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Fabio Carvalho Lima NBR 15575 - Norma de Desempenho Construção Civil João Pessoa - PB novembro - 2016 Fabio Carvalho Lima NBR 15575 - Norma de Desempenho Construção Civil Este trabalho tem como objetivo complementar a carga horária e ementa da disciplina Construção de Edifícios, a respeito da NBR 15575, do curso de graduação em Engenharia Civil, solicitado pelo prof. Clovis dos Santos L. Netto. Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ Engenharia Civil Pró-Reitoria de Ensino de Graduação -PR-EG João Pessoa - PB novembro - 2016 Resumo Esta pesquisa aborda a NBR 15575/13, conhecida como Norma de Desempenho. Pretende- se, através do referido trabalho, contextualizar a supracitada norma, bem como trazer o conceito de desempenho e distinguir as normas de desempenho das demais normas prescritivas.Diferentemente de outras normas publicadas, o foco não se direciona ao tipo de material ou sistema construtivo, e sim na capacidade de resistir às intempéries e situações do cotidiano de uso e operação, assim como garantir o conforto para o usuário. A vigência da NBR 15575/13 trouxe determinadas incumbências aos intervenientes: projetistas, construtores, incorporadores, fornecedores e usuário. Explanou-se a respeito do papel do construtor antes essas alterações significativas na concepção de projetos no setor da construção. Foi necessário adentrar nos conceitos de vida útil e vida útil de projetos, haja vista que estão relacionados intimamente à nova Norma. Foi importante listar algumas dificuldades, entraves e custos em relação a vigência e aplicação desta norma. Palavras-chave: NBR 15575. norma de desempenho. construção civil. Lista de abreviaturas e siglas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BNH Banco Nacional de Habitação IPT Instituto de Pesquisas Técnológicas Sumário Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1 NBR 15575/13: PARTE 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.1 Requisitos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2 Incumbências - Fornecedores de materiais, insumos e componentes 10 1.3 Projetista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4 Construtor e Incorporador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4.1 Incubência - Usuário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.5 Durabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.6 Manutenibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.7 Adequação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.8 Vida útil de projeto e garantia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.9 Manual de uso, operação e manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 NBR 15575/13: EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS – DESEMPENHO 12 2.1 Parte 2:Requisitos para os sistemas estruturais . . . . . . . . . . . . 12 2.2 Parte 3:Requisitos para os sistemas de pisos . . . . . . . . . . . . . . 12 2.3 Parte 4:Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas – SVVIE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.4 Requisitos para os sistemas de coberturas . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.5 Requisitos para os sistemas hidrossanitários . . . . . . . . . . . . . . 13 3 QUESTÕES SOBRE A APLICABILIDADE DA NORMA DE DESEMPENHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.1 Segmentação das responsabilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.2 O papel do construtor frente à nova norma . . . . . . . . . . . . . . 16 3.3 Dificuldades e custos na adaptação à nova Norma . . . . . . . . . . 16 3.3.1 Custos adicionais à exigibilidade a Norma de Desempenho . . . . . . . . . 16 3.3.2 Entraves e custos associados a aplicação aos novos projetos . . . . . . . . 17 3.4 Integração entre os diversos sistemas prediais . . . . . . . . . . . . . 