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1 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES PHD CONCURSOS E VESTIBULARES PREPARATÓRIO ENEM/IFAL/VESTIBULARES DISCIPLINA: CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES CULTURA GERAL A prova exige dos candidatos uma visão globalizante do processo transformacional das sociedades ocidentais através dos tempos. O candidato, além de ser capaz de fazer uma análise estrutural dos fatores econômicos, históricos, geográficos, políticos e sociais, deve interpretar mapas, tabelas, organogramas, textos e gráficos, estabelecendo relações com as condições às quais se referem ou nas quais foram gerados. CONHECIMENTOS ENGLOBADOS Geografia História Atualidades II - O MUNDO CONTEMPORÂNEO 2.1 A Independência dos Países americanos Entre os séculos XVIII e XIX, o Absolutismo e as práticas mercantilistas desmoronaram em quase toda a Europa ocidental. Era o prenúncio de um novo tempo, caracterizado pela produção industrial, pelo livre comércio e pela igualdade de direitos. Esses ares de renovação não tardariam a se espalhar por todo o mundo. Na América, começaram a soprar em 1776, quando os colonos ingleses da América do Norte colocaram fim ao domínio colonial. Com isso, abriram um caminho que seria rapidamente trilhado por colonos de outras partes do continente. Os primeiros a tomar esse rumo foram os habitantes da colônia francesa de São Domingos, na América Central. Nessa região, cuja maioria da população era formada por pessoas de origens africana, teve início um dos movimentos de independência mais radicais de toda a América, que resultaria na formação do Haiti. Os colonos espanhóis, por sua vez, começariam a conquistar sua independência no início do século XIX. O vasto território controlado pelos espanhóis se fragmentaria então em vários países. A domínio colonial apenas em 1822. Características dos movimentos de independência 1. A Causa Estrutural da Crise do Sistema Colonial Ibérico - O Sistema Colonial Ibérico entrou em grave crise, provocada pelo desenvolvimento do Capitalismo Industrial, que não permitia as barreiras do monopólio comercial e a continuidade do regime de trabalho escravo. 2. A Independência das Colônias Espanholas da América Revoltas Nacionalistas - Os diversos países da América alcançaram sua independência por meio de diversas revoltas no período de 1810 a 1828. Simón Bolívar e San Martin foram os principais líderes dessas revoltas, principalmente na América do Sul. Apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos: desenvolvendo a industrialização, a Inglaterra apoiou a independência latino- americana, tendo interesse em expandir seu 2 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Mercado Consumidor de produtos industrializados. Com a Doutrina Monroe (a América para os americanos), os Estados Unidos já revelaram suas pretensões de manter o continente americano sob sua influência. 3. A Independência do Brasil - Proclamada a 7 de setembro de 1822, a independência brasileira não alterou a ordem econômica vigente no país. O Brasil saiu dos laços coloniais portugueses para cair na esfera de dominação Inglesa. TEXTO I: AMÉRICA LATINA O termo “América Latina” ou “Ibero-América” designa a região que inclui o México, a América Central e a América do Sul. O conjunto ocupa pouco mais da metade do continente americano e abriga quase dois terços da população. CINCO GRANDES REGIÕES O extenso território latino- americano foi colonizado principalmente por espanhóis e portugueses. A maioria da população é mestiça, pratica a religião católica e fala espanhol ou português, embora também se conservem algumas línguas e culturas ameríndias. A população concentra-se nas planícies costeiras e nos planaltos, e dedica-se fundamentalmente ao setor primário. Brasil, México e Argentina são os maiores países da América Latina. Os outros, em geral, apresentam dimensões médias, e somente os da América Central têm pouca extensão territorial. Os menores localizam-se nas Antilhas. Além disso, nesse arquipélago ainda há ilhas dependentes do Reino Unido, França, Estados Unidos e Países Baixos. É o caso da Martinica, das Ilhas Virgens, de Montserrat e de Guadalupe. Na América Latina, é possível diferenciar vários conjuntos: México, América Central, América Andina, o Brasil, os países platinos e as Guianas. México. É um país que faz ponte entre a América Anglo-Saxônica e a América Latina, apesar de fazer parte, territorialmente, da América do Norte. A maioria da população é miscigenada e habita as planícies costeiras e o planalto. América Central. Compreende os pequenos Estados situados nas ilhas e no istmo entre a América do Norte e a do Sul. Nas ilhas predomina a população negra, descendente dos escravos trazidos da África no período colonial para trabalhar nas plantações. Em alguns países do istmo, como a Guatemala, os povos ameríndios assumem grande importância. América Andina. Engloba os países por onde se estendem os Andes, sistema montanhoso que influi no clima, na distribuição da população e na economia. A maioria da população indígena concentra-se no planalto, onde estão as principais cidades. Brasil. A população de origem branca é predominante no país, embora a população de ascendência africana também seja significativa, assim como a miscigenada. A maior parte dos habitantes vive no litoral; em algumas áreas amazônicas das regiões Norte e Centro-Oeste são encontrados numerosos grupos indígenas. Países platinos. Localizam-se em torno do rio da Prata, estuário criado pelos rios Paraná e Uruguai, na zona mais meridional da América. A maior parte da população é branca de ascendência europeia e concentra-se nas capitais Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). Guianas. Região dividida entre três países que foram colonizados por povos não- ibéricos. Ocupa o extremo setentrional da América do Sul. É uma área de fraco desenvolvimento socioeconômico, que ainda abriga um enclave colonial francês. A COLONIZAÇÃO A América do Sul, a América Central e uma parte da América do Norte 3 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES foram povoadas e colonizadas por espanhóis e portugueses; grande parte da população nativa miscigenou-se com os povos ibéricos, que impuseram sua língua e a religião católica. Entretanto, em uma parte das Antilhas, foi a colonização britânica que se impôs e, com ela, a língua inglesa e as diferentes religiões evangélicas de raz protestante. A maioria dos Estados latino- americanos atuais conquistou sua independência nas três primeiras décadas do século XIX. DAS DITADURAS À DEMOCRACIA Ao longo do século XX, a América Latina teve uma evolução distinta da dos outros países do mundo subdesenvolvido. No início daquele século, muitos países, especialmente os do Cone Sul, gozavam de grande prosperidade econômica, até mesmo superior à de muitas nações europeias. Contudo, várias décadas de instabilidade política ocorreram: diversas tentativas revolucionárias, golpes de Estado, intervenções norte-americanas na América Central e, finalmente, no contexto da Guerra Fria, o aparecimento de movimentos guerrilheiros e de ditaduras sanguinárias que exerceram a repressão; em quase todos os países, houve milhares de vítimas da tortura e de casos de desaparecimento ou de assassinato. A partir da década de 1980, os sistemas democráticos foram sendo restabelecidos na região, apesar de as investigações sobre os crimes políticos do passado continuaremem aberto. É o caso da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Peru e Guatemala, entre outros. Por outro lado, a corrupção continua fortemente enraizada e, em muitos casos, a instauração da democracia tem sido apenas formal. Na realidade, as mesmas elites que exerceram o poder durante décadas e que detêm o controle da economia continuam dominando a política ou formando grupos de pressão sobre os governantes. Essa situação provoca o aparecimento de líderes populistas, que arrebanham um amplo apoio popular, enquanto as insurreições dos cidadãos mais pobres são frequentes. DESIGUALDADE E POBREZA O CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO Muitos países têm uma alta taxa de natalidade e uma taxa de mortalidade em declínio, o que promove o rápido crescimento da população. O alto crescimento demográfico, aliado à deficiente distribuição da propriedade da terra e às péssimas condições salariais, educacionais e de saúde do trabalhador do campo, tem provocado um significativo êxodo rural. Em muitas cidades latino-americanas a população é concentrada em assentamentos que formam extensos bairros carentes de serviços básicos. A falta de perspectiva na área urbana faz com que muitos de seus habitantes emigrem para a Europa e os Estados Unidos. UM BAIXO PADRÃO DE VIDA As populações desses países enfrentam grande precariedade em saúde, educação e infraestrutura. Nos últimos anos do século XX, a intervenção Social do Estado foi reduzida, dando início à aplicação de políticas de ajustes, que em alguns casos aumentaram a desnutrição, o analfabetismo e a degradação dos serviços sanitários. OS CONTRASTES ESPACIAIS E SOCIAIS Há grandes diferenças econômicas e demográficas entre as regiões da América Latina. A distribuição da riqueza também é desigual: existe uma minoria muito rica, enquanto grande parte da população vive em condições de extrema pobreza. ECONOMIA INFORMAL Em muitos países subdesenvolvidos, as atividades econômicas informais são uma alternativa constante para conseguir trabalho e renda. Uma das atividades não regulamentadas é o comércio ambulante, presente em inúmeras ruas e praças das cidades latino-americanas. 