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PRINCIPAIS FATORES DE RISCO DE DOENÇAS

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PRINCIPAIS FATORES DE RISCO DE DOENÇAS
CURSO DE MEDICINA - UFCSPA
DISCIPLINA DE SEMIOLOGIA
LUIS FURTUNATO
“probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado”¹
1 ALMEIDA FILHO E ROUQUAYROL, 2002, citado em artigo: Conceitos e Definições da Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária, pag. 16.
1 Conceitos e Definições da Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária, pag. 17.
Grupo de risco: é o grupo populacional exposto a um fator de risco
Medidas de risco: forma de calcular/mensurar os riscos, como os coeficientes de incidência e prevalência
Risco absoluto: trata-se da ocorrência do risco na população
Outros conceitos: exposição aguda, intermitente, reiterada, múltipla
“uma medida de risco é um estimador de necessidade de assistência promotora e preventiva, e do fato de que conhecer a situação antes de ocorrer o evento previsto proporciona o tempo para uma resposta adequada”¹
1 BACKETT, E M, citado em artigo: Conceitos e Definições da Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária, pag. 16.
FATORES DE RISCO
NÃO MODIFICÁVEIS
MODIFICÁVEIS
Sexo
Idade
Fatores genéticos
Tabagismo
Sedentarismo
Alcoolismo
Evidências mostram que um pequeno número de fatores de risco modificáveis são responsáveis por um grande número de casos de doenças e mortes prematuras no mundo²
2 STEPHEN, S. LIM et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015.
Ou seja, a identificação dos fatores de risco serve para promover a saúde e combater esses fatores a fim de diminuir suas incidências e aumentar a qualidade de vida da população.
Avaliar risco de mortalidade por conta dos maiores fatores de risco em 10 anos; 30+.
 
Os fatores devem ser contestáveis, substancial (-2/3 meses de vida) e baseados em evidências.
 
O risco é obtido pelo cálculo usando aqueles expostos aos fatores e os não expostos.
 
Mortalidade evitável: nº de casos totais – nº de casos de fatores intrínsecos. 
2 STEPHEN, S. LIM, et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015. 
 
