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BERNO, Marcus Vinicius. Caderno OAB de Direito do Trabalho

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CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 1 
 
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 
 
A primeira informação que temos de ter em mente quando se fala em Direito do Trabalho 
é que ele é um ramo do direito essencialmente protetivo. Essa ideia é a ideia mais importante. 
Isso porque ele lida com uma relação que é, no plano material, uma relação muito 
desequilibrada, que é a relação entre o capital e o trabalho. 
Por isso, o Direito do Trabalho atua no plano jurídico formal para equilibrar essa relação, 
protegendo o mais fraco que é o empregado. Assim, toda a estrutura principiológia, normativa e 
o próprio fundamento do direito do trabalho é a ideia da proteção. Logo, muitos afirmam que o 
que há de mais importante no Direito do Trabalho é o princípio da proteção. Foi para isso que ele 
foi criado. 
 
1.1 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO 
 
Falar em sujeitos da relação e emprego é estudar quem faz parte dessa relação, quem vai 
figurar nessa relação. São dois sujeitos: o empregador (art. 2º da CLT) e o empregado (art. 3º da 
CLT). 
O empregador é a empresa individual ou coletivo que, assumindo os riscos da atividade 
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de serviços. O empregador é alguém que 
assume os riscos da atividade econômica, total e exclusivamente. Além disso, o empregador é 
quem vai ter o poder diretivo, de dirigir a prestaão pessoal dos serviços. Desse poder diretivo 
decorrem os seguintes poderes: 
 
 Poder regulamentador, que é o poder de criar regras para definir como o serviço 
será prestado. 
 Poder fiscalizados: é o poder de fiscalizar o cumprimento das regras que o próprio 
empregador criou para a prestação do serviço. 
 Poder disciplinar: é o poder de punir aqueles que não cumprem as regras. É nessa 
hora que ocorre as maiores interferências do empregador na esfera jurídica do 
empregado. Por isso o Direito do Trabalho admite apenas três tipos de punição: 
advertência (não possui previsão expressa, e pode ser oral ou escrita), suspensão 
(proibir o empregado de trabalhar, descontados os dias do pagamento, e não pode 
ser aplicada por mais de 30 dias) e a demissão por justa causa (é a penalidade 
mais grave, pois o empregado perde o emprego e não tem direito às verbas 
indenizatórias, rescisórias ou seguro desemprego). 
 
Observação: por ser a penalidade mais grave, a CLT cria requisitos para que a 
justa causa seja aplicada. São eles: a) taxatividade ou legalidade estrita: a justa 
causa só pode ser aplicada pela prática de algum ato considerado falta grave no 
art. 482 da CLT; b) imediatidade: o empregador, tomando conhecimento da falta 
grave, tem que aplicar a justa causa imediatamente ou, caso contrário, entende-se 
que houve o perdão tácito da infração (o empregador perdoou a infração); c) 
proporcionalidade: é a relação direta entre a falta e a punição, ou seja, se a justa 
causa é grave, a falta cometida também tem que ser grave. Exemplo: o empregado 
que roubou a empresa, pode ser demitido direto por justa causa, sem que tenha 
havido outras punições antes. Por outro lado, se o empregado esquece o uniforme 
um dia, não é proporcional demitir por justa causa direto; d) ausência de bis in 
idem: A justa causa é uma punição, e como toda punição, está sujeita à proibição 
do bis in idem. Por isso, se o empregador já aplicou uma advertência por conta de 
um determinado fato, não pode aplicar a justa causa por conta do mesmo fato. 
 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 2 
O empregado vem qualificado no art. 3º da CLT. É esse dispositivo que qualifica a 
relação jurídica de emprego. A relação de emprego é uma prestação de serviço de alguém para 
outrem, qualificada com quatro elementos trazidos pela CLT: 
 
 Pessoalidade: o contrato de emprego é personalíssimo. Por isso, ele tem que ir 
prestar o serviço pessoalmente. Não pode mandar outro em seu lugar. 
 Não eventualidade: o trabalho eventual não gera vínculo de emprego. 
 Onerosidade: o empregado vende a sua força de trabalho para o empregador, 
mediante o pagamento do salário. 
 Subordinação hierárquica: também chamada subordinação jurídica. Decorre do 
poder diretivo do empregador. É o elo de ligação entre o empregado e o 
empregador. O empregado tem que cumprir as regras porque está subordinado ao 
empregador. 
 
Se há na prestação de serviço esses quatro requisitos, essa prestação de serviço será uma 
relação de emprego, independentemente de qualquer outra coisa formalidade. 
Há dois tipos de empregados possuem um tipo de proteção jurídica diferenciada 
 
 Empregado doméstico: é aquele que se caracteriza por prestar serviço no âmbito 
residencial do empregador, e o empregador doméstico é o único que não utiliza a 
mão de obra do trabalhador para alguma atividade econômica. A Constituição, no 
art. 7º, parágrafo único, restringiu os direitos dos empregados domésticos, 
deixando de conferir a eles os seguintes direitos: piso salarial, participação nos 
lucros, jornada de seis horas em turno ininterrupto, proteção do mercado de 
trabalho da mulher, proteção em face da automação e o adicional de 
periculosidade/insalubridade/penosidade. 
 Empregado rural: é caracterizado pelo local da prestação de serviço, que é o 
ambiente rural. E ele trabalha para o empregador rural, que é alguém que 
desenvolve uma atividade econômica ligada ao meio rural. 
 
Observação: o trabalho noturno do trabalhador urbano é aquele realizado entre 
22h00 e 05h00. Nesse intervalo, considera-se que o trabalhador trabalhou 8hs, o 
que significa que a sua hora trabalhada tem 52’30”, e deve ser remunerada com 
adicional de 20%. Já o trabalho noturno rural é aquele realizado entre 20h00 e 
4h00 para pecuária e entre 21h00 e 05h00 para quem trabalha na lavoura. Logo, o 
trabalhador rural não tem hora noturna reduzida, mas deve ser remunerada com 
adicional de 25% 
 
 Pergunta: o que é terceirização? Resposta: A terceirização é a inserção de um terceiro 
sujeito na relação de emprego entre empregado e empregador. Na terceirização, no meio dos 
dois, se insere a empresa terceirizada, que nada mais é do que uma empresa prestadora de 
serviço. Na terceirização, quem precisa do serviço não contrata o empregado diretamente, mas 
sim a empresa prestadora, que pega os seus empregados e coloca a disposição do empregador. 
Assim, esse empregador passa a ser chamado de tomador do serviço. Assim, a terceirização pode 
ser conceituada como a contratação de mão de obra por empresa interposta. O regime jurídico 
aplicado à terceirização está previsto na súmula 331 do TST. Para o TST, em regra a 
terceirização é uma contratação ilegal, salvo duas possibilidades: 
 
 Contratação de trabalho temporário (Lei 6.019, art. 2º): é possível para atender a 
necessidade transitória de substituição de pessoal, ou em razão de acréscimo 
temporário de serviço (natal, páscoa etc.); 
 Atividade meio do tomador: é aquela que não tem relação direta com a atividade 
fim da tomadora. São atividades meramente complementares, que auxiliam para a 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 3 
produção da atividade fim, como as atividades de conservação, limpeza e 
segurança, por exemplo. Para que haja atividade meio, é necessário que não haja 
subordinação direta entre o tomador de serviço e o trabalhador. 
 