18 4 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 7 Introdução No momento atual, muito se fala da nova Norma de Desempenho que entrou em vigor em julho de 2013. E esta é considerada um marco na construção civil, especialmente por que apresenta critérios mínimos de exigências nas edificações habitacionais. Várias destas exigências não eram, se quer, observadas.Essa norma garantirá a vida útil de projeto da edificação - novo conceito introduzido com a NBR 15757/13 - desde que atendidos alguns requisitos de construção e manutenibilidade(pós-obra). Para fazer uma breve contextualização da situação do Brasil, anterior a esta norma, faz-se necessário mencionar que a discussão sobre a qualidade e o desempenho seguiu a passos mais lentos em comparação com o cenário internacional. Na década de 70, o tema apareceu em trabalho acadêmico do professor Teodoro Rosso da Faculdade de Arquitetura de São Paulo. Nessa mesma década , houve grande demanda de construções populares financiadas pelo BNH. Contudo, foi na década seguinte que o desempenho de edificações ganhou propulsão através dos trabalhos publicados pelo IPT. A NBR NBR 15575 surgiu para que os projetos e execuções habitacionais tratassem das seguintes questões: segurança, habitabilidade e sustentabilidade. Haja visto, a baixa qualidade das habitações populares brasileiras, com envelhecimento precoce, causado por exposição a ambiente extremamente desfavoráveis. Alguns motivos para isso são: poluição urbana, celeridade no ritmo da construção, emprego de materiais inapropriados, problemas de projetos e execução, dentre outros. A combinação dos motivos supracitados, causa precocemente diversas manifestações patológicas, comprometendo, a durabilidade, estética, segurança e utilização dessas edificações. Normas de desempenho são estabelecidas buscando atender às exigências dos usuários, que, no caso desta norma, referem-se a sistemas que compõem edificações habitacionais, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado. O foco desta norma está nas exigências dos usuários para o edifício habitacional e seus sistemas, quanto ao seu comportamento em uso e não no projeto de construção dos sistemas. A Norma de Desempenho é composta por seis partes. Quais sejam: Parte 1: Requisitos gerais Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos 8 Introdução Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas Parte 5: Requisitos para os sistemas de cobertura Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários Importante salientar, que a NBR 15575/13 não se aplica a obras já concluídas/construções existentes; obras em andamento na data de entrada em vigor da norma; obras de reforma ou retrofit edificações provisórias. De forma bem genérica, em acordo com (OLIVEIRA, 2016), resume os tópicos que estão presentes em todos os sistemas prescritos na Norma.Quais sejam: requisitos, critérios e métodos de avaliação. Os requisitos especificam os níveis mínimos de desempenho que devem ser alcançados para garantia da vida útil e desempenho do sistema avaliado.Os critérios de desempenho expressam a quantificação dos requisitos abordando as exigências dos usuários e as condições de exposição a que está submetida à edificação. Os métodos de avaliação especificam a forma de avaliação para certificação de desempenho de um determinado subsistema e podem ser estabelecidos através de análises visuais e de análise de projeto arquitetônico, de ensaios in loco, cálculos ou ensaios em laboratórios. Mas qual é o objetivo da NBR 15575/13? Conforme (LORENZI, 2013) a NBR 15575 tem o objetivo de regular e avaliar o desempenho de edificações habitacionais quanto ao atendimento às exigências do usuário ao longo da vida útil, tendo como premissaprovocar um "pensar"na concepção de edificações focado no comportamento em uso, na função a que se destina e nas condições de exposição, isto é, aplicado o conceito de desempenho. Para que isso ocorra, é imperativo que toda a cadeia produtiva do setor construtivo envolva-se.Obrigatoriamente, surgirão novas soluções de engenharia. Porém, a consequência disso será a maior qualidade nas edificações habitacionais. O que de fato, é um enorme avanço no setor construtivo. 