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Inflamação A inflamação ou flogose é um tipo de reação tissular a uma agressão extrínseca, caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício. Estas agressões podem ser químicas, físicas ou biológicas. Os agentes flogógenos desencadeiam o processo inflamatório pelo estímulo de mediadores inflamatórios nos tecidos agredidos. As reações inflamatórias na sua fase aguda têm sinais, sintomas característicos definidos como: Calor, rubor, tumor, dor e perda da função, como pode ser observado na figura 1. Os eventos da reação inflamatória são: Os irritativos, os vasculares, os exsudativos, alterativos ou produtivos, resolutivos e reparativos. Sendo mais bem compreendido com os eventos abaixo: Figura 1: Inflamação aguda – abcesso submandibular. Fonte: Patoarte Geral Fenômenos Irritativos: Etapa inicial da inflamação que define o curso do processo, geralmente não apresenta alterações morfológicas. As moléculas sinalizadoras da agressão determinam a síntese dos diferentes mediadores, pró e anti-inflamatórios, dependendo deles o início do processo, sua intensidade e evolução. Os mediadores inflamatórios devem ser liberados em momentos certos para que os fenômenos subsequentes atinjam o objetivo de defesa (eliminação ou contenção da agressão) e de reparo (regeneração ou cicatrização), a principal fonte destes mediadores são as células do exsudato. Fenômenos vasculares: São as modificações hemodinâmicas da microcirculação comandadas pelos mediadores liberados durante os fenômenos irritativos e, menos frequente, por ação direta do agente inflamatório. Estas modificações incluem: Maior aporte, fluxo sanguíneo com a vasodilatação arteriolar (histamina, em boa parte das vezes) (hiperemia ativa patológica), havendo assim uma hiperemia inicial com fluxo rápido de sangue; Aumento da pressão hidrostática na microcirculação. Apresentam, portanto modificações morfológicas induzidas pela hiperemia (ativa). Fenômenos exsudativos: Trata-se de fenômenos complexos, mas que apresentam certa regularidade como a saída de plasma e de células do leito vascular para o interstício. A exsudação plasmática ocorre nas fases iniciais da hiperemia, em que o plasma se concentra no interstício, alterando a hemodinâmica (aumento da pressão oncótica intersticial) ocasionando no edema inflamatório uma vez que a drenagem linfática esta sobrecarregada. Entre a exsudação celular podemos destacar o papel essencial dos leucócitos nos processos inflamatórios, através da conhecida migração leucocitária (primeiramente, neutrófilos – PMN, e depois, monócitos, linfócitos, eosinófilos e basófilos) em que estes glóbulos brancos deixam a corrente sanguínea, aderem-se ao endotélio vascular e pela diapedese chegam ao local da lesão no interstício, contando ainda com a auxílio da quimiotaxia. Há ainda as células responsáveis pela fagocitose e digestão intracelular, sendo elas as mononucleares (Monócitos Macrófagos) e as polimorfonucleares (neutrófilos e eosinófilos). Entre os exsudatos dos processos inflamatórios podemos observar características passiveis de classificação: -Exsudato seroso: Trata-se de um fluido claro e transparente, indicando um processo infamatório agudo. -Exsudato fibrinoso: Exsudato viscoso (presença de fibrina), coloração de esbranquiçado a amarelado, indica lesão vascular grave. -Exsudato hemorrágico: Predomina o conteúdo sanguíneo, acontece em órgãos como pulmão e intestino. Exsudato Catarral: Apresenta características mucoides, acontece onde há células caliciformes, tem coloração inicial branco/transparente, mas pode variar de amarelo- esverdeado por infecção bacteriana. Exsudato Purulento: Há a formação de pus (supuração), fluido semi-sólido, tem coloração do verde, marrom ao branco, encontra-se em flegmão, abcesso, celulite e pústulas. Exsudato granulomatoso: Acontece em condições crônicas (granuloma), etiológico de antígenos persistentes e corpos estranhos, tem aspecto caseoso. Fenômenos alternativos: Trata-se da ação direta ou indireta do agente inflamatório, pode acontecer tanto no início quanto no decorrer da inflamação, estes fenômenos podem ser sinônimos de degenerações e necrose. Fenômenos resolutivos: São fenômenos locais múltiplos e complexos, em resumo estes envolvem a modificação em receptores das células do exsudato e dos tecidos, geração local de mediadores com efeito anti-inflamatórios, mudança do comportamento das células do exsudato, exsudação de células com função reguladora. Fenômenos reparativos: O reparo dos danos inflamatórios é a cicatrização ou regeneração, são eventos estimulados por quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento liberados pelos tecidos