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Síntese História do Brasil - AGASSIZ,Loius ; AGASSIZ, Elizabeth.

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AGASSIZ, Luis; AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil. 1865-1866. Brasília: Senado Federal, 2000. p. 265-289; 485;488.
Escrito por Nathan Rocha
Realizando a leitura da obra Viagem ao Brasil, vemos diversos relatos interessantes transpassados através dos escritos de Luiz Agassiz e sua esposa Elisabeth Agassiz, os quais foram dois dos diversos viajantes que se instalaram e viajaram pelo Brasil do século XIX, a fim de vivenciar e relatar para o mundo o que até então era desconhecido. Luis Agassiz foi um Doutor em Filosofia e Doutor em Medicina. Veio ao Brasil juntamente com a sua esposa Elisabeth Agassiz, e juntos escreveram uma obra rica em informações de suas experiências nas primeiras províncias brasileiras. Tal obra tem a maior parte escrita por Elisabeth, a qual em momento algum se obste em mostrar as suas visões ou sua escrita minimalista. A obra é muito bem redigida e rica em detalhes, o que da ao leitor uma profunda e deliciosa experiência imaginaria. 
Nesse capitulo de sua obra, Agassiz relata bastante sua passagem por Manaus e enaltece a flora e fauna local. Como um bom aspirante a fotografia Agassiz dedica-se boa parte de seu tempo em seu ateliê fotográfico, registrando tudo aquilo que lhe é interessante. Podemos observar o medo supersticioso que acaba virando um tipo de preconceito impregnado nos populares em relação às tendências tecnológicas, tais como a maquina de fotografar. 
O grande obstáculo, porém, são os preconceitos populares. Reina entre os índios e os negros a superstição de que um retrato absorve alguma coisa da vitalidade do indivíduo nele representado e que está em grande perigo de morte aquele que se deixa retratar. Tal idéia está tão profundamente arraigada que não foi fácil vencer as resistências” (AGASSIZ, 1885, p.264).
É importante entendermos como que era feita a estadia dos viajantes que percorriam o Brasil, os mesmos recebiam cartas de recomendações para se alojarem em residências dos moradores locais. É claro, esses moradores locais que me refiro era a elite das províncias, as quais ganhavam deveras notoriedade em abrigar estudiosos famosos, nessa época essa relação de popularidade com poder reinava por absoluto, não que os dias atuais sejam diferentes. Porém os viajantes que se alojavam nessas residências de alto padrão tinham tendência em observar a rotina daquela família que os abrigara, sendo assim acabavam com uma visão um tanto minimalista das pessoas mais pobres. Elizabeth em nota nos apresenta como esse sistema funcionava:
Convém que nos entendamos a respeito; no caso desta narrativa decidir que alguém a fazer uma viagem pela Amazônia, julgo dever acrescentar que, malgrado a rigorosa exatidão do que precede, há muitas coisas essenciais ao bem-estar do viajante que não se encontram aqui preço algum. Não há, por exemplo, em toda a extensão do Amazonas um hotel decente, ninguém poderá aqui viajar sem se munir de cartas de recomendações que assegurem portador a hospitalidade nas casas particulares. Mas, uma vez assim apresentado, pode com na certa uma acolhida cordial, ou pelo menos uma assistência eficaz da parte dos habitantes para arranjar alojamento. (AGASSIZ, 1885, p.277). 
Esses auxílios que os proprietários de terras e a comunidade prestavam aos viajantes era o que possibilitava as empreitadas terrenas, as quais não eram nada fáceis. No decorrer do texto, Elizabeth mostra-se sempre muito interessada pelas particularidades de cada situação, desde a formação geológica das pedras de uma cachoeira até as folhagens parasitas que eram imensamente belas. A visão doce e ao mesmo tempo direta de Elizabeth é que da o caráter ao texto, a sua forma de redigir as experiências de Agassiz e transcreve-las no papel é algo incrivelmente cativante aos olhos de seus leitores. 
Elizabeth aborda diversas situações que são realmente interessantes de serem analisadas, são elas, a integra formalidade dos bailes locais, as grandes festividades e o bom humor sempre contagiante do povo brasileiro. Tais bailes não havia distinção racial alguma segundo relato, a forma de tratamento que uma negra recebe é a mesma que ela receberia se fosse branca, isso causa certo espanto na autora. Outro ponto levantado é que independente das raças locais, o baile sempre mantinha a sua formalidade, pois todos os participantes estavam sempre bem vestidos e todos portados de uma educação notória.