3 DANAEI G, et al. The preventable causes of death in the United States: comparative risk assessment of dietary, lifestyle, and metabolic risk factors. 
Excesso de peso
Hipertensão
Colesterol alto (LDL)
Tabagismo
Alcoolismo
Hiperglicemia
Não realização de atividade física
Má alimentação
Riscos ocupacionais
Uso de drogas
Estresse
Uso de cinto de segurança
2 STEPHEN, S. LIM, et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015. 
4 MURRAY, C. J. L. The Global Burden of Disease: A comprehensive assessment of mortality and disability from diseases, injuries, and risk factors in 1990 and projected to 2020.
5 SOCESP. Fatores de Risco no Brasil.
6 FONTANELLE, L. F. Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde.
Água não tratada e questões sanitárias
Poluição do ar
Outros riscos ambientais
Subnutrição materna e infantil
Tabagismo
Alcoolismo e outras drogas
Fatores de risco fisiológicos
Riscos de dieta inapropriada e falta de atividade física
Riscos ocupacionais
Abuso e violência sexual
7 STEPHEN, S. LIM. A comparative risk assessment of burden of disease and injury attributable to 67 risk factors and risk factor clusters in 21 regions, 1990–2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010.
Esses fatores ocasionam e/ou afetam principal e geralmente
doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, hepáticas, neurológicas, cânceres, questões de saúde mental
Doenças cardiovasculares8
Fatores não modificáveis de predisposição para doenças cardiovasculares:
Idade avançada: risco para doença coronariana, AVC e insuficiência cardíaca
Gênero: antes dos 60 anos, homens possuem risco 2 vezes maior que mulheres para doença cardíaca coronária e AVC; depois dos 60, aumenta para mulheres. Supõe-se que isso ocorre pelos níveis de estrogênio em idades mais novas. Mas uso de hormônios após menopausa não tem diminuído o risco. Aos 80, se iguala.
*Etnia: Asiáticos são menos propensos a doença cardíaca coronária do que brancos e negros. Assume-se que em parte isso ocorra pelos estilos de vida e cultura, uma vez que realocado em uma nova cultura, os riscos se modificam.
Histórico familiar: a doença coronariana prematura em parente de primeiro grau está associada a aumento de risco de doença arterial coronariana.
Fatores modificáveis de predisposição para doenças cardiovasculares:
Tabagismo: fumantes têm risco 2 vezes maior que não fumantes para doença cardiovascular. Fumante passivo tem 30% de chance a mais de doença cardíaca coronária. Ao cessar o fumo, deve cuidar-se do peso, que pode aumentar, possibilitando desenvolvimento de diabetes.
Hipertensão: 140/90 mmHg pra cima; é o fator de risco modificável mais prevalente da doença coronariana, AVC e insuficiência cardíaca. Dieta rica em K, Mg, Ca, proteína e fibras = anti-hipertensivos. A cada 20mmHg sistólico, 2 vezes o risco.
Dislipidemia: LDL alto é forte fator de risco para doença cardíaca coronária. HDL reduzido e triglicerídeo elevado são fatores de risco também.
Obesidade: associada a dislipidemia, hipertensão e diabetes. Predispõe AVC, doença coronariana e IC. Cada 5 kg/m² = 40% mais chance de mortalidade cardiovascular.
Alcoolismo: hipertensão e fibrilação atrial.
Fatores psicossociais: o estresse agudo ou crônico se associa a elevado risco de doença cardiovascular, gerando hipertensão, alterando metabolismo da glicose e dos lipídeos.
Diabetes: >126 mg/dL de glicose plasmática em jejum. Risco 2 vezes maior de doença cardiovascular. Controlar glicose como prevenção ou meio amenizador.
Inatividade física: sedentarismo aumenta risco de doença cardiovascular; exercício é complemento para dieta, melhora metabolismo da glicose e diminui pressão arterial. Redução da mortalidade, mas não da chance de infarto em pacientes reabilitados.
8 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulo 51: Epidemiologia da doença cardiovascular.
Doenças respiratórias9;10
Fatores de predisposição para doenças respiratórias:
Idade: nos primeiros anos de vida há maior associação de bronquite aguda (relacionada a alergia). Casos de sinusite são mais frequentes em jovens e idosos. Rinite, sinusite e bronquite aguda são problemas de saúde pública em crianças e adolescentes. Bebês até 2 anos têm alta incidência de pneumonia.
Gênero: mulheres têm mais chance de ter sinusite; homens tem mais chance de ter asma e pneumonia.
Socioeconômico: por conta de desigualdades sociais, negros têm mais predisposição a problemas respiratórios infecciosos, por conta de aglomeração populacional e baixo nível socioeconômico. Alterações no estilo de vida moderno contribuem para problemas respiratórios. Rinite nos que residem em apartamento. A superlotação e desnutrição está relacionada a tuberculose.
Histórico familiar: predisposição genética para alergias. 
Exposição ocupacional: exposição a poeira e produtos químicos, associando-se a DPOC; asma; tuberculose.
Exposição ambiental: exposição aos alérgenos da rinite alérgica, inclusive ácaros e pólen; mofo nas residências, fumo passivo; poluição ambiental aumenta chance de sinusite; asma.
Tabagismo: câncer de pulmão, 80 a 90% dos casos de DPOC, aumento de chance de ter sinusite; bronquite; pneumonia; tuberculose.
Fatores fisiológicos/médicos: maior quantidade de IgE predispõe rinite; Doenças crônicas (AIDS e diabetes) elevam a chance de ter sinusite; obesidade gera maior risco de asma; infecções virais asma; baixa imunidade ou refluxo gástrico bronquite; tuberculose tem alta correlação com HIV (13%).
9 SOUSA, C. A. Doenças respiratórias e fatores associados.
2008.
 
10 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulos 87, 88, 93, 96.
Doenças renais11
11 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulos 123, 126, 132.
Doenças hepáticas12
12 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulos 151, 156.
Doenças neurológicas13
Fatores de predisposição para doenças neurológicas:
Idade: >55 maior probabilidade de AVC; risco de Alzheimer dobra a cada 5 anos depois dos 65; Parkinson >50 aumenta exponencialmente a chance.
Fatores genéticos: Esclerose Múltipla e Alzheimer.
Diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares aumentam risco de AVC.
13 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulos 409, 413, 416, 419.
Cânceres14
Fatores de predisposição para cânceres:
 