4 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Os vendedores ambulantes não pagam impostos, porém estão totalmente desprotegidos pela legislação social e trabalhista. DISCUSSÃO 1. Que realidades expostas no texto são comuns ao nosso cotidiano? 2. Que discussões são levantadas no texto? Argumente. QUESTÕES 1. (PUC-RIO 2009) Sobre os movimentos de independência ocorridos na América inglesa, em 1776, e na América hispânica nas primeiras décadas do século XIX, estão corretas as alternativas, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a. a) Em meados do século XVIII, nas treze colônias inglesas, os colonos americanos reagiram contra as leis impostas pelo Parlamento britânico e organizaram-se para defender a sua autonomia político administrativa, a liberdade de comércio e a igualdade de direitos entre os habitantes do Reino e das colônias. b) Em 1776, as colônias inglesas votaram a Declaração de Independência, que defendia princípios fundamentais do Iluminismo como a igualdade, o direito à liberdade e a instituição de governos fundados no consentimento dos governados. c) Os movimentos de independência na América hispânica estão diretamente relacionados à invasão napoleônica da Espanha em 1808 e à deposição do rei Fernando VII, que resultaram no estabelecimento de juntas de governos locais na América, iniciando um intenso e amplo período revolucionário. d) Assim como ocorreu com as treze colônias inglesas, todas as colônias espanholas na América tornaram-se independentes ao mesmo tempo, apesar de não terem mantido a unidade territorial existente e terem se dividido em vários estados nacionais independentes. e) A revolução de independência das treze colônias inglesas e também os ideais iluministas depositários de novos princípios de organização política e social, contrários à monarquia, ao direito divino dos reis e a favor da soberania popular, tiveram uma enorme influência nos movimentos de independência da América hispânica. 2. UFPR 2010) A mão de obra utilizada nas plantations que se estabeleceram nas colônias europeias na América era formada majoritariamente por escravos trazidos da África e seus descendentes. Sobre os processos de independência na América e sua relação com a escravidão de africanos e afrodescendentes, assinale a alternativa correta. a) A libertação dos escravos na América do Norte foi o principal motivador da Independência das Treze Colônias inglesas. b) Os escravos e os negros e mestiços livres haitianos armaram-se para a luta e tiveram papel fundamental nos levantes contra as autoridades francesas que culminaram na Independência do Haiti e na abolição da escravidão nesse território. c) As palavras Liberdade, Igualdade, Fraternidade, tornadas lema da Revolução Francesa, foram estendidas às suas colônias e concretizadas quando o governo revolucionário da França aboliu simultaneamente a escravidão em todos os seus territórios na América, desencadeando as guerras de independência. d) Somente Colômbia, Venezuela e Equador levaram a cabo a abolição da escravidão durante seus processos de independência. e) O Haiti e as Treze Colônias inglesas declararam sua independência das metrópoles, respectivamente França e 5 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Inglaterra, proibindo o tráfico de escravos nas últimas décadas do século XVIII. 3. (UFPR 2009) Vários movimentos contrários à opressão colonial ocorreram nas Américas, sobretudo no século XIX, visando à independência em relação às metrópoles. Sobre esses movimentos, é correto afirmar: a) A maioria deles fracassou, permanecendo os países submetidos às suas metrópoles, como colônias, até o século XX. b) San Martín e Simón Bolívar foram líderes de movimentos de independência ocorridos na América Latina. c) A Guerra dos Farrapos foi o principal movimento pela independência do Brasil em relação a Portugal. d) Os movimentos de independência foram inspirados no exemplo das colônias africanas, que estavam tornando-se países independentes no século XIX. e) Os movimentos de independência da América Latina foram determinantes na independência das colônias norte- americanas. 4. (UFG) A Inglaterra apoiou os movimentos da independência das colônias luso- espanholas devido ao (à). a) Receio da expansão comercial das colônias. b) Influência das idéias geradas pela Revolução Francesa. c) influência das novas idéias políticas do século XVIII sobre a Espanha e Portugal. d) Necessidade de aumentar a produção industrial das colônias. e) Necessidade de assegurar novos mercados para seus produtos. 5. (UFU) No início do século XIX, a independência da América Espanhola ocorreu num contexto político internacional marcado por fatos. Dentre os fatos que favoreceram a independência da América Espanhola, podemos mencionar. a) A Revolução Industrial Espanhola. b) A derrota dos americanos na guerra de independência dos Estados Unidos. c) O Despotismo Esclarecido. d) O triunfo do absolutismo de direito divino na Espanha. e) As guerras napoleônicas. 6. (OSEC-SP) Os movimentos de independência do Brasil e das colônias espanholas na América podem ser explicados em função: a) Do desenvolvimento do capitalismo industrial e das restrições impostas pelo Pacto Colonial. b) Do desenvolvimento industrial metropolitano, que exigia mercados abertos e diversificaçãoda produção. c) Da difusão das ideias liberais. d) As alternativas a e c estão corretas. e) As alternativas b e c estão corretas 7. (OBJETIVO-SP) Não podemos considerar como fator de crise do Antigo Sistema Colonial. a) A Revolução Industrial. b) O Iluminismo. c) A independência dos Estados Unidos da América. d) A Revolução Francesa. 6 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES e) A Primeira Guerra Mundial. 8. (FUVEST – 1997) Sobre o processo de independência política da América Espanhola é possível afirmar que: a) diferentemente do Brasil, a longa guerra, que teve importante participação popular, fez emergir interesses sociais conflitantes. b) a Espanha, sob domínio francês, ficou de mãos atadas, sem poder intervir no combate aos rebeldes. c) a participação maciça de escravos ao lado dos rebeldes contrastou com a apatia das massas indígenas. d) a Igreja Católica e os comerciantes abastados assumiram posições idênticas, a favor da Coroa espanhola. e) os acordos políticos, levados à frente pelas elites, garantiram aos menos privilegiados as reformas sociais pelas quais tinham lutado. 9. (FEI – 2000) Estimuladas pelas ideias iluministas e pelo exemplo vitorioso da Revolução Americana, muitas colônias da América tornaram-se independentes ao longo das duas primeiras décadas do século XIX. A independência do Haiti, colônia francesa, foi a mais singular de todas porque: a) foi feita pelos escravos que, ao mesmo tempo proclamaram a independência e aboliram a escravidão. b) levou à criação de um país que adotou a monarquia absoluta como forma de governo. c) tornou-se uma monarquia constitucional, diferentemente do restante dos novos países, que se tornaram repúblicas d) instituiu o primeiro governo socialista, com a coletivização das terras. e) reintroduziu a escravidão na região, o que havia sido abolido na Revolução Francesa. 10. (UFPB – 1999) As invasões de Espanha e Portugal pelos exércitos de Napoleão Bonaparte desencadearam o processo de independência das colônias ibéricas na América. Entre as causas que levaram estas colônias à independência, considere as seguintes: I. A Inglaterra apoiou os movimentos de independência, porque estava interessada em expandir os mercados para seus produtos industrializados. II. Um surto de revoltas de escravos índios e negros, motivados pela independência do Haiti, levou as elites coloniais a desejarem a independência como um meio de fazer frente a estas revoltas. III. A independência dos Estados Unidos e as ideias iluministas de liberdade individual e autogoverno serviram como forte estímulo, para que as elites coloniais lutassem pela separação das potências ibéricas. É (são) verdadeira(s) apenas a) I b) II c) I e III d) II e III e) todas estão corretas. 