Buscar

UM BREVE TÓPICO SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO.paper

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
UM BREVE TÓPICO SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Roberto Borges Evangelista* 
 
 
RESUMO 
 
A ideia central deste estudo – derivativa da cátedra do direito empresarial em abordagem 
acadêmica – é dada na concepção material literal e autônoma do título de crédito, 
cientificidade do Direito Cambiário. Constituindo-se o título de crédito, e a sua 
instrumentalidade jurídica, bastante suficiente. Assim, justaposta, a hipotética jurídica gerada 
com a concepção do crédito. Rebuscar suas fontes matriciais no arsenal empírico da 
humanidade, sem dúvida exigir-se-ia profunda e gigantesca pesquisa. Sequer, apenas tocamos 
a superfície – histórica, conceitual, teórica ou prática – da constante busca do entendimento 
jurídico preponderante, especialmente, dessa ferramenta dos homens. Ademais, a própria 
evolução humana pode ser mensurada pela singular dinâmica, transitiva ou permanente, das 
relações de comércio entre os povos. Dos primórdios mais remotos – perpassando o 
materialismo dialético de Aristóteles, a “economia de escambo” ou a criação da moeda – até 
o surgimento do fenômeno do capitalismo, da “economia monetária”, e da sua expansão 
globalizada. 
 
PALAVRAS-CHAVE- Título de crédito. Direito Cambiário. Economia de escambo. Moeda. 
Economia monetária. 
 
RESUMEN 
 
La idea central de este estudio – la silla del derivado de la ley de negocio en enfoque 
académico-se da en el diseño de material literal y título de crédito autónomo, las teorías 
científicas de la derecha Cambiário. Y si el título y su instrumento, más que suficiente. Por lo 
tanto, yuxtapuestos, el hipotético generado con el concepto jurídico de crédito. Rebuscando 
entre sus fuentes en la matriz empírica de la humanidad, sin duda requiere investigación 
profunda y masiva. Simplemente arañado la superficie – histórica, conceptual, teórica o 
práctica, la búsqueda constante de líderes comprensión jurídica, especialmente de esta 
herramienta de los hombres. Por otra parte, la propia evolución humana se puede medir por la 
única dinámica, relaciones transitivas o permanente comercio entre los pueblos. Los primeros 
principios – pasando por alto el materialismo dialéctico de Aristóteles, la "economía de 
trueque" o la creación de la moneda – hasta la aparición del fenómeno del capitalismo, de 
"Economía monetaria" y su expansión global. 
 
PALABRAS-LLAVE- Título de crédito. Economía de trueque. Moneda. Economía 
monetaria. Ley Cambiário. 
2 
 
 
 
SUMÁRIO- Introdução. Historicidade do crédito. Atribuições essenciais de Direito 
Cambiário. Conclusão. Referências. 
 
Introdução 
 
Destaca-se neste estudo o referencial jurídico básico do título de crédito, enquanto 
reportado por Cesare Vivante, em sede do direito cambiário, uma abrangente unanimidade 
conceitual, assim recepcionada pela corrente majoritária da doutrina: “Título de crédito é o 
documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. 
 
Perfaz uma inscrição ficta ou documental tutelada em direito de crédito; todavia, nem 
necessariamente dele originada visto que a todo direito de crédito, nem sempre importa a 
obrigatoriedade da emissão do respectivo título. Opostamente, sim, o direito de crédito é 
pressuposto para a existência, formalmente documentada, do título de crédito. 
 
Fábio Ulhoa Coelho (2012) coteja os vértices de tal conceito em Vivante que “[...] 
sintetiza com clareza os elementos principais da matéria cambial: cartularidade, literalidade e 
autonomia”. Dando, assim, ênfase, ao conteúdo da “teoria geral do direito cambiário”. Aduz, 
também, ao entendimento do fenômeno do crédito em decorrência das operações comerciais 
ou financeiras; de compra e venda a prazo; de empréstimo; de pagamento com cheque; ou de 
promessa de pagamento por nota promissória; etc. 
 
