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Mirelly Boechat @ 2016.2 – Aula Susana Micoses Oportunistas Para odontologia, 3 espécies mais relevantes. Criptococose Uma das micoses com maior relevância clínica no mundo. É uma micose transmitida através das fezes (principalmente por pombos). Quando os pombos defecam, eles são reservatórios da triptococose (nele, o microrganismo se reproduz, mas ele por si mesmo não fica doente). Nas fezes, ele libera o fungo causador da Criptococose. As fezes dos pombos liberam propágulos infectantes de forma que consigamos inalar os esporos deste fungo. (mecanismo de infecção) As espécies que causam interferência em humanos são: 1. Cryptococcus neoformans Cosmopolita 2. Cryptococcus gatti Até alguns anos atrás, tinha área restrita à regiões tropicais e subtropicais. Atualmente, acomete outros locais no mundo. É a micose mais letal/grave em pacientes com HIV. Fungo nas fezes de pombos ou de outros animais infectados/hospedeiros, ao entrar em contato com o ar, eles formam aerossóis, de formo que os esporos dos fungos das excretas dos animais ou presentes em árvores sejam inaladas pelo indivíduo. Assim, ao ser inalado, o primeiro local em que o fungo se localiza é no pulmão, onde o Cryptococcus causa uma infecção primária pulmonar. Se o paciente é imunocompetente, o fungo será controlado pelo pulmão através dos alvéolos pulmonares, pelos macrófagos que lá estão localizados, desencadeando uma resposta imune e conseguindo controlar a infecção. Causa apenas infecção primária pulmonar, frequentemente confundida com uma gripe forte, uma pneumonia. Outras vezes nem diagnosticada é, pois pode ser confundida com outro tipo de infecção. O problema consiste quando o paciente é imunossuprimido. Nesses casos, os fagócitos pulmonares não conseguem controlar o fungo, escapando do controle pulmonar e se disseminando através do sangue para qualquer órgão. Porém, Cryptococcus têm preferência pelo SNC, dando origem ao quadro clinico mais grave da Criptococose, a meningite criptococócica. Nesses casos, ao atingir o SNC, a probabilidade de êxito do tratamento é fracamente nula. É um fungo saprofítico do ambiente. O que faz Cryptococcus sp. Um patógeno? Fatores de virulência: - Mais importante: cápsula polissacarídea. O Cryptococcus é uma levedura, porém, quando o fungo está estressado (falta de alinento, temperatura elevada), ele produz essa cápsula. Após a produção, a célula aumenta muito de tamanho. Essa capsula, toda formada por acúcares, quando o fungo está no ambiente (nas fezes), ela está presente (altas temperaturas, radiação UV, temperatura elevada). No ambiente, ela permite que o fungo de defenda contra a dessecação e proteção contra qualquer predação de qualquer outro ser presente no ambiente (como uma ameba). Ela também serve para burlar o sistema imonológico: 1. Nenhum sistema imune é capaz de reconhecer uma cápsula de açúcares. Os anticorpos são contra proteínas, e não contra açúcares. 2. Inibição de formação do sistema imune que acontece em consequência da produção de anticorpo inibição da migração dos leucócitos. Mirelly Boechat @ 2016.2 – Aula Susana 3. Muda o padrão de complemento do sistema imunitário, de forma a inibir toda a resposta inflamatória. 4. Por sua constituição, não expõe nenhuma proteína de superfície, de forma a prevenir qualquer sinal de alerta ao sistema imunológico. 