2.2 Revolução Industrial Foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo. 7 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura. A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos. Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias. Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador. O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma etapa. A PRIMEIRA ETAPA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução. A SEGUNDA ETAPA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. A TERCEIRA ETAPA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época. TEXTO II A NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL O tênis abaixo não foi fabricado. Ele foi impresso. A tecnologia das impressoras tridimensionais pode transformar a forma de criação dos objetos No início do século XVIII, não era fácil ter um sapato. Um artesão tinha de cortar e costurar cada parte manualmente. Esse trabalho levava dias. Nas décadas seguintes, sua fabricação ficou mais ágil com a introdução, na Inglaterra, das máquinas de corte e costura operadas manualmente. Foi o início da primeira Revolução Industrial. O sapato ficou mais acessível, mas ainda custava caro. Em meados do século 8 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES XIX, a produção fabril ficou ainda mais eficiente com a invenção de máquinas movidas a eletricidade. No início do século XX, nos Estados Unidos, o empresário Henry Ford usou-as nas primeiras linhas de produção. Assim como os carros da Ford, milhares de sapatos passaram a ser fabricados simultaneamente, em tempo recorde e a um custo baixo. Essa produção em massa em grandes fábricas se tornou o símbolo da segunda Revolução Industrial. Agora, após um século, uma nova transformação se anuncia. Ela é trazida por aparelhos do tamanho de um micro-ondas que constroem um objeto real a partir de um arquivo digital: as impressoras tridimensionais. Até há pouco tempo, esses equipamentos custavam centenas de milhares de reais e ficavam restritos às grandes indústrias. Hoje já é possível levar para casa uma impressora 3D e usá-la para fabricar objetos. Como um sapato. “Uma terceira revolução industrial está a caminho”, diz o jornalista e físico Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, em seu livro Makers (Os produtores, numa tradução livre, sem previsão de lançamento no Brasil), que saiu neste mês nos Estados Unidos. “Assim como a internet mudou, redistribuiu e acelerou a difusão da informação, essa tecnologia pode transformar a fabricação de produtos de algo rígidoe dependente de capital num processo flexível, baseado em criatividade.” http://revistaepoca.globo.com/Ciencia-e- tecnologia/noticia/2012/10/nova- revolucao-industrial-muda-forma-como- os-objetos-sao-criados-produzidos-e- consumidos.html QUESTÕES 11. (Cesgranrio) A consolidação do processo de industrialização na Inglaterra, ocorrida na primeira metade do século XIX, relaciona-se corretamente com a (o): a) extinção do processo de cercamento dos campos ("enclousures"). b) supremacia da ideologia liberal. c) fortalecimento da produção através das corporações de ofício. d) surgimento do capitalismo financeiro e oligopolista. e) êxodo da mão-de-obra especializada das cidades para o campo. 12. (Fatec) “A produção em larga escala exigia não só a divisão de trabalho e ferramentas especializadas, mas também um sistema organizado de transporte, comércio e crédito. Segundo todos os testemunhos contemporâneos, as comunicações internas da Inglaterra estavam muito longe de satisfazer as necessidades dos industriais. As estradas inglesas, dependentes, como estavam, na construção e consertos, de fiscais amadores e do estatuto relativo ao trabalho não especializado, eram, na maior parte das vezes, impróprias para o tráfego rodoviário; e o transporte mais em uso era o cavalo de carga, que viajava, às vezes, em filas de mais de cem, em calçadas de pedra dispostas lado a lado ou ao meio das estradas". (T. S. Ashton) Dentre outras coisas, o texto se refere ao fato de que: a) as ferrovias inglesas dependiam, para a sua manutenção, de trabalhadores não apropriados à tarefa. b) a divisão social do trabalho e as ferramentas especializadas provocaram um aumento significativo na produção. c) as necessidades industriais na Inglaterra, apesar de tudo, eram satisfeitas pelas estradas de pedra. d) as rodovias inglesas, graças a seu ótimo estado de conservação, foram responsáveis pelo aumento da produção industrial. luanm Realce 9 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES e) as deficiências nas comunicações internas na Inglaterra eram motivadas pelo péssimo calçamento das estradas, impróprio para os cavalos de carga. 13. (Fei). Podem ser apontadas como características da Revolução Industrial: a) A substituição da manufatura pela indústria, a invenção da máquina-ferramenta, a progressiva divisão do trabalho e a submissão do trabalhador à disciplina fabril. b) O aprimoramento do artesanato, a crescente divisão do trabalho, um forte êxodo urbano e o aumento da produção. c) A substituição do artesanato pela manufatura e o consequente aumento da produção acompanhado pelo recrudescimento da servidão. d) A total substituição do homem pela máquina e o aumento do nível de vida da classe trabalhadora. e) A modernização da produção agrícola, o êxodo rural e uma diminuição do nível geral da produção. 14. (G1) A Revolução Industrial Inglesa só foi possível pelo processo histórico de acumulação primitiva criador tanto do CAPITAL quanto do TRABALHO. A liberação da mão-de-obra e formação do proletariado ocorreu com: a) os cercamentos dos campos e a expulsão dos camponeses das terras comuns. b) o intenso cultivo de algodão nos campos ingleses. c) o processo de reforma agrária na Inglaterra. d) o intenso processo de imigração de trabalhadores de outras nações europeias para as indústrias inglesas. e) a produção agrícola organizada em técnicas feudais. 15. (Puccamp) "O duque de Bridgewater censurava os seus homens por terem voltado tarde depois do almoço; estes se desculparam dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, então o duque modificou o relógio, fazendo-o bater 13 badaladas." Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial inglês no final do século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento histórico, pode-se afirmar que a) os trabalhadores foram beneficiados com a diminuição da jornada de trabalho em relação à época anterior à revolução industrial. b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos que marcou o desenvolvimento da maquinofatura. c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos trabalhadores, mas como compensação forneciam remuneração por produtividade para os pontuais. d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de trabalho dos operários, haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão dos relógios naquele contexto. e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam corretamente o horário de trabalho. 2.3 Imperialismo Imperialismo é a prática através da qual, nações poderosas procuram ampliar e manter controle ou influência sobre povos ou nações mais pobres. Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a expansão econômica dos países capitalistas; outras vezes é usado para designar a expansão europeia após 1870. Embora Imperialismo luanm Realce luanm Realce luanm Realce luanm Realce 10 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam usados da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e outro. Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação de território e perda da soberania. Imperialismo se refere, em geral, ao controle e influência que é exercido tanto formal como informalmente, direta ou indiretamente, política ou economicamente. AÇÕES IMPERIALISTAS NA ÁFRICA E NA ÁSIA África - Na metade do século XIX a presença colonial europeia na África estava limitada aos colonos holandeses e britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e franceses na África do Norte. A descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em 1869, despertaram a atenção da Europa sobre a importância econômica e estratégica do continente. Os países europeus rapidamente começaram a disputar os territórios. Em algumas áreas os europeus usaram forças militares para conquistar os territórios, em outras, os líderes africanos e os europeus entraram em entendimento a respeito do controle em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram decisivos para que os europeus pudessem manter tudo sob controle. Grã-Bretanha, França, Portugal e Bélgica controlavam a maior parte do território africano, a Alemanha também possuía lá, muitas terras, mas, as perdeu depois da I Guerra Mundial. Os estilos variavam, mas, os poderosos colonizadores fizeram poucos esforços para desenvolver suas colônias. Elas eram apenas locais de onde tiravam matérias-primas e para onde vendiam os produtos manufaturados. Talvez o pior legado do Colonialismo tenha sido a divisão da África em mais de 50 Estados cujas fronteiras foram demarcadas sem dar a menor importância aonde as pessoas viviam e como organizavam sua própria divisão política. As fronteiras atuais, em geral, dividem uma única comunidade étnica em duas ou mais nações. Por exemplo: embora a maioria dos Somalis vivam na Somália, eles constituem uma significativa minoria no Quênia e na Etiópia e muitos deles gostariam de ser cidadãos da Somália. Outro legado ruim do Colonialismo foi o seu efeito na vida econômica dos povos africanos. O sistema colonial destruiu o padrão econômico que lá existia. O colonialismo também ligou a África economicamente às grandes potências e os benefícios desse sistema sempre vão para os países poderosos e nuncade volta para África. A história da exploração econômica teve um papel importante na forma como certos governos africanos independentes, se preocuparam em desenvolver suas próprias economias. Alguns países como a Costa do Marfim, criaram uma base econômica orientada para a exportação dentro das regras coloniais. Outros, como a Tanzânia, procuraram redirecionar sua economia para a produção de grãos e de bens necessários para o seu povo. O terceiro mal causado pelo colonialismo foi a introdução das ideias europeias de superioridade racial e cultural, dando pouco ou nenhum valor às manifestações culturais dos povos africanos. Aos poucos os africanos estão recuperando o orgulho por sua cor, raça e cultura. Ásia O período da conquista europeia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até a metade do século 20. Alguns historiadores acreditam que esse período ainda não terminou. O interesse europeu pela Ásia começou com a curiosidade e se tornou o desejo de explorar as riquezas deste continente. Para isso, os europeus tiveram que conquistar e colonizar essas terras, isso 11 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES aconteceu nos séculos 19 e 20. Na época da I Guerra Mundial, a maior parte da Ásia estava sob controle europeu. Três ou quatro séculos de contato e controle europeu trouxeram boas e más consequências para Ásia. As contribuições europeias foram, novas ideias e técnicas para agricultura, indústria e comércio, saúde e educação e administração política. Poucas culturas asiáticas estavam aptas para se adaptar a essas novas regras e ideias, mas aquelas que, como o Japão, conseguiram, tiraram muito proveito após sua independência. Dentre os problemas do Colonialismo, a exploração das riquezas, que os europeus levavam para as metrópoles, a divisão da Ásia sem levar em conta suas culturas, povos e regiões físicas. Houve também os problemas políticos e sociais causados pelas minorias estrangeiras, como a cultura francesa na Indochina, que se chocava com a cultura existente nesse país. Até hoje existem problemas desse tipo nas nações asiáticas. É assim que podemos compreender as dificuldades que certos países têm até os dias atuais. As marcas profundas deixadas pelo colonialismo se refletem em suas culturas, políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas nações poderosas É a esse domínio que chamamos Imperialismo QUESTÕES 16. (PUC-RIO 2009) A caricatura abaixo representa de forma satírica a expansão imperialista na Ásia por parte dos Estados Unidos (tio Sam), da Grã-Bretanha (leão), da França (galo), da Alemanha (águia imperial germânica) e da Rússia (urso siberiano). Com base em seus conhecimentos e a partir da imagem, é possível afirmar que ela se refere: a) à disputa pela Coréia, na primeira guerra sino-japonesa (1894/95) e na guerra entre Japão e o Império Russo (1905). b) à divisão de parte da China em áreas de influência europeia, bem como à reivindicação americana de também se beneficiar com a abertura dos portos chineses. c) à Revolta dos Cipaios, sufocada pelas potências europeias e pelo Japão no século XIX, de modo a abrir caminho para a penetração imperialista na China. d) à imposição de tratados desiguais à China (como o Tratado de Nanquim) por meio de ameaça de bombardeio por parte do navio US Mississipi do Comodoro Perry (1853), com o objetivo de forçar a abertura dos portos daquele país. e) à força expedicionária de várias nações que sufoca o levante dos Boxers (1900/1901), derruba o governo Manchu e estabelece uma República. luanm Realce 12 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES 17. (PUC-RIO 2007) “...Nós conquistamos a África pelas armas...temos direito de nos glorificarmos, pois, após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“ Da influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique, 1889) A partir da citação acima e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as afirmativas abaixo. I - A ideia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no discurso dos que defendiam a política imperialista. II - Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses europeus. III - Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão imperialista, era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos materiais que beneficiariam as populações nativas. IV - Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em retirar o continente africano da condição de atraso em relação à Europa. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmativa IV está correta. b) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas I e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 18. (UDESC 2008) No decorrer do século XIX, as grandes potências europeias lançaram-se à conquista colonial da África e da Ásia. Sobre a ocupação da África e suas consequências, é incorreto afirmar: a) A violência em que se deu a colonização provocou grandes distorções nas estruturas econômicas, sociais e culturais dos territórios dominados. Intrigas entre etnias foram estimuladas e antigos reinos destruídos, vencidos pela superioridade militar dos colonizadores. b) Os europeus demarcaram fronteiras, confiscaram terras, forçaram grupos nômades a fixar-se em territórios específicos. Em consequência disso, os Estados africanos atuais, na sua maioria, não têm a mesma unidade cultural, linguística e social. c) A ocupação do território africano destruiu estruturas tradicionais; a economia comunitária ou de subsistência foi totalmente desorganizada, pela introdução de cultivos e outras atividades, destinadas a atender exclusivamente às necessidades das metrópoles. d) A ocupação europeia beneficiou o continente africano, pois possibilitou a inserção da África na economia capitalista mundial. Antes da colonização europeia, a economia africana restringia-se a suprir as necessidades básicas de sua população; assim, os africanos viviam sob condições de vida bastante atrasadas. e) A ocupação das colônias criou sérios problemas (muitos ainda não resolvidos, mesmo na atualidade). Pode-se dizer que muitos dos conflitos étnicos que existem hoje na região são consequências da dominação colonial da África. 19. (UDESC 2008) É incorreto afirmar, sobre o imperialismo do final do século XIX: a) A unificação de Itália e Alemanha não se relaciona com as políticas imperialistas do período. b) O Nacionalismo foi um dos suportes da política imperialista. luanm Realce luanm Realce luanm Realce 13 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES c) "O sol nunca se põe no império Britânico" é uma expressão que nos fornece uma ideia sobre as extensões das políticas imperialistas. d) O imperialismo provocou aumento da pobreza, em países como a Índia. e) A política imperialista não ficou restrita à África. 20. A política imperialista consistia na busca, principalmente, de novos mercados consumidores para os países industrializados e foi assim que vários países daÁfrica e da Ásia sofreram com a prática da neocolonização nos séculos XIX e XX. Portanto, sobre a justificativa construída pelas potências europeias para invadir as nações do continente africano e asiático é correto dizer que: a) As potências europeias justificavam a invasão nos países periféricos afirmando que essa ação contribuiria para o desenvolvimento industrial e que incentivaria a adoção de um regime socialista nos países asiáticos. b) As principais alegações utilizadas na prática do Imperialismo foram as teorias darwinistas que defendiam a superioridade cultural dos países europeus, sendo eles os países que levariam o progresso e o desenvolvimento social para os países da África e da Ásia através da missão civilizadora. c) Uma das justificativas era que os europeus aprenderiam técnicas industriais com os africanos e asiáticos, o que acarretaria no desenvolvimento econômico e científico dos países desenvolvidos. d) O fardo do homem branco era uma das legitimações europeias durante a política imperialista. Esse fardo consistia numa missão que contribuiria para o desenvolvimento industrial dos países africanos e asiáticos, gerando assim o crescimento da burguesia local, fazendo com que os países não desenvolvidos tivessem suas próprias indústrias. e) Justificavam suas ações pela pura e simples exploração com o intuito de lucro e crescimento econômico. 