O barco que continha provisões especiais para o prosseguimento da viagem de Agassiz e Elizabeth chegou no dia 8 de novembro, no mesmo dia que o baile estava acontecendo. Os autores declaram que com a chegada do barco, os populares soltavam fogos de artifícios em ritmo de celebração. Após tais acontecimentos que veio o entendimento, que os fogos de comemoração era pela vitória do Imperador em Uruguaiana contra os Paraguaios.[1: O Imperador não teve participação como comandante de seus exércitos, pois a Constituição brasileira não permitia que o soberano comandasse seus exércitos em guerra.]
Houve alguns contratempos na expedição de Agassiz e de Elizabeth, uma dela foi o rigor do recrutamento militar brasileiro, que consistia em recrutar todos os populares a servir o exército do imperador. Com isso houve diversas deserções de guardas, que fugiam a fim de não se envolverem em guerras. Os indígenas foram os que mais tiveram participação no recrutamento militar, com palavras encorajadoras e promessas feitas a eles, eram levados aos campos de batalhas e serviam até a sua morte. Agassiz relata em passagem: 
Os indíos, sem defesa, espalhados pelos seus aldeamentos isolados, foram particularmente vítimas dessa falta de equidade. Como não existe aqui outra força armada, foi requisitada parte da tripulação do Ibicui para escoltar até a cidade de Pará o contigente indisciplado. Um tanto por causa desse incidente, resolvemos prolongar até o fim do mês a nossa permanência em Manaus. É uma demora que Agassiz não lastima, ela lhe permiritá prosseguir os seus estudos comparativos sobre raças, que as circunstâncias favorecem de maneira inesperada. (AGASSIZ, 1885. p.272). 
Elizabeth relata em passagem textual as cenas da vida indígena em um riacho que era ponto de encontro de lavadeiras, pescadores e os homens que pegavam tartarugas. Em sua passagem, observou dois indígenas nus, caçando peixes com arco e flecha, a autora afirma que a destreza dessa raça é superior a dos brancos e que são exímios caçadores. Não é só Agassiz que traz relatos em sua obra sobre a destreza dos indígenas, outros autores tais como Varnhagen e Von Martius também enaltecem os indígenas e seus equipamentos, as descrições são sempre que o seu arsenal em mata densa é superior ao do homem branco, pois a pressão silenciosa e letal abate a sua presa e não espantam os outros animais do perímetro, diferente de uma arma de fogo que se acertar a presa acaba a estilhaçando e o estampido faz os outros animais fugirem de medo, essa é a principal vantagem de tais instrumentos. 
Em meio a tal observação de caça, Elizabeth repara em uma canoa chegando com três mulheres, duas velhas e uma jovem que tinha uma beleza fora do normal, à autora afirma que era uma mestiça e que possuía sangue branco, pois as suas características faciais e corporais eram semelhantes ao homem branco. 
Outro ponto notório explanado no texto é o sistema carcerário do século XIX, o presidio de Tefé foi visitado por Elizabeth, a qual ficou estarrecida com a falta de estrutura das celas e do presidio em geral, relata que parecia mais um casarão abandonado do que um local de detenção de criminosos. 
A cadeia de Tefé. “Tal é o estado da cadeia de Tefé. O edifício e que foi instalada é um velho pardieiro em ruínas pertencente à cidade. É coberto de palha e tão desmantelado que me deu, quando o visitei, a impressão dum casa abandonada em lugar dum edifício destinado a guardar criminosos. (AGASSIZ, 1885, p. 279). 
Em conclusão a autora nos mostra que os presos detidos naquele lugar não fugiam, pois não tinham vontade ou tinham grande confiança que eram inocentes.A estrutura precária não tinha a capacidade de deter uma criança se a mesma tivesse a intenção de sair daquele local. A autora alavanca uma nota sobre o presidio, sua atual situação e a ideia de melhoria.
É de urgente necessidade nesta localidade uma casa de detenção mais decente e mais sólida, tratando-se da mais importante localidade de todo o curso do Solimões. Das dezesseis que existem na província, há duas apenas, a da capital e a de Barcelos, que ocupam um edifício especial. Em todas as outras localicadades os detentos são guardados ou em algumas salas do edifício em que funciona a Assembléia provincial, ou em presídios particulares para isso alugados, ou então nas casernas. (AGASSIZ, 1885, p. 279). [2: Casernas: edifício ou alojamento para moradia de soldados; quartel; vida militar.]
