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Universidade Federal do Piauí Centro de Educação Aberta e a Distância ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Cezimar Gomes da Silva Ministério da Educação - MEC Universidade Aberta do Brasil - UAB Universidade Federal do Piauí - UFPI Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD Cezimar Gomes da Silva ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA S586d Silva, Cezimar Gomes da Administração Financeira e Orçamentária/ Cezimar Gomes da Silva- Teresina: EDUFPI/UAPI 2010 180 p. ISBN: 978-85-7463-366-4 1- Administração - Financeira 2 - Orçamento 3- Educação a Distância I. Título C.D.D. - 658.15 PRESIDENTE DA REPÚBLICA MINISTRO DA EDUCAÇÃO GOVERNADOR DO ESTADO REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRESIDENTE DA CAPES COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA DA UFPI Dilma Vana Rousseff Linhares Aloizio Mercadante Wilson Nunes Martins José Arimatéia Dantas Lopes Jorge Almeida Guimarães João Carlos Teatini de S. Clímaco Gildásio Guedes Fernandes COORDENADORES DE CURSOS ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FILOSOFIA FÍSICA LETRAS PORTUGUÊS LETRAS INGLÊS MATEMÁTICA PEDAGOGIA QUÍMICA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Antonella Maria das Chagas Sousa Fabiana Rodrigues de Almeida Castro Maria da Conceição Prado de Oliveira Zoraida Maria Lopes Feitosa Miguel Arcanjo Costa José Vanderlei Carneiro Lívia Fernanda Nery da Silva José Ribamar Lopes Batista Vera Lúcia Costa Oliveira Davi da Silva Arlino Henrique Magalhães de Araújo Ubirajara Santana Assunção Roberto Denes Quaresma Rêgo Samuel Falcão Silva Antonio F. de Carvalho Filho Francisca das Dores Oliveira Araújo Gesiel dos Santos Sobrinho CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro (Presidente) Des. Tomaz Gomes Campelo Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz Prof. Dr. José Renato de Sousa Prof. Manoel Paulo Nunes Profª. Iracildes Maria Moura Fé Lima Prof. Dr. João Renôr Ferreira de Carvalho TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS EDIÇÃO PROJETO GRÁFICO DIAGRAMAÇÃO REVISÃO ORTOGRÁFICA REVISÃO GRÁFICA EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO © 2013. Universidade Federal do Piauí - UFPI. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo texto e imagens desta obra é do autor. O conteúdo desta obra foi licenciado, temporária e gratuitamente, para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFPI. O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita, com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa, ou com intuito de lucro, constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal. É proibida a venda deste material. A grande discussão no mundo de hoje passa, sem dúvida, pelas questões de caráter financeiro nacional, internacional e ético, o que não pode ficar separado do estudo da administração em geral e das finanças em particular. E o que temos acompanhado, durante algumas décadas, são momentos de elevações e baixas nos grandes mercados financeiros, o que vem provocando não só a estes, mas a outros mercados, grandes dificuldades de mantê-los em equilíbrio, dificultando, em regra geral, a gestão das empresas. Cabe aos gestores financeiros tratar as questões da administração das finanças de forma planejada e segura, pois, desta forma, sua atuação é essencial para qualquer administração, ganhando expressão maior quando há exiguidade de recursos e custo de financiamento muito alto, cenário em que nosso país está inserido há quase duas décadas. Nesse contexto, devemos compreender a disciplina Administração Financeira e Orçamentária como peça central de todos os cursos de graduação e pós-graduação em Gestão Financeira e Orçamentária, como componente essencial para avaliação da viabilidade de projetos e a forma de operacionalização estratégica das atividades empresariais. A Administração Financeira e Orçamentária é vista como um conjunto de regras que dificultam a operacionalização de alguns setores econômicos empresariais. Portanto, ao organizar cada unidade aqui proposta, procurou- se adotar uma orientação para a tomada de decisões, relacionando essas decisões ao objetivo geral da administração financeira e orçamentária de maximização da riqueza empresarial. Nesse sentido, o livro tem por finalidade descrever, de forma sucinta, todo o processo orçamentário e financeiro atualmente executado nas atividades empresariais brasileiras, além da análise teórica das categorias e problemas de ordem financeira empresarial, estando dividido em cinco unidades com conteúdos teóricos e práticos: na primeira unidade, são inseridas as questões introdutórias como as noções básicas de finanças, seus objetivos e função e as relações do valor do dinheiro; a segunda unidade trata da estrutura e análise das demonstrações financeiras; a terceira unidade enfoca as questões relativas aos critérios de avaliação econômica dos investimentos; a quarta elenca toda a elaboração do processo orçamentário e a sua forma de gerenciamento dos recursos de curto prazo; e a quinta unidade aborda as técnicas e forma de controle dos recursos financeiros empresariais. Este manual sobre Administração Financeira e Orçamentária pode ser adotado nos cursos de graduação e pós-graduação do Ensino a Distância, pelo seu caráter didático e pela importância que a disciplina tem na formação de profissionais dedicados às áreas de Orçamento e Controle, aplicando as atividades voltadas para a Gestão Financeira e Orçamentária Empresarial. UNIDADE 1 INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS E O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO Finanças 11 Objetivo e Função da Administração Financeira 16 Cálculos Financeiros Básicos 22 UNIDADE 2 ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Demonstrações Financeiras Básicas 61 Análise das Demonstrações Financeiras 77 UNIDADE 3 ORÇAMENTO DE CAPITAL E CONTROLE FINANCEIRO Noções de Orçamento de Capital 95 UNIDADE 4 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO EMPRESARIAL Noções de Planejamento e Orçamento 117 Administração do Capital de Giro 131 UNIDADE 5 TÉCNICA E ANÁLISE DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO Técnica e Análise de Planejamento Financeiro 163 Controle Financeiro e Orçamentário 166 09 59 93 115 161 UNIDADE 1 Introdução às finanças e o papel da administração RESUMINDO O conteúdo exposto apresenta os princípios fundamentais que regem as finanças empresariais. O principio dos investimentos, especificando que as empresas invistam apenas em projetos que ofereçam um retorno que supere a taxa média dos financiamentos, o qual sugere o mix de financiamento s para uma empresa, aquela que maximiza o valor dos investimentos feitos; e o principio de dividendos que exigem quais sobras de caixa resultantes dos projetos sejam devolvidos aos proprietários. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA11 Nesta primeira unidade do nosso livro, reunimos conceitos que são essenciais à prática do dia-a-dia dos administradores, gestores, contadores, economistas e a todos que lidam com a parte de gerenciamento empresarial. Não se pode desvincular hoje o estudo de finanças de outras áreas importantes e que têm contribuído sobremaneira no processo da gestão empresarial. Portanto, independente da área de atuação, é necessário que todos os profissionais e gestores conheçam os fundamentos básicos de administração, da economia, da contabilidade, de estatística e da matemática financeira. Essas ferramentas reúnem conceitos e práticas essenciais utilizadas na gestão financeira cada vez mais relevante no competitivo ambiente dos negócios, no processo de tomada de decisões e soluções que envolvam o valor do dinheiro no tempo. A administração financeira e a matemática vêm se tornando especialidades que ligam produção, vendas, alta gerência e demais áreas e competências das empresas. Logo, todas as decisões financeiras impactam praticamente todos os setores de uma empresa. FINANÇAS Noções de finanças Sob o ponto de vista da economia, finanças são a ciência que estuda o manejo da moeda e as suas variações INTRODUÇÃO àS FINANÇAS E O PAPEl DA ADMINISTRAÇÃO UNIDADE 112 Podemos obter uma melhor compreensão de finanças a partir da análise das palavras-chaves retiradas do próprio conceito, se não vejamos: MANEJO – É a forma como os recursos circulam no sistema econômico e financeiro e, ainda, quanto à forma de obtenção e aplicação de recursos como meios circulantes. MOEDA – É qualquer coisa que sirva como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. I) A moeda como meio de troca Funciona como intermediário prático, facilitando as transações econômicas pelos seus agentes; o meio de troca é a característica principal da moeda, já que permitiu que as trocas se realizassem sem o inconveniente de transportar grandes quantidades de mercadorias, sendo, portanto, mais segura. A origem histórica da moeda Mesmo nas economias mais remotas o dinheiro foi, e ainda é, um instrumento