Assim, caracterizando-o um documento formal e legalmente constituído título de 
crédito, para apresentar ou representar direitos assecuratórios e automáticos do credor direto 
quer dizer, em dado momento, um título ao portador – um título de apresentação: em mãos 
do credor, para receber o pagamento; e faz prova de quitação do crédito, nas mãos do devedor 
– seja entre titulares distintos, ao substituir a moeda vigente ou dinheiro em espécie, cujo 
objeto é facilitar a sua circulação mercantil em garantia e segurança da transação creditícia. 
 
Deveras inderrogável e essencial é a instrumentalidade jurídica cambial dos títulos de 
crédito, face promoverem o dinamismo da economia ou dos negócios, da movimentação de 
créditos cambiários ou montantes financeiros, da segurança dos seus respectivos valores de 
multicirculação variada. Especificamente, em decorrência do avanço vertiginoso das 
transações eletrônicas, digitais online do e-commerce dado o fenômeno da globalização. 
 
3 
 
 
Historicidade jurídica do crédito 
 
O vocábulo crédito, etimologicamente é originário do latim credit, e significa 
confiança que se deposita em algo. Historicamente é plausível o entendimento que a evolução 
do crédito está intrinsecamente relacionada ao próprio desenvolvimento do estado social. 
 
Na Idade Média, dada a prática contumaz da usura, pelas primeiras bancas de serviço 
de crédito desenvolvidas por judeus, cuja cobrança de juros, na maioria das vezes, era 
desproporcional e vantajosa e o crédito transacionado clandestinamente. A Igreja Católica 
atribuía como pecado, a usura por parte do credor. Os credores que usavam este tipo de 
comércio do capital eram os membros da aristocracia, os monarcas europeus e suas cidades, 
os religiosos, os burgueses, interessados em aumentar o lucro dos seus negócios. 
 
Os proprietários "burgueses" figuram dentre os precursores do comércio e banca de 
crédito, quando os Países Baixos e da Itália eram os polos mais ativos das operações de crédito 
no continente europeu do início do século XVIII. Dali surgiriam: no “período italiano” – do 
comércio com a África e Mediterrâneo – a caution, ou nota promissória e, ainda, a litera 
cambi, ou letra de câmbio perpassando-se o seu aprimoramento no período francês com a 
inclusão da cláusula à ordem e, no período alemão com o aperfeiçoamento jurídico da 
legislação protetiva de direitos cambiário. 
 
Nesse aporte, Fernand Braudel, em sua brilhante obra, “A Dinâmica do Capitalismo” 
descreve essa evolução: 
“A verdade é que as moedas e as cidades mergulham, ao mesmo tempo, no cotidiano 
imemorável e na modernidade mais recente, A moeda é uma invenção muito velha, 
se entendo por moeda todo o meio que acelera a troca. E sem troca não há sociedade. 
Quanto às cidades, elas existem desde a pré-história. São as estruturas 
multisseculares da vida mais comum. Mas são também os multiplicadores, capazes 
de se adaptar à mudança, de a ajudar poderosamente. Poder-se-ia dizer que as 
cidades e a moeda fabricaram a modernidade; mas também, segundo a regra de 
reciprocidade cara a Georges Gurvitch, que a modernidade, a massa em movimento 
da vida dos homens impeliu para diante a expansão da moeda, construiu a tirania 
crescente das cidades. Cidades e moedas são, ao mesmo tempo, motores e 
indicadores; elas provocam e assinalam a mudança. São também a consequência 
desta.” (1987, p. 19). 
Ora, tal assertiva em Braudel, ao problematizar a relatividade entre a evolução da 
“economia monetária” – onde “sem troca não há sociedade” – com o poder da “expansão da 
moeda” e, a organização e “a tirania crescente das cidades”, nos remete a um problema crucial 
da filosofia da História: a questão da origem do estado social. 
 
4 
 
 
PLEKHÂNOV (1987) adentra o sistema filosófico dos alemães Schelling, em seu 
“Sistema do Idealismo Transcendental” no qual “a liberdade éimpossível sem a 
necessidade”. E de Hegel onde: “A filosofia da História é a História considerada com 
inteligência. Os fatos são tomados tais quais são, e o único pensamento que ela neles introduz 
é o pensamento de que a razão governa o mundo.” 
 