A terceirização ilícita, quando o tomador é um ente privado, gera a desconsideração da 
terceirização e a vinculação direito do empregado ao tomador de serviço. Assim, ele responderá 
de forma direta e pessoal pelos direitos trabalhistas. Por outro lado, se a terceirização é licita, o 
tomador responderá apenas de forma subsidiáriafrente ao trabalhador. Não é de forma solidária, 
mas sim de forma subsidiária, ou seja, há benefício de ordem entre o tomador e a empresa 
terceirizada. 
Se o tomador for pessoa jurídica de direito público, se a terceirização é lícita ou ilícita 
não muda nada, pois não há como atribuir vínculo direito de emprego sem concurso público. Por 
isso, sendo lícita ou ilícita a terceirização, as pessoas jurídicas de direito público respondem de 
forma subsidiária pelos débitos trabalhistas. Há, ainda, mais uma observação. As PJ de direito 
publico só respondem pelos débitos trabalhistas se provar que houve conduta culposa da 
administração na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas pela terceirizada. 
 
Observação: em qualquer caso, se a terceirização é lícita ou ilícita, o tomador do serviço 
só responde pelo período em que o empregado prestou o serviço a ele. Logo, se Pedro é 
empregado da empresa X (terceirizada) e prestou serviço terceirizado na empresa Y, essa 
empresa Y só responde pelos direitos trabalhistas referentes ao período em que Pedro prestou 
serviço a ela, e não por todo o tempo de trabalho que Pedro tem com a terceirizada X. 
 
3. CONTRATO DE TRABALHO 
 
O contrato de trabalho existe quando existir a relação de emprego. O contrato de trabalho 
não precisa de nenhuma outra formalidade. Pode ser tácito ou expresso, verbal ou escrito. 
Existindo os quatro requisitos da relação de emprego, existe o contrato de trabalho. 
O que é mais complicado para as provas é a diferença entre os contratos indeterminados 
dos contratos a prazo determinado. A regra geral de proteção da CLT é que o contrato de 
trabalho vigora por prazo indeterminado, até mesmo por conta da continuidade da relação de 
emprego. Porém, a CLT (art. 443, §2º) permite que haja contratos de trabalho a prazo 
determinado em três hipóteses: 
 
 Serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a determinação do prazo: 
são casos em que o serviço é transitório, como nos casos de contrato de safra 
(safrista); 
 Atividades empresariais de caráter transitório: a empresa vai funcionar por um 
período determinado, ou seja, não é o serviço que é transitório, mas sim a própria 
empresa; 
 Contrato de experiência: é a hipóteses mais comum de contrato a prazo 
determinado. 
 
O prazo máximo de vigência dos contratos a prazo determinado é de 02 anos. O contrato 
de experiência é exceção, e tem prazo máximo de 90 dias. Quando esses prazos são 
ultrapassados, o p=contrato deixa de ser por prazo determinado e passa automaticamente a ser 
um contrato de prazo indeterminado. A CLT admite a prorrogação do contrato por uma única 
vez, desde que não ultrapassados os prazos do art. 445. Exemplo: um contrato de experiência de 
30 dias pode ser prorrogado uma vez por mais 60 dias (total = 90 dias). Por outro lado, se eu 
prorrogo esse contrato por mais 30 dias (total = 60 dias), não posso prorrogar novamente por 
mais 30 dias, porque a CLT só admite uma prorrogação. Se prorrogar pela segunda vez, ele deixa 
de ser por prazo determinado e passa automaticamente a ser considerado como contrato de prazo 
indeterminado. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 4 
A parte crítica do contrato por prazo determinado é a sua extinção, porque nesse 
momento é que serão calculadas as verbas devidas ao trabalhador, se há indenização etc. 
A indenização ocorre toda vez que alguém põe fim ao contrato de trabalho pegando a 
outra parte de surpresa. Por isso que nos contratos de prazo indeterminados sempre há surpresa 
na demissão sem justa causa. Se o empregador põe fim ao contrato de surpresa, ele deverá 
indenizar. Essa indenização pode ser basicamente de dois tipos: aviso prévio e multa de 40% 
sobre os depósitos do FGTS. Da mesma forma, se o empregado pede demissão no contrato por 
prazo indeterminado, ele deverá indenizar o empregador. Essa indenização é basicamente o aviso 
prévio, que ele deverá cumprir até o final ou descontar do pagamento. 
Nos contratos por prazo determinado, também é possível que haja essa surpresa. Basta 
que uma das partes termine o contrato antes do prazo. Por outro lado, se ele for até o final, não 
há indenização para pagar um para o outro. Se houver ruptura antecipada, haverá obrigação de 
indenizar uma das partes. Essas indenizações dependerão da existência da clausula de ruptura 
antecipada prevista no art. 481 da CLT. Se houver essa cláusula no contrato, as indenizações são 
as mesmas aplicdas ao contrato por prazo indeterminado. Por outro lado, se não houver essa 
cláusula, aplicam-se as indenizações na forma do art. 479 e 480 da CLT: se foi o patrão que 
rescindiu o contrato, deverá indenizar o empregado em metade do que ele deveria receber até o 
fim do contrato; se o empregado rescindiu o contrato, ele deverá indenizar os prejuízos do 
patrão, sendo o valor limitado a até metade do que o empregado ainda receberia até o final do 
contrato. 
 
4 JUSTA CAUSA 
 
A primeira hipótese nós já estudamos, que é a justa causa do empregado, quando ele 
comete falta grave (art. 482). 
Por outro lado, a CLT também prevê a justa causa do empregador, quando ele comete 
alguma falta grave (art. 483, CLT). Nesse caso, quando o empregador pratica algum dos atos 
previstos no art. 483, o empregado tem direito a rescisão do contrato recebendo todas as verbas 
indenizatórias como se houvesse sido demitido sem justa causa. 
E a CLT, no art. 484 e na sumula do TST, prevê que no caso de culpa reciproca, ou seja, 
quando ambas as partes cometem falta grave. Nesse caso, o trabalhador terá direito apenas à 
metade das verbas que teria direito se fosse demitido sem justa causa. Por exemplo, ao invés de 
receber a multa de 40% sobre os depósitos do FGTS, o empregado vai receber apenas 20%. 
Outra hipótese é a extinção da empresa ou estabelecimento por motivo de força maior. 
Por exemplo, vem uma enchente e quebra a empresa toda. Nesse caso, o art. 452 prevê que o 
empregado terá direito a metade do que receberia se tivesse sido demitido sem justa causa. 
 
Observação: no art. 477, §6º, a CLT prevê o prazo que o empregador tem pra quitar as 
verbas rescisórias do empregado. Esse prazo varia conforme duas situações: 
 
 Se o empregado trabalha até o último dia do contrato: as verbas deverão ser pagas 
no dia útil subsequente. Assim, se o contrato terminou na quinta, as verbas 
rescisórias devem ser pagas na sexta. Se o contrato acabou na sexta, as verbas 
devem ser pagas na segunda; 
 Se não há aviso prévio, ou se ele é dispensado ou indenizado: as verbas rescisórias 
deverão ser pagas até 10 dias após a comunicação do término do contrato. 
 