de troca. O sistema de troca passou por diversas fases, podendo ser distinguido em duas etapas: a - Troca direta - realizada no tempo antigo, consistia na troca entre as pessoas. Era uma atividade bastante rudimentar. Como exemplos, podemos citar a forma de troca da época relativa a bens de consumo, tais como: gado, sal, azeite, trigo etc. b - Troca indireta - é considerada uma instituição social, pois foi uma criação da sociedade para facilitar a vida em comum. Evolução histórica da moeda Na sua evolução histórica, a moeda contribuiu consideravelmente para a expansão econômica e comercial da época, estando representada por: 1) Bens de consumo: gado, sal, azeite, trigo etc; 2) Moeda metálica: prata, ouro etc; 3) Papel moeda: moeda padrão, o dinheiro que hoje circula; 4) Moeda papel: títulos propriamente ditos; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 13 5) Moeda Plástica: cartões de crédito; 6) Moeda Virtual: moeda tecnologicamente criptografada. Desta forma, podemos considerar todas as fases da moeda, como meios circulantes do sistema econômico e financeiro de um país. O processo de evolução da moeda teu as seguintes fases: Fase metálica - composta por: a) Moedas de ouro ou prata; b) Moedas divisionárias (ligas de metais). Fase fiduciária - composta por: a) Moeda papel - conversível em metal; b) Papel moeda - inconversível de curso forçado; c) Moeda escritural - moeda bancária, cheques, títulos de créditos, etc. Fase tecnológica - composta por: a) Moeda de plástico - inconversível de curso forçado; b) Moeda virtual - inconversível de curso forçado. II) A moeda como uma unidade de conta Definido o meio de troca pelos agentes econômicos, torna-se natural sua utilização como unidade de conta, de modo que o valor de cada bem seja medido em termos desse meio, configurando o seu respectivo preço monetário. Significa que existe uma unidade de valor, podendo ser dividida, com aceitação geral no seu campo territorial. Portanto, a moeda pode ser definida, simplesmente, como sendo o elemento aceito para o pagamento de bens e serviços. UNIDADE 114 III) A moeda como reserva de valor Pode ser entesourada (depositada em tesouraria) e disponibilizada para pagamentos no futuro. É a característica que lhe confere condições de ser guardada para posterior uso, o que não ocorreria com alguns tipos de mercadorias, que sofreriam sérias implicações de danos ou outros tipos de perdas. Como consequência desse processo de evolução, a moeda tem se firmado nos mercados. Por fim, temos: VARIAÇÕES - São os resultados verificados e analisados quando da utilização dos recursos financeiros, em relação ao tempo e a taxa negociada. A utilização destes dois mecanismos financeiros (manejo e variação) permite aos administradores ou gestores financeiros afirmar com segurança que: "Dinheiro tem valor no tempo, e dinheiro custa dinheiro". Sob o ponto de vista financeiro, finanças são o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo do tempo. São duas as características que distinguem as decisões financeiras de outras decisões de alocação de recursos, que são os custos e benefícios das decisões financeiras. Essas diferenças são perceptíveis a partir: 1) da distribuição ao longo do tempo; 2) do fato de geralmente serem desconhecidas de antemão, ou por quem vai tomar as decisões ou por qualquer outra pessoa. Ao decidir se deve ou não abrir seu próprio negócio, você precisa pesar os custos, tais como os investimentos na preparação do local, na compra de equipamentos, móveis e utensílios, acessórios e outros materiais necessários e imprescindíveis para serem motivos de atração da sua clientela. Tudo isso conta para os benefícios incertos (seus lucros futuros), que você espera colher ao longo de vários anos. Ao implementar suas decisões, as pessoas utilizam-se do sistema financeiro, definido como o conjunto de mercados e instituições usados para elaboração de contratos financeiros e o intercâmbio de ativos e riscos. Saiba Mais Para conhecer melhor a história do dinheiro, você pode ver a obra de ATALLI, Jacques. Os judeus e o mundo. São Paulo:. Futura, 2005. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 15 O sistema financeiro inclui os mercados de ações, as debêntures e outros instrumentos financeiros, os intermediários financeiros (por exemplo: bancos e instituições de crédito, financiamento e investimentos, companhias de seguros), as empresas de serviços financeiros (por exemplo: consultores financeiros), assim como entidades regulamentadoras que governam todas essas instituições (por exemplo: BC – Banco Central do Brasil; CMN – Conselho Monetário Nacional; CVM – Comissão de Valores Mobiliários). O estudo de como o sistema financeiro evoluiu ao logo do tempo é uma parte importante do assunto finanças. A teoria financeira consiste em um conjunto de conceitos, que ajudam a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar recursos ao longo do tempo, e em um conjunto de modelos quantitativos, para ajudar as pessoas a avaliarem alternativas, tomarem decisões e implementá-las. Os mesmos conceitos básicos e modelos quantitativos aplicam- se em todos os níveis de decisão, desde a decisão de fazer o leasing de um veiculo ou abrir um negócio, ou a decisão do diretor financeiro de uma grande empresa de entrar para a área das telecomunicações, ou mesmo uma decisão do Banco Mundial sobre qual o projeto de desenvolvimento que deve financiar. Um princípio das finanças é que afunção fundamental do sistema é a de satisfazer as preferências de consumo das pessoas, inclusive todas as necessidades básicas da vida, como alimentos, vestuário e moradia. As organizações econômicas, como as empresas e o governo, existem a fim de facilitar a conquista dessa derradeira função. Estudo das finanças empresariais Para Bodie e Merton (2002, p.32), existem pelo menos cinco razões para estudar finanças: Primeira - para administrar os recursos pessoais; Segunda - para lidar com o mundo dos negócios; Terceira - para buscar oportunidades de carreiras interessantes e compensadoras; Quarta - para fazer escolhas como cidadão, através de informações conhecidas publicamente; Quinta - para expandir a mente. UNIDADE 116 Uma investigação com maior profundidade de cada um desses motivos despertou, nos estudiosos, o interesse de buscar uma compreensão para essas cinco razões. Em primeiro lugar, o conhecimento de finanças ajuda você a administrar seus próprios recursos. Você pode viver sem qualquer conhecimento de finanças? Talvez. Contudo, se for completamente alienado do assunto, estará à mercê dos outros. Há um velho ditado que diz: “Um tolo e seu dinheiro logo se separam”. Em alguns casos, você vai procurar a ajuda de especialistas. Existem muitos profissionais na área de finanças e empresas de serviços financeiros que proporcionam orientação – banqueiros, corretores da Bolsa de Valores, corretores de seguros e empresas que negociam fundos mútuos, assim como outros produtos e serviços financeiros. Muitas vezes essa orientação é gratuita, se você for um cliente em potencial. Contudo, como é que você avalia o aconselhamento recebido? O estudo das finanças proporciona os meios para isso. A segunda razão para estudar finanças é que noções básicas desse assunto são essenciais no mundo dos negócios. Mesmo que você não pretenda ser especialista em finanças, precisa ter um conhecimento suficiente dos conceitos, das técnicas e da terminologia empregada pelos especialistas financeiros para comunicarem-se entre si e para reconhecer os limites do que podem fazer por você. Em terceiro lugar, talvez você esteja interessado em uma carreira em finanças. Existem várias carreiras potencialmente compensadoras nesse campo e muitos caminhos possíveis a seguir como profissional da área. A maioria dos profissionais de finanças está empregada no setor de serviços financeiros da economia – como atividades bancárias, seguros ou administração de investimentos. Entretanto, muitos outros trabalham como gerentes financeiros em firma que não pertencem ao setor financeiro ou no governo. Alguns, ainda, buscam carreiras acadêmicas. As famílias, as empresas e as agências do governo muitas vezes procuram a orientação de consultores financeiros. Além do mais, a experiência em finanças proporciona uma boa base para carreiras em administração geral de empresas. Muitos executivos de grandes organizações em todo o mundo começaram suas carreiras em finanças. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 17 OBJETIVOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Administrar é decidir sobre negócios e operações de mercado Como os gerentes das sociedades anônimas são contratados pelos acionistas (através do conselho de administração), o comprometimento básico desses profissionais é tomar decisões que estejam no melhor interesse dos acionistas. Esse não é o objetivo exclusivo da administração. Como todas as pessoas da sociedade, os gerentes corporativos precisam seguir a lei. Espera-se também que respeitem as normas éticas e que promovam objetivos sociais desejáveis, quando possível, a um custo razoável para os acionistas. Para ser eficaz, a regra “certa” não deve exigir que os gerentes conheçam as preferências de risco ou a opinião dos acionistas, pois esses dados são virtualmente impossíveis de ser obtidos. E, mesmo que essas informações estivessem disponíveis em um determinado momento, elas mudam ao longo do tempo. De fato, como as ações mudam muito a cada dia, os donos da empresa mudam diariamente. Assim para que seja viável, a regra certa deve ser independente de quem são os proprietários. Função da administração financeira Aplica-se a toda e qualquer corporação organizada que seja capaz de desenvolver atividades em um mercado competitivo, assegurando a sua continuidade e o crescimento futuro. Dentro do ambiente empresarial, a administração financeira possui as seguintes funções: a) Planejamento financeiro; b) Controle financeiro; c) Administração de ativos; d) Administração de passivos. Essas funções permitem às empresas tomarem decisões no âmbito financeiro, através das avaliações quanto a: UNIDADE 118 1) Decisões financeiras sobre os investimentos: são decisões que quando tomadas, representam aplicações de recursos, criando valor para a empresa. Portanto, estes recursos aplicados devem gerar o retorno esperado economicamente atraente, quando a alternativa desejada é exceder a taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas). 2) Decisões de financiamentos: são decisões que quando tomadas, representam a captação de recursos. São decisões desse tipo que trazem preocupações, principalmente com a escolha das melhores ofertas de recursos e a melhor proporção a ser mantida entre capital de terceiros e capital próprio. A decisão de financiar recursos envolve, ainda, a determinação da melhor estrutura de financiamento da empresa, buscando preservar sua capacidade de pagamento e dispor de fundos com custos reduzidos em relação ao retorno que se espera apurar de suas aplicações. 3) Decisões de políticas de dividendos: são decisões que representam a distribuição de parte dos lucros aos acionistas, o custo de oportunidade de manter esses valores retidos. A decisão de distribuição ou não de lucros é uma decisão de financiamento mediante capital próprio, ao reter resultados, ou mediante capital de terceiros, ao distribuir resultados. Estas são decisões verificadas pela opção da empresa em manter maior ou menor volume de capital próprio financiando seus investimentos. Função financeira no ambiente empresarial A própria evolução imprimiu no administrador uma necessidade maior de visualizar toda a empresa. Nesse sentido, o administrador financeiro não pode assumir posições menos envolventes, como centrar suas preocupações unicamente nos mecanismos de captação de fundos e aplicações na atividade da empresa; são necessários mecanismos para a adoção de políticas que sejam adequadas para a maximização dos retornos dos proprietários e, ainda, gerenciar esses recursos de forma a manter a saúde financeira e econômica da empresa e alcançar suas metas estabelecidas. O sistema financeiro empresarial se caracteriza através do ciclo de capital das empresas pelas diversas transformações e estados diferenciados, o que permite o desenvolvimento da atividade econômica ( ver Figura 1). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 19 Objetivo do administrador financeiro Contribuir significativamente para o sucesso do empreendimento, assessorando a empresa como um todo, proporcionando recursos monetários exigidos, independente de onde venham a ser aplicados. O papel do especialista financeiro nas organizações Praticamente todas as decisões tomadas em uma sociedade anônima são financeiras, porque envolvem trocas entre custos e benefícios disseminados ao longo do tempo. Portanto, em grandes empresas, todos os gerentes, do executivo principal aos gerentes de unidades de produção, unidades de marketing, laboratórios de pesquisas ou outros departamentos, usam os serviços dos especialistas financeiros.O Financial Executives Institute, organização voluntária de executivos empresariais, que se especializam em finanças, oferece uma definição abrangente para um executivo de finanças como sendo qualquer pessoa que tenha autoridade sobre uma das funções relacionadas, nas funções financeiras de empresas. Figura 1 - Modelo do sistema financeiro empresarial Fonte: o autor. UNIDADE 120 A organização da função de finanças e seu relacionamento com outros departamentos variam de companhia para companhia. Veremos adiante uma listagem da função financeira de uma empresa. No topo, está o executivo principal (CEO), que normalmente é o presidente. O executivo principal de finanças (CFO – Chief Financial Office) é o vice-presidente, responsável por todas as funções financeiras da empresa, reportando-se diretamente ao presidente. A empresa também tem vice-presidente, executivo encarregado do marketing e de operações. O CFO possui três departamentos que se reportam a ele: a) Planejamento financeiro; b) Tesouraria; c) Controle. Cada departamento é dirigido por um vice-presidente. O vice- presidente de planejamento financeiro tem a responsabilidade de analisar dispêndios importantes de capital, como propostas para ingresso em novas linhas de negócios ou saída de negócios existentes. Isso inclui analisar proposta de fusão, aquisições e desinvestimentos por cisões. O tesoureiro tem a responsabilidade de administrar atividades financeiras da empresa para a gerência do capital de giro. A função de tesoureiro também inclui relações com a comunidade de investidores externos, administrando a exposição da empresa à inflação e a riscos de taxas de juros. O controller supervisiona as atividades de contabilidade e auditoria da empresa. Isso inclui a preparação de relatórios internos, comparando o que foi planejado com os custos reais, receitas e lucros provenientes das várias unidades de negócios da empresa. Inclui também a preparação de demonstrações financeiras para uso por parte dos acionistas, credores e autoridades regulamentadoras. Principais áreas em finanças Serviços financeiros - área voltada para a prestação de assessoria financeira. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 21 1. Analista de crédito; 2. Consultor financeiro; 3. Corretores de títulos; 4. Corretores de imóveis; 5. Corretores de seguros. Administração financeira em empresas - área voltada para o desenvolvimento de diversas funções, como: 1. Analista financeiro; 2. Analista de orçamento de capital (investimentos ativos fixos); 3. Gerente de projetos financeiros; 4. Gerente de caixa; 5. Gerente de crédito; 6. Administrador de fundo de pensão; 7. Administrador de finanças pessoais. Agora vamos verificar se você compreendeu o que foi abordado até aqui. Para tanto, responda as questões a seguir: Exercícios propostos 1) Qual o objetivo econômico básico do administrador, ao desenvolver a função de administrador financeiro ? 2) Cite quais são as principais funções da administração financeira? 3) A resposta a esta questão será pessoal. Porém, deve conter um mínimo de coerência com a questão formulada, como segue: “A você como agente, são delegadas tarefas para gerir a empresa; ao tomar algumas decisões, podem surgir conflitos com os acionistas. Visando a minimizar tais conflitos, quais medidas devem ser cuidadosamente observadas? UNIDADE 122 4) Qual das situações abaixo está perfeitamente relacionada com as três razões básicas pelas quais a maximização dos lucros não é consistente (conflitante) com a maximização da riqueza? a)( ) As perspectivas de longo prazo, a época de ocorrência dos retornos e o risco; b)( ) Valor, risco e retornos; c)( ) Geração de fluxos de caixa, risco e data de ocorrência dos retornos; d)( ) Retornos; e)( ) Todas as alternativas anteriores são corretas. CÁLCULOS FINANCEIROS BÁSICOS Objetivos: Explicar os principais fundamentos que norteiam o estudo da matemática financeira; Estudar os conceitos de valor do dinheiro no tempo; Compreender o emprego das ferramentas básicas da engenharia econômica para a tomada de decisões; Relacionar os conceitos básicos financeiros nas decisões de investimentos e financiamentos; Analisar as diferentes taxas de desconto e taxas de retorno, para diferentes tipos de investimentos e financiamentos de projetos. Fundamentos básicos de cálculos financeiros Os cálculos financeiros têm sua origem na matemática básica aplicada, a qual se dedica ao estudo das fórmulas, estrutura e procedimentos de resolução aplicados à formula. Para melhor compreensão da abordagem, dividiremos o nosso estudo em duas partes: num primeiro momento, iremos revisar alguns conceitos da matematica financeira e, num segundo momento, serão apresentadas as principais ferramentas da engenharia econômica e suas aplicaçãoes. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 23 O estudo da matemática, vista sob o aspecto econômico e financeiro, possui características específicas, vistas sob os seguintes pontos: Comercial – tem sua origem no comércio, portanto, dedica-se ao estudo da melhor transação de negócio, que gere resultados positivos. Financeira – está relacionado diretamente às finanças das pessoas jurídicas e físicas, de modo geral, e tem como base o estudo da determinação de valores, períodos e índices financeiros. Matemática para negócios e finanças tem o objetivo de auxiliar na compreensão de conceitos da matemática básica e da matemática financeira, por exemplo, o cálculo de porcentagem, estatística e juro em regimes de capitalização simples e composta. A partir destes fundamentos, o nosso objetivo é permitir a compreensão dos cálculos financeiros básicos a partir da noção de juro, sob o ponto de vista do agente que tem a responsabilidade direta ou indireta sobre as finanças de um empresa. Trata-se aqui do economista, do administrador, do contador, do gerente financeiro, entre outros. Nesse sentido, a noção de juro, sob o ponto de vista do administrador financeiro, pode ser interpretada como o custo de um crédito ou o retorno de uma aplicação de capital. Por outro lado, sob o ponto de vista do economista, o juro apresenta duas interpretações. A primeira revela a remuneração do fator de produção do capital empregado, da mesma forma que a remuneração do trabalho empregado representa o salário. A segunda interpretação é aquela que nos interessa e à qual está relacionada a preferência temporal dos agentes econômicos (indivíduos, empresas e governo), isto é, entre consumir determinados bens e serviços no presente ou no futuro. Assim, postergando seus consumos, os agentes exigirão uma recompensa pelo sacrifício de poupar, que é definida como juro. Nesse contexto, sobressai a necessidade de qualquer agente financeiro (economista, administrador, contador e gerente financeiro) conhecer, de forma precisa, os vários critérios e pressupostos básicos do cálculo financeiro, os quais serão aplicados em várias operações empresariais. Portanto, é importante ter essa compreensão, porque “JURO” é um dos graves problemas, tanto para países ricos como para países em desenvolvimento. Saiba Mais Para conhecer melhor o significado das palavras utilizadas no conceito de administração financeira e orçamentária, acesse:http://www. priberam.pt/dlpo/ definir_resultados.aspx Saiba Mais Para compreender melhor o conceito de maximização da riqueza, acesse: HTTP:/www.bnb.gov. br/content/aplicação/ publicações/REN- numeros_Publiados/ docs/ren2004_v35_nl_ a2.pdf UNIDADE 124 Ao analisar a questão do juro, podemosformular questionamentos simples, do tipo: - Por que essa chatice de juro simples e juro composto? - Algum matemático, sádico, na calada da noite, inventou essa tortura de letras e números para apavorar os agentes que lidam com essa abordagem? - Por que foram inventar essas coisas tão complicadas? - Será um invenção do torturador Tomaz de Torquemada? Mas... Sabe que não inventaram isto como algo para dificultar a vida das pessoas e nem é nada complicado? Pelo contrário, saiu de agente simples do comércio de esquina. Se você quiser argumentar que M = C (1+i)n não é coisa de gente da esquina, pois eu lhe digo que é, sim. Ali naquela “apavorante” fórmula, têm-se as quatro operações fundamentais e mais uma potenciação, que é uma multiplicação disfarçada. Então, para entendê-la, basta você saber ler na língua portuguesa (interpretar o questionamento) e saber fazer as quatro operações. O resto é história. Fundamentos de processos ou regimes de capitalização Estudos analisados sobre a capitalização têm levado alguns autores à compreensão de que a capitalização é um processo contínuo confiado aos mercados financeiros, que realizam a intermediação entre a poupança e o investimento, e que sejam capazes de direcionar a poupança presente para investimentos mais produtivos, garantindo maior renda e consumo no futuro – como parece ser o caso de Feldstein – ou a desconfiança na capacidade desses mercados se autorregularem, impondo a necessidade de um maior controle social que direcione o investimento (AGLIETTA, p.17). O ponto fundamental é que a teoria básica do consumo, poupança e investimento em que se apoia a justificativa teórica para o regime de capitalização, mantém-se no ponto de vista da circulação simples de mercadorias. Trata-se de trocas individuais que têm como objetivo o consumo, o valor-de-uso das mercadorias. A limitação da base teórica traz algumas consequências que precisam ser analisadas. Se não vejamos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 25 Primeiramente, na circulação simples, a única forma de acumulação de riqueza é o entesouramento. Vender uma mercadoria sem adquirir novas mercadorias para consumo e abster-se do consumo é a forma de acumular riqueza para um indivíduo. A poupança é assim identificada como a acumulação de riqueza para o indivíduo, e garantia de seu consumo futuro. O capitalismo efetivo, no entanto, não se constitui em uma sociedade de produtores individuais de mercadorias, na qual todos são proprietários dos meios de produção. Deve-se considerar, mais detalhadamente, a venda da força de trabalho. Do ponto de vista do trabalhador individual, trata-se da circulação simples de mercadorias: venda da mercadoria, força de trabalho, obtenção de dinheiro e compra de meios de subsistência. O trabalhador individual pode poupar, abstendo-se do consumo e acumulando dinheiro. Segundo Marx, existem dois regimes de capitalização, que podem ser analisados quanto aos aspectos estudados, com base no principio da capitalização, visto acima. São eles: regime de capitalização simples e o regime de capitalização composto Para aplicação dos procedimentos de cálculos do “juro” ou seja, aquela “taxa” que remunera ou que se paga pelo aluguel do dinheiro, alguns aspectos devem ser considerados na sua formulação. Regime de capitalização simples Documentos históricos redigidos pela civilização suméria, por volta de 3000 a.C., revelam que o mundo antigo desenvolveu um sistema formalizado de crédito, baseado em dois principais produtos, o grão e a prata. Antes de existirem as moedas, o empréstimo era feito com o metal, baseado em seu peso. Arqueólogos descobriram pedaços de metais que foram usados no comércio nas civilizações de Troia, Babilônia, Egito e Pérsia. Antes do empréstimo de dinheiro ser desenvolvido, o empréstimo de cereal e de prata facilitava a dinâmica do comércio. Uma definição adequada para o regime de capitalização simples é a seguinte: o regime em que a taxa de juro incide, somente e sempre sobre o capital inicial. Portanto, em todos os períodos de aplicação, os juros serão sempre calculados através do produto do capital inicial pela taxa de juro. (J = C x i) Para aplicação dos procedimentos de cálculos das taxas, alguns aspectos devem ser considerados na sua formulação. (fórmulas): UNIDADE 126 Se o periodo das operações refletirem o juro comercial, assim teremos a aplicação da fórmula a seguir: J = ( C x i x n ) ÷ 360 Se o periodo das operações refletirem o juro exato, assim teremos a aplicação da fórmula a seguir: J = ( C x i x n ) ÷ 365 No regime de capitalização simples, é condição indispensável para determinação dos juros qualquer que seja a relação do periodo, comercial ou exato. Deve-se observar que: a taxa unitária é sempre anual, e o tempo é sempre em dias. Questões básicas Quando você vê em uma propaganda: "Compre uma televisão à vista por R$1000,00 ou a prazo por 5 parcelas de R$260,00". Você, claro, responde: "A prazo, pois prefiro pagar parcelado, em poucas vezes por mês, e em apenas 5 meses eu acabo de pagar." Mas você esqueceu de pensar em um "detalhe": “ 5 parcelas de R$260,00 dá o equivalente a R$1300,00 que é 30% a mais do que a oferta à vista (R$1000,00)”. São em situações como essas que você percebe como a matemática financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de consumo. Ela consiste em empregar procedimentos matemáticos para simplificar a operação financeira. Algumas definições são interessantes para incrementar os conhecimentos sobre matemática financeira. Juro simples Na verdade, o sistema de juro simples não encontra aplicações práticas tão generalizadas como o sistema de capitalização composta, conforme será desenvolvido em seguida. A sua área de uso concentra-se, basicamente, nas operações de curto prazo, ativas, do tipo open market, por exemplo, e passivas, como descontos de duplicatas, por exemplo, entre outas operações. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 27 Esse sistema de juro incide unicamente sobre o principal capital (inicialmente aplicdo ou alocado) e gera, consequentemente, remunerações (ou custos, depedendo do caso) diretamente proporcionais ao capital e prazo envolvidos na operação. Vejamos um caso esclarecedor, para melhor compreender a operação. Quando se obtém um crédito de cinco milhões de unidades monetárias, pelo prazo de cinco meses, à taxa de juro simples de dez por cento ao mês, e se supõe a inexistência de quaisquer outros encargos como o IOF, riscos inflacionários e inadimplência, a remuneração mensal do crédito atingirá sempre algum resultado parcial, o qual totalizará, ao final do período considerando, o valor proporcional. Valor do crédito ou capital tomado (C) ....... R$ 5.000.000,00 Prazo do periodo de crédito (n)....... 