Valentinóvitch Plekhânov dirige reparos contundentes à Filosofia da História, de 
Hegel, na qual, este “diz que a causa da decadência de Esparta foi a extrema diferença das 
fortunas. Diz também que o Estado, como organização política deve sua origem à 
desigualdade das fortunas e à luta dos pobres contra os ricos. (...) As origens da família estão 
intimamente ligadas, segundo ele (Hegel), à evolução econômica dos povos primitivos.” 
 
O pensador russo perseguia, entretanto identificar a origem do estado social. Nisto, 
ele tenciona uma aguda crítica ao sistema hegeliano, pois que, nele, “a opinião dos homens”, 
face a História ou o “movimento histórico”, ao invés da razão (entendida aqui, consciência) 
seria “determinada pela maneira de viver, ou, em outras palavras, pelo estado social”. 
 
A tenaz persecução para identificar a origem do estado social observada na obra de 
Guiorgui Plekhânov, também é conduzida na sua interpretação dada sobre – A concepção 
marxista da História: 
“Foi a solução desse problema que Marx procurou ao elaborar sua concepção 
materialista. No prefácio de uma de suas obras, Crítica da Economia Política, 
Marx dá conta de como seus estudos o levaram a esta concepção: “Minhas 
pesquisas conduziram a este resultado: que as relações jurídicas, bem como as 
formas do Estado, não podem ser compreendidas por si próprias, nem pela 
pretensa evolução geral do espírito humano, mas, ao contrário deitam suas 
raízes nas condições materiais da existência, cujo conjunto Hegel, a exemplo 
dos ingleses e franceses do século XVIII, compreende sob o nome de “sociedade 
civil”... Mas perguntareis, o estado econômico não tem causa, por sua vez? Sem 
dúvida, como todas as coisas do mundo têm sua causa, e esta causa, causa 
fundamental de toda evolução social e, portanto, de todo movimento histórico 
é a luta que o homem trava com a natureza para assegurar sua própria 
existência.” (PP. 31 e 32). 
 
Deste modo, Plekhânov reafirmaria “a concepção materialista da História”, no 
pensamento fundamental de Karl Marx: “As relações de produção determinam todas as 
outras relações que existem entre os homens na sua vida social. As relações da produção 
são determinadas, por sua vez, pelo estado das forças produtivas (...) da sua evolução técnica; 
e a evolução técnica é a evolução das forças produtivas”. 
 
Este viés de historicidade, mesmo superficial, sob domínio teórico do materialismo 
histórico-dialético ou do capitalismo foi propositadamente contemporizado à presente 
5 
 
 
abordagem do fenômeno do crédito. Enquanto evolução técnica do fenômeno do capitalismo, 
no campo das relações jurídicas ou do direito cambial. Além de ser principal ponto de 
convergência, para a compreensão deste estudo do instituto título de crédito. 
 
Atribuições essenciais do Direito Cambiário 
 
Posto, então, protagonismo a ciência do Direito Econômico ou Cambiário, “desde 
sempre”, como afirma Braudel em seu tratado sobre o capitalismo; dentre as técnicas para 
auferir o desenvolvimento entre os indivíduos, entre os povos entre a produção e a troca ou, 
ainda, no mercado, como a principal técnica humana em potencial – antes, mesmo, do 
“maquinismo” – “tendo os capitais e o crédito sido sempre o meio mais seguro de alcançar e 
forçar um mercado exterior”. Este, aqui entendido, sob expectativa, a mais próxima da usura 
do capital fixo. 
 
Observando-se do exposto, e, face ao conceito em Vivante, uma objetividade técnica 
de entendimento simples. Título de crédito é o documento hábil e suficiente para executar o 
direito literal e autônomo nele contido. Além da doutrina, assim estabelece o Código Civil de 
2002, nos artigos 887, 888 sendo o título de crédito cartular e, no artigo 889, §3º, da sua 
desmaterialização. Dando-se disciplina, no artigo 784, do NCPC, para a sua executividade e 
segurança jurídica, conquanto são “títulos executivos extra judiciais”. Adensados à legislação 
pátria dos Decreto N, 2.044, de 31 de dezembro de 1908; Decreto N. 57.595, de 7 de janeiro 
de 1966; aos fundamentos da Lei Uniforme de Genebra Decreto n° 57.663 de 24 de janeiro 
de 1966. 
 