Se esses prazos não são atendidos, o empregador deverá pagar uma multa ao empregado 
no valor de um mês de salário. 
 
Observação 2: havendo controvérsia sobre algum valor relativo a rescisão, a parte que é 
incontroversa deverá ser paga pelo empregador na primeira audiência na Justiça do Trabalho, 
sob pena multa de 50% desse valor. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 5 
 
5 AVISO PRÉVIO 
 
O aviso prévio é uma comunicação que a parte que quer dar fim ao contrato tem que fazer 
a outra parte. Por isso ele é bilateral, pode ser do empregado ou do empregador. É um período 
que a outra parte tem para se organizar antes do fim da relação de emprego. 
Até 2011, o aviso prévio era de 30 dias, tanto para o empregado quanto para o 
empregador (art. 7º, XXI, da CF). Após 2011, mudou o aviso prévio do empregador para o 
empregado, que deverá ser proporcional ao tempo de serviço (Lei 12.506/11). 
Por isso o aviso prévio do empregado ao empregador será sempre de 30 dias, pois só o 
empregado tem direitoao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. 
Já o aviso prévio do empregador para o empregado será de 30 dias, para o empregado que 
tenha até um ano de serviço, acrescidos de mais 03 dias por ano de trabalho na mesma empresa, 
até o total de 90 dias. O máximo que o aviso prévio poderá chegar é em 90 dias, salvo convenção 
ou acordo coletivo. 
 
Observação: O aviso prévio será contado de acordo com a seguinte fórmula: AP=30+(nº 
de anos na empresa x 3) – não pode exceder de 90 (noventa) dias. Portanto, se o empregado tem 
11 meses e 29 dias de serviço, o seu aviso prévio será de 30 dias. Por outro lado, se o empregado 
completou 01 ano de serviço, o seu aviso prévio será de 33 dias, e assim sucessivamente, até o 
limite de 90 dias. Logo, se o empregado possui 25 anos de serviço, o seu aviso prévio é de 90 
dias, e não de 105 dias. 
 
Observação 02: Outra coisa muito importante é a data da demissão, porque o trabalhador 
só tem direito ao aviso prévio proporcional se a rescisão acontecer após a publicação da Lei 
12.506/11. Se a rescisão ocorreu antes, o aviso prévio é de 30 dias fixos. 
 
O aviso prévio pode ser de três tipos: indenizado, trabalhado e dispensado 
 
 Aviso prévio indenizado: o trabalhador é dispensado direito. É aquele em que o 
período do aviso é pago, mas o trabalhador não trabalha durante esse tempo. 
 Aviso prévio trabalhado: o empregado trabalha todo o período de aviso. O período 
de aviso é tempo de contrato, ou seja, conta como tempo normal de serviço, sendo 
devido FGTS e outras verbas. Mesmo que o aviso seja indenizado, tudo é contado 
incluindo o aviso prévio, como a prescrição bienal por exemplo. 
 Aviso prévio dispensado: ocorre na hipótese de o trabalhador ter pedido a 
demissão e a empresa dispensa o cumprimento do aviso. 
 
Por ser tempo normal de serviço, a empresa sempre terá que pagar o tempo do aviso, 
mesmo nos casos em que o empregado pede demissão. Somente em um caso a empresa não 
precisará pagar a integralidade do aviso, que é o caso em que o empregado pediu demissão e já 
tem outro emprego. Nesse caso não há prejuízo ao empregado, pois ele sai de uma empresa e já 
começa na outra. 
Em caso de demissão sem justa causa, durante o período do aviso prévio, se o empregado 
trabalhar esse tempo, ele tem direito a redução da jornada de trabalho em 2h00, sem redução 
salarial. Isso porque o aviso serve para ele se adaptar a nova situação e procurar emprego em 
outra empresa. É direito do empregado trocar a redução da jornada por falta por 07 dias corridos 
durante o tempo do aviso. Porém, não pode trocar as reduções de carga horária pelo pagamento 
dessas horas, mesmo se for com adicional de hora extra. Isso porque a natureza do aviso prévio é 
a de que o trabalhador possa procurar outro emprego. Portanto, se fizer isso, o aviso prévio e 
nulo e a empresa terá que pagar outro aviso prévio para o empregado. 
 
6. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 6 
 
A alteração no contrato de trabalho pode ser de dois tipos: subjetiva (nos sujeitos da 
relação de emprego) e objetiva. Com relação às alterações subjetivas, não é possível a alteração 
do empregado, ou seja, não há troca de empregado. Se houver alteração do empregado o que há é 
a extinção do contrato de trabalho. Por outro lado, pode haver a alteração do empregador, seja 
por venda da empresa, mudança na sua estrutura jurídica etc., essa alteração não pode prejudicar 
o empregado. Nenhuma alteração no empregador pode prejudicar os contratos de trabalho. 
Já com relação às alterações objetivas, o Direito do Trabalho está preocupado com a 
estabilidade da condição de trabalho do empregado (art. 468). Assim, a alteração no contrato de 
trabalho precisa de mutuo consentimento (as duas partes tem que concordar) e que não haja 
prejuízo direito ou indireto ao empregado. Porém, a CLT previu uma exceção (parágrafo único 
do art. 468) que é o caso da reversão de cargo em confiança. O cargo em confiança é aquele 
cargo de gestão, semelhante ao que o dono da empresa faz (demite funcionário, controla jornada 
de trabalho etc.). Geralmente esses cargos são baseados na confiança que o empregador tem no 
empregado, e sua remuneração tem que se ao menos 40% maior. A CLT prevê que o empregador 
pode retirar o empregado de um cargo de confiança e voltar ele para o seu cargo de origem, sem 
que isso seja alteração ilícita. Mesmo que traga prejuízo para o empregado e mesmo que ele não 
concorde, isso está dentro do jus variandi do empregador. Pode ser alterado sem problema 
algum. No entanto, se ele exerceu a função de confiança por 10 anos ou mais, a gratificação se 
incorpora ao seu salário por conta do princípio da estabilidade financeira (súmula 372 do TST). 
O art. 469 fala da alteração do local da prestação de serviço. Em regra, essa alteração é 
ilícita sem a concordância do empregado, salvo três hipóteses: 
 
 Se não resultar mudança de domicílio do empregado; 
 Se houver extinção do estabelecimento comercial da empresa, ou seja, se a 
empresa muda de cidade; 
 Para os ocupantes de cargo em confiança ou os que tenham cláusula de 
transferência implícita ou explícita, quando houver real necessidade do serviço 
(súmula 43 do TST). 
 
Quando a transferência é provisória, ou seja, somente se for temporária, é devido um 
adicional de transferência de 25% sobre o salário enquanto durar a transferência. 
 
