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Exame Clínico Miofuncional Orofacial Exame Clínico A avaliação clínica em Motricidade Orofacial (MO) representa fundamental etapa no processo de diagnóstico fonoaudiológico nessa área, uma vez que possibilita a compreensão das condições anatômicas e funcionais do sistema estomatognático. Permite, ainda, estabelecer o raciocínio terapêutico e definir a necessidade de encaminhamentos, além de fornecer dados quanto ao prognóstico do caso. Após a investigação da História Clínica nós precisamos relacionar estes dados com os encontrados no Exame Clínico. Visando o desenvolvimento do raciocínio clínico, assim como a padronização das informações contidas em uma avaliação clínica, várias propostas foram elaboradas e publicadas em formato de artigos científicos. Neste curso iremos abordar a aplicação baseada no protocolo de avaliação MBGR produzido pelas fonoaudiólogas Katia Flores Genaro, Giédre Berretin-Felix, Maria Inês Beltrati Cornacchioni Rehder, Irene Queiroz Marchesan. Além deste protocolo publicado, algumas observações da prática clínica da Fonoaudióloga Erica Sitta também foram acrescentadas. É um protocolo de fácil aplicação. Além disso vamos aprender a compreensão do porque avaliar e/ou a utilizar o protocolo de avaliação proposto, como direcionamento para qualquer tipo de queixa miofuncional orofacial. Lembre-se É importantíssimo que o profissional use além do jaleco, roupas apropriadas e equipamentos de proteção individual (EPIs) para se proteger de possíveis contaminações infectocontagiosas. Você encontrará informações detalhadas sobre isso no Curso de Biossegurança. Protocolo Você tem acesso ao nosso protocolo proposto, ele está disponível para download. Portanto, sugerimos baixar o arquivo para acompanhar nosso ensino com ele em mãos. Isso facilitará o estudo, uma vez que seguiremos a mesmasequência propostanele. Este protocolo está liberado para ser utilizado em sua clínica, em atendimento home care ou até mesmo ser utilizado em instituições ou hospitais. Automaticamente seu nome já sairá gravado nele, facilitando a identificação doFonoaudiólogo responsável por ele. Identificação do Paciente Primeira coisa importante a se ter em nosso protocolo é a Identificação do paciente, colocando os dados mais relevantes para que futuramente você possa saber de quem é esta avaliação, em qual dia ela foi realizada e etc.. Coloque também as informações mais pertinentes encontradas na História Clínica, fazer isso facilitará você se lembrar de pontos importantes a serem avaliados. Identificação Postura corporal É muito importante deixar registrada imagens do seu paciente no primeiro dia de avaliação. Com essas imagens você poderá acompanhar o desenvolvimento do trabalho fonoaudiológico e também analisar características estruturais. Para que a maneira correta de se portar esteja mais facilmente assimilada no dia a dia, é essencial que essa preocupação esteja presente desde a infância. Para termos uma melhor qualidade de vida no futuro, é imprescindível que desde crianças tenhamos bons hábitos e uma boa postura. Isso ajudará a ser um adulto com menos problemas na coluna. Entende-se por postura correta, a posição na qual um mínimo estresse é aplicado em cada articulação, evitando fadiga desnecessária. Deve-se ressaltar que postura não é uma situação estática, e sim dinâmica. As partes do corpo se adaptam constantemente aos mais variados estímulos recebidos, refletindo as experiências momentâneas. Quando as estruturas da coluna vertebral estão bem equilibradas, o peso do corpo e dos membros é distribuído de forma harmônica, o que consequentemente evita que algumas regiões do corpo fiquem sobrecarregadas. Postura corporal A coluna vertebral é também chamada de espinha dorsal. Superiormente, ela se articula com o crânio e inferiormente se articula com o osso do quadril (ilíaco). São 4 (quatro) as regiões da coluna: • Cervical (7 vértebras), • Torácica (12 vértebras), • Lombar (5 vértebras) e • Sacro-coccígea (4 vértebras). Postura corporal A coluna vertebral apresenta curvaturas consideradas fisiológicas: • Lordose/cervical (convexa ventralmente); • Cifose/torácica (côncava ventralmente); • Lordose/lombar (convexa ventralmente); • Cifose/pélvica (côncava ventralmente). Postura corporal Postura corporal Posturas incorretas no dia a dia, quer seja no trabalho, em casa, no lazer ou durante a prática de atividades rotineiras como dirigir, estudar, usar o celular/computador ou dormir, por exemplo, podem afetar consideravelmente a coluna vertebral. Isto gera desvios que implicam no uso incorreto de outras articulações, como ombros, braços, quadris, joelhos e pés. Isso ocorre uma vez que, diante do desequilíbrio postural, o corpo busca compensações para manter o indivíduo em equilíbrio (o que, normalmente, também pode causar enrijecimento e encurtamento dos músculos). Apesar de não existir no protocolo uma parte referente à alterações posturais (por ser área da Fisioterapia), acreditamos que estas informações são de suma importância para o Fonoaudiólogo conhecer e observar na coluna de seu paciente. Postura corporal Principais tipos de desvios posturais: • Hipercifose: é o aumento pronunciado e anormal da concavidade da curva torácica da coluna vertebral, o que torna os extensores de tronco alongados, causa a redução da mobilidade da coluna torácica e retrai a cadeia anterior, diminuindo a expansibilidade torácica. Outros acometimentos secundários também podem se manifestar em decorrência da hipercifose, como a osteoartrose e a hérnia de disco. Durante a juventude, surge em decorrência, sobretudo, da má postura (é a causa mais importante da deformidade), podendo aparecer também nos casos de doenças estruturais da coluna. Mas é na terceira idade que a hipercifose ocorre com maior frequência, sendo mais acentuada nas mulheres, situação em que a coluna fica "corcunda". Postura corporal Principais tipos de desvios posturais: • Escoliose: é responsável por promover um encurvamento da coluna vertebral no meio ou nos lados. Essa deformidade pode ter diversas origens e independentemente do aspecto físico que parece ser igual em todos os tipos de escoliose, elas podem ter prognósticos bem diferentes. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao encurvamento da coluna. Durante a puberdade, por exemplo, a taxa de crescimento do corpo é mais rápida, aumentando o risco de progressão da curva. Postura corporal Principais tipos de desvios posturais: • Hiperlordose: consiste na acentuação da curvatura lombar, popularmente conhecida como "bumbum arrebitado". Esse aumento excessivo da convexidade da coluna vertebral normal pode causar dores, especialmente, durante atividades que exijam grande esforço ou movimentos repetitivos. O desvio pode causar a retração de cadeias musculares importantes do corpo que, por sua vez, podem causar alterações articulares ou ósseas, por exemplo. Postura corporal Cada uma dessas alterações podem interferir de diferentes maneiras no posicionamento das articulações temporo- mandibulares (ATMs) e na musculatura oral e facial. Postura Corporal Postura corporal de cabeça Norma Frontal Na análise da norma frontal podemos observar alterações como inclinação e rotação de cabeça. Essas alterações podem influenciar diretamente na motricidade e funcionalidade oral. A rotação é vista quando a cabeça gira no eixo central, como se o nariz estivesse mais ao lado do que ao centro. Entretanto, na inclinação, observamos a cabeça tombada ao lado, como se a orelha se aproximasse mais dos ombros. Postura corporal de cabeça Norma Lateral A postura da cabeça para frente (anteriorizada) pode causar (não sendo regra) dor crônica, dormêncianos braços e nas mãos, respiração inadequada e até compressão nervosa. Isso ocorre porque quando a cabeça se inclina para frente aumenta-se o peso sobre o pescoço. Muitas pessoas não percebem que têm má postura do pescoço. Postura corporal de cabeça Sabe-se que a postura corporal global interfere na posição da cabeça, que por sua vez é diretamente responsável pela postura da mandíbula e da língua na cavidade oral. Isso é comprovado porque há, na relação do crânio com a coluna cervical, uma interação entre mandíbula e osso hióide. A biomecânica do equilíbrio da cabeça é realizada por um sistema de alavancas do tipo interfixo, no qual a articulação atlanto-occipital (1a vértebra cervical ligada ao crânio) é o ponto de apoio. Devido à importância da postura adequada da cabeça em relação ao desempenho satisfatório dos movimentos mandibulares no processo mastigatório, pressupõe-se que a mastigação possa estar comprometida e com ela, provavelmente a deglutição também. Outro aspecto relevante é que, indivíduos adultos, com deformidades dentofaciais, podem apresentar alteração da postura de cabeça. A articulação temporo-mandibular (ATM) representa a ligação da mandíbula à base do crânio, que por sua vez apresenta conexões musculares e ligamentares com a região cervical. Juntos formam um sistema funcional denominado crânio-cervico-mandibular. Estudos voltados a esta íntima ligação foram idealizados para confirmar que alterações posturais de cabeça e outras partes do corpo podem levar a alteração funcional do sistema mastigatório e vice-versa. Indivíduos com deformidade dentofacial classe II, por exemplo, podem apresentar uma anteriorização de cabeça. E nem sempre há influência da deformidade no aumento ou na redução do ângulo cabeça-pescoço, analisado por meio da fotogrametria. Postura corporal de cabeça Quando a cabeça encontra-se em flexão significa que esta está com o ângulo queixo-pescoço menor do que o ideal, ou seja, a posição do queixo está mais próxima do peito e a nuca mais alongada. E se observarmos o posicionamento de cabeça em extensão, quando o queixo se afasta do peito deixando contração excessiva na nuca, temos como consequência disso a alteração da musculatura da região frontal do pescoço, incluindo alteração de posicionamento do osso Hióide. Isso porque o osso Hióide é suportado pormúsculos e não possui conexão óssea com o crânio e com a mandíbula, sendo sua posição dependente do equilíbrio dos tecidos moles que o rodeiam. Não podendo esquecer que o Hióide serve como o esqueleto da língua, que se relaciona intimamente com o desenvolvimento e mudanças dos mecanismos de respiração,deglutição, fonação e com o desenvolvimento da língua. Postura Corporal Postura corporal de ombros Norma Frontal Os ombros podem nos auxiliar a compreender as alterações posturais da coluna. Indica-se que os ombros estão ditos como normais quando ambos estão alinhados em mesma altura. Porém alterações posturais orgânicas ou compensatórias podem alterar esta posição deixando um ombro mais elevado do que o outro. Um paciente com escoliose na coluna é um ótimo exemplo de observar alterações no alinhamento dos ombros. Postura corporal de ombros Norma Lateral Na vista lateral, ombro alinhado com a orelha é dito como normal. Porém ele está em rotação anteriorizado se estiver com o movimento de flexão horizontal (ombros para frente). Se observar as escápulas durante o posicionamento dos ombros , iremos perceber que elas realizam uma abdução (abertura) quando os ombros estão rodados anteriormente e fazem uma adução (fechamento) no movimento de extensão horizontal do ombro (ombros para trás). Ou seja, o encurtamento ou fortalecimento dos flexores horizontais em relação aos extensores horizontais do ombro poderá estar relacionado à alterações posturais nestes complexos articulares ou no segmento superior do tronco, como a coluna torácica. Esta aula possui continuação... Adquira o curso AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL para continuar estudando.
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