Neste diapasão, Fábio Coelho destaca duas essenciais atribuições técnicas de tutelas 
jurídicas, em regra de direito cambiário, nos títulos de crédito, a saber: “a negociabilidade 
mercantil e a executividade judicial”. Não se confundem com a própria obrigação, mas se 
distinguem dela na exata medida em que a representam. Elencando, ainda, as três hipóteses 
características que dão origem a representação de uma obrigação jurídica por título de crédito: 
“extra cambial; contrato de compra e venda ou mútuo; e, cambial”: 
“O título de crédito se distingue dos demais documentos representativos de direitos 
e obrigações, em três aspectos. Em primeiro lugar, ele se refere unicamente a 
relações creditícias. Não se documenta num título de crédito nenhuma outra 
obrigação, de dar, fazer ou não fazer. Apenas o crédito titularizado por um ou mais 
sujeitos, perante outro ou outros, consta de um instrumento cambial”. (p. 488). 
Delimitam-se, assim, os seus três princípios basilares: da cartularidade; da 
literalidade; e, da abstração. A cartularidade configura-se na materialidade concreta do 
documento carreando ao título executivo o seu efeito comprobatório (consoante ao art. 887, 
CC/02). Literalidade, no título de crédito, univocamente encerra o valor pecuniário, nele 
grafado. 
6 
 
 
 
O credor é vetado da cobrança de qualquer outro valor, líquido ou literal, diferente daquele 
especificado no corpo do respectivo título e dará a prova de quitação do crédito com a 
devolução do título ao respectivo emitente. Abduzidas, inclusive, as cláusulas onerosas, 
termos e dispositivos cogentes do artigo 890, CC/02. 
 
Nesse interim, sobreleva-se a abstração jurídica, paralelamente – pois eclode em sede 
de tais cláusulas consideradas, no referido artigo 890, “não escritas no título” – em face a 
vertiginosa sistemática da circulação “econômica monetária”, cujo vetor, incalculável, na 
geração de riquezas em todo o mundo, em todos os tempos. 
 
Vide alguns pensadores afirmarem a concepção ficta do fenômeno do crédito ter 
gerado prosperidade econômica em escala maior do que as próprias minas de ouro, em toda a 
História. 
 
Reafirma-se a legitimidade plena dos títulos de crédito, bem como a relevância da 
própria distinção a este instituto de Direito Cambiário referendado em título próprio – Título 
VIII, do Livro I - do Código Civil de 2002. 
 
Coelho enfatiza a necessária compreensão que, o “executado em virtude de um título 
de crédito não pode alegar, em seus embargos, matéria de defesa estranha à sua relação direta 
com o exequente, salvo provando a má fé dele. São, em outros termos, inoponíveis aos 
terceiros defesas (exceções) não fundadas no título”. Ressaltando-se as “significativas” 
contradições, inclusive, distintivas “entre os devedores cambiais e solidários”; isto posto, 
quando é dado o “momento de regresso”. 
 
Ele destaca, neste regramento, que “o aspecto mais importante da natureza da 
obrigação cambial é a existência de hierarquia entre os devedores de um mesmo título de 
crédito”. E, ainda esclarece: “Em relação a cada título, a lei irá escolher um para a situação 
jurídica de devedor principal reservando aos demais a de codevedores”. 
 
Também é taxativa sua interpretação: 
“As implicações do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de 
circulabilidade do título de crédito. Oterceiro descontador não precisa investigar as 
condições em que o crédito transacionado teve origem, pois ainda que haja 
irregularidade, invalidade ou ineficácia na relação fundamental, ele não terá o seu 
direito maculado”. (p. 495) 
7 
 
 
Fábio aduz sua classificação dos títulos de crédito e teoriza que “[...] a classificação, 
para ser precisa, além de se limitar aos títulos de crédito próprios (isto é, cuja disciplina se 
exaure no direito cambiário) deve incluir também a alternativa dos títulos com a cláusula “não 
à ordem””. E sintetiza que aqueles títulos de crédito que, não tutelados integralmente pelo 
direito cambial, “não são títulos de crédito, não se classificam como tais”. 
 