7. FGTS 
 
O FGTS é uma obrigação acessória ao contrato de trabalho, que representa um dever do 
empregador depositar 8% sobre a remuneração do empregado na sua conta vinculada na Caixa 
Econômica Federal. Esse depósito não pode ser substituído por nenhuma outra forma de 
pagamento. Ou seja, não pode pegar esse dinheiro e pagar ao empregado, não pode depositar em 
outra conta e nem substituir por outra forma de pagamento. Isso porque, embora esse valor 
pertença ao trabalhador, ele não tem a disposição direta desse dinheiro. O empregado só pode 
mexer no valor do FGTS nas hipóteses do art. 20 da Lei 8.036/90 (Lei do FGTS). Podemos 
resumir as hipóteses nos seguintes casos: 
 
 Quando o contrato de trabalho termina, salvo se o empregado pediu demissão ou 
se a demissão se deu por justa causa; 
 Para aquisição de casa própria; 
 Doença grave do empregado ou seu dependente (HIV, câncer etc.) 
 Calamidade pública ou desastre natural; 
 Desemprego voluntário por mais de três anos: empregado pediu demissão ou foi 
demitido por justa causa e não consegui voltar ao por mais de três anos; 
 Aposentadoria; 
 Completa 70 anos de idade. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 7 
 
O montante dos depósitos feitos pelo empregador representa a base de cálculo para a 
multa de 40% devida em caso de dispensa sem justa causa ou rescisão indireta. Essa multa cai 
pela metade nos casos de culpa reciproca ou extinção do estabelecimento por força maior. 
 
8. SALÁRIO E REMUNERAÇÃO 
 
A remuneração é um gênero do qual o salário é uma espécie. Remuneração é tudo que o 
empregado recebe pela prestação do serviço. Por outro lado, salário é tudo que o empregado 
recebe pela prestação do serviço pago pelo empregador. Portanto, salário é tudo que o 
empregador paga ao empregado e remuneração é tudo que o empregado recebe pelo serviço, seja 
do empregador ou de outrem. Por isso que gorjeta é parte da remuneração, mas não é salário para 
fins trabalhistas. 
A importância prática dessa distinção reside no fato de que a maioria das verbas 
trabalhistas tem base de cálculo no salário, mas três espécies têm base de cálculo na 
remuneração: FGTS, férias e décimo terceiro (súmula 384 do TST). 
O salárioé uma verba multifatorial, ou seja, se compõe de diversos fatores: 
 
 Importância fixa acorda entre o empregador e o empregado; 
 Partes variáveis estabelecidas com habitualidade, como comissões, gratificações, 
prêmios e abonos; 
 Salário in natura (art. 458, CLT): são os benefícios que o empregador concede ao 
empregado de forma habitual. O §2º do art. 458 prevê algumas hipóteses em que 
determinadas vantagens não são consideradas salário in natura ou salário 
utilidade. 
 
Não integram o salário em nenhuma hipótese: as diárias para viagem que não excedam a 
50% do salário do empregado e as ajudas de custo. Também não integra nem o salário e nem 
remuneração a participação nos lucros e resultados da emprega (PLR). Ela não tem caráter 
remuneratório, pois não remunera serviço nenhum. 
O salário é o bem patrimonial mais valioso do empregado na relação de emprego. Por 
isso, ele possui um feixe muito grande de proteções, e dentre essas proteções vamos destacar: 
 
 Irredutibilidade (art. 7º, VI, CRFB): só se reduz o salário por meio de acordo ou 
convenção coletiva, pois nesse caso geralmente a negociação coletiva vai exigir 
outra garantia do empregador para compensar a redução; 
 Intangibilidade: (art. 462 da CLT): é a proibição de proceder descontos no salário 
do empregado. A CLT vai disciplinar quais descontos são possíveis no salário do 
empregado: quando decorre de adiantamento salarial; quando decorre de 
dispositivo de lei (como INSS, IR etc.); quando decorre de autorização em norma 
coletiva de trabalho. O art. 462, §1º, autoriza o desconto dos prejuízos causados 
pelo empregado quando foram causados com dolo. Se o empregado agir com 
culpa (imprudência, negligência ou imperícia), o desconto é permitido se houver 
ajuste prévio entre as partes. 
 
9. EQUIPARAÇÃO SALARIAL 
 
É uma proteção salarial contra a discriminação. Vai garantir que a todo trabalho igual, 
prestado ao mesmo empregador, tenha remuneração igual, sem distinção de idade, sexo, raça etc. 
O art. 461 da CLT e a súmula 6 do TST estabelece as condições para que seja reconhecida essa 
equiparação salarial. São elas: que o trabalho seja prestado para o mesmo empregador, na mesma 
localidade, com igual produtividade e perfeição técnica, nas mesmas funções 
(independentemente do nome do cargo), sem que haja diferença de tempo de serviço na função 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
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por mais de dois anos (não vale para tempo no emprego), e desde que não haja na empresa 
quadro de carreira homologado pelo Ministério do Trabalho (MTE). 
 
Observação: o quadro de carreiras é uma forma com que a empresa pode se livrar da 
equiparação, organizando as carreiras de maneira que a promoção seja feita por critérios 
alternados de antiguidade e merecimento. Esse quadro de carreiras deve ser homologado pelo 
MTE. 
 
A súmula 6, item VI, do TST diz que é irrelevante se a diferença salarial tenha ocorrido 
por conta de decisão judicial em favor de um ou outro trabalhador. A equiparação será devida 
assim mesmo, salvo em três hipóteses: se a diferença for em razão de vantagem pessoal; se a 
decisão que aumento o salário de um trabalhador tenha sido superada em tribunal superior; ou na 
hipótese equiparação em cadeia, se houver algum fato modificativo impeditivo ou extintivo do 
direito a equiparação com o paradigma mais remoto. Exemplo de fato impeditivo é o tempo na 
função maior que 2 anos. 
 
 
 
O TST também entendeu que é ilícito condicionar o recebimento da PLR à vigência do 
contrato na data do seu pagamento. Por exemplo, se a empresa vai pagar a PLR em novembro e 
Pedro sai da empresa em agosto, ele tem direito de receber de maneira proporcional a sua 
participação nos lucros (Súmula 451, TST). 
 
10. JORNADA DE TRABALHO 
 
A Constituição estabelece a jornada ordinária, que é de 8h00 diárias e 44h semanais. 
Quando o trabalhador trabalha mais do que essa jornada ordinária, ele tem direito ao pagamento 
das horas extras. 
A CLT excluiu duas categorias de trabalhadores dos limites dessa jornada ordinária, que 
são os empregados que exercem cargos em confiança (já tem a gratificação de 40%) e os que 
exercem atividade externa, com atividade incompatível com o controle de jornada (art. 62). 
Esses dois tipos de trabalhadores não tem jornada de trabalho limitada a 8h00 diária e 44h 
semanais. 
A CLT também permite a compensação de jornada, que é um acordo que permite 
aumentar a carga de trabalho em um dia e diminuo em outro, mantendo o equilíbrio da jornada. 
Essa compensação tem dois requisitos: 
Trabalhador 
C
Trabalhador 
B
Trabalhador 
A
EQUIPARAÇÃO EM CADEIA 
R$2.000,00 R$2.000,00 R$1.000,00 
3,5 ANOS 2 ANOS
 
1 ANO 
Diferença maior que 02 anos 
C não tem direito a equiparação 
Equipara Equipara 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 9 
 
 As horas destinadas a compensação não podem exceder a duas horas por dia; 
 O acordo de compensação tem que ser expresso, escrito. 
 
Há três sistemas de compensação de jornada: a compensação semanal; a compensação 
por semana espanhola e a compensação por banco de horas. 
 