9 1 NBR 15575/13: Parte 1 1.1 Requisitos Gerais Esta parte da norma descreve os requisitos para o conjunto de sistemas atingir o desempenho mínimo necessário. Os desempenhos específicos dos sistemas se encontram descritas nas outras partes. Faz-se necessário neste ponto, diferenciar norma de desempenho e as demais normas prescritivas. Reproduz-se, ipsis litteris, da própria NBR 155575/13 - parte 1 (página 9) tais definições. norma de desempenho: conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para edificação habitacional e seus sistemas, com base em requisitos do usuário, independentemente da sua forma ou dos materiais constituintes. norma prescritiva: conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para um produto ou um procedimento específico, com base na consagração do uso ao longo do tempo Assim sendo, a norma de desempenho preocupa-se com o resultado, ou seja, com as saídas. O autor, (LORENZI, 2013) define que "o desempenho não está preocupado com a forma com que a edificação foi construída, mas com o resultado apresentado". Ela é, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa e diz respeito ao funcionamento de todos os seus sistemas (conjunto). Ela estabelece os critérios (quantitativos), não se importando com os materiais em si. Ela quer simplesmente que as necessidades dos usuários sejam atendidas. A Norma de desempenho deve ser "entendida"como um "selo", ou seja, como uma referência para a construção Sustentável; semelhante a existência de outros selos. A real essência da norma é: projetar/edificar com responsabilidade e comprometimento, obedecendo a padrões mínimos exigidos, garantindo assim construções com segurança (segurança estrutural; segurança contra o fogo; segurança no uso e na operação), habitabilidade (estanqueidade; desempenhos térmico, acústico e lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil antropodinâmico) e sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade; impacto ambiental).(NBR 15575-Parte 1,(NBR. . . , 2013)) Nesta parte da norma define obrigações e direitos do construtor, do incorporador, do usuário e do fornecedor de material. Também é introduzido o conceito de vida útil de projeto e garantia certificada. 10 Capítulo 1. NBR 15575/13: Parte 1 1.2 Incumbências - Fornecedores de materiais, insumos e componentes De acordo com esta norma, cabe ao fornecedor de sistemas caracterizar o desempenho de seus produtos. Caso o produto não possua norma brasileira específica, o fornecedor deve fornecer resultados comprobatórios baseados em normas internacionais ou estrangeiras. 1.3 Projetista Cabe ao projetista definir os materiais, os produtos e processos construtivos que serão utilizados. 1.4 Construtor e Incorporador A norma define que o incorporador é o responsável pelos estudos técnicos e de riscos. Com relação à elaboração do Manual de uso, operação e manutenção, os responsáveis são o construtor e o incorporador 1.4.1 Incubência - Usuário Este é responsável pela manutenção, conforme estabelecida pelo Manual de uso, operação e manutenção, de forma a não reduzir a vida útil. 1.5 Durabilidade A durabilidade é descrita pela norma como um requisito econômico. Para a determinação da durabilidade necessária, a norma define que os projetistas, os construtores e incorporadores são os responsáveis pelos valores teóricos da vida útil de projeto. Outro tópico importante descrito na norma, a avaliação da vida útil de projeto durante o uso da edificação pode ser substituída por uma terceira parte, ou seja, por uma companhia de seguros. 1.6 Manutenibilidade Esta é descrita como a capacidade de favorecer as inspeções e as intervenções de manutenções. Além disso, esta deve ser considerada como premissa de projeto. 1.7. Adequação ambiental 11 Também deve ser previsto uma gestão de manutenção, que deve constar no Manual de uso, operação e manutenção, para que a vida útil de projeto seja atendida. 1.7 Adequação ambiental Apesar de definir como premissa a sustentabilidade, através da minimização de impactos ambientais na fase de elaboração do projeto e da gestão de resíduos no canteiro de obras, a ABNT NBR 15575 cita que não há como estabelecer critérios pois as técnicas de avaliação do impacto ambiental resultante estão em fase de pesquisa. 