É bastante pedagógico: 
“O Código Civil de 2002 contém normas sobre os títulos de crédito (arts. 887 a 926) 
que se aplicam apenas quando compatíveis com as disposições constantes de lei 
especial ou se inexistentes estas (art. 903). (...) Apenas quando a lei cria um novo 
título de crédito e não o disciplina exaustivamente, nem elege outra legislação 
cambial como fonte supletiva de regência da matéria, tem aplicação o previsto pelo 
Código Civil. (...) De qualquer forma, é incontroverso que o estudo dos principais 
títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, warrant, 
cédula de crédito bancário etc.) prescinde, por completo, do exame das disposições 
contidas no Código Civil, já que a eles não se aplicam em nenhuma hipótese”. (PP. 
505-506). 
 
Contudo, ele ovaciona a modernidade do Código Civil de 2002, nos dispositivos do 
art. 889, § 3º – o processo de desmaterialização dos títulos de crédito – “o título poderá ser 
emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que 
constem da escrituração do emitente, observado os requisitos mínimos previstos neste artigo”. 
 
O princípio da autonomia das obrigações cambiais seguida dos “seus 
desdobramentos no da abstração e inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-
fé”, segundo Ulhoa é “o único dos três princípios da matéria que não apresenta 
incompatibilidade intrínseca com o processo de desmaterialização dos títulos de crédito. E 
vaticina: 
“Será a partir dele que o direito poderá reconstruir a disciplina da ágil circulação do 
crédito, quando não existirem mais registros de sua concessão em papel. O próprio 
conceito de título de crédito, que Vivante enunciou há quase um século (item 1), 
está atualmente defasado, em razão da difusão do suporte eletrônico. Título de 
crédito não pode mais ser conceituado como o “documento necessário para o 
exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”, mas sim o “documento, 
cartular ou eletrônico, que contempla a cláusula cambial, pela qual os coobrigados 
expressam a concordância com a circulação do crédito nele mencionado de modo 
literal e autônomo”. (p.508). 
Conclusão 
 
Da presente exposição podemos conceber que a realidade e a História hodierna dos 
homens “transformam-se de modo considerável, quantitativa e qualitativamente, por 
influência das propriedades do meio artificial”. Conforme exposto por Plekhânov: 
8 
 
 
“As forças produtivas que os homens têm à sua disposição condicionam todas as 
suas relações sociais. Em primeiro lugar, o estado das forças produtivas determina 
as relações que os homens estabelecem entre si no processo social da produção, ou 
seja, as relações econômicas. Essas relações criam naturalmente certos interesses, 
que se expressam no direito. “Toda norma de direito tem sido e continua a ser a 
defesa habitual, autoritária ou judicial, de um determinado interesse” – diz 
Labriola”. (p. 49) 
 
Por sua vez, convergente ao âmbito do capitalismo moderno que, fantasticamente, 
“mudou de tamanho e de proporções” ampliado e ajustando-se “às mudanças de base e dos 
meios... Mas, mutatis mutandis, duvido de que a natureza do capitalismo tenha mudado 
radicalmente”. A essa conclusão, Braudel corrobora: 
 
“Só se disciplinará, só se definirá a palavra capitalismo, para colocá-la a serviço 
exclusivo da explicação histórica, se a enquadrarmos seriamente entre as duas 
palavras que a subentendem e lhe conferem seu sentido: capital e capitalista. O 
capital, realidade tangível, massa de meios facilmente identificáveis, 
permanentemente em ação; o capitalista, o homem que preside ou procura presidir 
à inserção do capital no processo incessante de produção...” (p. 43) 
 
Fábio Ulhoa Coelho, em sua Teoria Geral dos Títulos de Crédito, “não ignora a 
extrema desatualidade desse capítulo da doutrina comercialista”. Todavia, concordamos com 
sua assertiva quanto da importância desse estudo dos títulos de crédito – “útil sem dúvida, 
para a completa formação do estudante” – para uma futura seara jurídica, mercantil ou 
cambiária. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Código civil. 17. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, Vade Mecum, 2014. 
BRAUDEL, Fernand. A dinâmica do capitalismo. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: 
Rocco, 1987. 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. 16. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2012. 
PLEKHÂNOV, Guiorgui Valentinóvitch. A Concepção Materialista da História. 7. ed. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1987.

Outros materiais