5 meses = (150 dias) Taxa cobrada sobre o crédito concedido (i).......10% ao mês = (120% ou 1,20) Quais os juros a serem pagos sobre o crédito (J)? J = ( 5.000.000,00 x 1,20 x 150 ) ÷ 360 J = 2.500.000,00 Adotando-se, então, a seguinte simbologia e regras básicas, temos: (C) - é o valor presente (principal) ou o mesmo que o capital inicial representativo de uma aplicação financeira ou a obtenção de um crédito. (i) - taxa nominal de juro, ou seja, a taxa contratada na operação. É importante notar que, nas formulações de matemática financeira, a taxa de juro deve estar sempre expressa em termos unitários e não em percentuais (por exemplo, 20% → taxa percentual e 20% = 20/100 = 0,20 → taxa unitária). (n) - é o númerode períodos, considerados na operação. É importante observar que “n” e “i” devem estar sempre definidos na mesma unidade de tempo (dias, meses, trimestres, semestres, anos etc). (J) - é o valor em ( $ unidade monetaria ) dos juros de um operação. (M) - montante acumulado na operação, ou seja, representa a soma do principal mais os juros calculados, durante determinado período de tempo. UNIDADE 128 Com base na simbologia apresentada, podemos desenvolver as seguintes fórmulas do juro simples: Fórmula do montante: (M) ......... M = C x i (representa o valor do capital inicial acrescido dos juros produzidos na operação). Fórmula dos juro: (J) ........ J = C x i x n (representa o produto do capital pela taxa nominal e pelo período considerado). Observar o período: se o ano é comercial (360 dias) ou civil (365 dias). Se incluirmos a fórmula do juro (J) na fórmula do montante (M), podemos obter outra fórmula, usada na prática, ou seja: M = C + J Reformulando a expressão matemática, teremos M = C + C x i x n Simplificando a expressão, teremos M = C + C x i x n Colocando o “C” em evidência temos M = C x ( 1+ i x n ) Fómula de cálculo do Capital (C) Taxa de juro Algumas teorias tentam explicar por que os juros existem. Uma delas é a teoria da escola austríaca, primeiramente desenvolvida por Eugen von Boehm-Bawerk. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 29 Segundo Eugen: “Os juros existem por causa da manifestação das preferências temporais dos consumidores, ja que as pessoa preferem consumir no presente do que no futuro” Juro, do ponto de vista do conceito econômico, pode ser definido como a remuneração do banqueiro. Analogamente, existem ainda o lucro (remuneração dos empresários e acionistas) e aluguéis (remuneração dos proprietários de bens imóveis alugados). Taxa de juro - é o valor do juro expresso como porcentagem de determinado capital. A taxa de juro pode ser representada de duas formas: Forma percentual: 5%; 1,25%; 0,04%. Forma unitária: 0,05; 0,0125; 0,0004 Como os juros possuem uma relação direta com a taxa e o tempo, passemos a analisar os tipos de taxas que podem incidir nas operações financeiras ativas e passivas de negócios empresariais. Taxa nominal e taxa proporcional A taxa nominal representa a taxa de juro contratada numa operação financeira (ativa e passiva). A taxa proporcional é tipica do sistema de capitalização linear (juro simples). Dessa forma, as duas taxas, expressas em diferentes unidades, são definidas como proporcionais, quando enunciam valores iguais numa mesma unidade de tempo. Por exemplo: 8% a.m. e 96% a.a. são consideradas proporcionais por expressarem valores iguais quaisquer sejam as unidades de tempo definidas. Supondo o trimestre a unidade de tempo eleita, temos para as taxas proporcionais acima o que segue: 96% ao ano, capitalizados trimestralmente, teremos: =24%a.t. 8% a.m. capitalizados trimestralmente, teremos: UNIDADE 130 =24%a.t. Regime de capitalização composta É o regime de capitalização em que a taxa de juro incide sobre o montante obtido no período anterior, para gerar juro no período atual. Portanto, em cada período de aplicação, os juros serão calculados através do produto do montante do período anterior pela taxa de juro. J = M x i O sistema de juros compostos é mais comum e usado no sistema financeiro, pois para os bancos e empresas financeiras, principalmente, que trabalham com produto “dinheiro”, torna-se muito mais vantajoso e rentável que se trabalhe com este tipo de regime de juros. Neste caso, é importante que usuário saiba como se aplicam estes conceitos, pois em provas de concursos ou mesmo no dia-a-dia é necessário que se saibam como efetuar esses cálculos. Definimos como capitalização o momento em que os juros encontrados no período são incorporados ou somados ao valor principal. Juros compostos No regime de juros compostos, os juros de cada período são somados ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Os juros são capitalizados e, consequentemente, rendem juros. Ainda sobre juros compostos, podemos determinar que: o juro de cada período de tempo é calculado sobre o saldo no início do período anterior. Ou seja, os juros de cada intervalo de tempo são incorporados ao capital inicial e passam a render juros também. A fórmula para juros composto é: J = C x [ ( c + i )n – 1 ] Diferentemente do juro simple, os juros compostos encontram amplas aplicações práticas na economia, notadamente em operações ativas e passivas, de médio e longo prazos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 31 Nesse critério de capitalização, os juros incidem sempre sobre o saldo acumulado, e ocorrem, dessa forma, juros sobre juros periodicamente, ou seja, no regime de juros compostos, o juro gerado em determinada operação é adicionado ao principal e serve de base para o cálculo de juros no periodo posterior. Suponhamos que uma pessoa tenha aplicado R$ 100.000,00 à uma taxa composta de 10% a.m. Utilizando a mesma simbologia definida para o sistema de juro simples, temos: M = C x (1+ i)n Final do 1º mês: (10% R$ 100.000,00) o montante do período será de R$ 110.000,00 (R$ 100.000,00 + R$ 10.000,00) , ou M = 100.000,00 x (1 + 0,10)1 = R$ 110.000,00. Final do 2º mês: o montante esperado será duas vezes os juros, pois representam dois meses. Nesse sentido, temos: M = 100.000,00 (1 + 0,10) x (1 + 0,10) = M = 100.000,00 x (1 + 0,10)2 = R$ 121.000,00. Final do 3º mês: aplicando o raciocínio do mês anterior, temos: M=100.000,00 (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) = M = 100.000,00 x (1+0,10)3 =R$ 133.100,00 Final do enésimo mês: M = C x (1+i)n Com base na simbologia apresentada, podemos descrever a fórmula dos juros compostos: (M) – é o montante (valor futuro); (C) – é o capital (valor presente); (1+i)n - representa o fator composto de crescimento. Vejamos um caso prático para melhor compreender a operação. Se uma pessoa desejar obter cem milhões de unidades monetárias ($) dentro de um ano, quanto deverá aplicar, hoje, em um fundo que rende 20% a.t.? Em outras palavras, qual é o valor presente dessa operação, ou, ainda, qual seria o valor do capital a ser aplicado para obter, no final do período, os cem milhões de unidades monetárias ($) UNIDADE 132 Dados para desenvolver o problema: (M) valor futuro ........................ $ 100.000.000,00 (n) prazo da aplicação............. observe que no prazo de um ano, porém, o período de rendimento é trimestral (i) taxa contratada da aplicação...... 20% a.t. (C) capital ou valor presente = ??? Resolução através da fórmula: M = C x (1+i)n fórmula do montante (conversão para o capital) = = = 48.225.308,64 Com efeito, se aplicarmos R$ 48.225.308,64 hoje à taxa composta de 20% a.t., teremos, ao final de um ano, o valor de R$ 100.000.000,00, Estudo das taxas em operações ativas e passivas As taxas de juros compostos, aplicados nas operações financeiras ativas e passivas de negócios empresariais, são compostas pelas: Taxas equivalentes São taxas que geram montantes idênticos quando capitalizados sobre o mesmo capital e prazo. Por exemplo: As taxas correspondentes a 40% a.s e 96% a.a, são equivalentes porproduzirem um mesmo montante em prazo idêntico, ou seja, é indiferente um investidor aplicar um mesmo capital a taxas correspondentes. Ao utilizar a dedução matemática, a taxa de juros equivalente, referente a um certo intervalo de tempo, pode ser obtida a partir da seguinte expressão matemática. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 33 Esta fórmula matemática expressa que: (iq) - taxa de juros equivalente, relativa a uma parte de determinado intervalo de tempo; (n) – número de partes do intervalo de tempo considerado. Aplicando a expressão matemática no exemplo anterior, encontramos as seguintes taxas equivalentes: a) - Taxa equivalente a 96% a.a. (n) = ano equivalente a dois semestres (i) = 96% a.a. → logo iq = 0,40 ou 40% a.s. Taxa efetiva Em algumas operações financeiras, a taxa de juros é dada em prazo normalmente superior ao prazo de capitalização dos juros. Um exemplo bastante comum é o caso de um financiamento em que os juros são capitalizados mensalmente, e a taxa contratada é expressa em termos anuais. Nesses casos, se o critério adotado de incorporação dos juros ao principal for o composto equivalente, o montante ao final do período será o mesmo, qualquer que seja o período de capitalização. Por outro lado, se a capitalização for processada através de taxa proporcional (critério linear), a taxa de juros calculada ao final do período (taxa efetiva) será maior que a taxa contratada. Veja a seguir: Exemplo: Uma Sociedade Ltda está pleiteando um financiamento de dois milhões de unidades monetárias, com uma taxa de juros contratada de 120% ao ano, com a capitalização semestral (taxa proporcional – note que a taxa contratada é diferente do período de capitalização). Qual o montante devido ao final de um ano? Solução do problema: UNIDADE 134 a) Cálculo do montante ao final de um ano. Dados para determinação do montante equivalente ao ano - (2 semestres): (C) valor financiado - R$ 2.000.000,00; (i) Taxa anual - 120% proporcional ao semestre i = = 60% a.s.; (n) período - 1 ano - correspondente a 2 semestres. Devemos ter o cuidado de manter a taxa e o tempo na mesma base M = C x (1+i)n M = 2.000.000,00 x (1+0,60)2 M = 5.120.000,00 Observe que, se os juros fossem capitalizados anualmente, o montante seria diferente e, portanto, menor. Veja, a seguir, dados para determinação do montante ao ano: (C) valor financiado - R$ 2.000.000,00; (i) taxa anual - 120%; (n) período - 1 ano. M = C x (1+i)n M = 2.000.000,00 x (1+1,20)1 M = 4.400.000,00 A conclusão a que se pode chegar, no regime de capitalização, é: Se nesse regime de capitalização o montante é maior, então a taxa efetiva também será. Através da expressão abaixo podemos encontrar a taxa efetiva desta operação. Esta fórmula expressa o seguinte entendimento: (ief) - Taxa efetiva de juros; (i) - Taxa contratada; 120 2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 35 (n) - número de capitalização da taxa contratada em determinado período de tempo. Observe a aplicação no exemplo anterior: → → ief = 1,56 ou 156%. a.a. A taxa efetiva utiliza uma variante que se propõe a facilitar o enten- dimento dos cálculos. variante da fórmula (iq) → taxa que eu quero; (it) → taxa que eu tenho; (nq / nt) → prazo que quero SOBRE prazo que tenho iq = [ 2,5600 – 1 ] x 100 iq = 1,5600 x 100 → iq = 156,00 % Ferramentas de análise de decisões de operações ativas e passivas Reconhecida a diferença entre juro simples e juros compostos, passaremos a identificar as ferramentas básicas e suas aplicações quanto à tomada de decisão nas operações financeiras ativas e passivas e negócios empresariais. Nesse sentido, é possível encontrar na literatura uma gama importante de ferramentas, que vai da mais simples a mais complexa, para auxiliar uma UNIDADE 136 tomada de decisão. A fim de tornar esse estudo mais atraente e o mais simples possível, trataremos de três ferramentas básicas aplicadas à análise de decisões de investimentos e financiamentos. As ferramentas mais conhecidas, e amplamente empregadas, são as seguintes: a) Método do valor presente; b) Método do benefício ou custo uniforme; c) Método da taxa interna de retorno Outros métodos não possuem relevância no processo de análise de decisão por algumas considerações não levadas em conta, como é o caso da geração de fluxo de caixa e o risco das operações empresariais. Esses métodos são: d) Método da taxa de retorno médio; e) Método do pay-back Método de valor presente ou valor presente líquido O método do valor presente ou valor atual caracteriza-se pela transferência para o instante presente de todas as variações de caixa esperadas, a partir de uma taxa determinada. Dito diferentemente, trata- se de transportar para a data zero do diagrama de fluxo de caixa todos os recebimentos e pagamentos esperados, descontada a taxa de juros. Ao comparar duas alternativas de investimento com vidas úteis iguais, com o uso desse método, o que determinará a melhor alternativa será aquela que apresentar maior valor positivo no tempo zero, ou caso ambas apresentem valor negativo no tempo zero, aquela que apresentar o menor valor negativo será a melhor. Existe ainda a possibilidade de uma alternativa apresentar valor negativo e a outra valor positivo no tempo zero. Nesse caso, a melhor alternativa será aquela do valor positivo. Esse método exige desenvolver cálculos sob dois aspectos: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 37 1) Avaliar alternativas com vidas úteis e econômicas iguais; 2) Avaliar alternativas com vidas econômicas diferentes. Um exemplo claro que permite identificar essas alternativas pode ser observado com base nos dados a seguir: Exemplo: Um empresário está indeciso diante de três máquinas com o mesmo desempenho e a mesma vida útil de 10 anos, que estão sendo ofertadas no mercado. As alternativas para serem avaliadas são as seguintes: a) o investimento envolve despesas anuais de dez mil unidades monetárias e sem desembolso inicial; b) o investimento envolve despesas anuais de cinco mil unidades monetárias e um desembolso inicial de quinze mil unidades monetárias; c) o investimento envolve despesas anuais de quatro mil unidades monetárias, desembolso inicial de vinte mil unidades monetárias e um valor residual de duas mil unidades monetárias. Para análise e decisão da melhor alternativa de investimento para o empresário, considere, na avaliação, uma taxa mínima de atratividade (TMA) de 10% ao ano, Analisando os três casos, chegaremos aos seguintes resultados Fórmula aplicada - PV = Elementos componentes da fórmula: (P) é o valor presente (present value) que desejamos encontrar; (PMT) são parcelas correspondentes aos desembolsos de despesas anuais, que se repetem durante os 10 anos (devemos considerar os valores como positivos para efeito da fórmula); (n) é o período de tempo de vida do investimento; (i) é a taxa média requerida (exigida) pelo mercado. Investimento proposto no item “a” Demonstração gráfica do fluxo de caixa Saiba Mais Valor residual: É um valor que surge no final da vida útil do investimento. Este ocorre em função do seu desgaste durante o tempo de uso Saiba Mais Taxa mínima de atratividade: É uma taxa de referência que se encontra no mercado. Como exemplo: SELIC, IGPM etc. UNIDADE 138 Dados do problema: (PMT) = R$ 10.000,00 (trata-sede um custo); (n) = 10 anos; (i) = 10%; (PV) = R$ 0,00; (VPL) = Valor desejado. VPL = –61.439,57 Investimento proposto no item “b”: Para resolução desta alternativa, há um tratamento diferenciado, pois, no final, haverá necessidade de somar o valor dos custos dos fluxos de caixa descontados com o valor presente do investimento. Demonstração gráfica do fluxo de caixa: Figura 2 - Fluxos de desembolso de caixa Fonte: do autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 39 Dados do problema: (PMT) = R$ 5.000,00 (trata-se de um custo); (n) = 10 anos; (i) = 10%; (PV) = R$ 15.000,000; (VPL) = Valor desejado VPL = (–30.71,78) + (–15.000,00) → VPL = –45.719,785 Investimento proposto no item “c”: A resolução para este investimento requer um cálculo sobre o valor residual do investimento, o qual está proposto para o final do décimo ano, com um tratamento diferenciado, pois, no final, haverá necessidade de somar o valor dos custos dos fluxos de caixa descontados, com o valor presente do investimento. Demonstração gráfica do fluxo de caixa: Figura 3 - Fluxos de desembolso de caixa. Fonte: autor UNIDADE 140 Dados do problema: (PMT) = R$ 4.000,00 (trata-se de um custo); (n) = 10 anos; (i) = 10%; (PV) = R$ 20.000,00; (FV) = R$ 2.000,00 (corresponde ao valor residual-entrada de caixa); (VPL) = Valor desejado. VPL = –24.575,1735 + (–20.000,00) → VPL = –43.804,0743 Em um processo de tomada de decisão para a escolha de alternativas de investimento por uma empresa, a melhor será a alternativa que apresentar menor custo ou o menor valor de investimento a ser proposto para a empresa, ou seja: a melhor será a que apresentar o menor valor presente negativo, o que significa o menor investimento. Analisemos a situação nos três casos propostos: a) o investimento envolve despesas anuais de dez mil unidades monetárias e sem desembolso inicial: Figura 4 - Fluxos de desmbolso de caixa Fonte: autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 41 VPL do investimento é igual a VPL = –61.439,57. b) o investimento envolve despesas anuais de cinco mil unidades monetárias e um desembolso inicial de quinze mil unidades monetárias: VPL do investimento é igual a VPL = –45.719,785. c) o investimento envolve despesas anuais de quatro mil unidades monetárias, desembolso inicial de vinte mil unidades monetárias e um valor residual de duas mil unidades monetárias: VPL do investimento é igual a VLP = –43.804,0743. Logo, ao analisar as três propostas, a melhor será aquela que apresentar menor custo, ou menor valor a ser desembolsado pelo investimento. A proposta “c” é a melhor proposta. Método do benefício uniforme ou custo uniforme Este