Buscar

Prát Sim VI_6_Alimentos Idoso

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE GUAIAQUI DO ESTADO DE ...
                        ANTÔNIO PEDRO (sobrenome), (nacionalidade), viúvo, desempregado, portador do documento de identidade no. ..., inscrito no Cadastro de Pessoa Física – CPF sob o no. ..., residente e domiciliado na ..., cidade de Daluz, estado ..., por seu advogado inscrito na OAB/____ que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), com endereço na Rua ..., Bairro ..., local indicado para receber intimações (art. 39 do Código de Processo Civil), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE ALIMENTOS 
COM TUTELA DE URGÊNCIA
pelo rito especial da Lei nº 5.478/68, em face de ARLINDO (sobrenome), nacionalidade, estado civil, profissão, portador do documento de identidade no. ..., inscrito no Cadastro de Pessoa Física – CPF sob o no. ..., residente e domiciliado na ..., cidade de Italquise, estado ..., pelas razões de fato e de direito à seguir aduzidas.
DA Prioridade nO TRÂMITE DA AÇÃO 
Mister se faz consignar, a priori, que se encontra acostado aos presentes autos documento probatório de que o Autor conta com mais de sessenta anos e, por esse motivo, nos termos do artigo 71 do Estatuto do Idoso (Lei no. 10.741/03), bem como do artigo no. 1211-A do vigente Código de Processo Civil, goza de prioridade na tramitação do feito.
Outrossim, deve o presente feito ser recebido pelo procedimento especial, em razão do que determina o artigo primeiro da Lei de Alimentos (Lei no. 5.478/68 e Lei nº 11.419/2006).
Da gratuidade da Justiça
Afirma, ainda, o Autor, conforme declaração de hipossuficiência anexa, que não possui condições financeiras para arcar com os ônus processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua família, motivo pelo qual requer o benefício da assistência judiciária gratuita com fulcro no parágrafo 2º do artigo 1º da Lei no 5.478/68, combinado com o artigo 2º parágrafo único da Lei 1.060/50, com alterações da Lei 7.510/86.
DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
A necessidade do Autor, idoso de 72 (setenta e dois) anos de idade e psicologicamente incapacitado para o trabalho, é presumida, abrangendo despesas com assistência médica, alimentação, vestuário, educação, dentre outros.
Considerando que o Autor possui condição financeira modesta, inconteste que os percalços por ele enfrentados fatalmente dificultam o seu sustento, quadro este que será agravado caso seja obrigado a aguardar o trânsito em julgado da sentença para o recebimento das prestações alimentícias.
Por outro lado, o Réu detém, dentro de suas possibilidades, condições econômico-financeiras para arcar com o pagamento da verba alimentícia a ser fixada por este r. Juízo.
Desta feita, afigura-se razoável a fixação de alimentos provisórios até o exaurimento da lide, os quais constituem medida preventiva por via da qual o interessado reclama fornecimento de provisão alimentícia, até que se julgue a ação principal, sendo certo que, nos termos do artigo 852, II do Código de Processo Civil, ao filho menor assiste o direito de reclamar tal provisão.
Nesse diapasão, dispõe a norma inserta no artigo 4º, da Lei 5.478/68, in verbis:
“Ao despachar o pedido, o juiz fixará, desde logo, alimentos provisionais a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita”.
No caso sub examine, estreme de dúvidas a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à caracterização dos pressupostos básicos, peculiares a toda e qualquer cautelar, o fumus boni iuris e o periculum in mora, estão sobejamente patenteados.
O periculim in mora encontra-se caracterizado através da natureza alimentar, dado o seu caráter de urgência.
No que pertine ao fumus boni iuris, este se encontra evidenciado no fato de que o Réu é filho do Autor, fato que embasa, por si só, o pedido de alimentos.
À conta de tais argumentos, é de ser deferida a fixação initio litis de alimentos provisórios.
Dos Fatos 
                        O Autor é viúvo, tendo sido casado por mais de 40 (quarenta) anos, conforme comprova a cópia da certidão de casamento às fls.... Do fruto desta relação estável e duradoura, adveio o único filho do casal (cópia da certidão de nascimento anexada aos autos), o qual se apresenta na presente ação como Réu, empresário bem sucedido no ramo hoteleiro.
                        Ocorre que, deste o falecimento de sua esposa, o Autor mergulhou em um estado de profundo abatimento e prostração.
Diante desta forte comoção, o Autor não encontra forças para continuar a trabalhar, motivo pelo qual começou a passar por dificuldades financeiras, sendo que atualmente sobrevive da ajuda de parentes e vizinhos.
                        Ciente dos direitos garantidos constitucionalmente em razão de sua idade avançada e diante de imensa injustiça e extrema necessidade, não restou ao Autor outra alternativa, senão buscar amparo judicial para ver atendidas suas necessidades.
           
