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Toxoplasma gondii

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Centro Universitário de Barra Mansa – UBM
Curso: Biologia - Disciplina: Microbiologia Geral
Professor: Dr. Victor Maximiliano Reis Tebaldi
Pesquisa a ser entregue no dia da prova Nota 1 (valor 0.5)
Toxoplasma gondii
- Ciclo Biológico (inserir figura)
- Transmissão
- Patogenia
- Diagnóstico Laboratorial
- Tratamento
- Profilaxia
Toxoplasmose é uma antropozoonose cosmopolita, causada pelo protozoário Toxoplasma gondi, parasita intracelular obrigatório pertencente à classe dos esporozoários. Sua classificação é a seguinte: filo Protozoa, sub-filo Apicomplexa, classe Sporozoa, família Sarcocystidae, sub-família Toxoplasmatinae, gênero Toxoplasma, espécie T. gondii.
O nome genérico Toxoplasma (toxon = arco, plasma = forma) é decorrente de sua forma crescente (ou em arco) da fase mais comumente observada. Apresenta morfologia múltipla, dependendo do hábitat e do estágio evolutivo e suas formas infectantes durante o ciclo biológico são taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos.
O gato e outros felinos são os hospedeiros definitivos e o homem e os outros animais são os hospedeiros intermediários. Apresenta quadro clínico variado, desde infecção assintomática a manifestações sistêmicas extremamente graves como toxoplasmose febril aguda, ocular, neonatal e linfadenite toxoplásmica. As formas mais graves da doença são encontradas em pacientes cujo sistema imunológico esteja deprimido como recém-nascidos, os receptores de órgãos, indivíduos em tratamento quimioterápico e aqueles infectados com HIV.
Morfologia
O parasita apresenta uma morfologia variada, dependendo do hábitat e do estágio evolutivo. As formas infectantes são os taquizoítos, os bradizoítos e os esporozoítos. Todas essas formas apresentam organelas citoplasmáticas típicas do filo Apicomplexa, que incluem o aparelho apical, o qual apresenta uma estrutura denominada conóide, (em forma de cone), dois anéis polares, organelas secretoras, como roptrias e micronemas; além de microtúbulos subpericulares, e grânulos densos e apicoplasto, uma organela recentemente descoberta envolvida na biossíntese de aminoácidos e ácidos graxos.
O taquizoíto, antes denominado trofozoíto ou forma livre, é a forma proliferativa encontrada na fase aguda da infecção. Apresenta-se em forma de arco, de banana, ou meia-lua, ovóide ou piriforme, com uma extremidade arredondada e outra afilada. Mede aproximadamente dois por seis micrômetros de diâmetro. Quando corado pelo método de Giemsa e possível a observação de um núcleo central arredondado, de cor vermelha e um citoplasma azulado. Os taquizoítos são metabolicamente ativos e podem se proliferar em todos os tipos celulares nucleares de mamíferos. Eles penetram ativamente nas células, por meio de endocitose, e são encontrados dentro de vacúolos parasitóforos em células hepáticas, nervosas, musculares, submucosas e pulmonares acometidas. Trata-se de uma forma móvel que se multiplica rapidamente por um processo denominado endodiogenia. Multiplicações sucessivas originam cistos celulares e a infecção torna-se latente. Os taquizoítos constituem o estágio patogênico do Toxoplasma gondii; Na fase aguda da infecção, os taquizoítos multiplicam-se nos vacúolos parasitóforos de quatro em quatro ou de seis em seis horas, originando rosetas. A grande quantidade de taquizoítos no citoplasma promove o rompimento da célula e a liberação de muitas dessas formas, as quais são fagocitadas ou passam a invadir outras células. Os taquizoítos não são a forma de resistência e são facilmente destruídos pela ação do suco gástrico.