5. A cápsula de Crytococcus previne a fagocitose pelo fato dele crescer muito de tamanho. Além da cápsula, muitos fungos são capazes de produzir pigmentos, como a melanina. A melanina tem função de proteger contra predadores, raios UV, temperatura e ataques de radicais pesados. Também protege contra radicais livres no hospedeiro (produzidos por macrófagos); reduz a fagocitose pois o pigmento melanoide se esquiva na parede celular do fungo, de modo a não deixar exposto as proteínas necessárias para que fagócito consiga fagocitar; é um antioxidante (melanoide produz efeitos que conseguem bloquear radicais livres produzidos por fagócitos); Pelo fato de se situar na parede celular do fungo, não deixa que os antifúngicos penetrem no interior da célula, fazendo uma barreira – reduz efeitos de antifúngicos. O que faz os Cryptococcus produzirem melanina? É produzido a partir de uma enzima chamada fenoloxidase. Os substratos para essa enzima funcionar são compostos dopaminérgicos, ou seja, neurotransmissores humanos. Esses neurotransmissores são produzidos pelo SN. Por ter maior afinidade com o SN, ele irá migrar para lá sempre que o paciente com Criptococose cerebral de forma a conseguir o substrato para a produção de melanina. Para chegar no SNC, ele tem que atravessar a barreira hematoencefálica. Cryptococcus conseguem entrar dentro de um fagócito quando chega na barreira, se deixa fagocitar e, uma vez que passa a barreira, o fungo sai do fagócito (mecanismo do cavalo de Tróia). Há problema em ser fagocitado quando a capsula está grande. Ao entrar no pulmão, ela reduz a cápsula e adentra ao sangue para poder ser fagocitada. Outros fatores de virulência são a produção de enzimas extracelulares, como as fosfolipases, urease e proteases, de forma a causar danos nos tecidos do hospedeiro. Clínica: Bem diversa, pois depende das circunstâncias do SI do hospedeiro. Imunocompetentes Criptococose pulmonar regressiva assintomática (paciente tem inflamação pulmonar, com tosse, febre, muco no pulmão, ruídos, mas nada mais disso, sendo posteriormente controlada). 1/3 dos casos. Imunocomprometidos: - Criptococose pulmonar progressiva: Se apresenta de forma mais grave, com criptococomas (bolhas fúngicas no pulmão). Lesão pulmonar com tosse, febre, expectoração. Pode ocorrer hemoptise. Em pacientes imunodeprimidos, a infecção tende à invasão. - Criptococose disseminada: Meningoencefalite. Quando atinge o SNC. Há criptococomas – acúmulo do fungo na base do cérebro. Inflamação das meninges. Diagnóstico: Padrão ouro método obrigatório que tem que dar positivo para médico/farmacêutico assinar o laudo. Permite ao profissional fechar o diagnóstico. - Hemoculturas positivas em 55% em HIV + - Liquor em 95% de HIV + com meningite. - Crescimento do fungo em até 7 dias em ágar. Cryptococcus em 48 hrs crescem Problema das micoses fungos demoram a crescer. O paciente terá uma demora para seu diagnóstico. Mirelly Boechat @ 2016.2 – Aula Susana Candidíase Micose produzida por levedura do gênero Candida – há várias espécies de Candida (antigamente acreditava-se existir só Candida albicans). Diagnostico se faz olhando para o fungo. Candida faz parte da microbiota da pele e das mucosas (oral e genital). Faz parte também da microbiota do trato gastrointestinal do homem. Elas são saprófitos da pele se alimenta de restos celulares da nossa pele. Fungos gostam de pH ácido. Na mucosa em torno de 7, há Candida em quantidade adequada, em equilíbrio natural da pele – ela que faz nossas mucosas e pele serem saudáveis. Fatores que quebram esse equilíbrio: Intrínsecos - Crianças prematuras: Não terá desenvolvido a flora necessária para controlar a produção/controle desses fungos na pele. - Gravidez: promove alteração imunidade - Obesidade: promove acúmulo de humidade em dobrinhas, local ideal para proliferar - Estresse - Desnutrição - Alterações hormonais - Diabetes (candidíasesgenitais frequentes podem ser sinal de diabetes) - AIDS - Doenças crônicas debilitantes Extrínsicos - Uso de antibacterianos - Uso de corticoides - Uso de agentes antineoplásicos - Intervenção cirúrgica - Exposição prolongada a agentes físicos e químicos - Uso de dentaduras - Demora na troca de fraldas Polimorfismo da candidíase: Saprófito: Quando coloniza a pele e as mucosas, apresenta-se como levedura. Parasita: Quando invade os tecidos, assumem a forma filamentosa de pseudo- hifas e hifas. Quando há queda do pH, quando