Depende do tipo de câncer.
Exposição solar (UV).
Tabagismo: 1/3 das mortes; 85% dos casos de câncer de pulmão em homens e 75% em mulheres.
Alcoolismo: câncer de cavidade oral, faringe, hipofaringe, laringe, esôfago e estômago
Infecção por papiloma vírus: câncer de colo uterino.
Uso elevado de estrógeno eleva risco de adenocarcinoma de endométrio.
Agentes químicos: níquel, asbesto, cloreto de vinila ou cromatos (envolvimento com trabalhadores).
14 DUNCAN, et al. Medicina Ambulatorial. 4ª edição, 2014. Capítulo 104: Câncer.
Saúde mental15;16
Os fatores de risco para a saúde mental incluem aspectos de todo o conjunto da vida de um indivíduo. O estresse do cotidiano, uma doença, luto, dores.
Causas recorrentes são o estresse diário da conjuntura do mundo atual, que é causa importa de casos de depressão maior e outros transtornos de humor.
No Brasil, a prevalência de depressão é de 13% ao longo da vida. Em pacientes com câncer, essa prevalência sobe para 47%, e em pacientes com infarto recente, para 33%. A prevalência é duas vezes maior em mulheres que em homens.15 
Causas importantes de síndromes psiquiátricas são traumas, tumores, convulsões, malformações congênitas, doenças neurodegenerativas, doenças sistêmicas. Como percebido, muitas causas não são passíveis de prevenção; o ideal é trabalhar desde cedo com as causas primárias e antecedentes às síndromes psiquiátricas para adequar o indivíduo a sua condição.16
15 DUNCAN, et al. Medicina Ambulatorial. 4ª edição, 2014. Capítulo 109: Depressão.
16 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulo 404: Os transtornos psiquiátricos na prática clínica.
Prevenção e promoção da saúde2;17
A APS tem papel fundamental nesse aspecto, devendo trabalhar com os fatores de risco para diminuí-los.
Estudos recentes demonstram que há claros benefícios quando o médico informa para pacientes e suas famílias sobre os fatores de riscos para doenças cardiovasculares, bem como os riscos que essas doenças trazem.
Os resultados sugerem também que se os indivíduos entendem a magnitude desses riscos, eles são mais propensos a adotarem ou manterem comportamentos saudáveis.
Os estudos também demonstram que a informação sobre os riscos globais são mais suscetíveis a maiores impactos se parelha diretamente a educação e aconselhamento.
 
Existe a criação de modelos de risco que visam analisar os fatores e suas consequências gerais, possibilitando intervenções primárias, secundárias e terciárias, podendo então desenvolver um caminho sistemático que facilite o trabalho do profissional, bem como no auxílio a ele e seu paciente na comparação de como diferentes intervenções comportamentais e clínicas influenciariam os fatores de risco. 
Os modelos de risco também permitem estabelecer um contato com o paciente que permite ajudá-los numa decisão conjunta, dando atenção a suas preferências, para prover melhores e adequadas intervenções.
Essas medidas, se amplamente adotadas dentro de regiões geográficas específicas, com mapeamento, considerando suas características, podem promover a base para a colaboração entre profissionais e a comunidade em iniciativas que possibilitem a melhora da saúde da população.
Deve-se ter noção que tanto a promoção quanto o tratamento devem ser instigados para que haja melhoria e decréscimo desses fatores na sociedade. É por conta disso que esses modelos existem e se estabelecem como base para organizar e sistematizar esses riscos.
2 STEPHEN, S. LIM et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015.
 
17 Agency for Healthcare Research and Quality, National Quality Strategy. Working For Quality.
2 STEPHEN, S. LIM, et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015. 
Referências
1 Conceitos e Definições da Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária, pag. 16-17. Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/pdf/epid_visa.pdf.
2 STEPHEN, S. LIM et al, Validation of a new predictive risk model: measuring the impact of the major modifiable risks of death for patients and populations, 2015. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4591717/pdf/12963_2015_Article_59.pdf.
3 DANAEI G, et al. The preventable causes of death in the United States: comparative risk assessment of dietary, lifestyle, and metabolic risk factors. Disponível em: http://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1000248.
4 MURRAY, C. J. L. The Global Burden of Disease: A comprehensive assessment of mortality and disability from diseases, injuries, and risk factors in 1990 and projected to 2020. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/41864/1/0965546608_eng.pdf.
5 SOCESP. Fatores de Risco no Brasil. Disponível em: http://www.socesp.org.br/prevencao/fatores-de-risco/#.WCOTH_orKUl.
6 FONTANELLE, L. F. Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde. Disponível em: http://leonardof.med.br/2015/06/04/os-10-maiores-fatores-de-risco-para-a-nossa-saude/.
7 STEPHEN, S. LIM. A comparative risk assessment of burden of disease and injury attributable to 67 risk factors and risk factor clusters in 21 regions, 1990–2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Disponível em: http://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(12)61766-8.pdf.
8-10-11-12-13-16 GOLDMAN, LEE. CECIL MEDICINA. 24 edição, 2014. Capítulos 51, 87, 88, 93, 96,123, 126, 132,151, 156, 404, 409, 413, 416, 419.
9 SOUSA, C. A. Doenças respiratórias e fatores associados. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/2011nahead/2639.pdf.
14-15 DUNCAN, et al. Medicina Ambulatorial. 4ª edição, 2014. Capítulos 104-109.
17 Agency for Healthcare Research and Quality, National Quality Strategy. Working For Quality.

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