de rotina 
•Instalações escuras 
 
Avaliação – resumo 
Avaliação do bem-estar animal na fazenda: 
• Avaliar o bem-estar com base nas Cinco Liberdades – quais são os problemas? 
• Para cada problema – por que está acontecendo? 
• É um problema inerente ou evitável? 
• Que ações podem ser tomadas para a sua prevenção? 
Em resumo, se você for consultado para avaliar o bem-estar de uma fazenda, utilize as 
Cinco Liberdades, modificadas para se adequarem ao sistema de produção que você está 
avaliando. A melhor forma de se avaliar cada Liberdade é examinar o animal, observar as 
instalações e os equipamentos, observar os dados da fazenda e os sistemas de manejo ou 
pela observação ou entrevista do tratador. Para cada problema de bem-estar, você têm de 
discernir uma causa. Será devido a pressões por produção, negligência, falta de 
conhecimentos ou treinamento dos tratadores, inadequação genética dos animais para o 
sistema ou falta de recursos? Você deve então decidir se o problema é inerente ao sistema 
ou evitável. Mesmo problemas inerentes podem ser melhorados com fornecimento de 
enriquecimento ambiental, mais espaço ou novo grupamento de animais. Agora você está 
em posição de decidir o que pode fazer para melhorar o bem-estar dos animais da fazenda 
em questão. 
 
Melhoria de bem-estar 
• Assessoria 
– Melhoria do sistema de criação 
– Mudança do sistema de criação 
• Legislação 
– Requisitos mínimos para cada sistema 
– Proibição de certos sistemas 
• Mercado 
– Consumidores podem buscar padrões de bem-estar mais altos 
Médicos veterinários têm um papel claro quanto à assessoria de seus clientes no impacto de 
bem-estar do sistema de criação. Este apoio pode ser no sentido de melhorar o sistema atual 
ou de mudar o sistema de forma mais fundamental. Para animais de produção, esta 
assessoria deve ser dentro de um contexto econômico. Entretanto, em muitas situações, 
melhorias no bem-estar (ex.: redução nos níveis de doença) culminarão em melhorias na 
lucratividade. 
A legislação (desde que associada à aplicação e fiscalização) pode trazer melhorias reais no 
bem-estar, através da proibição de sistemas de baixo potencial de bem-estar e da criação de 
requisitos mínimos para cada sistema. 
O mercado é uma outra influência significativa. Alguns consumidores buscam produtos 
associados a padrões mais altos de bem-estar. Varejistas em muitos países também estão 
incluindo demandas crescentes para os fornecedores no sentido de melhorar o padrão de 
bem-estar. A motivação principal para os varejistas é evitar publicidade negativa em 
relação ao bem-estar animal. 
Médicos veterinários podem ter uma influência em todas essas áreas 
 
Bibliografia 
• WEBSTER, J., 1995: Animal Welfare: A Cool Eye towards Eden. Oxford, 
Blackwell Science ISBN 0632039280 
• FRASER, A. F. & BROOM, D. M. 1996: Farm Animal Behaviour and Welfare. 
3rd Ed. CABI Publishing, ISBN 0851991602 
• Farm Animal Welfare Council (FAWC) reports on website www.fawc.org.uk 
• Compassion in World Farming website at www.ciwf.co.uk

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