1.8 Vida útil de projeto e garantia A norma de Desempenho parece ter introduzido um novo conceito. Talvez a primeira norma técnica brasileira a descrevê-lo. Qual seja: vida útil de projeto (VUP), que difere simplesmente do conceito de vida útil (VU). É necessário distinguir estes conceitos e esclarecer ponto pertinentes a ambos. Extraem-se literalmente da Norma estas definições (NBR 15575/13 - parte 1, p.10) Vida útil - Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetadas e construídos considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de uso, Operação e Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal e certificada) Vida útil de projeto - Período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento no momento do projeto e supondo o cumprimento da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (a VUP não deve ser confundida com tempo de vida útil, durabilidade, prazo de garantia legal e certificada) Para a definição da vida útil de projeto, a norma define um método de cálculo. Além disso, ela prevê prazos de garantias para elementos da edificação, no entanto, este são baseados nos prazos utilizados atualmente pelos fornecedores de material. 1.9 Manual de uso, operação e manutenção De acordo com a norma, o Manual de uso, operação e manutenção deve conter informações como prazos de garantia, vida útil de projeto, a correta utilização da edificação, cronograma de manutenções, áreas de acesso, especificação dos materiais utilizados. 2 NBR 15575/13: Edificações habitacionais – Desempenho 2.1 Parte 2:Requisitos para os sistemas estruturais Nesta parte a norma descreve o atendimento às normas específicas dos sistemas construtivos, tanto no estado limite último, quanto no de serviço. Além disso, são propostos dois ensaios para verificar a resistência à ruptura e instabilidade, são eles o ensaio de impacto de corpo mole e o ensaio de impacto de corpo duro. Essa parte da norma, complementa-se com muitas outras NBR específicas relacionadas a estruturas convencionais. O foco maior dessa parte é a questão da estabilidade, segurança estrutural, durabilidade e manutenibilidade das estruturas. 2.2 Parte 3:Requisitos para os sistemas de pisos Destaca-se nessa parte da norma a definição de sistema de piso, “sistema horizontal ou inclinado composto por um conjunto parcial ou de camadas destinado a atender a função de estrutura, vedação e tráfego”, assim como a abrangência dos elementos e componentes, tanto para áreas de uso privativo quanto áreas de uso comum internas e externas da edificação.Define as áreas secas, molhadas e molháveis. As áreas secas são aquelas que, mesmo no processo de limpeza, não estão previstas utilização direta de água (com baldes ou mangueiras).As áreas molhadasterão em seu uso ou exposição presença de lâmina de água (por exemplo, box de chuveiro, área de serviço e áreas descobertas). Por fim, as áreas molháveis terão em seu uso ou exposição presença de respingos de água(por exemplo, lavabos, cozinhas e varandas cobertas) Considera-se o sistema de piso a composição da camada estrutural, a camada de impermeabilização, a camada de contrapiso, a camada e fixação e a de acabamento. Também são abordados requisitos de segurança, como a necessidade de resistência ao escorregamento, os desníveis e frestas máximas que o sistema de pisos deve ter, para não comprometer a segurança na circulação, e a verificação de arestas contundentes, que podem causar lesões por contato direto. Outro aspecto importante é que a norma descreve que o desempenho da edificação não se restringe ao desempenho funcional. O sistema de pisos deve apresentar conforto tátil, visual e antropodinâmico. Com isso, planicidade e homogeneidade são requeridas nessa parte. 2.3. Parte 4:Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas – SVVIE 13 2.3 Parte 4:Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas – SVVIE Em relação à abertura para ventilação das janelas, não tendo o município Código de Obras a ser seguido, deve-se obedecer a seguinte regra: a abertura efetiva do vão, descontando-se caixilhos, vidros fixos e quaisquer outros obstáculos deve ter na região Nordeste área igual ou superior a 8% da área do piso. Observa-se que este requisito só se aplica aos ambientes de longa permanência como salas, quartos e cozinhas. (Parte 4, p.27 - (NBR. . . , 2013)) Nesta parte são definidos ensaios que simulam as solicitações que podem ocorrer durante o uso, não só em função de causas externas, mas também por causa do usuário, como ações transmitidas por portas, cargas em prateleiras e impactos nos sistemas de vedações, por exemplo. 