O bradizoíto, também denominado cistozoíto, é uma forma semelhante ao taquizoíto, diferenciando-se pelo número de organelas e pela presença de algumas proteínas específicas. Os bradizoítos encontram-se no interior dos vacúolos parasitóforos de uma célula, cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual. São as formas encontradas em vários tecidos durante a fase crônica, podendo ser encontradas também em menor quantidade nas fases agudas da infecção. Centenas de bradizoítos estão presentes no interior de um cisto, o qual é formado a partir da secreção de uma espessa membrana própria ao redor do parasita, em resposta à imunidade do hospedeiro e outros fatores. O bradizoíto é metabolicamente inativo, multiplica-se lentamente no interior do cisto, o que mantém a latência da infecção.Os bradizoítos são muito mais resistentes e podem permanecer viáveis nos tecidos por vários anos. O tamanho e a forma do cisto formados dependem do tipo de célula infectada e do número de bradizoítos em seu interior, mas geralmente são arredondados e podem atingir de dez a 200 micrômetros. Os cistos podem ser encontrados em vários tecidos, principalmente nos miócitos e nos neurônios.
O oocisto é a forma de resistência produzida nas células intestinais dos felídeos e eliminada junto com as fezes de tais animais. O oocisto é esférico, apresenta uma parede dupla resistente e mede em torno de 12,5 a 11,0 micrômetros. No meio ambiente, após esporulação, apresentam dois esporocistos, cada um com quatro esporozoítos.
Transmissão
A transmissão da toxoplasmose pode ocorrer a partir de várias formas do parasita: por meio de fezes de gatos contaminados, contendo oocistos; por meio da ingestão de carnes cruas e mal cozidas; pela transmissão vertical, quando os taquizoítos no sangue materno atingem a placenta e infectam o feto.
Os hospedeiros definitivos do T. gondii são os felídeos selvagens ou domésticos, principalmente o gato. Os oocistos eliminados junto com as fezes do gato contaminam o solo, o meio ambiente a água e alimentos, além de poderem ser disseminados por moscas e baratas. Trata-se da forma de transmissão mais comum, pois o oocisto é muito resistente, inclusive à ação do suco gástrico.
A contaminação por T. gondii também pode ocorrer por meio da ingestão de cistos em carnes cruas ou mal cozidas, principalmente de carneiro e porco. Os leites de vaca e de cabra podem agir como fonte secundária de infecção. Os cistos de T. gondii são bastante resistentes e podem permanecer viáveis em carnes congeladas a aproximadamente 4°C pó 30 dias, embora o aquecimento acima de 67°C seja capaz de eliminá-los.
A transmissão congênita ou transplacentária ocorre apenas quando a gestante sofre infecção primária por T. gondii durante a gravidez. Caso a gestante tenha sido infectada cerca de oito ou mais semanas antes da concepção, o risco de contaminação fetal é extremamente baixo. Isto significa que mulheres com sorologia positiva para toxoplasmose antes de engravidarem apresentam um risco menor de contaminação do feto, do que aquelas que são infectadas durante a gravidez. Sabe-se que o risco de transmissão aumenta ao longo da gravidez, passando de 15% nos primeiros três meses para 60% no último trimestre. Ao contrário, se o feto for infectado, o risco de morte ou de lesões graves é inversamente proporcional à idade gestacional. A transmissão congênita é a forma mais grave e pode ocorrer por via transplacentária ou por meio do rompimento de cistos no endométrio. Caso a fase aguda da infecção esteja ocorrendo durante a gravidez, a infecção poderá ocorrer quando os taquizoítos atingem a circulação placentária, caracterizando a transmissão transplacentária. Caso a gestante apresente a fase crônica da infecção, em raras situações pode ocorrer o rompimento dos cistos no endométrio, com liberação de bradizoítos que contaminam o feto.
Em raras ocasiões a transmissão pode ocorrer a partir da ingestão das formas de taquizoítos no leite, na saliva ou em transplantes de órgãos infectados.
Não ocorre transmissão inter-humana e as crianças de baixa idade, bem como as pessoas que apresentam sorologia não-positiva constituem os grupos populacionais com maior risco de adquirirem infecção. 
