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Direito Penal IV Dos crimes contra administração pública Arts. 312. 313. 316. 317. 319. 321

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Lethicia Cassador Pereira – 6DI1 – 2016 – Faculdade Metodista Granbery
Direito Penal IV
- DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -
Art. 312 - PECULATO
	Objeto material: Dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Não necessariamente é algo que pertença ou componha o patrimônio público, mas que esteja sob o poder de um representante da administração pública.
	A doutrina faz a divisão do art. 312 em duas modalidades:
Peculato Apropriação: 
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (...)” (1ª parte do art. 312)
O verbo é “Apropriar-se” e se assemelha muito ao crime de apropriação indébita. A posse do bem se dá em razão do cargo que o agente ocupa; o agente tem a posse da coisa, sendo essa posse lícita, ostensiva, não tem nenhum problema em estar com a posse da coisa, mas em determinado momento o agente inverte o seu ânimo, ou seja, ele sabe que está na posse de algo que não o pertence e decide agir como se a coisa fosse sua, configurando-se assim o crime PECULATO APROPRIAÇÃO. 
Peculato Desvio:
“(...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.” 
Nessa hipótese, o funcionário público recebe o bem e deveria direcioná-lo para o fim a que é destinado mas não o faz, ou seja, deveria dar determinada destinação e acaba fazendo um desvio para outro fim que não aquele que decorreria da sua atuação profissional.
Art. 312, § 1º - PECULATO FURTO
“Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”.
O agente tem que se valer da sua condição de servidor público, das facilidades que seu cargo lhe traz pelo acesso a esses bens. Nessa hipótese, o verbo é SUBTRAIR ou CONCORRER/FACILITAR para que terceiro subtraia, ou seja, se ele não fosse funcionário público, responderia pelo Art. 155, por furto, mas por ser funcionário público, é o art. 312, § 1º.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo, ou seja, no ato da apropriação, desvio ou subtração. A doutrina exige que o propósito da apropriação seja exteriorizado. Não basta que somente o animus do agente seja invertido, querendo se apropriar daquele bem apenas em seu pensamento, pois deverá efetivamente praticar alguma ação que caracterize essa vontade (Ex.: 1. Ao invés de guardar a arma no cofre da repartição pública, guarda-a em seu armário pessoal – mantém dentro do ambiente de trabalho (apropriação); 2. Quando efetivamente a destinação dada ao bem é diversa daquela estabelecida em lei (desvio); 3. Quando efetivamente há a inversão da posse da coisa: ao invés de guardar a arma no cofre da repartição pública, leva a arma para casa – retira indevidamente o bem do local onde legitimamente está armazenado (furto).).
Crime plurissubsistente: O iter criminis pode ser fracionado. A doutrina admite a tentativa. 
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a qualidade de ser servidor público.
Crime doloso: Na hipótese do art. 312 só há modalidade dolosa pois a culposa está no § 2º.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 312, § 2º - PECULATO CULPOSO
“Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem”
O peculato culposo possui algumas peculiaridades. Nesse artigo, o funcionário concorre culposamente para a prática do crime de outra pessoa, porque se fosse dolosamente seria o art. 312. Mas a outra pessoa que praticará o crime, vai agir dolosamente. Isso é importante! Ex.: Sou funcionário público e chegou na secretaria do fórum uma caixa com várias armas e deixo de guardar as armas em seu devido lugar e esqueci de trancar a secretaria. O criminoso se aproveita da minha negligência para praticar o crime de subtração. Assim, eu não tive dolo, ou seja, não queria ajudar o criminoso, apenas fui negligente no trato com a coisa pública e responderei por peculato culposo. 
Nesse exemplo, para que eu e o criminoso respondêssemos por crime doloso, deveria haver liame subjetivo, ou seja, as duas condutas devem ter dolo, para que assim haja o concurso de pessoas. Se eu agi com culpa (fui negligente) e o outro se aproveitou disso, agindo com dolo, há cisão das condutas, não podendo haver o concurso de pessoas.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. O peculato culposo só vai se configurar no momento que o terceiro praticar o crime dele. Portanto, se um policial, por exemplo, negligenciar no trato com a coisa pública mas se ninguém se aproveitar disso para praticar crime doloso, esse funcionário público não responde por nada.