2.4 Requisitos para os sistemas de coberturas Para o sistema de coberturas, a norma define que os usuários, os contratantes e os incorporadores são responsáveis pelo estabelecimento de desempenho, desde que acima do mínimo. Com relação à montagem, devem ser previstas condições seguras para que não ocorra acidentes. Cabe destacar que deve conter no Manual de uso, operação e manutenção a possibilidade e o local estipulado para a adoção de balancins, andaimes e fixação de cintos de segurança, deve conter também neste manual os locais por onde o usuário pode transitar, de modo que a segurança deste não seja comprometida. "Os sistemas de coberturas (SC) impedem a infiltração de umidade oriunda das intempéries para os ambientes habitáveis e previnem a proliferação de microorganismos patogênicos e de diversificados processos de degradação dos materiais de construção, incluindo apodrecimento, corrosão, fissuras de origem higrotérmica e outros."(Parte 5, p.27 - (NBR. . . , 2013)) 2.5 Requisitos para os sistemas hidrossanitários Existem muitas outras normas prescritivas específicas para sistemas hidrossanitários (NBR 9574 e 9575 - lajes impermeabilizadas e mantas pré-fabricadas; NBR 10844 - dimensionamento e execução do sistema de águas pluviais, NBR 14486 - Sistemas enterrados para condução de esgoto sanitário - Projeto de redes coletoras com tubos de PVC, dentre outras), porém é, nesta parte da NBR de desempenho que é abordado questões como: durabilidade dos sistemas, a manutenibilidade da edificação e o conforto tátil e 14 Capítulo 2. NBR 15575/13: Edificações habitacionais – Desempenho antropodinâmico dos usuários. Ainda nesta parte destaca-se que para atingir o desempenho mínimo, são definidas fases de verificações de projeto. Estas fases vão desde a concepção do produto até a pós-entrega da obra, são estas: 1. Fase A – Concepção do produto 2. Fase B – Definição do produto 3. Fase C – Identificação e solução de interfaces 4. Fase D – Projeto de detalhamento 5. Fase E – Pós-entrega dos projetos 6. Fase F – Pós-entrega da obra 15 3 Questões sobre a aplicabilidade da Norma de Desempenho 3.1 Segmentação das responsabilidades A norma de Desempenho trouxe no seu entendimento, a delimitação de "responsabilidades"a todos os envolvidos no processo construtivo: projetistas, construtores e incorporadores; quer fornecedores de insumos, materiais e produtos; inclusive, usuários (consumidor final). Ela deixa clara e mais específica a função de cada agente nessa cadeia produtiva. No pós-obra entrará em cena a incumbência do consumidor que deverá fazer as devidas manutenções corretivas e preventivas no imóvel para que não perca as garantias dos sistemas. Poder-se-ia questionar essas "incumbências"dos envolvidos, contudo, há de se ficar claro que, mesmo a norma não sendo lei, ela tem uma imposição "legal"embutida no seu entendimento. O código de Defesa do Consumidor, Lei 8078/1990 em seu artigo 39 afirma essa obrigatoriedade. Leia-se: Art.39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas: VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) Havendo pois o descumprimento, o Código Civil, Lei 10.406/2002 determina que: Art.615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeita-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza. Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço. Corrobora-se aqui, que as normas técnicas devem ser seguidas porque elas prescrevem boas práticas , uniformizam e consolidam o conhecimento, são benéficas para a sociedade e, sobretudo, estabelecem um padrão de qualidade. Tem sido mérito da nova Norma de Desempenho deixar mais especificadamente a função e incumbência de cada agente nessa cadeira produtiva. Desta forma, em caso de futuros problemas, sabe-se exatamente quem acionar. Por via de regra, os construtores geralmente são os primeiros a tomarem ciência de possíveis manifestações patológicas nas edificações que executaram. Existe a responsabilidade solidária. Cabendo portanto, o direito de regresso contra projetistas, fabricantes e fornecedores de materiais. 