Ciclo Biológico
O Toxoplasma gondii apresenta um ciclo biológico heteroxênico, com duas fases distintas: a fase assexuada e a fase sexuada ou coccidiana. Ambas as fases ocorrem no gato ou em outros felídeos que agem como hospedeiros definitivos. Aves, mamíferos, incluindoo homem, são hospedeiros intermediários, já que neles ocorre apenas o ciclo assexuado. Esses animais transmitem a infecção apenas quando sua carne serve de alimentos para outros animais ou pela via congênita.
Na fase assexuada, o homem ou outro hospedeiro suscetível ingere água e alimentos contaminados com oocistos maduros (contendo esporozoítos); cistos (contendo bradizoítos); ou taquizoítos eliminados no leite. Esses últimos são os menos resistentes e podem ser destruídos pela ação do suco gástrico, mas caso consigam penetrar a mucosa oral ou serem inalados, apresentam a mesma evolução que as outras formas de parasita. Ao atingirem a luz do tubo gastrintestinal e atravessarem a mucosa, os esporozoítos, bradizoítos, ou taquizoítos multiplicam-se rapidamente no meio intracelular, como taquizoítos. Eles invadem vários tipos celulares do organismos e formam vacúolos parasitóforos, no interior do qual se dividem por endodiogenia, um tipo de reprodução assexuada na qual duas células filhas são formadas dentro da célula mãe. Esse processo origina novos taquizoítos, os quais promoverão a lise da célula infectada e invadirão novas células. Os taquizoítos disseminam-se no organismo, por meio da linfa ou do sangue, na fase inicial da doença, caracterizada como proliferativa, representando a fase aguda da infecção. O quadro originado pode ser polissintomático, dependendo da cepa do parasita, da suscetibilidade do hospedeiro e do número de formas infectantes ingeridas. Devido à resposta imune do hospedeiro ocorre uma diminuição do parasitismo, com o desaparecimento dos parasitas extracelulares do sangue, da linfa e dos órgãos viscerais. Pode ocorrer a formação de cistos, o que diminui os sintomas e caracteriza a fase crônica da infecção, a qual pode permanecer por longo período e ser, raramente, agudizada.
O ciclo sexuado, ou coccidiano, ocorre nas células epiteliais do intestino delgado do gato e de outros felídeos. Nesse ciclo, o parasita apresenta uma fase assexuada e outra sexuada. O ciclo enteroepitelial no gato resulta na formação de oocistos. Os esporozoítos, bradizoítos, ou taquizoítos penetram o epitélio intestinal do gato, principalmente na região das vilosidades do íleo; multiplicam-se por endodiogenia e originam vários merozoítos. Os merozoítos formados no interior dos vacúolos parasitóforos rompem a célula infectada e penetram em outras células epiteliais, onde originarão as formas sexuadas masculinas e femininas, na fase sexuada do ciclo enteroepitelial. Essas formas sofrem maturação e originam microgametas - gametas masculinos móveis e macrogametas – gametas femininos imóveis. Os microgametas abandonam a célula de origem e fecundam o macrogameta no interior de uma célula epitelial, originando o zigoto. Esse ovo, ou zigoto forma uma parede externa dupla e evolui para oocisto ainda no epitélio. O oocisto imaturo, liberado após o rompimento da célula epitelial, é eliminado juntamente com as fezes do gato. No meio ambiente, o oocisto sofre maturação, em cerca de dois a cinco dias, por um processo denominado esporogonia, e produz em seu interior dois esporocistos, cada um contendo quatro esporozoítos e uma massa residual de citoplasma. Quando maduro, o oocisto torna-se infectante, se ingerido por algum animal susceptível. O oocisto pode se manter infectante e viável no meio ambiente por até 18 meses, se mantidos em condições adequadas de temperatura e umidade. 
Patogenia
A patogenia do T. gondii na espécie humana é influenciada por fatores como a cepa do parasita, a imunidade do hospedeiro e o modo pelo qual ele infecta.