 Compensação de jornada semanal: é aquela que acontece dentro da mesma 
semana. Assim, o emprega aumenta a sua carga de trabalho em um dia e reduz no 
outro, de maneira a não ultrapassar às 44 horas semanais. Esse é o único sistema 
de compensação em que é possível celebrar acordo individual entre o empregado 
e o empregador. Os outros dois sistemas tem que haver previsão expressa em 
acordo ou convenção coletiva. 
 Compensação por semana espanhola: é apurado em duas semanas. Dessa forma, o 
trabalhador trabalha 48 horas numa semana e 40 horas na outra, totalizando 44 
horas semanais no intervalo de duas semanas. Só pode ser implantado se houver 
previsão em norma coletiva. 
 Compensação por banco de horas: leva esse nome porque é como uma conta 
corrente em que são apuradas as horas trabalhadas e as horas descansadas. Só 
pode ser implantado em norma coletiva e a compensação não pode ultrapassar o 
limite de um ano, sob pena de caracterizar hora extra. Se o contrato de trabalho 
terminar e o trabalhador tiver saldo positivo de horas, vai receber tudo como hora 
extra. Por outro lado, se tiver saldo negativo não pode ser descontado (o patrão é 
quem corre os riscos). 
 
A súmula 444 do TST prevê a jornada excepcional: é o regime de trabalho de 12 horas / 
36 horas de descanso. Esse tipo de jornada é possível desde que haja autorização em lei ou 
norma coletiva e seja assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. 
A súmula 449 do TST proíbe que norma coletiva aumente o limite de tolerância de 05 
minutos para auferir o horário de chegada e saída para fins de desconto de faltas ou atrasos. A 
CLT já prevê o limite de 5 minutos por marcação, limitados a 10 minutos por dia, para auferir o 
horário de chegada e saída. A norma coletiva não pode aumentar esse limite. 
Com relação aos intervalos, há três tipos diferentes: 
 
 Intervalo interjornada: é o intervalo entre o fim de uma jornada de trabalho e o 
começo de outra. É preciso ter no mínimo 11 horas consecutivas de descanso. 
 Intervalo intrajornada: é um intervalo que deve ser dado ao empregado dentro de 
uma mesma jornada de trabalho. Esse intervalo não entra no cálculo da jornada e 
dependerá do tamanho da jornada. Até quatro horas por dia, não precisa de 
intervalo. Nas jornadas de quatro a seis horas, o intervalo é de 15 minutos. Nas 
jornadas superiores a seis horas, o intervalo será de no mínimo uma hora e no 
máximo duas horas. Esse mínimo só pode ser reduzido com autorização do MTE 
quefiscalizará para ver se a empresa tem refeitório e não exige hora extra (CLT, 
art. 71, § 3º). 
O TST já editou uma súmula sobre o intervalo intrajornada, que é a súmula 437: 
para o TST, se ao invés de usufruir a uma hora de intervalo o empregado tirar só 
30 minutos, a empresa não vai pagar somente os 30 minutos restantes, mas sim 
todo o período de uma hora que ele tinha direito. Isso porque esse intervalo tem 
natureza de medida de higiene, saúde e segurança do trabalho. Além disso, esse 
período do intervalo não usufruído terá natureza salarial (art. 71, §4º, da CLT), 
sendo base de cálculo para todos os outros benefícios trabalhistas. 
 
11. FÉRIAS 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
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É o período de descanso anual que o empregado tem. A concessão das férias envolve 
duas dimensões: o período aquisitivo e o período concessivo. O período aquisitivo é o período de 
12 meses que o empregado trabalha para adquirir o direito às férias. Já o período concessivo é o 
período de 12 meses imediatamente subsequente ao período aquisitivo que o empregador possui 
para conceder as férias ao empregado. Então, o período concessivo é do empregador, ou seja, é o 
empregador que escolhe quando o empregado tira férias, salvo em dois casos: 
 
 Empregado menor de 18 anos com frequência escolar: nesse caso, o empregado 
tem direito de coincidir o período de férias com o período de férias escolares; 
 Empregados da mesma família: nesse caso, os empregados da mesma família 
terão direito de gozar férias juntos, se não houver prejuízo ao serviço. 
 
Se o empregador não concede as férias dentro do período concessivo, ele terá que pagar 
as férias em dobro (art. 137 da CLT). O TST entende que, mesmo se o patrão conceder férias no 
período certo, mas não pagar a remuneração de férias dentro do prazo estipulado pelo art. 145, 
terá que pagar as férias em dobro (Súmula 450). 
A remuneração de férias é a remuneração relativa ao período das férias. Elas podem ser 
gozadas em até dois períodos, desde que nenhum seja inferior a 10 dias, salvo os trabalhadores 
menores de 18 e maiores de 50 anos, que não podem dividir em dois períodos. Conforme o art. 
145, a remuneração de férias deverá ser paga até 48 horas antes do seu início. O empregado tem 
direito de receber o valor correspondente ao período das férias acrescido de 1/3 (um terço 
constitucional, conforme art. 7º). 
Se o empregado quiser, é direito dele converter um terço do período de férias em abono 
pecuniário. É a famosa “venda de férias”. Isso é direito do empregado, não pode ser imposto pelo 
empregador. Só pode ser vendido até um terço do período total. Não há vedação para que o 
empregado menor de 18 ou maior de 50 anos venda as suas férias. 
Conforme art. 130 do CLT, os dias de férias são calculados com desconto das faltas que o 
empregado teve no período aquisitivo. Da mesma forma, o art. 133 da CLT prevê os casos em 
que o empregado perde o direito às férias. 
 
12. INTERRUPÇÃO E SUSPENSAO DO CONTRATO DE TRABALHO 
 
Para fins de prova, importa saber quando o contrato de trabalho está interrompido e 
quando ele está suspenso. Nos dois casos, o contrato de trabalho está vigente, mas o empregado 
não está trabalhado. O critério distintivo desses dois institutos é a existência ou não do 
pagamento de salário. Na suspensão, não há trabalho e não há pagamento de salário. Por outro 
lado, na interrupção do contrato de trabalho o empregado não presta o serviço, mas o 
empregador continua pagando o salário. Por exemplo, as férias é um período de interrupção do 
contrato de trabalho, pois o trabalhador recebe normalmente, mas não presta o serviço. Vamos 
tratar de outros exemplos abaixo: 
 
 Art. 473 da CLT: todas as hipóteses são hipóteses de interrupção, pois o 
empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo da interrupção. 
Lembrando que o inciso III diz que a licença paternidade é de um dia, mas o art. 
10, §1º, do ADCT estabelece o prazo de no mínimo cinco dias. 
 Licença maternidade: é exemplo de suspensão, pois quem paga o período de 120 
dias que a mãe fica em casa é o INSS e não o empregador. A mãe fica em casa 
recebendo o benefício de salário maternidade, e não o salário pago pelo patrão. 
Portanto, não há trabalho e nem pagamento do salário. 
 Doença ou acidente do trabalho: os primeiros 15 dias de afastamento quem paga é 
o empregador. Logo, nesse caso há interrupção. A partir do 16º dia, o trabalhador 
passa a receber o benefício previdenciário de auxílio-doença, que é pago pelo 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 11 
INSS. Por isso, após o 16º dia de afastamento temos a suspensão do contrato de 
trabalho. 
 Aposentadoria por invalidez: na aposentadoria por invalidez, o contrato de 
trabalho ainda está vigente, pois nenhuma aposentadoria extingue o contrato de 
trabalho. Logo, é um caso de suspensão, pois recebe o benefício de aposentadoria 
(art. 475 da CLT). 
 