método caracteriza-se pela transformação de todos os valores presentes, anuais, mensais e futuros em valores, numa série uniforme. Transforma todos os dados do fluxo numa série uniforme que, se for positiva, o resultado será decidido por aquele que apresentar a maior série positiva (maior rentabilidade). Em caso negativo, será a menor série negativa (menor custo) a escolhida. Para melhor compreensão deste método, vejamos o seguinte caso: Exemplo: Uma sociedade empresária, do ramo da indústria, está analisando dois projetos, os quais estão sendo propostos por fornecedores distintos, já com uma linha de financiamento garantida, para aquisição de um maquinário, o qual irá proporcionar um aumento de produtividade com redução de custos. Considere uma TMA de 10% ao ano. Qual das propostas você aceitaria e por quê? UNIDADE 142 MÁQUINA – FORNECEDOR “A” PROPOSTA Investimento inicial R$ 8.000,00 Vida util do bem 12 anos Custo de produção R$ 5.000,00/ano Custo de manutenção R$ 1.000,00/ano MÁQUINA – FORNECEDOR “B” PROPOSTA Investimento inicial R$ 12.000,00 Vida util do bem 12 anos Custo de produção R$ 5.000,00/ano Custo de manutenção R$ 800,00/ano O gráfico dos fluxos de caixa auxilia muito no processo de análise e tomada de decisão. Veja por que se torna fácil a compreensão para o cálculo e a análise de um investimento. Demonstração gráfica do fluxo de caixa Observe que nas duas propostas, o valor dos custos (produção e ma- nutenção) é anual, o que não exige a necessidade de transformação numa série uniforme de desembolso. Figura 5 - Fluxos da proposta "A" Fonte: autor. Figura 6 - Fluxos da proposta "B" Fonte: autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 43 Na primeira proposta, somamos os custos para torná-la uma série de fluxos de caixa anuais. A partir deste instante, podemos levar o valor do investimento e transformá-lo numa série. A única diferença é que devemos calcular o valor da série ou ainda, chamada de parcelas uniformes, presta- ções ou pagamentos e desembolso de caixa. A partir da fórmula do valor presente líquido, desenvolvemos a fórmula para calcular o valor das parcelas denominadas também de (PMT). Veja, a seguir, PV = Transformando para achar o valor das parcelas Cálculo e análise da proposta do fornecedor “A”: Dados do problema: (FCj) = R$ 6.000,00 (trata-se de um custo anual); (n) = 12 anos; (i) = 10%; (PV) = R$ 8.000,000 (trata-se do desembolso inicial de caixa); (PMT) = Valor desejado (o custo total/ano do projeto): PMT = –1.173,9618 UNIDADE 144 Observe que o valor do desembolso inicial será adicionado ao valor dos custos anuais, para se conhecer o total das parcelas anuais desembolsáveis: PMT = VPL + CFj.anuaisde.Caixa PMT = –1.173,9618 + (–6.000,00) → PMT = –7.173,9618 Cálculo e análise da proposta do fornecedor “B”: Dados do problema: (FCj) = R$ 5.800,00 (trata-se de um custo anual); (n) = 12 anos; (i) = 10%; (PV) = R$ 12.000,000 (trata-se do desembolso inicial de caixa); (PMT) = Valor desejado (o custo total/ano do projeto): PMT = –1.761,1832 Devemos utilizar o mesmo procedimento para o cálculo da parcela total, efetuado na proposta do fornecedor “A”: PMT = VPL + CFj.anuaisde.Caixa PMT = –1761,1832 + (–5.800,00) → PMT = –7.561,1832 A análise das propostas nos leva a tomar a seguinte decisão: Considerando que a proposta do fornecedor “A” tem um custo ou valor desembolsável menor que a proposta do fornecedor “B”, a escolha da melhor alternativa de investimento para a empresa será aquela que apresentar menor custo ou o menor valor do investimento a ser feito, ou seja: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 45 Analisemos a situação das duas propostas: a) PMT = –1.173,9618 + (–6.000,00) → PMT = –7.173,9618 b) PMT = –1.731,1832 + (–5.800,00) → PMT = –7.561,1832 Logo, ao analisar as duas propostas, a melhor será aquela que apresentar menor custo, ou menor valor a ser desembolsado pelo investimento. A proposta “a”, é a melhor proposta. Método da taxa interna de retorno A utilização desse método é propor uma taxa interna de retorno (TIR) em que procura igualaro valor presente das entradas de caixa ao valor presente das saídas de caixa ou desembolsos. O que significa dizer que a taxa interna de retorno é aquela que torna nulo o valor presente líquido do projeto ou proposta de investimento. A TIR deve ser comparada com a taxa média de atratividade ou taxa mínima de atratividade - TMA, ou ainda com o Custo Médio Ponderado do Capital – CMPC. Fórmula para determinação da TIR: VPL = VP – Io onde Logo podemos dizer que o Elementos componentes da fórmula: (CFj) Fluxos de caixa líquido esperados para o projeto; (CFj, CFj, CFj, CF,.......CFJ.) Fluxos de caixa líquido para cada período; (Io) Investimento inicial para o projeto; (n) é o período de tempo de vida do projeto ou investimento; (TIR) é a taxa interna de retorno do projeto;. UNIDADE 146 Um procedimento comum que deve ser utilizado, quando houver alguma dificuldade, para determinação da TIR, é determinar através do método da interpolação de taxas, a taxa a ser encontrada. A interpolação de taxas, no mundo das finanças, é considerada como um divisor de águas no mundo dos negócios. Vamos compreender melhor o que vem a ser interpolação de taxas. Interpolação linear é uma estratégia de cálculo que permite determinar, por aproximação, um valor desconhecido que se encontra entre dois valores dados. Às vezes, as tabelas financeiras não fornecem o valor exato necessário para efetuar os cálculos que nos estão sendo solicitados – é aí que entra o método de interpolação linear. Através dele contornamos essa dificuldade, obtendo, mediante uma proporção simples, o valor desconhecido através de outros valores próximos, presentes na tabela. Vejamos como se faz isto, através de alguns exercícios de aplicação prática. Exemplo: Se fôssemos calcular o montante de um capital igual a R$ 200.000,00 aplicado a uma taxa de 14% a.a., com capitalização trimestral, durante 1 ano. Como determinar esse montante? Resolução: observe que a capitalização é trimestral. Logo, o prazo deve ser expresso em trimestres, e a taxa anual deve ser convertida para a taxa trimestral. Dados do problema: (C) = 200.000,00; (n) = 1 ano = 4 trimestres => n = 4; (i) = 14% a.a. (taxa nominal), convertendo a taxa trimestral, encontramos: i = 3,5% a.t. (taxa proporcional). Ao trabalharmos com uma tabela financeira, para sabermos qual o fator de capitalização deve ser aplicado ao capital, para determinar o montante, simplesmente não encontraremos, isto porque não existe a tabela que corresponda à taxa proporcional determinada, ou seja, não tem o i= 3,5%. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 47 E o que fazer? Pense bem, você tem os fatores de acumulação de capital para 3% e para 4% na tabela. Logo, para encontrar o fator de acu- mulação de 3,5%, deve-se calcular a média aritmética simples desses dois fatores. Parece esquisito, mas você está efetuando uma INTERPOLAÇÃO LINEAR. Estamos supondo que, uma vez que a taxa de 3,5% é equidistante dos valores 3% e 4%, o seu fator de acumulação deve ser também equidis- tante dos fatores de acumulação de taxas de 3% e 4%, ou seja, deve ser a média aritmética desses fatores. Consideramos então que: Onde: a3,5% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 3,5%; a3% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 3%; a4% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 4%. Vejamos agora como fica a interpolação quando a taxa fornecida não é mais número do tipo “inteiro mais meio” (1,5%; 2,5%; 3,5% etc.) Exemplo: Uma financeira recebeu uma proposta de financiamento de um bem no valor de R$ 1.000,00 cobrando o principal e mais juros de 3,6% a.a., compostos semestralmente. Quanto a financeira deve receber no final de 4 anos? Dados do problema: Observe que a capitalização é semestral. (C) = 1.000,00; (TIR) = 3,6% a.a. (taxa nominal) => i = 1,8% a.s. = 0,018 a.s. (taxa proporcional semestral); (n) = 4 anos = 8 semestres => n = 8. Resolução: FV = VP x (1+i)n Logo FV = 1.000,00 x (1+0,018)8 → FV = 1.153,4060 UNIDADE 148 O fator de capitalização contido na expressão matemática do mon- tante é (1+i)n , que estará representado pelos valores correspondentes a (1+0,018)8 e que tem como fator de capitalização o fator igual a (1,1534), que corresponde à taxa de 1,8 a.s., durante 8 períodos semestrais. Veja que não encontramos na tabela financeira o índice 1,8% a.s. Daí a razão de se trabalhar com a interpolação linear. Vamos pegar da tabela as taxas que se encontram imediatamente a seguir e imediatamente acima da taxa de 1,8% (1% e 2% respectivamente). Com os fatores dessas taxas para n = 8, montamos o seguinte esque- ma, baseado no teorema de Tales, que diz que um feixe de retas ao cortar duas transversais produz segmentos proporcionais. Decorre disso que, se dividirmos, em cada reta transversal, o seg- mento superior pelo segmento todo, deveremos obter o mesmo resultado. Podemos, então, escrever a seguinte igualdade: Multiplicando em cruz, obtemos: x – 1,082857 = 0,8 x 0,088802 