Três linhagens de T. gondii foram identificadas, denominadas tipos I, II, III. A linhagem tipo I apresenta uma maior patogenicidade, mas é menos encontrado. A linhagem tipo II está mais freqüentemente associada a causas da doença, a lesões oculares e a reagudização da toxoplasmose, em casos de AIDS. E a tipo III ocorre principalmente em animais. Linhagens mistas do parasita também podem ser encontradas em vários casos da doença. A infecção provocada por linhagens virulentas de T. gondii caracteriza um quadro agudo. O protozoário invade, por endocitose, vários tipos celulares, com uma afinidade maior para células do Sistema Fagocítico Mononuclear, leucócitos e células parenquimatosas. No interior dessas células, o parasita multiplica-se rapidamente, de forma que o número de parasitas em uma célula infectada pode chegar a centenas, fazendo com que ocorra distensão da célula e o núcleo seja afastado para a periferia. O agrupamento tecidual desse grande número de parasitas forma o pseudocisto, o qual se rompe, liberando parasitas para invasão de novas células. A destruição das células infectadas gera áreas focais de necrose, cercadas por monócitos, linfócitos e plasmócitos. Essa destruição celular é, provavelmente, o ponto principal dos mecanismos patogênicos, de forma que o abalo severo das defesas orgânicas do hospedeiro poderia provocar a morte em pouco tempo.
Linhagens não virulentas de T. gondii inoculadas em animais de laboratório mostraram que a multiplicação intracelular, nesse caso, ocorre em ritmo mais lento, e que o número de parasitas decresce em um período mais curto. Nas células parasitadas, cerca de oito dias após a infecção, é possível a observação de uma parede cística, resistente e elástica. Em quatro meses, os cistos alcançam uma dimensão máxima, contendo um número elevado de bradizoítos em seu interior. Ao contrário do observado na fase aguda, nos tecidos observados ao redor dos cistos não ocorre nenhuma reação imunológica, nem são encontrados parasitas isolados e pseudocistos.
Um fator importante da patogenia da toxoplasmose, principalmente em indivíduos imunodeprimidos, é a interconversão que ocorre entre taquizoítos e bradizoítos. Ao invadirem as células do hospedeiro, os taquizoítos alteram a parede do vacúolo por meio da troca de proteínas normais por outra que induzem o vacúolo a evoluir para uma parede cística, dentro da qual se diferenciam os bradizoítos. A conversão de taquizoítos em bradizoítos corresponde ao estabelecimento de uma imunidade que pode durar longos períodos.
Em um indivíduo infectado por T. gondii, a resposta imunológica é complexa e envolve mecanismos celular e humoral. A imunidade humoral está envolvida na resistência a infecções agudas e é ativada pelo sistema complemento. Inicialmente ocorre a produção de IgM, em geral de curta duração. Em torno de dois a nove meses, os títulos séricos de IgM já não são mais detectáveis, podendo entretanto serem detectados níveis baixos durante um ano ou mais. Quando ocorre infecção via oral mediada pela ingestão de oocistos maduros, há a formação de anticorpos IgA, que continuam no sangue, em média, por 12 meses. Esse tipo de imunoglobulina é mais sensível do que IgM para diagnosticar toxoplasmose no feto e em recém-nascidos, embora os IgA apareçam mais tarde e desapareçam mais rápido que os IgM. Em torno de três a quatro semanas já é possível a detecção de anticorpos IgG no soro do hospedeiro, alcançando altas concentrações, que diminuem progressivamente para títulos mais baixos, permanecendo durante toda a vida. Esta etapa corresponde à fase crônica ou latente da doença. O diagnóstico da infecção aguda, recente, ou pregressa pode ser realizado por meio da detecção de anticorpos anti- T. gondii, principalmente das classes IgM e IgG. Embora os títulos de anticorpos se mantenham elevados durante a infecção por T. gondii, nem sempre a imunidade humoral é suficiente para proteger o hospedeiro.