16 Capítulo 3. Questões sobre a aplicabilidade da Norma de Desempenho 3.2 O papel do construtor frente à nova norma A execução da edificação estará em acordo com as premissas de projeto e o uso correto da edificação por parte do usuário. Os conhecimentos dos aspectos sejam tecnológicos e normativos, sejam construtivos e compositivos, como também a gestão o projeto serão condições imperativas durante o processo de desenvolvimento de projeto. As especificações técnicas deverão ser extremamente bem detalhadas. Tudo terá que ser pensado com cautela, segundo os requisitos e critérios da nova Norma. Um projeto executivo será, de fato, um projeto executivo. Um projeto deverá ter além das suas representações através de desenhos, manuais de especificações, memoriais descritivos, detalhamentos construtivos, dentre outros. A partir de agora não serão aceitas especificações genéricas ou produtos ’similares’. Em determinados casos específicos serão aceitos ’tal produto’ com ’ desempenho equivalente’. Será o momento oportuno para que os construtores pôr em prática o conhecido ciclo PDCA (planejar, desenvolver, checar e agir), sempre focados na melhoria continua e fazendo retroalimentação desse ciclo. 3.3 Dificuldades e custos na adaptação à nova Norma 3.3.1 Custos adicionais à exigibilidade a Norma de Desempenho Desde que a NBR 15575:2013 entrou emvigor, tem movimentado a indústria da construção civil, pois afeta aos construtores, fabricantes de materiais, fornecedores, serviços e os projetistas, que participam da responsabilidade do produto final. A preocupação em atender a norma deve surgir desde o escopo do projeto, ao considerar a localização do terreno, fenômenos naturais da região, vizinhança, entre outros dados, até o ensaio de materiais utilizados e do produto final para verificar a conformidade com as exigências. A norma tem por objetivo aumentar a qualidade do produto final e atua em benefício não só do usuário, mas também das construtoras que atendem aos requisitos e que podem utilizar disto em propaganda positiva e até mesmo se resguardar ao exigir o cumprimento das manutenções por parte do consumidor. A norma de desempenho, exige um padrão mínimo para todas as edificações, então se espera que ela sirva como um filtro na indústria da construção civil de modo a trazer mais qualidade para as futuras moradias de todos os padrões. O questionamento que surgiu com a norma de desempenho é em relação aos preços dos imóveis, pois certas exigências afetam diretamente o orçamento.Aqui se distingue 2 públicos distintos, o consumidor de alto padrão, que era atendido pelas grandes empreiteiras e de uma forma ou de outra já seguiam critérios de desempenho e pagavam pelo diferencial oferecido neste tipo de construção. E de outro lado os consumidores que buscavam menores preços em empreendimento e que não é tão criterioso, provavelmente 3.3. Dificuldades e custos na adaptação à nova Norma 17 não estará satisfeito com a elevação de preços de imóveis, e para esse público o aumento é bem mais considerável que no consumidor de alto padrão, pois historicamente e culturalmente os imóveis de baixo padrão econômico são conhecidos por não atenderem a algum requisito mínimo da norma. Salientando que o este mesmo consumidor muitas vezes não tem ao menos o conhecimento da NBR 15575 e não associa a qualidade do imóvel que atende aos requisitos ao valor a ser pago por ele. Aos que já atendem alguns ou a maioria dos requisitos exigidos na norma de Desempenho, as mudanças não são radicais e a diferença se limita ao fato de existir uma regulamentação. Porém, as empresas limitadas à construção básica e barata, sem se preocupar com proteções acústicas e sonoras, durabilidade, segurança e etc., sofrerão um aumento nos custos de construção nos empreendimentos que deverão atender a NBR 15575:2013. A responsabilidade do produto final é da construtora, dos projetistas e dos fornecedores de materiais, e cada um destes setores precisa de mais qualidade, controle e tempo para se adequar aos padrões exigidos. Como resultado, temos um