Crime plurissubsistente: O iter criminis NÃO pode ser fracionado. O crime é praticado por uma única ação. Crime culposo NÃO ADMITE TENTATIVA. 
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a qualidade de ser servidor público.
Crime culposo 
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
PECULATO DE USO: O agente não tem dolo de se apropriar da coisa mas apenas de fase uso dela e devolver no mesmo estado em que a apanhou. A doutrina e jurisprudência reconhecem a existência do furto de uso e apropriação indébita de uso, desde que alguns requisitos se façam presentes, quais sejam: que a coisa seja devolvida exatamente no estado em que foi retirada, a devolução deve ser de iniciativa do agente e não consequência da investigação da polícia. Porém, é possível haver o PECULATO DE USO? A doutrina majoritária entende que é possível de se configurar, mas os requisitos são os mesmos.
Art. 312, § 3º - REPARAÇÃO DO DANO
“No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”.
A reparação do dano está no art. 16 do CP como causa de diminuição de pena para os crimes que não envolvem violência nem grave ameaça. Apenas na hipótese do PECULATO CULPOSO que esse artigo é aplicável. Não há possibilidade de aplicar essa regra especial para as modalidades dolosas de peculato. O agente pode decidir buscar algum tipo de benefício no processo, procedendo à reparação do dano. 
Se o funcionário público reparar o dano que causou com a sua conduta ANTES da sentença, terá a punibilidade extinta. O rol do artigo 107, CP não é taxativo. Se a reparação do dano se der APÓS a sentença irrecorrível, a pena será reduzida pela metade.
Art. 313 – PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (OU PECULATO ESTELIONATO)
“Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem”
A doutrina faz comparação com o crime de estelionato. O crime de peculato exige a condição do agente ser funcionário público, mas existe no Código Penal descrições equivalentes que dispensam esse requisito da condição de servidor público e por isso a doutrina chama de peculato estelionato. Embora seja chamado assim, sua descrição é menos ampla que a do crime de estelionato.
O agente se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que foi parar na sua mão em razão do cargo que ocupa. A coisa chegou em suas mãos por erro de outrem, ou seja, o agente não pratica nenhuma conduta para colocar alguém em erro de forma que esse alguém faça a entrega da coisa para ele agindo em erro, porque se assim fosse, seria estelionato, mesmo o agente sendo servidor público. Para que haja peculato estelionato, é preciso que o objeto venha parar nas mãos do criminoso necessariamente por erro de outrem, ou seja, a própria pessoa se colocou em erro por motivo qualquer e procede à entrega da coisa ao agente que decidirá se apropriar dela. Essa é a grande diferença entre os dois crimes: O agente não pode interferir na conduta da vítima, ou seja, não foi o agente que fez com que a vítima agisse em erro. Se for o próprio agente quecolocou a vítima em erro o crime é de estelionato e não de peculato.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. O peculato estelionato se consuma quando o servidor público passa a se comportar como dono da coisa. A coisa veio parar na sua mão por equívoco, mas passa a exteriorizar a conduta de proprietário da coisa. A consumação advém de atos que externalizem esse propósito de apropriação do agente.
Crime plurissubsistente: O iter criminis pode ser fracionado. ADMITE TENTATIVA. 
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a condição de funcionário público.
Crime doloso: A conduta é dolosa quando o agente decide apropriar-se daquele bem.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 316 – CONCUSSÃO
“Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. ”
Crime praticado pelo funcionário público, mas podendo agir até mesmo fora da sua função, ou então que nem tenha tomado posse ainda, mas agirá em função da iminência de assumir o cargo. Ele vai exigir da vítima o fornecimento de alguma coisa que consiste em uma vantagem indevida, ou seja, ele vai instar o pagamento, entrega de alguma coisa que é indevida porque se for devida, serão outros tipos penais. Para a maioria da doutrina, essa vantagem é de natureza patrimonial, podendo consistir em dinheiro, cheque, joias, mas existem doutrinadores que não necessariamente será patrimonial, mas poderia ser de natureza sexual, por exemplo.