A imunidade celular desempenha um papel de maior destaque na toxoplasmose, assim como em outras parasitoses. A resposta imunológica do hospedeiro é mediada por interferon-gama, o qual impede a ruptura dos cistos. Ao invadirem células como os macrófagos, os taquizoítos induzem a produção de interleucina doze (IL-12), a qual ativa células natural killers (NK) e células T a produzirem interferon-gama. A combinação do interferon gama com o fator de necrose tumoral resulta em uma grande produção de óxidonítrico, levando à morte do parasita. No processo da imunidade celular, as células TCD8+ são as mais efetoras e as células TCD4+ atuam em combinação com elas.
A infecção oportunista por T. gondii em pacientes imunodeprimidos, como aqueles que fazem uso de imunossupressores, ou os portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), podem apresentar um quadro patológico grave, principalmente afetando o sistema nervoso central.
Sinais e Sintomas
As infecções causadas por T. gondii em humanos se apresentam, geralmente, de forma assintomática. As principais apresentações sintomáticas da toxoplasmose são: (1) toxoplasmose primária em imunocompetentes; (2) toxoplasmose progressiva em imunocomprometidos; (3) toxoplasmose congênita; (4) toxoplasmose ocular.
Toxoplasmose Congênita: A toxoplasmose congênita, em geral, ocorre quando a mãe apresenta infecção primária durante a gravidez, sendo o risco de infecção fetal mínimo quando a mãe sofre infecção dois meses ou mais antes da concepção. Ou seja, mulheres com infecção crônica pelo T. gondii não contaminam seus filhos durante o desenvolvimento intra-uterino. Ocorre transmissão do parasito para o feto em 30% a 40% das gestações de mulheres imunocompetentes que sofrem infecção primária por T. gondii durante a gravidez. O risco de transmissão é diretamente proporcional à idade gestacional, sendo aproximadamente 15% no primeiro, 30% no segundo e 60% no terceiro trimestre. Já o risco de morte ou lesões graves é inversamente proporcional à idade gestacional. Assim, quando a infecção da mãe ocorre no primeiro trimestre da gestação a maioria das gestações é interrompida por abortamento espontâneo ou o recém-nascido apresenta doença grave. Entretanto, quando a mãe é infectada no segundo ou terceiro trimestre, apenas 15% e 5% dos recém-nascidos, respectivamente, apresentam sinais da doença. Mais da metade dos recém-nascidos infectados por T. gondii durante a gravidez se apresentarão assintomáticos. Dessas crianças assintomáticas ao nascimento, 80% a 90% apresentarão complicações tardias, como coriorretinite, distúrbios auditivos, convulsões ou retardo mental, meses ou anos mais tarde. O tratamento específico no primeiro ano de vida pode reduzir a intensidade ou prevenir o aparecimento dessas manifestações tardias. O quadro clínico da toxoplasmose congênita apresenta com maior freqüência: coriorretinite, estrabismo, cegueira, convulsões, retardo mental, microcefalia, hidrocefalia, abaulamento de fontanela, meningoencefalite, hepatoesplenomegalia, erupção cutânea, petéquias, icterícia e pneumonia. A síndrome mais característica da toxoplasmose congênita é denominada tétrade de Sabin: a) coriorretinite (em 90% dos pacientes) bilateral, macular ou perimacular, simétrica; b) calcificações cerebrais (em 69%); c) hidrocefalia ou microcefalia (em 50%); d) retardo mental. A coriorretinite associada a toxoplasmose congênita pode se apresentar precocemente ou tardiamente. Na maioria dos casos, resulta da reativação, meses ou anos depois de focos latentes da infecção, que se instalaram no período da infecção primária. Quando associada a toxoplasmose congênita, geralmente a reativação ocorre em adolescentes ou adultos jovens. As lesões cerebrais podem calcificar-se, aparecendo ao exame radiológico como manchas arredondadas, faixas ou grãos disseminados. As calcificações cerebrais ocorre em geral no córtex, nos núcleos da base e no tálamo. De 1% a 10% das pessoas que tiveram infecção congênita por T. gondii apresentam retardo mental. Entretanto, o retardado mental ocorre em 80% a 90% dos pacientes que apresentaram alterações clínicas evidentes ao nascimento. Outras alterações podem ocorrer em criança com toxoplasmose congênita: a) neurológicas: paralisias espásticas, hipotonia, déficit visual e surdez; b) miocardite; c) pneumonia intersticial; d) erupção cutânea; e) púrpura trombocitopênica, associada ou não a petéquias, equimoses ou hemorragias cutâneas extensas; f) comprometimento de adrenais, pâncreas, rins e tireóide.