Observação: nos casos de afastamento por doença/acidente de trabalho e afastamento 
para serviço militar obrigatório, o empregador deverá manter o pagamento do FGTS (o depósito 
de 8%), mesmo que não esteja pagando o salário. Da mesma forma, a súmula 440 do TST obriga 
ao empregador manter o plano de saúde do empregado que esteja afastado por auxílio‐doença 
acidentário ou de aposentadoria por invalidez (suspensão do contrato de trabalho). 
 
13. MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
Nesse caso, a CLT se preocupa com o dever que o empregador tem de zelar pela saúde, 
segurança e bem estar do seu empregado. É obrigação inerente ao contrato de trabalho a 
manutenção do ambiente de trabalho seguro, saudável etc. Quando o empregador descumpre 
essa obrigação, o legislador ataca o seu bolso, que é a parte mais sensível do seu corpo. 
Assim, se o empregador não cumpre as regras relativas a medicina e segurança do 
trabalho, ele coloca o empregado trabalhando em condições insalubres ou perigosas, o que gera o 
dever de pagar o adicional respectivo (de insalubridade ou periculosidade). 
A diferença entre insalubridade e periculosidade é que a insalubridade é a exposição da 
saúde do empregado a risco. Já a periculosidade é a exposição da vida ou da integridade física do 
empregado a risco. A importância prática dessa diferença é que, como a insalubridade se refere a 
saúde, é algo que é possível ser graduado. Como consequência, se a exposição da saúde a risco é 
mínima, o adicional será de 10%. Se a exposição é média, o adicional será de 20%, e se a 
exposição é grave, o adicional de insalubridade será de 40%. 
Como a periculosidade é a exposição da vida ou integridade do trabalhador ao risco, não 
há como fazer graduação de valores. A consequência é que o adicional por periculosidade é 
sempre fixo em 30%. 
Com relação à base de cálculo dos adicionais, o art. 192 da CLT fixou que o adicional de 
insalubridade deverá ser calculado sobre o piso salarial da categoria ou sobre o salário mínimo. 
Ocorre que o STF tem a súmula vinculante nº 4 que proíbe o salário mínimo como fator 
indexador de qualquer remuneração. Ai surgiu um problema. Nesse caso, o TST e a própria CLT 
falam em salário mínimo, e o TST já afirmou (qual????) que enquanto não tiver outra coisa, vai 
continuar aplicando o salário mínimo. Assim, embora o STF tenha julgado inconstitucional, o 
TST e a CLT continuam calculando o adicional de insalubridade sobre o piso salarial da 
categoria ou sobre o salário mínimo. Já o adicional de periculosidade é calculado sobre o que se 
chama de salário básico do empregado, que é o salário sem os abonos, gratificações etc. Mas, no 
caso dos eletricitários, o adicional de periculosidade é calculadosobre a totalidade das parcelas 
salariais. 
Há, ainda, outra diferença entre esses adicionais com relação aos agentes insalubres ou 
perigosos. Os agentes insalubres são fixados pelo MTE em normas reguladores e portarias. Pode 
ser agente insalubre qualquer agente físico, químico ou biológico que possa causar dano à saúde, 
tais como frio, calor, condições ergonômicas inadequadas, contato com produtos químicos, etc. 
Para as atividades perigosas, o art. 193 restringiu a atuação do administrador e já definiu os 
critérios para a fixação desses agentes pelo MTE, de modo que serão agentes perigosos aqueles 
que envolverem exposição a inflamáveis, explosivos, energia elétrica, roubos ou outras espécies 
de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. 
Nós já estudamos que o empregador deverá proteger o trabalhador dos riscos à sua 
segurança e bem estar. E como é que o empregador vai fazer essa proteção? A CLT diz que há 
dois tipos diferentes de medidas que ele pode adotar. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 12 
O primeiro deles são as medidas de proteção coletiva, que nada mais são do que regras e 
condições para adequar o ambiente de trabalho dentro de um esquema saudável e seguro. O 
segundo tipo são as medidas de proteção individual, e em especial o fornecimento dos 
equipamentos de proteção individual (EPIs). Nesse caso, o empregador adota essa medida para 
tirar o trabalhador do trabalho insalubre ou perigoso, mesmo quando ele possa ter contato com 
esse tipo de agente. Um exemplo é a siderúrgica, em que o empregado trabalha com barulho 
intenso o tempo todo. Nesse caso, o perito faz um laudo (chamado de PPRA – Programa de 
proteção de riscos ambientais – ou PCMSO – Programa de controle de medicina e saúde 
ocupacional) e diz que os empregados deverão utilizar o protetor auricular. Se eles usarem esse 
protetor, a exposição ao barulho reduz para níveis normais, e ele não estará mais em ambiente 
insalubre. Logo, não há mais necessidade de pagar o adicional. Porém, não basta ao empregador 
fornecer o EPI. Ele tem que fiscalizar o cumprimento dessas regras de utilização do EPI. O 
simples fornecimento do EPI não retira o adicional. Somente a efetiva utilização e fiscalização 
do uso é que retiram o adicional. A CLT inclusive diz que falta grave do empregado a recusa em 
usar os EPIs. 
Há quatro espécies de exposição quantitativa ao agente nocivo reconhecidas pelo TST: a 
exposição permanente, intermitente, eventual (caso fortuito) e por tempo extremamente 
reduzido. 
 
 Exposição permanente: é aquela que ocorre durante toda a jornada de trabalho. 
Durante o tempo todo em que está trabalhando o empregado fica exposto àquele 
agente nocivo. Nesse caso, o adicional é devido. 
 Exposição intermitente: é aquela que acontece uma hora sim e outra hora não 
dentro da jornada de trabalho. Exemplo: Açougueiro. Quando o açougueiro está 
atendendo o cliente no balcão ele não está exposto ao frio. Porém, quando ele vai 
lá dentro da câmara frigorífica buscar a carne ele fica exposto ao frio. Nesse caso, 
o adicional é devido. 
 Exposição eventual: é aquela que deriva de um caso fortuito. Nesse caso, o 
adicional não é devido. 
 Exposição por tempo extremamente reduzido: mesmo sendo habitual, a exposição 
de dá por tempo muito pequeno, como é o caso empregado que fica responsável 
por ligar a energia da empresa todos os dias antes de abrir. Nesse caso, ele é 
exposto ao agente nocivo (alta tensão elétrica), mas por um tempo muito curto. 
Nesse caso, o adicional não é devido. 
 
(ver tabela no material de aula sobre exposição aos agente nocivo) 
 
O art. 195 da CLT exige que a constatação da periculosidade ou insalubridade do 
empregado se dê mediante perícia. Porém, a Súmula 453 do TST entendeu que se a empresa 
reconhecia a periculosidade mediante o pagamento espontâneo do adicional ao empregado, fica 
dispensada a perícia. 
Ainda sobre a insalubridade, o TST entendeu na Súmula 448 que não basta o laudo 
pericial afirmar que a condição do trabalhador era insalubre para ser devido o adicional. É 
necessário que o agente nocivo seja reconhecido pelo MTE. Por conta disso, o MTE já fixou que 
não existe insalubridade pela limpeza em residência, mas o aumento quantitativo da exposição 
aos agentes nocivos por se tratar de sanitário de uso público ou coletivo, inclusive a coleta de 
lixo, gera insalubridade em grau máximo, com direito ao adicional por insalubridade. 
 