O bem juridicamente protegido é a moralidade administrativa, no funcionamento regular da administração como um todo.
O verbo EXIGIR, segundo a doutrina, está ligado a uma ameaça. O EXIGIR difere do SOLICITAR. O verbo solicitar refere-se ao crime de corrupção passiva que tem redação semelhante ao de concussão. A ameaça que é dirigida à vítima é sobre um ato que o funcionário público pode efetivamente realizar; ele não está afirmando uma coisa alheia às funções atinentes ao seu cargo. Para existir esse crime, essa ameaça deve ser em razão justamente das funções que ele naturalmente desempenha no seu cargo.
Ex.: Se um policial ameaçar colocar drogas no carro de alguém para prendê-la em flagrante. Ele naturalmente pode prender uma pessoa em flagrante, mas desde que realmente haja a situação e não ele que ameace criá-la.
Na concussão, a exigência tem que estar associada à ameaça inerente à função desempenhada pelo funcionário. Isso é diferente do crime do crime de extorsão, pois nesse tipo penal não se exige que seja funcionário público, ou melhor, um funcionário público pode pratica o crime de extorsão. A doutrina orienta que o funcionário público poderá responder pelo crime de extorsão se aquela ameaça não se relacionar com as funções que desempenha em seu cargo público. Ex.: Se ele ameaçar alguém de morte para obter vantagem indevida, é crime de extorsão. Para configurar crime de concussão, ele tem que ameaçar, mas uma ameaça que seja passível de ser realizada por ele por fazer parte do cargo que ocupa.
Art. 316, § 1º - EXCESSO DE EXAÇÃO
“Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. ”
Esse tipo penal tem pena própria, embora esteja inserido no 316. O funcionário público exige o pagamento de um tributo ou contribuição social (INSS) que ele sabe que é indevido. Não necessariamente ele tem intenção de se apropriar dessa tributação ou contribuição diferenciada, podendo até mesmo ir para a própria administração, pois o crime está configurado pelo fato de exigir algo que ele sabe ser indevido.
A outra possibilidade de conduta criminosa inserida nesse tipo penal, está no agente empregar meio vexatório ou gravoso na cobrança do pagamento de tributo ou contribuição DEVIDA, ou seja, quando o fiscal fizer a cobrança que realmente deve ser paga pelo contribuinte, ele expõe a vítima a um vexame / constrangimento sem precedentes, não regulado em lei.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. A concussão e o excesso de exação se consumam no momento da exigência, ou seja, quando o funcionário fizer contato com a vítima e fizer a exigência da vantagem indevida. O recebimento da vantagem indevida é apenas exaurimento do crime, não sendo requisito para a consumação. No ato da exigência o crime já está configurado não sendo necessário que a vantagem seja entregue.
OBS.: !!! ATENÇÃO !!! No aspecto processual, não há que se falar em flagrante quando a polícia for surpreender o funcionário público na hipótese do recebimento da vantagem porque o crime já se consumou no momento da exigência. A entrega do dinheiro é algo que está fora do iter criminis, já que se encerrou no ato da exigência.
Crime formal: No aspecto material, não há que se falar em crime impossível. O crime já se consumou com a exigência. A obtenção ou não da vantagem indevida não é requisito para a consumação do crime.
Crime plurissubsistente: O iter criminis pode ser fracionado. ADMITE TENTATIVA. Há possibilidade da exigência se dar por escrito, por carta, por exemplo e pode ser que a carta não chegue por motivos alheios à vontade do agente.
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a condição de funcionário público.
Crime doloso
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 316, § 2º - EQUIPARADO À EXAÇÃO
“Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos.”
O sujeito vai recolher verba indevida em princípio para os cofres públicos. Ao invés disso, vai desviar em proveito próprio ou alheio. Se os valores forem devidos e o agente se apropriar, seria crime de peculato. Assim, ele desviando verba indevida para seu interesse, sua própria conta é o §2º do 316.