Toxoplasmose Adquirida em Imunocompetentes: Cerca de 90% dos indivíduos imunocompetentes infectados por T. gondii apresentam a forma inaparente da toxoplasmose. A forma clínica mais frequente da toxoplasmose em pessoas imunocompetentes é a forma linfoglandular. A forma linfoglandular é benigna e autolimitada. Nesta forma, ocorre linfadenomegalia generalizada ou localizada, unilateral ou bilateral, sendo às vezes manifestação clínica isolada da doença. Na maioria dos casos os linfonodos da cadeia cervical posterior são acomeditos e se apresentam hipertrofiados. Contudo, também podem estar acomeditos os linfonodos axilares, retroauriculares, suboccipitais, submandibulares, supraclaviculares, mesentéricos, retroperitoneais e, mais raramente, mediastinais. Os linfonodos hipertrofiados medem de poucos milímetros até 3 cm de diâmetro e geralmente são numerosos, bilaterais, simétricos, lisos, firmes ou elásticos, indolores ou sensíveis à palpação, não-coalescentes e não-aderidos a planos profundos. Além disso, em geral, não ulceram nem supuram. Em alguns se encontram amolecidos e/ou confluentes, induzindo à suspeita de doença maligna. Na toxoplasmose linfoglandular, além da hipertrofia dos linfonodos, pode ocorrer febre, em 40% a 70% dos casos, com intensidade variável, porém geralmente baixa. Outros sinais e sintomas também ocorrem, como: cefaléia, astenia, anorexia, mal-estar geral, hepatoesplenomegalia (em 1/3 dos casos), mialgias, artralgias, odinofagia, sudorese noturna e erupção cutânea. Apesar de incomum, indivíduos imunocompetentes que apresentam a forma linfoglandular da toxoplasmose podem evoluir com complicações como pneumonia, miocardite, pericardite, encefalite, ou coriorretinite.
Toxoplasmose Ocular: A coriorretinite em pessoas imunocompetentes com toxoplasmose adquirida é pouco frequente e, quando se manifesta, geralmente é unilateral. Já na toxoplasmose congênita, a coriorretinite geralmente se manifesta tardiamente na adolescência ou na vida adulta devido a reativação de foco ocular latente. Neste caso, a coriorretinite é bilateral e pode haver recorrência com perda progressiva da visão. Os sintomas da coriorretinite são: visão borrada, escotomas, fotofobia, dor e lacrimejamento. O acometimento da mácula causa uma perda parcial ou total da visão.