14. ESTABILIDADES E GARANTIAS PROVISÓRIAS DE EMPREGO 
 
As estabilidades e garantias de emprego são temas muito recorrentes em prova. E quando 
nos falamos de estabilidades e garantias provisórias de emprego, é comum tratar as duas coisas 
como se fossem sinônimos, mas não são. A estabilidade hoje no Direito do Trabalho é aquela 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 13 
estabilidade do art. 41 da Constituição, que garante que o empregado ou servidor público 
celetista aprovado em concurso público, após o período de estagio probatório, somente poderá 
ser demitido por justo motivo apurado em processo administrativo ou judicial com garantia de 
contraditório prévio (jurisprudência????). Essa é a verdadeira estabilidade, pois ela não 
depende de nenhuma situação especial e nem é por prazo determinado. A súmula 390 do TST diz 
que os empregados públicos celetistas da administração pública direta, autárquica ou fundacional 
possuem estabilidade conforme o art. 41 da CRFB. Por outro lado, os empregados públicos das 
empresas públicas e sociedades de economia mista não possuem estabilidade, mesmo que 
admitidos por concurso público. 
Por outro lado, as garantias provisórias de emprego, também chamadas de estabilidade 
provisória, proíbem a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado durante um 
determinado período de tempo, em razão de uma determinada situação específica (gravidez, 
acidente de trabalho etc.). Por isso não é uma verdadeira estabilidade, mas sim uma garantia 
provisória, em determinadas situações. Se o empregado for demitido no período de estabilidade, 
o TST entende (Súmula 244) que ele tem direito de ser reintegrado, se ainda estiver dentro do 
período da estabilidade. Essa reintegração é devida porque o TST entende que a garantia é de 
emprego, e não de salário. Por isso ele tem direito de ser reintegrado ao emprego. Essa 
reintegração é o retorno do trabalhador ao posto de trabalho como se a demissão não tivesse 
existido, ou seja, é uma reintegração com efeitos retroativos (ex tunc). Ela retroage até a data da 
demissão, de modo que o empregado terá que receber todos os direitos referentes ao período em 
que ficou demitido. Assim, se ele foi demitido e ficou dois meses fora da empresa, quando 
reintegrado ele terá direito de receber por esses dois meses. Por outro lado, se já tiver acabado o 
período de estabilidade, o empregado não terá mais direito a reintegração, restando apenas os 
direitos aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. 
 
 Gestante (art. 10, II, “b”, da CRFB): é proibida a dispensa arbitrária ou sem justa 
causa da gestante no período entre a confirmação da gravidez até cinco meses 
após o parto. Ainda que o empregador desconheça o estado de gravidez da 
empregada, por si só isso não afasta o direito a estabilidade (súmula 244 do TST). 
Para o TST, existe direito a estabilidade da gestante mesmo nos contratos de 
trabalho por prazo determinado. Esse entendimento é bastante peculiar, porque o 
fim do contrato a prazo não é dispensa arbitrária ou sem justa causa. A 
estabilidade provisória visa proteger aquela demissão de surpresa. Só que no 
contrato a prazo determinadonão há surpresa. Acabou o prazo, todo mundo vai 
embora para casa feliz. A estabilidade não se coaduna com a natureza do contrato 
a prazo determinado. Porém, ainda assim, o TST sumulou a matéria e entendeu 
que se aplica a estabilidade da gestante mesmo nos casos de contrato a prazo 
determinado. Dessa forma, se você contrata uma mulher em contrato de 
experiência de 90 dias e no último dia ela confirma a gravidez, ela vai ficar 
estável até cinco meses após o parto, e o contrato vai virar automaticamente um 
contrato por prazo indeterminado. Na mesma linha, a estabilidade provisória 
também não se coaduna com o instituto do aviso prévio, uma vez que já houve a 
comunicação de que o contrato vai acabar. Porém, o art. 331-A da CLT garante a 
estabilidade provisória mesmo que a confirmação da gravidez ocorra no período 
de aviso prévio, indenizado ou trabalhado. 
 
 Acidente de trabalho ou doença ocupacional: o empregado que sofre de acidente 
de trabalho ou doença ocupacional tem estabilidade de um ano, contado a partir 
do momento em que ele volta a trabalhar (art. 118 da Lei 8.213/91). O TST 
entende que o empregado acidentado somente terá direito a estabilidade se houver 
relação de causalidade entre o afastamento e o contrato de trabalho, bem como se 
esse afastamento for superior a 15 dias. Por exemplo, se o empregado está 
trabalhando no escritório e corta o dedo numa folha de papel há o acidente de 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
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trabalho? Sim, pois o corte ocorreu no local de trabalho e em razão dele. Mas esse 
acidente não vai gerar afastamento por mais de 15 dias. Logo, não há direito a 
estabilidade nesse caso. Outro exemplo, o trabalhador está em casa, bate a cabeça 
numa pedra e fica em coma por 90 dias. Há relação de causalidade com o 
trabalho? Não. Então ele também não vai ter direito a estabilidade, mesmo que o 
afastamento tenha durado mais de 15 dias. Na mesma linha da gestante, o TST 
estabeleceu na Súmula 378 que há estabilidade para o acidentado, mesmo no caso 
de contrato de trabalho por prazo determinado. Essa estabilidade, juntamente com 
a estabilidade gestacional, são as únicas que vigoram mesmo no caso de contrato 
a prazo determinado. 
 
 Dirigente sindical: o empregado eleito para o cargo de direção sindical tem 
estabilidade provisória desde o registro da sua candidatura até um ano após o 
término do mandado (art. 8º, VIII, CRFB). Essa estabilidade se aplica tanto para o 
titular do cargo quanto para seu suplente, só que o art. 522 da CLT limita a 
estabilidade que o sindicato vai dar ao seu dirigente a apenas a sete dirigentes 
sindicais e sete suplentes. Quando o empregado faz a sua candidatura, o sindicato 
tem um prazo de 24 horas para efetuar a sua comunicação ao empregador, da 
mesma forma com a eleição e a posse, justamente para o empregador saber se o 
empregado está estável ou não. Para o TST (Súmula 369), ainda que o sindicato 
não efetuar essa comunicação no prazo, o trabalhador terá direito a estabilidade, 
salvo se a comunicação for feita após o término do contrato de trabalho. O 
registro da candidatura durante o aviso prévio, mesmo que indenizado, não dá 
direito a estabilidade. O dirigente sindical poderá ser demitido com justa causa, 
mesmo dentro do período de estabilidade. Porém, para que isso ocorra, é 
necessário que o empregador ajuíze o inquérito de apuração de falta grave, sem o 
qual não é possível a demissão (Súmula 379, TST). 
 
 Membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): é um órgão 
paritário, pois metade dos membros é eleito pelo empregador e metade é eleito 
pelos empregados. Somente os membros eleitos pelos empregados possuem 
estabilidade da confirmação da candidatura até um ano após o término do 
mandato. Só os eleitos pelos trabalhadores. Os indicados pelo empregador não 
possuem estabilidade. Também vale para os titulares e para os suplentes (súmula 
339 do TST). Da mesma forma que ocorre com o dirigente sindical, se houver a 
extinção da atividade empresarial não subsiste a estabilidade para o membro da 
CIPA. 
 