Depois dessas contextualizações sobre geologia, cartografia, experiências com a natureza, viagens, sistemas carcerários e sociabilidade. Elizabeth escreve sobre o caráter da nação, o que define esse caráter? Segundo a autora, a Constituição liberal brasileira é totalmente calçada na europeia, essa liberdade da a impressão de que o controle da população foge das rédeas dos governantes. E para os estrangeiros a impressão que lhe és formada é que no Brasil pode ser feito qualquer coisa, tudo é permitido. Uma liberdade prática absoluta, infelizmente carregamos essa herança até o século XXI, a visão estrangeira sobre as terras brasileiras é carregada de preconceito, e de uma liberdade marginalizada, com um conceito de que é uma terra sem lei. De certa forma não posso em palavras desmentir essa afirmação, de que é uma terra sem lei, alias na teoria a lei existe porém na prática ela não se aplica, ou melhor se aplica aqueles que não são munidos de situação financeira favorável. 
Sem mais divagações em relacionar o caráter nacional do século XIX com o do século XXI que incrivelmente são muito parecidos, a autora aborda em uma passagem do texto um discurso forte, e que muito me agrada. 
Para o bem dizer, existe uma falta de harmonia entre as instituições e o estado da nação. Podia ser de outra forma? Uma constituição emprestada, que não é, por assim dizer, o produto do solo, não se assemelha a uma vestimenta arranjada que não foi feita sob medida para o tamanho de quem a usa e lhe fica sobrando por todos os lados? Não pode haver o menor laço orgânico entre uma forma de governo muito liberal e um povo a cuja grande maioria não foi ministrada nenhuma ou quase nenhuma educação, que pratica a religião sob a direção de um clero corrompido, e que, de cor branca ou de cor negra, está sob a influência da escravidão. Não basta que a liberdade resida na lei, é preciso que viva no coração da nação, que a sua força se alimente do desejo que sentem os cidadãos de possuí-la e conservá-la. (AGASSIZ. 1885. P. 281)
Essa abordagem que a autora faz referente o caráter da nação é completamente detalhada e cheia de vida, um discurso firme e sem brechas. A afirmação “Não basta que a liberdade resida na lei, é preciso que viva no coração da nação, que a sua força se alimente do desejo que sentem os cidadãos de possuí-la e conservá-la”³, podemos ingressar em uma reflexão pessoal referente aos negros africanos e indígenas brasileiros, que liberdade que tais povos irão carregar no peito junto com a nação? Para eles isso não tem sentido, exemplificando tal sentimento seria o mesmo que um pichador se identifique com um monumento histórico em uma praça, um cidadão que não foi ministrado de nenhuma ou quase nenhuma educação não ira se identificar, pois para o mesmo não existe significado. Seria a mesma abordagem para os povos que foram vestidos com vestimentas arranjadas que não os servem, esse sentimento nacionalista defensor de uma pátria para os mesmos não é válido. 
Porém dentro de todos os seus estudos, Agassiz foi reconhecimento internacionalmente pelos seus estudos científicos sobre as raças e a miscigenação. Ele e sua esposa abordaram uma teoria referente a fraqueza da fusão das raças, essa teoria consistia que quando havia a miscigenação, o individuo mestiço era fraco de caráter, sem expressões e fisicamente mortiço. Não havia qualquer tipo de indiferença por parte desses estudiosos nas raças puras, o grande problema explanado por eles era a mistura delas. Segue citação de Agassiz referente o cruzamento de raças.
Aqueles que põem em dúvida os efeitos perniciosos da mistura de raças e são levados, por uma falsa filantropia, a romper todas as barreiras colocadas entre elas, deveriam vir ao Brasil. Não lhes seria possível negar a decadência resultante dos cruzamentos que, neste país, se dão mais largamente do que em qualquer outro. Veriam que essa mistura apaga as melhores qualidades quer do branco, quer do negro, quer do índio, e produz um tipo mestiço indescritível cuja energia física e mental se enfraqueceu. Numa época em que o novo estatuto social do negro é, para os nossos homens de Estado, uma questão vital, seria bom aproveitar a experiência de um país onde a escravidão existe, é verdade, mas onde há mais liberalismo para com o negro do que nunca houve nos Estados Unidos. Que essa dupla lição não fique perdida! Concedamos ao negro todas as vantagens da educação; demos-lhe todas as possibilidades de sucesso que a cultura intelectual e moral dá ao homem que dela sabe aproveitar; mas respeitemos as leis da natureza e, em nossas relações com os negros, mantenhamos, no seu máximo rigor, a integridade do seu tipo original e a pureza do nosso. (L.A) (AGASSIZ. 1885. p. 282). 
Com isso concluímos a relação de raça e miscigenação que Agassiz debateu por anos, e ao longo do tempo foi refutado por outros intelectuais, principalmente intelectual com linhas de pensamentos evolucionistas.

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