2.4 A Primeira Guerra Mundial: a guerra imperialista A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939, e Guerra das Guerras) foi um conflito mundial ocorrido entre 28 de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918. CONTEXTO HISTÓRICO As disputas coloniais entre as nações industrializadas da Europa (Neocolonialismo). O clima de instabilidade entre as potências europeias. O revanchismo francês. Os movimentos nacionalistas: Pan-eslavismo e o Pangermanismo. A paz armada. A POLÍTICA DE ALIANÇAS luanm Realce luanm Realce luanm Realce luanm Realce luanm Realce 14 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES A Tríplice Entente: Inglaterra, França e Rússia. A Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria e Itália. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinand – causa imediata. AS FASE DA GUERRA Primeira Fase (1914-1915): Guerra de movimento. Segunda Fase (1915-1917): Guerra de trincheiras. A guerra das trincheiras aconteceu na fronteira entre a Alemanha e da França, a sul da Bélgica e a norte da Suíça. Aconteceu em 1915 e 1917. As trincheiras eram uma espécie de caverna, em que os soldados faziam “túneis”, viviam, bombardeavam o inimigo com canhões de grande alcance e combatiam corpo-a-corpo quando era necessário. Terceira Fase (1917-1918): Saída da Rússia e entrada dos Estados Unidos. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA Rendição alemã e a assinatura do Tratado de Versalhes. A formação da liga das Nações e Ascensão econômica e política dos Estados Unidos. A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com tácticas do século XIX. A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa nessa guerra A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos. FIM DO CONFLITO Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância: a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada, perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial. Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Látvia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Áustria, Hungria e Polônia foram redefinidos. 15 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES AO FINAL DA GUERRA O MUNDO PRESENCIOU: Isolamento político norte- americano Crise econômica e perda de liderança mundial dos países europeus. Expansão da economia norte- americana. Declínio do liberalismo e ascensão dos regimes autoritários de direita Conquista sociais e políticas, leis trabalhistas, sufrágio universal Criação da liga das nações (SDN) (Paz) A SOCIEDADE DAS NAÇÕES A Sociedade das Nações (SDN), fundada em 1919, começou por agrupar 32 dos países vencedores da guerra. O principal objetivo da Sociedade das Nações era manter a paz do mundo. Apesar dos esforços feitos para defender a paz, a SDN não conseguiria atingir esse objetivo. TEXTO III: TRATADO DE VERSALHES - OPINIÃO DE UM PSICANALISTA Tido, muitas vezes, como o estopim para a ascensão do Nazismo de Hitler e supostamente o motivo principal da II Grande Guerra, o polêmico Tratado de Versalhes, guarda suas contradições. Assinado na Galeria dos Espelhos do Castelo de Versalhes, na França, em 28 de junho de 1919, num simbolismo de vingança, pois 48 anos antes, naquele mesmo local, havia sido proclamado o Império Alemão. O Tratado de Versalhes - houve outros no final da I Guerra e foram chamados de "tratados da periferia parisiense" -, foi para pôr fim à I Grande Guerra e assim os países selarem a paz mundial. A Alemanha foi condenada a pagar 132 bilhões de marcos-ouro, mas somente depositaria próximos de 23 bilhões, inclusive, o pagamento era para ser parcelado em 59 anos - até 1988 -, e foi na Conferência de Lausanne, em junho-julho de 1932, que a Alemanha alegou colapso econômico e não mais pagou a dívida. O Tratado de Versalhes e demais não visaram somente reparações monetárias, mas também, territoriais, o que fez o território alemão ser reduzido drasticamente e o povo alemão comer "o pão que o diabo amassou" com crises econômicas e hiperinflação por conta das altas parcelas da dívida contraída involuntariamente. De tão escandaloso, arbitrário e impraticável, o Senado americano não corroborou o Tratado de Versalhes e os valores da condenação acabaram levando a Alemanha à derrocada, pois, além de destruída, tinha que pagar essa dívida impagável - uma comissão independente de investigação composta por notáveis, talvez mudasse completamente a história das duas Grandes Guerras. O sociólogo alemão Max Weber usou o seu prestígio e credibilidade intelectual para sugerir que foi a Rússia, e não a Alemanha, a provocadora da I Guerra Mundial, inclusive fundou em fevereiro de 1919, a "Associação para uma Política do Direito" para que o estudo das origens do conflito fosse proclamado para a opinião pública. A História é escrita pelos vencedores que se apropriam da verdade para manipulá-la em seu favor, exemplo: a criação do mito do Hitler sanguinário e o do mega terrorista Osama Bin Laden... http://diariodonordeste.verdesmares.c om.br/cadernos/opiniao/tratado-de- versalhes-1.77446. DISCUSSÃO 1. E você, acha justas as cláusulas do tratado de Versalles?Justifique. 16 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES QUESTÕES 21. (Puccamp 2001) A imagem simboliza o fim da Primeira Guerra Mundial. Ao associar a imagem aos acontecimentos daquele momento histórico, pode-se afirmar que: a) os conflitos prosseguiram depois da assinatura dos Tratados de Versalhes, já que a França não concordou em ceder à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena. b) não foram resolvidos os problemas que deram origem à Primeira Guerra, já que os tratados de paz previam apenas uma trégua, com a suspensão dos conflitos bélicos. c) na verdade não houve paz, uma vez que a Alemanha se recusou a assinar o Tratado de Versalhes, elaborado pela França e Inglaterra, que estabelecia o término dos conflitos d) os países europeus não tinham condições bélicas de prosseguir os conflitos, motivo pelo qual se pode explicar a rendição de todos os países envolvidos na guerra. e) apesar da paz estabelecida, a guerra afetou profundamente a economia dos países europeus, que tiveram que arcar com prejuízos imensos, mesmo os países vitoriosos. 22. A Grande Guerra de 1914 foi uma consequência da remobilização contemporânea dos anciens regimes da Europa. Embora perdendo terreno para as forças do capitalismo industrial, as forças da antiga ordem ainda estavam suficientemente dispostas e poderosas para resistir e retardar o curso da história, se necessário recorrendo à violência. A Grande Guerra foi antes a expressão da decadência e queda da antiga ordem, lutando para prolongar sua vida, que do explosivo crescimento do capitalismo industrial, resolvido a impor a sua primazia. Por toda a Europa, a partir de 1917, as pressões de uma guerra prolongada afinal abalaram e romperam os alicerces da velha ordem entrincheirada, que havia sido sua incubadora. Mesmo assim, à exceção da Rússia, onde se desmoronou o antigo regime mais obstinado e tradicional, após 1918 - 1919 as forças da permanência se recobraram o suficiente para agravar a crise geral da Europa, promover o fascismo e contribuir para retomada da guerra total em 1939. (MAYER, A. "A força da tradição: a persistência do Antigo Regime". São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 13 - 14.) De acordo com o texto, é correto afirmar que a Primeira Guerra Mundial: a) Teria sido resultado dos conflitos entre as forças da antiga ordem feudal e as da nova ordem socialista, especialmente depois do triunfo da Revolução Russa. b) Resultou do confronto entre as forças da permanência e as forças de mudança, isto é, do escravismo decadente e do capitalismo em ascensão. c) Foi consequência do triunfo da indústria sobre a manufatura, o que provocou uma concorrência em nível mundial, levando ao choque das potências capitalistas imperialistas. d) Foi produto de um momento histórico específico em que as mudanças se processavam mais lentamente do que fazem crer os historiadores que tratam a guerra como resultado do imperialismo. 17 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES e) Engendrou o nazi-fascismo, pois a burguesia europeia, tendo apoiado os comunistas russos, criaram o terreno propício ao surgimento e à expansão dos regimes totalitários do final do século. 