Art. 317 – CORRUPÇÃO PASSIVA
“Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.”
Bem juridicamente protegido: moralidade da administração pública e o seu regular funcionamento.
Corrupção passiva é praticado pelo funcionário público e corrupção ativa é praticado pelo particular. Esses crimes representam uma exceção à Teoria Monista/Unitária, que impõe a todas as pessoas envolvidas na prática criminosa, o mesmo enquadramento legal. São resquícios da Teoria Pluralista, como é o caso do aborto também.
Ex.: Se um motorista tiver alguma irregularidade em seu veículo e, ao ser parado em uma blitz, um policial o abordar e esse motorista oferecer um dinheiro para o policial e esse aceitar, num único contexto fático, dois crimes ocorrem: o policial, enquanto funcionário público responde pelo art. 317 – corrupção passiva, enquanto que o particular responde pelo art. 333 – corrupção ativa.
Há proximidade dessa descrição com o crime de concussão, em que se tem o verbo EXIGIR associado a uma ameaça. Mas no 317, não há fraude, não há ameaça, não tem violência. O sujeito apenas SOLICITA ou ACEITA a vantagem indevida.
A vantagem necessariamente é INDEVIDA, ou seja, o particular não tem normalmente pagar. 
A doutrina divide a corrupção passiva em duas:
Corrupção passiva própria: O ato que o funcionário público vai praticar é um ato ilegal ou uma omissão que se traduz numa irregularidade, sendo que ele se omite quando deveria realizar determinado ato. Ex.: Um oficial de justiça deveria proceder à citação de uma pessoa num processo, mas deixa de fazê-lo por ter recebido dinheiro para tanto. Dessa forma, sua omissão é ilegal.
Corrupção passiva imprópria: Há possibilidade do ato a ser praticado ser LEGAL. A vantagem que o funcionário público busca é indevida, mas o ato que ele vai realizar é um ato legal. Ex.: Um oficial de justiça deve fazer a citação do réu,mas ele condiciona, ou seja, ele recebe dinheiro para praticar um ato que legalmente ele já deveria realizar.
A corrupção pode ser antecedente ou subsequente. Será antecedente quando a vantagem antecede a atuação funcional do funcionário. Será subsequente quando a vantagem indevida advém após a realização do ato funcional.
Art. 317, § 2º - CORRUPÇÃO PRIVILEGIADA
“Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.”
A doutrina chama de Corrupção Privilegiada. O agente não visa a obtenção de vantagem indevida. A motivação é outra. Ele age cedendo ao pedido de alguém ou influenciado, não o fazendo com intuito de obter vantagem. Portanto, a diferença está na razão de agir do funcionário público. Na corrupção passiva do caput, a razão é a busca pela vantagem indevida e na corrupção privilegiada a razão é outra.
OBS.: A doutrina diz que, embora o crime de corrupção passiva possa ser praticado por funcionário público em geral, o fiscal, se buscar obtenção de vantagem para não cobrar tributo, o enquadramento da conduta dele será no art. 3º, II da Lei 8.137/90, por ser um crime específico de fiscal que deixa de atuar em sua função de cobrar tributos.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. A corrupção passiva se consuma no momento que o funcionário público solicita, recebe ou aceita a vantagem indevida, independentemente da obtenção da vantagem/da realização do ato legal/ilegal prometido. Não é requisito para a consumação do crime a efetiva obtenção da vantagem e nem a realização do ato pelo funcionário público. Porém, se o funcionário público praticar o ato legal/ilegal, não haverá mero exaurimento porque configura uma causa de aumento de pena, conforme o §1º constante nesse artigo: “A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”.
Portanto, se o funcionário público efetivamente realizar o ato ilegal ou legal atinente à sua função em decorrência da sua atuação profissional, há que se aplicar o aumento de pena do §1º.
Crime formal / material (§2º): O crime de corrupção passiva se classifica como crime formal, o ato a ser praticado pode sequer vir a ser praticado que o crime já terá se consumado pela simples aceitação/solicitação da vantagem; mas o crime de corrupção privilegiada, ele efetivamente precisa praticar, deixar de praticar ou retardar ato de ofício, ou seja, infringir o dever funcional dele para responder por essa modalidade, sendo, portanto, classificado como crime material.