aumento nos custos necessários para adequação de cada setor. O aumento dos custos se inicia na fase de projeto, uma vez que os projetistas deverão ter maior conhecimento das técnicas construtivas para saber a aplicação destas, em cada caso, e os materiais a serem utilizados para atender aos padrões solicitados. Além disso, os projetos serão mais ricos em detalhes para que a execução siga exatamente os passos indicados e o produto final seja o esperado. A norma usa como recomendação a avaliação do desempenho. Então, o que antes se fazia como um procedimento padrão e se dava por concluído após o término do serviço, agora apenas se certifica a qualidade do produto final com uma avaliação. Métodos de avaliação são descritos para cada serviço incluído nos requisitos de desempenho da NBR 15575. 3.3.2 Entraves e custos associados a aplicação aos novos projetos Com o estabelecimento de novos requisitos para classificar o desempenho da edificação, a norma torna a pesquisa de novas tecnologias, seja do sistema construtivo ou do material utilizado, uma atividade obrigatória para que as empresas desenvolvam-se. Entretanto, como novas atividades serão agregadas ao cronograma da obra, o custo da construção pode se tornar mais caro. De fato, em um primeiro momento, é possível ter aumento nos custos o que também pode servir como entrave na efetivação da NBR 15575/13. Contudo, em longo prazo, o desembolso com a manutenibilidade ao longo da vida útil terá custos mais acessíveis, pois tomando como partido a utilização de materiais apropriados, essa vida útil tende a se 18 Capítulo 3. Questões sobre a aplicabilidade da Norma de Desempenho prolongar. 3.4 Integração entre os diversos sistemas prediais Como dito anteriormente no trabalho, a ABNT NBR 15575 se divide em seis partes. Através destas, a norma aborda um edifício habitacional de duas formas, onde em um primeiro momento se dá pelo conjunto de sistemas, ou seja, o desempenho é avaliado através da interação dos elementos da construção. Já em outro momento, a norma aborda cada sistema de forma separada, avaliando o desempenho por itens e normas específicas. Com isso, este tipo de abordagem tem como objetivo evitar o surgimento de patologias na edificação como um todo, visto que ,o surgimento de um problema pode influenciar o desempenho de outros. Sendo assim, não basta somente o bom funcionamento do sistema isolado, mas também a sua integridade e a capacidade de não prejudicar os outros sistemas da edificação. 19 4 Conclusões De acordo com as informações contidas no trabalho, percebe-se que a ABNT NBR 15575:2013 (Edificações Habitacionais - Desempenho) representa um marco no setor da construção civil, pois agrega materiais sobre pesquisas já realizadas cujas informações antes estavam dispersas, ressalta a importância da pesquisa para o desenvolvimento tecnológico, aumenta a importância do projeto, para que seja bem elaborado, além disso, a norma define direitos e obrigações dos usuários, dos fornecedores de materiais, construtores ou incorporadores. Com relação à qualidade do produto, a norma tem como objetivo o seu nivelamento, tornando-o também como um novo parâmetro para a avaliação de um bem. Apesar da norma não definir materiais, já que esta se tornou escolha do projetista e do construtor, ela define as características necessárias que tal material ou sistema construtivo deve possuir. Com isso, o surgimento de novas tecnologias no setor é facilitado, ainda que não possua norma brasileira específica, o desempenho pode ser comprovado através de ensaios e normas estrangeiras. A aplicabilidade da nova Norma com o passar dos anos, fará com que se retirem do mercado construtores aventureiros que constroem habitações sem qualquer rigor técnico- construtivo e, porque não afirmar, que não primam se quer pelo desempenho. Muitos não sabem nem o que é desempenho. Tais "amadores"nesse ramo visam única e exclusivamente o lucro. Os consumidores tenderão a ser mais esclarecidos e passarão a exigir edificações residenciais com melhor rigor técnico. Outro aspecto importante que merece destaque é a nova concepção assumida por projetistas e construtores desde a vigência da Norma. O