23. (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão: a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo. b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear. c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana. d) a corrida armamentista, o terceiro- mundismo e o expansionismo soviético. e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha. 24. (Ufpel 2008) "Artigos do Tratado de Versalhes (séc. XX): Art. 45 - Alemanha cede à França a propriedade absoluta [...], com direito total de exploração, das minas de carvão situadas na bacia do rio Sarre. Art. 119 - A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos os direitos sobre as colônias ultramarinas. Art. 171 - Estão proibidas na Alemanha a fabricação e a importação de carros blindados, tanques, ou qualquer outro instrumento que sirva a objetivos de guerra. Art. 232 - A Alemanha se compromete a reparar todos os danos causados à população civil das potências aliadas e a seus bens". MARQUES, Adhemar Martins et all. "História Contemporânea Textos e documentos". São Paulo: Contexto, 1999. De acordo com o texto e com seus conhecimentos, é correto afirmar que o Tratado de Versalhes: a) Encerrou a 2ª Guerra Mundial, fazendo com que a Alemanha perdesse as colônias ultramarinas para os países dos Aliados. b) Extinguiu a Liga das Nações, propondo a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, com o objetivo de preservar a paz mundial. c) Estimulou a competição econômica e colonial entre os países europeus, culminando na 1ª Guerra Mundial. d) Permitiu que as potências aliadas dividissem a Alemanha no fim da 2ª Guerra Mundial, em quatro zonas de ocupação: francesa, britânica, americana e soviética. e) impôs duras sanções à Alemanha, no fim da 1ª Guerra Mundial, fazendo ressurgir o nacionalismo e reorganizando as forças políticas do país. 25. Considerando a influência do Imperialismo no contexto da Primeira Guerra (1914-1918), podemos apontar que são fatores que o justificam, EXCETO: a) a necessidade de controlar regiões produtoras de matérias-primas essenciais à indústria capitalista. b) a ideologia da superioridade racial dos povos europeus que levariam aos “povos atrasados” os benefícios da civilização superior. c) a conquista de pontos estratégicos para defesa de colônias existentes ou da própria metrópole. d) a necessidade de exportar capitais para áreas pobres do mundo, no sentido de ajudá- las a superar seu atraso econômico. e) a retração dos mercados europeus, após a crise que impulsionou a Europa e EUA a buscar mercados consumidores. 18 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES 2.5 A Revolução Russa A Revolução Russa foi um dos principais acontecimentos do século XX e irrompeu na Rússia czarista em meio à Primeira Guerra Mundial. A Revolução Russa de 1917 foi um dos principais acontecimentos do século XX. Acontecimento esse que irrompeu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), apesar de seus antecedentes remeterem ao ano de 1905, em que o correu a primeira tentativa revolucionária, que teve como estopim o episódio marcante conhecido como Domingo Sangrento. O principal aspecto da Revolução Russa é ela ter sido orientada pela doutrina comunista, desenvolvida pelo filósofo alemão Karl Marx no século XIX – com a ressalva de que tal doutrina foi complementada e acrescida de um plano estratégico por aquele que se tornou o mais importante líder da revolução: Lenin. Na virada do século XIX para o século XX, a Rússia, então um império czarista que vinha sendo governado por mais de trezentos anos pela mesma dinastia (Romanov), começava a sofrer pressões de ordem econômica e de ordem política. Um dos grandes problemas que a Rússia enfrentava era o atraso tecnológico. O Império Romanov não havia conseguido ainda promover transformações profundas na área da indústria e permanecia sendo uma sociedade profundamente agrária e com uma população insatisfeita,tanto camponeses e operários quanto a classe burguesa que se formava. Além disso, o Império czarista gastava boa parte de seu orçamento com guerras, como a Guerra Russo-Japonesa, desencadeada entre 1904 e 1905. Nesse contexto, ganharam força os partidos políticos que buscavam dar representação aos setores da sociedade russa mais insatisfeitos com o regime do czar. Além de partidos de matriz liberal, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) destacou- se como um partido de inspiração marxista, porém com grande divergência de pensamento entre seus membros. As tendências divergentes do POSDR polarizaram-se entre os mencheviques, a minoria, e os bolcheviques, a maioria. Os mencheviques eram liderados por Yuly Martov e Georgy Plekanov e tinham uma postura mais ajustada com o pensamento do marxismo ortodoxo, isto é, defendiam que a revolução comunista na Rússia deveria seguir as etapas definidas por Marx. Sendo assim, a burguesia deveria desenvolver o país por intermédio de uma reforma industrial capitalista profunda, enterrar o regime czarista e só depois a classe operária protagonizaria uma revolução na esteira do comunismo. Os bolcheviques, que tinham como líder Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, propunham uma alternativa diferente daquela sustentada pelo marxismo ortodoxo. Para Lenin, a revolução poderia ser acelerada em um país sem quadros econômicos com alto desenvolvimento capitalista (como era o caso da Rússia). Essa “aceleração” poderia ser operada e protagonizada pela aliança entre a classe operária e o campesinato – sendo que ambos receberiam a orientação de um comitê revolucionário formado por intelectuais e por dirigentes partidários. 19 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Após as rebeliões e greves iniciadas em 1905, o Império Russo procurou articular-se com os liberais para tentar promover reformas que beneficiassem camponeses, operários e burgueses. A saída para isso foi a criação da Duma, isto é, Assembleia de representação popular. Enquanto isso, havia também o processo de organização política dos trabalhadores em torno dos sovietes, isto é, conselhos deliberativos que foram extintos após a retomada da ordem pelo czar e que só voltariam a ter destaque em 1917. Com a entrada da Rússia em mais uma guerra, a Primeira Guerra Mundial, o poder do czar Nicolau II começou a ficar ainda mais debilitado. Em fevereiro de 1917, uma junção de manifestações, greves e vários atos de insubordinação por parte de camponeses, operários e militares por toda a Rússia provocou a queda do czar e o fim do Império. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como Revolução de Fevereiro. Seguiu-se, a partir desses acontecimentos, o que alguns historiadores denominaram de “etapa democrático-burguesa”, constituída de um Governo Provisório, resultante de uma aliança entre o soviete de Petrogrado, que era controlado por trabalhadores e militares, e um poder central controlado pela burguesia liberal. Essa aliança, entretanto, logo se mostrou frágil. A dualidade dos interesses burgueses e proletários acirrou-se nos meses seguintes. Um dos principais pontos de divergência entre os dois comandos era a continuação da presença na guerra, defendida pelo Governo Provisório e repudiada pelo soviete de Petrogrado. Em abril de 1917, Lenin encaminhou aos bolcheviques as teses, ou propostas, que retirariam a Rússia da guerra e dissolveria o Governo Provisório. A proposta de Lenin apregoava sobretudo o lema: “Todo poder aos sovietes”. Lenin e Leon Trotsky foram os principais responsáveis pelo encaminhamento da revolução a um caráter bolchevique. O cenário provocado pela Primeira Guerra Mundial deu as condições favoráveis para tanto, como acentuou o pesquisador Silvio Pons: “A visão revolucionária de Lenin nasceu em estreita interação com a experiência e a psicologia da guerra. Ela se robustecia mais com o próprio esquematismo do que com sua retaguarda intelectual, empregando a legitimidade marxista com vistas a uma ruptura política. Lenin compreendeu que a guerra mundial, iniciada como guerra entre estados, trazia o risco de profundo dilaceramento na ordem civil europeia. E, ao mesmo tempo, via as potencialidades que a mobilização bélica e seu impacto social apresentavam para a explicitação de uma nova política de massas”. (PONS, Silvio. A revolução global: história do comunismo internacional, 1917-1991. Rio de Janeiro: Contraponto Editora; Brasília: Fundação Astrojildo Pereira, 2014. p.50) Em outubro de 1917, Lenin e Trotsky comandaram a Revolução Bolchevique, que depois passou a ser denominada de Revolução de Outubro. A primeira tática da revolução bolchevique foi o chamado comunismo de guerra, usado sobretudo na luta do Exército Vermelho, liderado por Trotsky, contra o Exército Branco, de matriz conservadora e contrarrevolucionária. De 1919 em diante, a ofensiva bolchevique passou ao plano político e, sobretudo, político-econômico, com a criação da NEP (Nova Política Econômica), desenvolvida por Lenin em 1921. O governo de Lenin assentou as bases do que seriam as “repúblicas soviéticas”. 