Crime plurissubsistente: O iter criminis pode ser fracionado. ADMITE TENTATIVA. 
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a condição de funcionário público, mas ele pode ainda nem ter assumido o cargo.
Crime doloso: A conduta é dolosa quando o agente decide apropriar-se daquele bem.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 319 – PREVARICAÇÃO
“Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.”
-> O funcionário público deixará de realizar um ato de ofício que é compatível com suas funções. O “deixar de praticar” significa não realizar o ato de uma forma definitiva;
 -> Ou então vai postergar, atrasar por um tempo considerável a realização do ato de ofício. Esse tempo significativo refere-se ao tempo que dolosamente ficou inerte e não à negligência ao acúmulo de serviço e demora natural do andamento do serviço;
-> Ou vai praticar o ato de ofício de forma contrária a determinação da lei.
Esse crime será praticado pelo funcionário público por motivação específica: interesse ou sentimento pessoal. Esse interesse pode ser de qualquer natureza (patrimonial ou não) ou sentimento que nutre por alguém como afetividade por algum parente, por exemplo, deixando de realizar ou realizando um ato em desacordo com a lei.
Na corrupção passiva privilegiada, o agente deixa de realizar ato, ou realiza ato em desacordo com a lei, cedendo a pedido ou influência de alguém, o que é diferente da Prevaricação pois ele age por vontade própria, sem que haja pedido de quem quer que seja. Ele decide não agir quando deveria agir, ou ele retarda ou o pratica em desacordo com a lei sem que ele ceda ao pedido de ninguém, mas por iniciativa dele.
Art. 319-A – PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA
“Deixar o diretor de penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.”
Essa forma foi inserida no ano de 2007. Esse crime traduz uma omissão pelo diretor de penitenciária ou agente público. Ele DEIXARÁ DE CUMPRIR seu dever de vedar o acesso de aparelho ao preso, sendo essa conduta, uma omissão, ou seja, o papel desse agente, é vedar esse acesso e ele o deixa de fazer.
A consumação se dá no exato instante em que ocorre a omissão, não havendo possibilidade de tentativa, pois se trata de crime de omissão imprópria.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. A prevaricação vai se consumar no momento em que o agente retardar de forma significativa a realização do ato de ofício; deixar de praticar o ato; ou praticá-lo em desacordo com a lei, na omissão ou na ação.
Crime unissubsistente (modalidade omissiva) / plurissubsistente (modalidade comissiva): O iter criminis NÃO pode ser fracionado. NÃO ADMITE TENTATIVA, admite-se apenas na modalidade comissiva. 
Crime omissivo ou comissivo: Omissivo: deixar de praticar (não admite tentativa); OBS.: o art. 319-A é somente omissivo; Comissiva: Retardar de forma significativa ou praticar de forma diversa da lei (admite tentativa).
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se a condição de funcionário público. OBS.: Na hipótese do Art. 319-A não é qualquer funcionário público, pois é o Diretor da Penitenciária e/ou Agente Público, ou seja, pessoas que atuam naquela seara, naquele estabelecimento prisional. 
Crime doloso: A conduta é dolosa quando o agente retarda, deixa de praticar ou pratica ilegalmente o ato.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 320 – CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
“Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento de autoridade competente.”
O verbo “deixar” traduz a omissão. A conduta está em “deixar de responsabilizar seu subordinado ou deixar de levar ao conhecimento do superior”.
A motivação é algo fundamental na verificação desse crime, haja vista que a indulgência, tolerância, clemência em relação a um outro servidor que praticou uma irregularidade no trato com a coisa pública. Essa indulgência que faz com que ele deixe de penalizar ou levar ao conhecimento do superior a falta praticada que consequentemente geraria uma responsabilização para aquele subordinado.