DOS FUNDAMENTOS 
1. DO DIREITO AOS ALIMENTOS
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 229 in fine, que “(...) os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”, desta forma efetivando os direitos do idoso referentes à vida, saúde, alimentação, enfim, à dignidade. 
O art. 3º do Estatuto do Idoso dispõe que:
“È obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.
 
Não é despiciendo sublinhar que o direito à prestação alimentar do alimentando, garantido pelo ordenamento jurídico, funda-se não somente no caráter econômico da prestação, com o fito de suprir o seu direito à vida mas, também, em um conteúdo ético-social assentado no princípio da solidariedade que deve reger a relação entre os membros componentes do mesmo grupo familiar.
Com efeito, a obrigação alimentar tem fulcro no dever mútuo e recíproco entre descendentes e ascendentes e entre irmãos, em virtude do qual, os que têm recursos devem fornecer alimentos, in natura ou em dinheiro, para o sustento dos parentes que não podem prover a própria mantença, pelo seu próprio trabalho.
Sobre o tema, bem apropriados são os escólios de Yussef Said Cahali: 
“A obrigação alimentar fundada no jus sanguinis repousa sobre o vínculo de solidariedade humana que une os membros do agrupamento familiar e sobre a comunidade de interesses, impondo aos que pertencem ao mesmo grupo o dever de recíproco socorro” (Cahali, Yussef Said. Dos alimentos. 5 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.p. 468).
O Estatuto do Idoso estabelece que os alimentos são prestados ao idoso na forma da lei civil (art. 11, Lei 10.741/2003).
Já o Código Civil dispõe que:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta dos outros.
O conteúdo dos precitados dispositivos legais revela que a solidariedade familiar imposta por lei sujeita os indivíduos a suprirem as necessidades de seus ascendentes, conforme os seus recursos, em razão do vínculo parental existente entre eles.
A existência do vínculo de parentesco entre o Autor e o Réu a fundar a prestação de alimentos que ora de pleiteia (artigo 1.694, CC e artigo 2º da Lei nº 5.478/68) resta comprovada pela certidão de nascimento acostada aos autos.
 Sobre a obrigação dos filhos prestarem alimentos aos pais e sobre o quantum já se manifestou o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS. AÇÃO PROPOSTA POR PAI EM FACE DA FILHA. PAI IDOSOE QUE DISPÕE DE RECURSOS INSUFICIENTES À MANUTENÇÃO DO PRÓPRIO SUSTENTO. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DOS FILHOS EM RELAÇÃO AOS PAIS PREVISTA NO ART. 1696 CC/02 C.C ART. 3º DO ESTATUTO DO IDOSO. Obrigação que se vincula à relação de parentesco. Ré que pertence à classe média e que, embora não trabalhe fora e possua três filhos menores, é proprietária de imóvel do qual aufere renda oriunda de locação. Ação proposta em face dos outros filhos do autor, um dos quais celebrou acordo amigável com o genitor. Autor que outrossim recebe auxílio previdenciário e que ainda mantem certa atividade laborativa, não dependendo exclusivamente da verba a ser paga pela apelante. Circunstâncias peculiares do caso concreto que devem ser conjugadas com a norma legal sob pena de se ignorar os fatos que compõem a realidade da vida. Art. 1694 §1º CC/02 que determina a proporcionalidade entre os polos do binômio necessidade-possibilidade. Fixação do pensionamento no mesmo patamar a ser pago pelo outro filho do autor. Sentença de procedência que se reforma em parte. Apelo parcialmente provido. 
(Apelação Cível nº 0019477-94.2006.8.19.0001, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Des. Rel. Cristina Tereza Gaulia, Julgamento: 18/01/2011)
ALIMENTOS. PESSOA IDOSA. ALIMENTARIO SOB CONSTANTE TRATAMENTO DE SAUDE. OBRIGACAO DE FILHOS DE PRESTAR ALIMENTOS. DEVER DE SOLIDARIEDADE. RESPONSABILIDADE ATRIBUÍDA AOS FILHOS. ART.1694 DO CÓDIGO CIVIL. ART. 3° E 11 DO ESTATUTO DO IDOSO. O art. 1694 e seguintes do Código Civil impõe o dever de prestar alimentos por força do parentesco. Da mesma forma, o Estatuto do Idoso atribui aos filhos a responsabilidade alimentar com os pais idosos. Com efeito, os alimentos abrangem as prestações que atendem as necessidades normais de qualquer pessoa, como a habitação, alimentação, vestuário, tratamento médico e lazer. Releva notar que na fixação da pensão alimentícia deve-se levar em conta a necessidade de quem pleiteia os alimentos e a possibilidade do alimentante. In casu, tendo em vista que o alimentando é idoso e possui duas filhas, o dever de prestar alimentos é solidário entre as descendentes. No caso concreto, o idoso reside com a 2ª ré, o que também se computa como