20 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES TEXTO IV: VINTE ANOS SEM COMUNISMO Na Praça Vermelha, na região central de Moscou, os tempos do comunismo parecem um ponto distante na história. Vinte anos depois do fim da União Soviética, em dezembro de 1991, o capitalismo se infiltrou por todos os flancos. Na entrada principal, um grupo de camelôs, outrora vistos como expressão do “individualismo burguês” e proibidos pelo regime, vende livremente lembranças aos turistas. Em frente ao Kremlin, epicentro do poder soviético e hoje residência oficial do presidente russo, fica o Gum, um sofisticado shopping center instalado num prédio de 1890 restaurado recentemente. Antes uma loja de departamentos estatal que vivia com prateleiras vazias e filas imensas, o Gum agora atrai uma clientela sofisticada e abriga grifes internacionais, como Louis Vuitton, Burberry, Armani e Kenzo, além de um supermercado recheado de produtos importados e cafés requintados. Em volta da praça, as largas avenidas construídas por Josef Stálin, ditador soviético que comandou o país de 1922 a 1953, já não são suficientes para abrigar a frota de Bentleys, BMWs e Mercedes. O clima predominante na praça é de descontração. Em lugar da atmosfera sombria do passado, uma profusão de estilos contrastantes revela uma Rússia vibrante e cosmopolita. Dois sacerdotes da Igreja Ortodoxa Russa, dominante no país e perseguida na era soviética, caminham lenta e despreocupadamente entre adolescentes de calças jeans com os fones de seus iPods plugados no ouvido. Em outro canto, uma estudante de cinema tira fotografias com sua máquina digital de última geração. Uma senhora de guarda-chuva desfila com seu tênis Nike, em meio à fina garoa de outono. O totalitarismo soviético cedeu lugar a um regime autoritário comandado por Putin, legitimado pela frágil democracia russa. Putin é acusado de perseguir os críticos e os desafetos e de beneficiar os camaradas com privilégios ilimitados e negócios polpudos, muitas vezes ilegais. A célebre frase do escritor George Orwell em seu livro A revolução dos bichos – “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros” – ganhou um novo significado na Rússia pós-comunista. “A lei neste país é a seguinte: se você é amigo do Putin, pode fazer o que quiser”, diz Bóris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro da Rússia na gestão de Ieltsin e um dos principais líderes da oposição.“Se é inimigo, vai para a cadeia.” Em 26 de setembro, Putin, de 59 anos, foi novamente escolhido como candidato do Rússia Unida para disputar a Presidência da República nas eleições de março de 2012. Seu nome foi proposto na convenção do partido pelo próprio Medvedev, de 46 anos, o atual presidente. Medvedev deverá se tornar o primeiro-ministro do novo governo, invertendo de posição com Putin. Com o aumento do mandato presidencial de quatro para seis anos em 2008, Putin poderá permanecer no poder mais 12 anos, caso seja eleito agora e reeleito em 2018. Somados aos oito anos que ele já ficou na Presidência, entre 2000 e 2008, poderão ser 20 anos no poder. Só Stálin, no auge do totalitarismo soviético, ficou mais que isso no comando do país. “Putin está tentando unir o emblema da Rússia imperial, o hino da União Soviética e a bandeira da Rússia democrática, mas essas coisas não combinam”, diz Grigori Iavlinski, candidato duas vezes derrotado à Presidência e líder do Partido Democrático Unido Russo (Iabloko). Mesmo autoritário, Putin é o político mais popular da Rússia. Sua popularidade alcançou o pico de 78% no final de 2008 e hoje gira em torno de 68%, segundo o 21 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES Levada Center, um instituto de pesquisas independente. Beneficiado pela alta do petróleo, ele conseguiu equilibrar as finanças do Estado e estabilizar a inflação e o câmbio. Reajustou fartamente os benefícios dos aposentados e pensionistas, corroídos pela hiperinflação na gestão Ieltsin. Putin também voltou a ampliar a presença do Estado na economia. Nacionalizou a Gazprom, o gigante russo do setor de gás, e boa parte da indústria de petróleo. A renda média da população cresceu quatro vezes em dólar em dez anos, de acordo com dados do Banco Mundial. Ao enfrentar os rebeldes nacionalistas da Tchetchênia, reforçou sua imagem de durão, apesar da estatura baixa – 1,70 metro – para os padrões russos. Putin lida mal com a questão. Ele costuma usar sapatos de salto plataforma, cobertos por calças exageradamente longas. Quando vai à TV, nunca é mostrado ao lado de alguém mais alto. Seus opositores dizem que ele só indicou Medvedev para lhe suceder em 2008, porque Medvedev, com 1,58 metro, era mais baixo que ele. Chamado pelos blogueiros russos de “nanopresidente”, Medvedev costuma usar saltos de até 6 centímetros para aumentar sua estatura. À medida que sua popularidade subia, Putin foi fechando o cerco à oposição. Hoje, ela praticamente inexiste no país. Os velhos comunistas e socialdemocratas são tolerados por Putin por não representarem uma real ameaça a seu governo. O registro de novos partidos dificilmente é aprovado. Só os políticos e os partidos que apoiam o governo recebem sinal verde para participar das disputas eleitorais. Quando Putin estava na Presidência, uma ampla reforma eleitoral proposta por ele dificultou o acesso dos pequenos partidos à Duma (a Câmara dos Deputados russa). Putin também acabou com a eleição direta dos governadores das 83 unidades federativas da Rússia. Agora, eles são indicados pelo presidente, e seus nomes têm de ser aprovados pelos Legislativos regionais. Isso levou à submissão das lideranças locais ao poder do Kremlin. As fraudes eleitorais também são comuns. Muitas vezes as cédulas em branco são preenchidas posteriormente para beneficiar um candidato oficial. “A Rússia é um típico país autoritário. Não tem eleições transparentes, competição política, um Parlamento de verdade, independência da Justiça. O que temos é uma imitação barata de democracia e um sistema de partido único e de pequenos partidos para os quais ninguém liga”, diz Nemtsov. No final de 2010, ele tentou registrar o Partido da Liberdade Popular, do qual foi um dos fundadores, para concorrer às eleições. Em maio deste ano, o registro do partido, centrado na defesa do liberalismo e da democracia, foi negado, sob a alegação de que havia discrepâncias nos documentos apresentados e assinaturas falsas de eleitores listados como membros do partido. Em agosto, Nemtsov foi preso duas vezes em São Petersburgo ao participar de manifestações. Para Oslon, do instituto de pesquisa FOM, o futuro da Rússia depende, basicamente, do tipo de mentalidade que predominará na sociedade. Segundo ele, há três grandes grupos sociais na Rússia, que não se entendem. O primeiro, quase metade da população adulta, depende do Estado para sobreviver – são aposentados, pensionistas, inválidos. O segundo, um terço da população adulta, reúne os que estão aptos a cuidar de si mesmos, mas levam uma vida provinciana, acomodados em suas rotinas. De manhã, vão trabalhar; ao meio-dia, almoçam; à noite, voltam para a casa e vão a um bar; aos sábados, vão à sauna. O terceiro grupo, 15% da população adulta, é o motor da sociedade. Inclui o pessoal mais ambicioso, que quer comprar uma casa na Espanha e sabe que tem de trabalhar para isso, mesmo que tenha de conviver com a corrupção. “Se o terceiro grupo for dominante, a Rússia vai se desenvolver bem. Se o primeiro ou o segundo grupo ganharem, haverá estagnação”, diz Oslon. A volta de Putin à Presidência certamente não traz um bom presságio. http://revistaepoca.globo.com/te mpo/noticia/2011/11/vinte-anos- sem-comunismo.html 22 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES 26. Responder à questão com base nas afirmativas abaixo, sobre a Revolução Russa de 1917: I. A Revolução teve origem no fracasso das negociações diplomáticas entre Rússia e Alemanha em torno da cidade de Dantzig e do desejado Corredor Polonês. II. A Revolução caracterizou-se como um movimento liberal, organizado pelos intelectuais orgânicos dos Sovietes dos Camponeses, Burgueses e Operários. III. As questões sociais relacionadas à terra, à carência de abastecimento (e fome crônica) e à permanência da Rússia na Primeira Guerra foram fundamentais para a eclosão dessa Revolução. IV. Stalin e Trotsky divergiram quanto aos rumos da revolução, já que o primeiro defendeu o “socialismo em um só país”, ao passo que o segundo propôs a “revolução permanente”. V. A revolução resultou na saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial em 1917, por Lênin considerar esta uma guerra imperialista. A análise das afirmativas permite concluir que é correta a alternativa: a) I, II e III. b) I, III e IV. c ) I, III e V. d) II, III e V. e) III, IV e V 27. “DECRETO SOBRE TERRAS DA REUNIÃO DOS SOVIETES DE DEPUTADOS OPERÁRIOS E SOLDADOS”. 