existe quebra da homeostase bacteriana, a cândida começa a proliferar produzindo seus filamentos que permitem a colonização e a invasão tecidual, produzindo as pseudo-hifas e hifas. Manifestações Clínicas da Candidíase Cutâneas: Uso continuado de protex, uso de cremes húmidos em áreas difíceis de secar. - Lesões intertriginosas, úmidas, eritematosas e com prurido. Pode apresentar fissuras e pústulas. Sem tratamento, pode se estender a todo o corpo – como uma lesão cutânea superficial. Unha: Paroníquia, “unheiro” ou “mão de lavandeira”. Queratina da unha fica mole, priorizando para ser colonizada. Mucosa oral: - “Sapinho”: bebes lactantes que desenvolvem candidíase na boca. Língua, lábios. Ao golfar, a criança pôe para fora leite ácido. Se a mãe não limpar a cavidade, o pH ácido é ideal para o bebe, que não tem ainda a flora bem desenvolvida, desenvolver a candidíase. - Frequente em pacientes com HIV – descompensação da flora de uma forma geral. - Placas esbranquiçadas na boca, língua ou garganta. - Ardência na boca; - Dor ou dificuldade para engolir. Mirelly Boechat @ 2016.2 – Aula Susana - Os biofilmes produzidos podem se fixar facilmente tanto nos tecidos como entre os dentes. Candidíase uro-genital Associada à perda de sistema imune e à queda de pH. - Uso de sabonetes antimicrobianos para as partes íntimas. - Doença pode ser transmitida sexualmente. - Para a cândida se adaptar, precisa de uma pele com condições específicas. - Sintomas: Sensação de queimação (especialmente durante o sexo ou ao urinar), inchaço e coceira na vagina/pênis. - Secreção liberada tem um cheiro e uma viscosidade específica. Secreção branca, espessa e livre de cheiro com uma aparência de queijo cottage. Se não tratada, pode se disseminar pela pele das coxas e do bumbum como uma secreção cutânea e não somente vaginal. Sistêmica Quando não existe controle do sistema imune junto com o desequilíbrio da flora, ela pode atingir a corrente sanguínea causandoa Candidemia e atingir qualquer órgão. Situação bem mais grave. - Candidemia, endocardite, meningite e/ou lesões focais no fígado, baço, rins, coração, ossos. Por ser controlada por uso tópico e/ou oral (dose única Fluconazol). Tratamento da candidíase oral e sistêmica é longo. Diagnóstico microscopia. Aspergiloses Aspergillus sp. Fungos ambientais. A todo momento estamos inalando. - Muito presentes em aparelhos de ar condicionados não limpos, dentro de ventilações, de domicílios. Mofa nas paredes, no armário etc. Alimentos também podem estar contaminados. - Por estarem em qualquer local, e pela grande quantidade de ar condicionado, está aumentando a incidência dessa doença. - Fumantes de maconha pode levar à aspergiloses pulmonar não pela folha da planta. Os vendedores de maconha, pelo fato de não serem legalizadas, misturam tudo com tudo. Ao misturar com a folha da planta, existe vários fungos ambientais. Ao fumar, pessoas inalam os esporos do fungo diretamente para o pulmão. - Tudo depende do estado imune do hospedeiro. O agente sensibilizante atua como um alérgeno, causando Aspergilose alérgica. Hipersensibilidade ao Ag do fungo. - Agente colonizador ou invasor: Aspergilose intracavitária (“bolas fúngicas” em cavidades areadas, bastante comum, com tratamento de remoção cirúrgica) e Aspergilose invasiva (infecção nosocomial mais importante, causa hemorragias em interior de vasos sanguíneos e infartos: necrose e cavitação). - Problemas nos hospitais geralmente eles trabalham com aparelhos de ar central, com condutos que levam o ar frio. Aconteceu que salas de cirurgia, que tinha que ser estéreis, ficaram contaminadas através de aparelhos de refrigeração pois em alguma sala do hospital teve uma obra e os pedreiros começaram a quebrar as paredes, liberando esporos da poeira para os condutos do ar condicionado, caindo em cima dos pacientes em cirurgia.
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