inflamados, células do exsudato. Vale ainda lembrar que os fenômenos resolutivos e reparativos são simultâneos e coordenados. O gráfico acima mostra a evolução de um processo inflamatório, vale ressaltar que alguns mediadores desse processo têm a sua influência, no decorrer do tempo, em relação à quantidade de líquido de edema (exsudação plasmática) que extravasa devido à ação desses fármacos na parede vascular. Observar que a histamina e a serotonina atuam nas primeiras horas, sendo de mediação rápida. Já as cininas e prostaglandinas atuam mais tardiamente, mas não provocam tanto aumento da permeabilidade vascular (há diminuição da quantidade de edema). Os mediadores inflamatórios são os responsáveis pelo controle da intensidade da resposta inflamatória, assim como seu desencadeamento, essas substancias podem ser detectadas no plasma (pré-enzimas) ou serem sintetizadas durante o processo inflamatório. Podemos destacar: Aminas Vasoativas: Presente nas fases iniciais do processo inflamatório, esses mediadores (histamina e serotonina) encontram-se estocados no interior dos lisossomos e são liberados apenas com a presença de um estimulo. A ação da histamina promove a degranulação dos mastócitos e basófilos com posterior liberação da histamina no meio extracelular. A sua integração da histamina com o receptor H1 que promove o aumento da permeabilidade vascular. Sistema Plasmáticos: Participam da reação inflamatória os sistemas de coagulação, sistema fibrinolítco (participação em processos trombóticos); sistema complemento. O fator de Hageman é uma proteína globular encontrada no plasma na forma inativa, quando ativado por contato com superfícies estranhas ou por clivagem deste fator por enzimas proteolitcas como a plasmina e calicreína. Sistema de coagulação: Estando o fator de Hageman ativado, as tromboplastinas vão converter pro-trombina em trombina, que transforma o fibrinogênio em monômeros de fibrina, os quais se organizam em filamentos, formando produtos com ação pró- inflamatória. Sistema fibrinolítico: Com a função de “dissolver” trombos, esse sistema conta com a formação de plasmina (responsável por degradar fibrina em fibrinogênio, ativar o fator de Hageman). Sistema de cininas: A geração de cininas no plasma é obtida por três reações enzimáticas que formará a bradicinina (vasodilatador). Mecanismos reguladores: As inflamações podem ser classificadas de diversas formas, de acordo com: -Duração: Inflamação aguda crônica. -Causa: Física, química ou biológica. -Tipo de exsudato: Serosa, fibrinosa, purulentas, hemorrágicas. -Especiais: Abscesso Figura 2: Aspectos macro e microscópicos de um abscesso Inflamação aguda: De “curta duração”, sintomas inflamatórios persistentes (eritema, edema e dor), há a predominância de neutrófilos e poucos macrófagos no exsudato (figura 3). Quando se predomina a exsudação plasmática, se diz que a inflamação é do tipo exsudativa.Esse tipo de inflamação pode se sub - classificar de acordo com a aparência desses exsudato, sendo, portanto, inflamação do tipo serosa, fibrinosa, catarrais, purulentas, entre outras. Inflamação crônica: Devido à persistência do agente inflamatório no local ou em consequência de fenômenos auto-imunitários, o processo inflamatório se mantém por mais tempo (aumento dos graus de celularidade e de outros elementos teciduais). Pode-se haver mudanças morfofuncionais nas células, por exemplo, com a proliferação fibroblástica e angioblástica. Um tipo de inflamação crônica é a inflamação granulomatosa, na qual são formados os granulomas. Estes tratam-se de uma organização e agregação de macrófagos ativados, células gigantes (principal figura do granuloma), linfócitos e fibroblastos (figura 3). Na porção central de um granuloma podem ser encontradas áreas de necrose caseosa. Ex. Tubérculos formados pelo Mycobacterium sp (tuberculose). Figura 3: Dois padrões morfológicos de inflamação: acima, vemos uma inflamação aguda, com predominância de neutrófilos e necrose; abaixo vemos uma inflamação crônica, com células gigantes (CG), linfócitos (L) e grande quantidade de fibroblastos (F), indicativos da predominância da fase produtivo-reparativa. O critério de agudo ou crônico pode ser morfológico ou cronológico, mas é importante lembrar que nem sempre há coerência entre esses dois critérios. Fonte: Patoarte Geral. Referências Bibliográficas Patoarte Geral, Alterações circulatórias, Disponível em: http://143.107.23.244/lido/patoartegeral/patoartecir.htm BRASILEIRO FILHO. Bogliolo - Patologia Geral, 2009. | MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: Processos Gerais. 4ª Edição, editora Atheneu, São Paulo, 2008.
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