alimento, porquanto lhe provê a moradia. Ressalte-se que, não há divergências em relação à obrigação alimentar imputada à 2ª ré, que os prestará in natura, consoante acordado com o autor da ação. Restou comprovado nos autos que o autor encontra-se em idade avançada e padece de algumas doenças graves, motivo pelo qual possui várias despesas médicas, sendo seu único rendimento, uma aposentadoria no valor de 1 salário mínimo. Não há nos autos, prova acerca da existência de outros bens ou rendimentos em nome do autor. Assim, é patente a sua necessidade. A 2ª ré não comprovou a sua real situação financeira, ônus que lhe cabia, por se tratar de fato impeditivo do direito do autor (art.333, II do CPC) para fins de arbitramento da pensão. Noutro giro, não trouxe aos autos documentos que atestassem a ajuda dada pelas suas filhas, tal como alegou. Sopesados os elementos probatórios dos autos, e na ausência de outras provas em contrário, infere-se que a pensão alimentícia arbitrada pela Magistrada monocrática 2 salários mínimos - denota-se adequada e atende ao disposto no §1º do art.1694 do Código Civil, porquanto se mostra razoável para o bem estar do idoso e compatível com a possibilidade da alimentante. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (Apelação Cível nº 0152670-69.2010.8.19.0001, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Des. Rel. Roberto de Abreu e Silva, Julgamento: 13/12/2011)
No presente caso, resta evidenciado que o Autor não apresenta condições de obter recursos para manutenção das necessidades básicas condizentes com um vida digna, cabendo ao seu único filho assegurar tal direito e atendimento, motivo pelo qual foi proposta a presente demanda.
2. DA FIXAÇÃO DO VALOR DOS ALIMENTOS: 
DA NECESSIDADE DO ALIMENTADO E DA POSSIBILIDADE DO ALIMENTANTE
Como é cediço, o quantum da verba alimentar - seja ela provisória ou definitiva - deve ser fixado com arrimo no binômio possibilidade/necessidade, respectivamente do alimentante e do alimentando.
 No caso em apreço, tratando-se de idoso de 72 (setenta e dois) anos de idade, incapacitado para a vida laborativa e psicologicamente abalado pela perda recente de ente querido, é certo que sua necessidade é presumida, levando-se em conta, especialmente, os dispêndios com alimentação, medicamentos, vestuário, dentre outros.
Inobstante a presunção de tal necessidade, foram acostados aos autos cópias dos documentos que comprovam os gastos despendidos mensalmente pelo Autor.
A possibilidade econômico-financeira do alimentante (artigo 1.695, CC) é outro requisito que se erige como pressuposto para a concessão do direito a alimentos. 
Na hipótese dos autos, a produção probatória a ser realizada pelo Réu, no tocante aos seus ganhos, comprovará que sua percepção mensal, enquanto empresário bem sucedido no ramo hoteleiro, permite que ele venha a cumprir com seu dever de prestar alimentos, sem o desfalque de seu próprio sustento e de forma a garantir sobrevivência digna ao alimentado, ora Autor.
Assim é que se impõe a aplicação do binômio necessidade do beneficiário e possibilidade do provedor, quando da estipulação da prestação de alimentos, conforme preceitua o artigo 1.694 parágrafo 1º do Código Civil, conjugado aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
DO PEDIDO
                        Diante dos fatos acima demonstrados vem a parte autora requerer:
1) A fixação liminar de alimentos provisórios, conforme determina o artigo 4º. da Lei no. 5.478/68, no valor de R$ ...., a serem pagos todo 5º (quinto) dia útil de cada mês, a serem depositados na conta corrente ..., agência ...., banco ...;
2) O deferimento da prioridade na tramitação do presente feito por força do artigo 71 do Estatuto do Idoso;
3) A concessão da gratuidade de justiça;
4) A citação do réu, para oferecer defesa quanto aos fatos e pedidos apresentados sob pena de revelia e confissão da matéria de fato;
5) A intimação do representante do Ministério Público, para que atue no feito;
6) A procedência do pedido para tornar definitivos os alimentos provisórios como requerido;
 7) A condenação da parte contrária ao pagamento das custas processuais, bem como os honorários advocatícios.
PROVAS
Requer a produção das provas documental suplementar, se necessária, testemunhal, pericial e depoimento pessoal dos representantes das rés.
VALOR DA CAUSA
Para os efeitos legais e fiscais, dá-se à causa o valor de R$ ....... (artigo 259, inciso VI do Código de Processo Civil)
Termos em que espera deferimento.
Rio de Janeiro, ... de ........ de 2012.
____________________________
Nome do advogado – OAB/RJ nº ....

Outros materiais