Toxoplasmose em Imunocomprometidos: Várias situações podem gerar imunodepressão como: imunodeficiências congênitas, neoplasias malignas, transplantes de órgãos, medicamentos imunodepressores e AIDS. Atualmente, a toxoplasmose em imunocomprometidos ganhou destaque em pacientes com AIDS. Na Europa, África e América Latina o índice de soropositividade para toxoplasmose em adultos com AIDS varia entre 75% e 90%. A manifestação clínica causada pela toxoplasmose em pacientes com AIDS é a encefalite, geralmente resultante da reativação de infecção latente no encéfalo que se estabeleceu anos antes de forma congênita ou adquirida. A encefalite pode ocorrer em até 40% dos pacientes com toxoplasmose e AIDS com menos de 100 linfócitos CD4+/mm³. Os sinais e sintomas da encefalite surgem em geral de modo progressivo, porém podem ocorrer de formar abrupta. O quadro clínico é grave e caracteriza-se pela presença de distúrbios do comportamento, confusão mental, torpor, convulsões, delírio, ataxia, coma e déficits neurológicos focais, às vezes acompanhados de rigidez na nuca. Pode ocorrer disfunção urinária e intestinal devido a lesões na medula espinal. Além da encefalite, em pacientes imunocomprometidos com toxoplasmose pode ocorrer pneumonia com instalação progressiva. Os principais sinais e sintomas da pneumonia são: febre, tosse, dispnéia, taquipnéia e estertores à ausculta pulmonar). A coriorretinite da toxoplasmose às vezes ocorre em pacientes com AIDS, geralmente associada com encefalite. Outras alterações, apesar de raro, podem ocorrer, como hepatite, miocardite, orquite e pancreatite. Crianças com mães portadoras de HIV e de T. gondii podem se infectar e desenvolver toxoplasmose congênita associadaa AIDS, que geralmente apresenta evolução grave cursando com febre, coriorretinite, hepatoesplenomegalia, convulsões, miocardite e pneumonia. Grávidas com AIDS podem ter uma reativação da infecção latente por T. gondii tornando-a transmissível para o feto.
Diagnóstico Clínico
A toxoplasmose pode ser estudada na sua forma congênita ou adquirida: O quadro clínico da toxoplasmose congênita é variado , e vai desde a forma assintomática ou com baixo peso ao nascer até as graves lesões encefálicas e a morte fetal ou do recém-nascido. Se a infecção ocorreu no último trimestre de gestação, em geral a criança nasce assintomática, e pode permanecer sem manifestações clínicas evidentes, ou, se não tratada desenvolver meses ou anos depois coriorretinite, convulsões e retardo psicomotor. Por vezes, a criança nasce com o quadro da toxoplasmose disseminada, com pneumonite, miocardite, hepatite, anemia, esplenomegalia, trombocitopenia e exantema petequial. Nas infecções adquiridas no segundo trimestre predominam os sinais de encefalite com convulsões, calcificações cerebrais, microcefalia, macrocefalia por hidrocefalia, microftalmia, nistagmo, estrabismo, cegueira, paralisias, retardo mental e graves lesões da retina. A infecção do concepto no primeiro trimestre de gestação é considerada rara. Quando ocorre, provoca o abortamento espontâneo na maioria dos casos. Os conceptos que sobrevivem nascem com graves lesões neurológicas. Na toxoplasmose adquirida podemos distinguir uma fase aguda e uma fase crônica. Na maioria dos casos, a toxoplasmose adquirida é assintomática ou oligossintomática, e não exibe um quadro clínico definido. Nos pacientes sintomáticos, a doença pode manifestar-se por quadros sindrômicos agudos variados que incluem um estado febril inespecífico, linfoadenopatia, hepatite, miocardite, miosite, pneumonite, exantema maculopapular, coriorretinite e encefalite. A doença é de evolução benigna e, na maioria dos casos, tem resolução espontânea. Os gânglios regridem até o final do segundo ou do terceiro mês, mas podem persistir mais tempo após a regressão da sintomatologia aguda. Uma vez que o indivíduo desenvolva uma imunidade humoral e celular a infecção adquire características crônicas e o parasita passa a viver na forma de cisto em vários tecidos do organismo, a saber: musculatura esquelética, SNC, olho, miocárdio entre outros. Os pacientes crônicos geralmente não apresentam sintomas mas eventualmente podem reagudizar.