Resolvendo, encontramos: x – 1,082857 = 0,0710 x = 0,0710 + 1,082857 → x = 1,1538986 Logo o montante será igual a: FV = 1.000,00 x (1,1538986) → FV = 1.153,8986. Outro exemplo a ser estudado sobre a interpolação é quando você adquire um investimento que lhe rende um valor a um determinado custo por um período e, no final desse período, você resolve vender esse bem. Veja a seguir: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 49 Uma empresária está analisando uma proposta de compra de um prédio com várias salas de escritórios, com a finalidade de obter receitas com os aluguéis. O valor do imóvel é de R$ 8.000.000,00. Estima-se que, durante um período de 10 anos, a renda proveniente dos aluguéis das salas atingirá um montante de R$ 1.280.000,00 por ano, e as despesas com impostos, manutenção etc: atingirão R$ 410.000,00 por ano. Estima-se que ao final dos 10 anos o prédio deverá ser vendido por R$ 5.800.000,00. Qual a taxa interna de retorno do negócio? Como resolver o problema, se você não possui nenhuma taxa como referência? O primeiro passo é reconhecer que há necessidade de arbitrar uma taxa qualquer a fim de trazer os valores para o tempo presente. Na verdade, não precisamos trazer os aluguéis e depois os custos para o valor presente. Basta diminuirmos um do outro, pois ambos estão calculados ao ano e no mesmo período de tempo. Observe o gráfico de fluxo de caixa. Demonstração gráfica do fluxo de caixa Para solução do problema, vamos arbitrar duas taxas, para obtermos a TIR esperada, que irá igualar os valores de entrada e saída com VPL = zero. Primeira taxa igual a 8%: Figura 7 - Fluxos de saídas e entradas de caixa Fonte: autor. UNIDADE 150 VPL = 5.838.118,124 + (–8.000.000,00) + 2.686.553,337 VPL = 524.671,461 Segunda taxa igual 12%: VPL = 4.915.605,044 + (–8.000.000,00) + 1.867.473,579 VPL = 1.216.921,197. Determinado o valor positivo e negativo que tornam a VPL igual a zero, podemos então descobrir a TIR da questão. Com as taxas determinadas, podemos elaborar o gráfico para compreendermos, então, a interpolação linear. Taxa = 8% o VPL é igual a R$ + 524.671,46 Taxa = 12% o VPL é igual a R$ - 1.216.921,19 Observe o comportamento das taxas no gráfico. Figura 8 - Gráfico da interpolação de taxas. Fonte: autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 51 No gráfico encontramos a seguinte igualdade: 1.216.921,19 x (i – 8) = 524.671,46 x (12 – i) 1.216.921,19i – 9.735.369,52 = 6.296.057,52 – 524.671,46i 1.216.921,19i+ 524.671,46i = 9.735.369,52 + 6.296.057,52 1.741.592,65i = 16.031.427,04 ==> i = 9,2049.% Taxa interna de retorno desejada é igual a 9,2049 %. Outro método aplicado à interpolação de taxas é o método da tentativa e erro. Em que consiste esse método? Veja o exemplo a seguir: A Companhia ABC está avaliando dois projetos de seus concorrentes: Projeto “C” e Projeto “L”. Os projetos proporcionarão, anualmente, os seguintes fluxos de caixa líquidos, após o imposto de renda. Se a taxa de desconto baseado na TMA dos projetos for de 10% e o investimento inicial for R$ 1.000,00, você recomendaria qual dos dois projetos? PROJETO - “C” PROPOSTA Investimento inicial R$ 1.000,00 Vida útil do projeto 3 anos Fluxos líquidos de caixa R$ 500,00/ 400,00/ 300,00/ ano PROJETO - “L” PROPOSTA Investimento inicial R$ 1.000,00 Vida útil do projeto 3 anos Fluxos líquido de caixa R$ 100,00/300,00/400,00 / ano Análise do Projeto “C”: UNIDADE 152 Demonstração gráfica do fluxo de caixa: Quadro 1 - Demonstrativo do VPL à taxa estimada de 10% ao ano. Análise do Projeto “L”: Demonstração gráfica do fluxo de caixa: Fonte: autor. Figura 10 - Fluxos do Projeto "L" Fonte: autor. Figura 9 - Fluxos do Projeto "C" Fonte: autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 53 Quadro 2 - Demonstrativo do VPL à taxa estimada de 15% ao ano. Resultados determinados com aplicação da fórmula do VPL, para as taxas arbitradas ou estimadas. Taxas VPL 10% - 10,50 TIR 0 15% - 432,21 Com as taxas definidas, promovemos, então, a interpolação. Neste sentido, subtraímos a primeira taxa da TIR e dividimos pela diferença entre a primeira taxa e a segunda. Repetimos a operação no outro lado da equação. Veja abaixo a operação. 10% – TIR = 10% – 15% ==> 0,0237 = 0,0237 = 0,0237 Fonte: autor. UNIDADE 154 10% – TIR = 0,0237 x (–5) 10% – TIR = 0,11850 10% – 0,11850 = TIR → TIR = 9,8815 Resumindo Esta unidade procurou rever os princípios da matemática financeira, criando situações práticas para uso das principais ferramentas (métodos) para auxiliar na tomada de decisão de vários projetos de investimentos e podendo ser aplicados também em projetos de financiamentos. O emprego dessa ferramenta pode ajudar os gestores empresariais na tomada de decisão de um projeto. O princípio dos investimentos especifica que as empresas invistam apenas em projetos que ofereçam um retorno superando a taxa média dos financiamentos e que apresente o menor custo. Exercícios Propostos 1) Ao determinar os juros compostos de investimento, qual a taxa trimestral equivalente a 15% ao ano? 2) Um projeto de investimento em bens de capital de uma empresa apresenta os seguintes dados: Investimento inicial R$ 12.000,00 Valor residual após 25 anos R$ 5.000,00 Receita anual R$ 4.000,00 Despesa anual R$ 2.000,00 Encontre a taxa interna de retorno do projeto e compare com a TMA do mercado, que é de 15% a.a. Responda se é vantajoso, para o empresário, investir nesse projeto. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 55 3) Uma indústria de peças automotivas está avaliando um projeto para otimizar seu processo de produção. Para que isso aconteça, o investimento em uma nova máquina seria ideal. No entanto, o projeto apresenta duas alternativas, sendo propostas pelo gerente de produção. Após análise, responda qual é a melhor proposta. PROPOSTAS DE ALTERNATIVAS: Máquina “A” Máquina“B" Investimento inicial R$ 10.000,00 R$15.000,00 Custo anual R$ 2.500,00 R$ 3.000,00 Valor residual nulo R$ 4.000,00 Vida útil 10 anos 10 anos TMA 10% ao ano 4) A General Motors do Brasil S.A. está analisando dois tipos de motores para uma nova linha de automóveis que vai ser lançada no final do ano de 2014. O motor “A” requer um investimento inicial de R$ 20.000,00 e apresenta um custo anual de R$ 6.000,00. O motor “B” requer um investimento inicial de R$ 30.000,00 e apresenta um custo anual de R$ 4.000,00. Considerando que a vida útil de ambos os motores é de 10 anos cada e que a TMA de mercado é de 10% ao ano, qual é o melhor motor para que a GM do Brasil decida pelo investimento? Saiba Mais A MATEMÁTICA FINANCEIRA (Tahan, 1984) Na época em que o comércio começava a chegar ao auge, uma das atividades do mercador foi também a do comércio de dinheiro: como o ouro e a prata. Nos diversos países eram cunhadas moedas de ouro e prata. Com a expansão das formas de comércio, assim como durante as UNIDADE 156 guerras de conquistas de territórios, as moedas dos países eram trocadas, mas o pagamento só podia ser efetuado com dinheiro do país específico. Logo, dentro das fronteiras de cada país, as moedas estrangeiras eram trocadas por dinheiro deste país. Os comerciantes e algumas pessoas que possuíam muito dinheiro e que viajavam ao exterior precisavam de dinheiro de outros países, que compravam com a moeda nacional. Os tempos foram passando e alguns comerciantes ficaram conhecendo muito bem as moedas estrangeiras e passaram a acumulá-las em grandes quantidades. Desta forma, dedicaram- se exclusivamente ao câmbio de dinheiro, isto é, a comercializar dinheiro. Havia a divisão de trabalho dentro do campo do comércio: paralelamente aos comerciantes, que se ocupavam com a troca de artigos comuns, surgiram os cambistas, isto é, comerciantes dedicados ao intercâmbio de uma mercadoria específica: o dinheiro. Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se fantásticas somas de dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram se ocupando de uma nova atividade: guardar e emprestar dinheiro. Naquela época, e devido à deficiente organização das instituições responsáveis pela segurança social do individuo, não era recomendável que tivessem em casa muitas moedas de ouro e prata. Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do cambista rico, que o guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse, imaginemos um cambista qualquer que tenha acumulado, desta forma, em seus cofres, imensa quantidade de dinheiro. Era natural que a seguinte ideia ocorresse: “Por que estas grandes somas de dinheiro haverão de permanecer em meu poder sem qualquer lucro para mim?” - Aí então se percebe que a palavra “lucro” está diretamente interligada com o conceito de finanças - É pouco provável que todos os proprietários, ao mesmo tempo e num mesmo dia, exijam a devolução imediata de todo o seu dinheiro. Emprestarei parte deste dinheiro a quem pedir, sob a condição de que seja devolvido num prazo determinado. E como meu devedor empregará o dinheiro como quiser durante este prazo, é natural
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