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Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 4 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 58 4. (Cespe - ATA/MIN/2013) A fixação do prazo de validade e a prorrogação de um concurso público não se inserem no âmbito do poder discricionário da administração. Comentário: para entender este item, é necessário transcrever o conteúdo do art. 12 da Lei 8.112/1990: Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. 1R�SULPHLUR�PRPHQWR��D�/HL�SUHYr�TXH�R�FRQFXUVR�GHYH�WHU�YDOLGDGH�GH�³DWp´� dois anos. Logo, a autoridade administrativa pode decidir se o concurso terá, SRU�H[HPSOR��YDOLGDGH�GH�³���GLDV´��³VHLV�PHVHV´��³XP�DQR´��RX��DWp�PHVPR�� ³GRLV�DQRV´��Enfim, a decisão sobre o prazo de validade é discricionária. Da mesma forma, a lei estabelece que o concurso pode ser prorrogado uma única vez. Novamente, estamos diante do poder discricionário. Assim o item está errado. Gabarito: errado. Poder hierárquico A hierarquia é a relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes administrativos, com a distribuição de funções e a gradação de autoridade de cada um. É importante destacar que a hierarquia só ocorre dentro da mesma pessoa jurídica, ou seja, não há hierarquia entre a administração direta e indireta. Com efeito, também não se fala em hierarquia entre os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) ou entre a Administração e os administrados. Por fim, o poder hierárquico não se apresenta nos Poderes Legislativo e Judiciário quando no exercício de suas funções típicas (legislar e julgar, respectivamente). Porém, quando se tratar das atividades meio (licitar, contratar, comprar, etc.), que se expressam pelo exercício da função administrativa, aí o poder hierárquico também estará presente nos órgãos do Judiciário e do Legislativo. 6HJXQGR�+HO\�/RSHV�0HLUHOOHV��R�SRGHU�KLHUiUTXLFR�³é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal´� Nesse contexto, o poder hierárquico tem por objetivo: o dar ordens; 67231195334 67231195334 - LUDMILLA SILVA MIRANDA CAVALLINI Administração Pública e Direito Administrativo p/ Senado Analista Legislativo (Processo Legislativo) Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 4 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 58 o rever atos; o avocar atribuições; o delegar competências; e o fiscalizar. Temos como consequência lógica da hierarquia o poder de comando realizado entre as instâncias superiores sobre as inferiores. Essas, por sua vez, possuem o dever de obediência para com aqueles, devendo, portanto, executar as tarefas em conformidade com as determinações superiores. Dessa forma, pelo poder de dar ordens, os superiores fazem determinações aos subordinados para praticar atos ou tomar determinadas condutas no caso concreto. Os subordinados se vinculam às determinações superiores, não lhes cabendo avaliar a conveniência e oportunidade da decisão superior, mas cumpri-las. Essa é a base para o desenvolvimento da função administrativa, que pressupõe a existência de hierarquia. No entanto, os subordinados podem se negar a cumprir ordens manifestamente ilegais. Isso SRUTXH� D� SUySULD� &RQVWLWXLomR� )HGHUDO� HVWDEHOHFH� TXH� ³ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algumD�FRLVD�VHQmR�HP�YLUWXGH�GH�OHL´� (CF, art. 5º, II). Na esfera federal, o art. 116, IV, da Lei 8.112/1990, estabelece que é dever do servidor ³cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais�´�$VVLP��XP�VHUYLGRU�S~EOLFR�GHYH�VH� negar, por exemplo, a cumprir uma ordem de destruir um bem público sem nenhum motivo. Lucas Rocha Furtado apresenta outras três situações excepcionais que afastam ou, ao menos, mitigam o dever de cumprir as ordens dadas: o quando a lei tiver conferido competência exclusiva para a prática do ato ao órgão subordinado; o quando se tratar de atividade de consultoria jurídica ou técnica, uma vez que esses atos, que muitas vezes se pronunciam na forma de pareceres, dependem do convencimento pessoal do agente que o pratica e podem ensejar sua responsabilidade pessoal; em razão da própria natureza consultiva desses órgãos, eles devem gozar de ampla autonomia de atuação, o que afasta ou mitiga o dever de cumprir ordens; 67231195334 67231195334 - LUDMILLA SILVA MIRANDA CAVALLINI Administração Pública e Direito Administrativo p/ Senado Analista Legislativo (Processo Legislativo) Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 4 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 58 o quando se tratar de órgão incumbido de adotar decisões administrativas (por exemplo: o Conselho de Contribuintes da Receita Federal se encontra subordinado administrativamente ao superintendente da Receita, mas este não pode definir como as decisões do Conselho devem ser adotadas)8. A fiscalização corresponde ao acompanhamento permanente dos atos dos subordinados com o intuito de mantê-los dentro dos padrões de legalidade e legitimidade previstos para a atividade administrativa. Como consequência da fiscalização, surge a competência para rever atos, também chamada de poder de controle, que permite que o superior hierárquico anule ou revogue os atos de seus subordinados. Dessa forma, o poder hierárquico permite que um superior, de ofício ou por provocação, anule os atos ilegais ou avalie a conveniência e oportunidade para revogar os atos de seus subordinados. É cabível, ainda, realizar a convalidação dos atos com defeitos sanáveis, desde que seja possível e conveniente. Quanto à revogação é importante acrescentar algumas informações. Primeiro que ela só é possível diante de atos válidos e discricionários. Segundo que a própria revogação é um ato discricionário, isso porque cabe à autoridade pública avaliar a conveniência e oportunidade de revogar um ato administrativo válido. Por fim, não é possível revogar atos administrativos que já tenham originado direito adquirido para o administrado. Uma vez que já estudamos a delegação e a avocação neste curso, vamos apenas relembrar os seus aspectos mais importantes. A delegação ocorre quando se confere a um terceiro atribuições que originalmente competiam ao delegante. A delegação é um ato discricionário, temporário e revogável a qualquer momento. Não se admite a delegação de atos de natureza política, como o poder de sancionar uma lei. Também não é possível a delegação de competência de um Poder ao outro, salvo quando a Constituição Federal autorizar expressamente9. Ademais, a delegação só alcança o exercício da competência, uma vez que a sua titularidade é irrenunciável. Por fim, é possível delegar uma 8 Furtado, 2012, p. 576. 9 Hely Lopes Meirelles entende que não se pode delegar competências de um poder ao outro (2013, p. 131). Porém, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011, p. 222) afirmam que é possível a delegação, desde que a Constituição assim autorize expressamente (eles mencionam como exemplo o caso de leis delegadas, previstas no art. 68 da Constituição Federal). 67231195334 67231195334 - LUDMILLA SILVA MIRANDA CAVALLINI Administração Pública e Direito Administrativo p/ Senado Analista Legislativo (Processo Legislativo) Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 4 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br