 Membros do conselho curador do FGTS (art. 3º, § 9º, da Lei 8.036/90): a 
estabilidade dos membros do conselho vai da sua nomeação (não há candidatura 
porque não há eleição) até um ano após o final do mandato. 
 
15. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO 
 
A importância do direito coletivo do trabalho para nós no Brasil se dá a partir da 
autodeterminação coletiva. A autodeterminação coletiva é o reconhecimento que a Constituição 
dá às normas coletivas do trabalho no art.7º, XXVI. A própria CRFB reconheceu a autoridade 
dessas normas coletivas (acordo e convenção coletiva). 
A autodeterminação coletiva é o reconhecimento de que as partes, coletivamente, podem 
criar normas jurídicas aplicáveis às relações do trabalho. Por isso o direito coletivo do trabalho 
ganha importância a partir do momento em que a Constituição possibilita a aplicação dessas 
normas jurídicas criadas no exercício da autodeterminação coletiva. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
 15 
O exercício concreto da autodeterminação coletiva se manifesta nas duas normas 
coletivas por excelência, que são o acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho. Essas 
duas normas tem características muito parecidas, como o prazo de vigência de até dois anos, os 
dois podem tratar basicamente dos mesmos assuntos, os dois devem obediência às normas 
constitucionais, sofrem basicamente os mesmos impedimentos, como a impossibilidade de 
reduzir intervalo intrajornada, também sofrem as mesmas possibilidades, como no que tange a 
compensação de jornada, ao estabelecimento de jornada excepcional, à redução do salário etc. 
Porém, em uma coisa elas são diferentes: na convenção coletiva há representação coletiva 
bilateral, ou seja, empregados e empregadores representados por entidades coletivas (sindicatos, 
federações ou confederações, pois as centrais sindicais não podem celebrar normas coletivas de 
trabalho). Já nos acordos coletivos de trabalho é dispensada a representação coletiva patronal, 
razão pela qual há a representação coletiva dos trabalhadores celebrando acordo com uma ou 
mais empresas diretamente. A consequência disso é que as convenções coletivas se aplicam a 
toda uma categoria de trabalhadores. Já o acordo coletivo só atinge os trabalhadores das 
empresas que assinaram o acordo coletivo. Com isso, é perfeitamente possível que uma mesma 
relação de trabalho seja regida por uma convenção e um acordo coletivo ao mesmo tempo. Por 
exemplo, eu posso ter uma convenção coletiva referente à categoria dos metalúrgicos e um 
acordo coletivo celebrado entre os metalúrgicos da Volks e a Volkswagen. Se de alguma forma 
as normas colidirem, deverá ser aplicada sempre a norma mais benéfica ao empregado, por força 
do princípio da proteção (art. 620, parágrafo único, CLT). Para saber qual é a norma mais 
favorável, há duas teorias ou métodos: 
 
 Teoria da acumulação: olha-se separadamente para cada norma ou cláusula do 
acordo/convenção, compara-se uma com a outra e aplica a mais benéfica. É como 
se fosse criado um terceiro instrumento, resultante das cláusulas mais benéficas 
do acordo e da convenção. Essa teoria não é adotada no Brasil. 
 
 Teoria do conglobamento: É preciso olhar de forma global para a convenção e 
para o acordo para saber qual dos dois é mais benéfico e saber se aplica ou não a 
cláusula normativa do acordo ou da convenção. Não é possível fazer um terceiro 
instrumento. Essa é a teoria adotada no Brasil. 
 
Observação: Súmula 277 do TST: Hoje se diz que as normas coletivas do trabalho 
possuem eficácia ultrativa. Antes dessasúmula, tendo em vista que as normas coletivas tem 
prazo máximo de dois anos, ao final desse prazo essas cláusulas não eram mais aplicáveis ao 
contrato de trabalho. Por exemplo, se houvesse uma norma coletiva que fixasse o percentual de 
100% para as horas extras de determinada categoria de trabalhadores, ao final do prazo de 
vigência da norma coletiva, o empregador podia voltar a pagar o percentual constitucional de 
50%. Hoje, o TST entende que esse percentual de 100% passa a integrar os contratos individuais 
de trabalho, e só poderá ser alterada mediante nova negociação coletiva. Por isso que se diz que a 
eficácia das normas coletivas passou a ser ultrativa, ou seja, elas continuam a ter eficácia mesmo 
após esgotado o prazo de sua vigência. 
 
Observação 2: Súmula 443 do TST: O TST entende que é presumidamente 
discriminatória a demissão de empregado portador de vírus HIV ou outras doenças que 
representem estigma ou preconceito, tendo o trabalhador direito a ser reintegrado ao trabalho. 
Por isso, é dever do empregador provar que a eventual dispensa não foi discriminatória. 
 
16. DIREITO DE GREVE 
 
O direito de greve foi garantido a todos os trabalhadores da iniciativa privada e servidores 
público civis no art. 9º da CRFB. Esse artigo foi regulamentado pela Lei 7.783/89 que impôs os 
limites para o exercício do direito de greve. 
CADERNO OAB 2015.1 – TRABALHO – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA 
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Pelo seu art. 2º, há a definição do que é greve, que é a paralização total ou parcial dos 
serviços. Para o direito do trabalho, greve é parar de trabalhar. Por exemplo, muita gente diz que 
os motoristas de ônibus deveriam fazer greve liberando as catracas. Só que não pode fazer greve 
assim, pois greve é parar de trabalhar. Liberar as catracas seria ato ilícito. Essa paralização é 
sempre temporária e coletiva. Se um só para de trabalhar, é falta e não greve. E ela é sempre 
temporária, pois um dia a greve tem que acabar. 
 
Observação: A lei brasileira proíbe o lock-out, que é a greve do empregador (art. 17). 
Por exemplo, não pode o empregador fechar as portas da fábrica, impedindo que os 
trabalhadores ingressem, para discutir as condições de trabalho. Isso porque o período de greve é 
considerado suspensão do contrato de trabalho, ou seja, não há pagamento de salário. Portanto, 
se o empregador fecha as portas impedindo que os trabalhadores se reúnam, ele deverá pagar o 
salário normalmente. 
 
A simples adesão ao movimento grevista não é justa causa para demissão, conforme já 
decidiu o STF (Súmula 316). 
O art. 10 da Lei 7.783 define quais são os serviços essenciais, para os quais não poderá 
haver paralização total das atividades, sob pena de greve ilegal. Os serviços essenciais são 
aqueles necessários ao próprio funcionamento da sociedade, como compensação bancária, 
atendimento hospitalar, transporte coletivo etc. A educação não é considerada atividade essencial 
para fins de greve. Essas atividades essenciais têm duas peculiaridades importantes com relação 
ao exercício do direito de greve pelos trabalhadores: 
 
 Nessas atividades, a greve não pode representar a paralização total da prestação 
do serviço. A lei não define o mínimo que deverá ser mantido, o que acaba sendo 
fixado pelo juiz frente ao caso concreto. 
 Deverá ter comunicação ao empregador e aos usuários do serviço com 
antecedência mínima de 72 horas, como informações na mídia, redes sociais etc.

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