projetista assumiu um papel de destaque, onde deverá abordar em seus projetos muitos quesitos e premissas em vigor na NBR 15575/13. Ele assumi para si o risco de afirmar a vida útil do projeto e, como consequência, garantir - através das especificações de materiais em conformidade com a Norma - a vida útil da maneira como os sistemas foram projetados para durar. Uma responsabilidade a mais em sua árdua tarefa de conceber espaços funcionais, harmoniosos, mas sobretudo, sustentáveis e duráveis. Neste contexto cabe aos construtores se resguardar com laudos, ensaios, testes laboratoriais, controles tecnológicos e exigir dos fornecedores produtos em conformidade com a vida útil especificada em projeto. Além disso, ao construtor é delegada a incumbência em executar conforme os projetos, seguindo os critérios das normas técnicas, positivas no ordenamento jurídico brasileiro. Importante citar que, embora possa parecer a primeira vista que a adoção da nova Norma de Desempenho, elevará os custos dos empreendimentos,não é completamente verídica, pois se verificou que existe sim uma mudança na forma antiga de se construir principalmente pelo fato de antes não se realizar ensaios para todos os sistemas e 20 Capítulo 4. Conclusões requisitos que a norma ABNT NBR 15575/2013 exige, porém os métodos construtivos tradicionalmente utilizados podem atender aos requisitos mínimos quando executados corretamente. Por fim, destaca-se a importância da ABNT NBR 15575, pois através dos aspectos citados anteriormente, impõe-se no setor uma cultura voltada para o desempenho da edificação, para o foco na pesquisa, na utilização de novas tecnologias e por consequência, na elaboração de um bom projeto. (MARIANO, 2008) 21 Referências LIMA, F. F. N. Os custos adicionais vinculados à exigibilidade da norma de desempenho nbr 15575:2013. Revista ON-LINE IPOG (ESPECIALIZE), p. 13, 2014. Nenhuma citação no texto. LOPES, L. A. B. Estudo da ABNT 15575 - Edificações Habitacionais - desempenho e possíveis impactos no setor da construção civil na cidade do Rio de Janeiro. Ilha do Fundão, Cidade Universitária, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, 2013. Nenhuma citação no texto. LORENZI, L. S. Análise Critíca ABNT e Proposições de Avanço das Metodologias de Ensaios Experimentais de Desempenho à Luz da ABNT 15575 (2013) para Edificações Habitacionais de Interesse Social Térreas. Tese (Doutorado) — Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013. Citado 2 vezes nas páginas 8 e 9. MARIANO, L. S. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM REAPROVEITAMENTO ESTRUTURAL: ESTUDO DE CASO DE UMA OBRA COM 4000 m2. Dissertação (mathesis) — Universidade Federal do Paraná, Curitiba, jun. 2008. Citado na página 20. NBR 15575/13 - Edificações habitacionais - Desempenho. [S.l.], 2013. NBR 15575 - Edificações habitacionais - Desempenho (composta de 6 partes). Citado 2 vezes nas páginas 9 e 13. OLIVEIRA, M. M. F. de. O impacto da nbr 15575/13 (norma de desempenho) na concepção de projetos e da construção. Revista ON-LINE IPOG (ESPECIALIZE), p. 32, jul. 2016. Citado na página 8. Folha de rosto Resumo Lista de abreviaturas e siglas Sumário Introdução NBR 15575/13: Parte 1 Requisitos Gerais Incumbências - Fornecedores de materiais, insumos e componentes Projetista Construtor e Incorporador Incubência - Usuário Durabilidade Manutenibilidade Adequação ambiental Vida útil de projeto e garantia Manual de uso, operação e manutenção NBR 15575/13: Edificações habitacionais – Desempenho Parte 2:Requisitos para os sistemas estruturais Parte 3:Requisitos para os sistemas de pisos Parte 4:Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas – SVVIE Requisitos para os sistemas de coberturas Requisitos para os sistemas hidrossanitários Questões sobre a aplicabilidade da Norma de Desempenho Segmentação das responsabilidades O papel do construtor frente à nova norma Dificuldades e custos na adaptação à nova Norma Custos adicionais à exigibilidade a Norma de Desempenho Entraves e custos associados a aplicação aos novos projetos Integração entre os diversos sistemas prediais Conclusões Referências
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