Na hipótese de deixar de penalizá-lo por interesse ou por sentimento pessoal, se trataria de prevaricação e não condescendência. Se receber isso para receber uma vantagem, seria corrupção passiva. Portanto, para ser tipificado pelo art. 320, a motivação a relação do ato tem que ser a indulgência para com o outro.
O legislador previu esse crime porque a administração deve primar pela probidade, não pode aceitar o descumprimento, mesmo embora sem pretensão de receber vantagem alguma.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. A condescendência vai se consumar no momento em que se der a omissão.
Crime unissubsistente: O iter criminis NÃO pode ser fracionado. NÃO ADMITE TENTATIVA. 
Crime omissivo próprio: deixar de praticar.
Crime próprio em relação ao sujeito ativo: Exige-se acondição de funcionário público.
Crime doloso: Não está-se diante da omissão em virtude da ineficácia da atuação dos servidores públicos, mas advém de uma omissão consciente que representa a vontade do agente com a motivação da indulgência.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Art. 321 – ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
“Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.”
§ ÚNICO: “Se o interesse é ilegítimo”.
	O núcleo do tipo é PATROCINAR, que significa advogar, atuar, defender interesse de alguém. O funcionário público não pode atuar no interesse de quem quer que seja, ele desempenha funções públicas que não podem ser direcionadas para um lado ou para o outro numa demanda. Esse tipo penal não exige que o funcionário público seja advogado, mas ele vai atuar como se fosse advogado ao buscar atender o interesse privado alheio.
	O verbo “patrocinar” está associado às expressões alternativas “direta ou indiretamente” que significa que o agente vai diretamente, ele próprio se dirigir a algum colega da própria repartição para buscar patrocinar uma causa alheia ou vai pedir que outra pessoa o faça, agindo assim, indiretamente.
Não necessariamente a atuação desse funcionário público vai se dar na própria repartição na qual ele desempenha suas funções. Ele pode patrocinar o interesse privado alheio perante outras repartições públicas, valendo-se do seu prestígio, dos contatos que possui com os outros funcionários, ou seja, ele atua aproveitando-se da sua condição de servidor público.
No PARÁGRAFO ÚNICO há uma qualificadora que diz que o interesse privado tratado não é legítimo, ou seja, a pessoa busca uma coisa que não tem direito de buscar, algo contrário a lei, a pena é maior. Esse crime pode ser confundido com outros tipos penais como a corrupção passiva, por exemplo, se o funcionário público agir recebendo dinheiro; ou se deixar de praticar algum ato de ofício será prevaricação. Mas nesse artigo, ele está agindo como um intermediário, patrocinando o interesse de alguém perante outras repartições públicas.
Existe a possibilidade desse patrocínio implementado pelo servidor público ser específico perante a Administração Pública Fazendária, hipótese em que faria configurar um crime específico da lei 8.137, Lei da Ordem Tributária. Nesse caso não seria tipificado pelo Código Penal.
CLASSIFICAÇÃO
Momento da Consumação: Crime instantâneo. Vai se consumar no momento em que o funcionário público realizar o ato de interferência em prol de interesse privado e alheio.
Crime plurissubsistente: O iter criminis pode ser fracionado. ADMITE TENTATIVA. 
Crime comissivo: patrocinar, advogar em prol de alguém.
Crime próprio em relação ao sujeito ativo e passivo: Exige-se a condição de funcionário público para o sujeito ativo e o sujeito passivo é o Estado.
Crime doloso: O agente atua por vontade própria.
Crime de forma livre: Pode ser praticado de diversas maneiras.
Crime monossubjetivo: Pode ser praticado por uma única pessoa.
Há discussão na doutrina se esse crime é de mera conduta ou crime formal. É certo que esse crime não tem resultado, ou seja, para consumação do delito não há exigência da satisfação do interesse alheio privado. Portanto, basta o fato dele interferir em prol do interesse privado de outra pessoa, o crime já vai se configurar, independente daquele interesse ser satisfeito. Para parte da doutrina, será crime de mera conduta, uma vez que sequer se pode visualizar o resultado do crime descrito. Contudo, uma outra corrente entende haver sim resultado que é justamente a efetivação do interesse privado alheio, sendo crime formal.

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