Diagnóstico Laboratorial
O perfil sorológico da toxoplasmose, aguda ou recente, é representado pela presença de anticorpos específicos das classes IgM, IgA, IgE e IgG em rápida ascensão. Os anticorpos IgG são de baixa avidez. Esta fase tem a duração de poucas semanas, habitualmente menos de quatro meses. A seguir, com a evolução da infecção observa-se uma fase de transição, que dura semanas ou meses, com níveis elevados de anticorpos IgG de avide crescente. Estão ausentes os anticorpos IgA e IgE, mas os anticorpos IgM podem estar presentes em baixos títulos. Esse perfil sorológico dá lugar ao perfil de infecção latente ou crônica, que, em geral, mantém-se por toda a vida com ausência de anticorpos das classes IgA, IgE e IgM e com anticorpos IgG de baixos títulos e alta avidez. As técnicas laboratoriais mais usadas são os exames específicos com visualização direta do parasito como imunoperoxidase, PAS, Giemsa. A reação da cadeia da polimerase é uma técnica recente e detecta o DNA do parasita. Os métodos imunológicos são os mais usados na prática clínica; imunofluorescência indireta, ELISA, avidez de IgG.
Tratamento
As drogas de escolha são pirimetamina e sulfadoxina. Drogas alternativas são espiramicina e Pirimetamina inibe a síntese de DNA e sulfadoxina impede a síntese PABAdiidropfetoato sintetase. Essas drogas não eliminam bradizoítos pois estes não se dividem. Espiramicina inibe a síntese de RNA e sulfadiazina impede também a síntese PABA.
O tratamento protocolado pelo Ministério da Saúde para as gestantes é Espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas, ou Clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas. Está contra-indicado o uso de Pirimetamina no 1º trimestre de gravidez, pois é teratogênica, e de Sulfadiazina, no 3º trimestre, pelo risco de desenvolver kernicterus.
O tratamento das gestantes com terapia protocolar (espiramicina, pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico), pode reduzir a parasitemia e assim diminuir os riscos da infecção fetal pela via transplacentária, contudo não há garantias da eliminação do parasita.
Atualmente não existem vacinas contra toxoplasmose, mas já estão em desenvolvimento em alguns centros de pesquisa como na Nova Zelândia e em Bruxelas, Instituto Pasteur, com consideráveis resultados.
Profilaxia
A toxoplasmose apresenta distribuição universal e as fontes de infecção são abundantes. O T. gondii é um parasita ubiquitário entre os animais homeotermos, podendo ser encontrado em um grande numero de animais domésticos e silvestres. Destacam-se o cão. O gato, o coelho, o porco, o carneiro, o boi, ratos, pombos e outras aves domésticas. Dessa forma, as medidas profiláticas tornam-se de difícil aplicação, mas ainda assim com enorme importância epidemiológica.
O consumo de carnes cruas e mal cozidas, bem como a ingestão de leite de cabra ou de vaca não fervido, deve se evitado. Os cistos morrem se a carne for submetida a uma temperatura de 65°C e mantida nessa temperatura por quatro a cinco minutos. Caso haja contato direto com a carne crua, as mãos devem ser lavadas antes de manusear outros alimentos.
O controle da população de gatos e a alimentação adequada dos mesmos com carne cozida ou seca são medidas que também devem ser adotadas. As fezes dos gatos devem ser incineradas, a fim de evitar o contato direto de crianças com essas fezes, em caixas de areia, por exemplo.
Mulheres grávidas, mulheres sexualmente ativas em idade fértil e imunodeprimidos merecem destaque na profilaxia da toxoplasmose. A melhor forma para prevenção da toxoplasmose congênita é utilizar medidas de prevenção primária e educação sanitária, como aconselhar as gestantes a evitar a exposição ao antígeno, evitando o contato com animais possivelmente infectados.
Nas gestantes que adquiriram toxoplasmose durante a gravidez, podem-se utilizar métodos de prevenção secundária, os quais têm como objetivo prevenir a contaminação fetal, utilizando como tratamento a espiramicina nas grávidas com infecção na fase aguda. Além disso, o teste sorológico para toxoplasmose deve ser realizado em mulheres em idade fértil e no pré-natal.
Atualmente, ainda não há vacinas para prevenção da infecção por T. gondii. 
Referências Bibliográficas
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