26 de outubro (8 de novembro) de 1917 1) Fica abolida, pelo presente decreto, sem nenhuma indenização, a propriedade latifundiária. 2) Todas as propriedades dos latifundiários, bem como as dos conventos e da igreja, acompanhadas de seus inventários, construções e demais acessórios ficarão a disposição dos comitês de terras e dos Sovietes de Deputados Camponeses, até a convocação da Assembleia Constituinte. 3) Quaisquer danos causados aos bens confiscados, que pertencem, daqui por diante, ao povo, é crime punido pelo tribunal revolucionário. Presidente do Soviete de Comissários do Povo — Vladimir Ulianov — Lênin”. In: NENAROKOV, A. P. 1917 : a Revolução mês a mês. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. p. 169. A edição deste decreto pelo novo governo revolucionário russo imediatamente após a tomada do poder exprime a necessidade de a) explicitar o caráter camponês da Revolução Russa. b) dar a burguesia russa uma garantia de que seus bens e propriedades permaneceriam intocados. c) enfraquecer o poder dos antigos latifundiários e ganhar a imensa massa camponesa russapara a causa da Revolução, garantindo seu acesso à terra a partir de uma reforma agrária. d) permitir aos antigos proprietários das terras, a nobreza expropriada pela Revolução de fevereiro de 1917, a retomada de seus direitos. e) garantir a propriedade privada da terra para os novos detentores do poder, os Sovietes de Deputados e Camponeses. 28. Na queda do regime czarista e deflagração da Revolução Russa em 1917, houve a participação de líderes, grupos e organizações de oposição com divergências na estratégia de encaminhamento do movimento. A esse respeito, assinale a alternativa correta. 23 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES a) Para os mencheviques, sob a liderança de Stálin, era fundamental a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a fim de recuperar a economia, e a organização de um partido de revolucionários profissionais e disciplinados que liderasse os trabalhadores na deflagração imediata da revolução. b) Para os bolcheviques, liderados por Lênin, a burguesia deveria ser a condutora inicial da revolução de outubro de 1917, desenvolvendo o capitalismo e criando condições para a posterior implantação do socialismo. c) Os sovietes, conselhos formados por operários, camponeses e soldados, tiveram atuação decisiva na gestão da revolução, mas perderam força em seguida, com a centralização das decisões assumida pelo Partido Comunista. d) Trotsky, comandante do Exército Vermelho, defendia uma revolução limitada à Rússia, com a construção de um Estado revolucionário forte, para em seguida buscar a internacionalização do socialismo. e) defendiam o capitalismo financeiro com abertura total ao capital externo e liberdade a iniciativa privada. 29. A Revolução Russa, que iniciou o processo de construção do socialismo na antiga URSS, teve o seu desfecho, em 1917, marcado por dois momentos. O primeiro, em fevereiro, quando os mencheviques organizaram o governo provisório e o segundo, em outubro, quando os bolcheviques assumiram a condução da revolução e a tornaram vitoriosa. A respeito dos mencheviques e bolcheviques, afirma-se: I. Os mencheviques defendiam a construção do socialismo por meio de alianças com os burgueses ligados ao grande capital. II. Os bolcheviques consideravam o capitalismo consolidado na Rússia e pretendiam a mobilização das massas em direção ao socialismo, sem quaisquer alianças com os setores burgueses. III. Mencheviques e bolcheviques eram denominações decorrentes da origem geográfica dos revolucionários: os mencheviques tinham sua origem social nos núcleos urbanos e os bolcheviques estavam ligados a bases rurais. Com relação a estas afirmativas, conclui-se que: a) Apenas a I e a II são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas a I e a III são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a II e a III são corretas. Leia o texto a seguir. 30. Em 1921, o problema nacional central era o da recuperação econômica - o índice de desespero do país é eloquente: naquele ano, 36 milhões de pessoas não tinham o que comer. Nas novas e ruinosas condições da paz, o "comunismo de guerra" revelava-se insuficiente: era preciso estimular mais efetivamente os mecanismos econômicos da sociedade. Assim, ainda em 1921, no X Congresso do Partido, Lênin propõe um plano econômico de emergência: a Nova Política Econômica. NETO, J. P. "O que é Stalinismo". São Paulo: Brasiliense, 1981. Sobre a chamada Nova Política Econômica é correto afirmar que a) ela reintroduziu práticas de exploração econômica anteriores à Revolução Russa de 1917 que se traduziram num abandono temporário de todas as transformações socialistas já feitas e um retorno ao capitalismo. b) ela consistiu na manutenção de elementos econômicos socialistas, na organização da economia (como o planejamento) e na permissão para o estabelecimento de elementos capitalistas por meio da livre iniciativa em certos setores. c) ela significou fundamentalmente uma reforma agrária radical que promoveu a coletivização forçada das propriedades 24 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES agrárias e a construção de fazendas coletiva, os Kolkhozes. d) seu resultado foi catastrófico, mesmo permitindo a volta controlada de relações capitalistas na economia, já que ela ampliou ainda mais o nível de desemprego e produziu fome em grande escala. e) ela significou, com a abertura para o capitalismo, um aumento substancial da produção industrial, mas, ao mesmo tempo, por ter retirado todos os incentivos anteriormente concedidos à produção agrícola, foi a razão da ruína do campo. 2.6 Período entre guerras: Nazifascismo e regimes totalitaristas O nazi-fascismo foi uma doutrina política que surgiu e desenvolveu, principalmente, na Itália e Alemanha entre o começo da década de 1920 até o final da Segunda Guerra Mundial. Esta doutrina ganhou o nome de nazismo na Alemanha e teve como principal representante Adolf Hitler. Na Itália, ganhou o nome de fascismo e teve Benito Mussolini como líder. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO NAZI- FASCISMO: Nacionalismo: valorização exacerbada da cultura, símbolos (bandeiras, hinos, heróis nacionais) e valores da nação. Totalitarismo: concentração de poderes nas mãos do líder da nação. Falta total de democracia e liberdade. No sistema totalitário as pessoas devem seguir tudo que é determinado pelo governo. Os opositores são presos e, em muitos casos, executados. Militarismo: investimentos pesados no desenvolvimento e produção de armas. Além de proteção, os nazifascistas defendiam o uso deste poderio militar para fins de expansão territorial. Anticomunismo: os comunistas foram culpados pelos nazifascistas como sendo os grandes responsáveis pelos problemas sociais e econômicos existentes. Muitos comunistas foram perseguidos, presos e executados pelos nazifascistas da Alemanha e Itália. Antiliberalíssimo: ao invés da liberdade econômica, defendiam o controle econômico por parte do governo. O governo deveria controlar a economia, visando o desenvolvimento da nação. Romantismo: para os nazifascistas a razão não seria capaz de gerar o desenvolvimento de uma nação, mas sim o auto sacrifício, as atitudes heroicas, o amor a pátria e a fé e dedicação incondicional ao líder político. Antissemitismo: atitudes de preconceito e violência contra judeus. De acordo com os seguidores do nazi-fascismo, os judeus eram, junto com os comunistas, os grandes responsáveis pelos problemas econômicos do mundo. Dentro deste pensamento, Hitler tentou eliminar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, matando-os em campos de concentração. Este evento ficou conhecido como Holocausto. Idealismo: transformação das coisas baseada nos anseios e instintos. Expansionismo: busca de expansão territorial através de invasões, ocupação e domínios de territórios de outros países. Para isso era necessário investir no setor bélico e promover guerras. Baseado neste ideal, a Alemanha Nazista invadiu a Polônia em 1939, dando início a Segunda Guerra Mundial. Superioridade racial: linha de pensamento que defende a ideia de que algumas raças são mais desenvolvidas do que outras. Os nazistas, por exemplo, defendiam que os arianos (no caso homens brancos alemães) eram superiores às outras raças e, portanto, deveriam exercer a supremacia mundial. 25 CULTURA GERAL PROFESSOR: LUAN MORAES QUESTÕES 31. De acordo com seus conhecimentos sobre o Totalitarismo, indique a alternativa abaixo que está incorreta:
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