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Análise fordismo e pós fordismo

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Análise do fordismo, pós-fordismo e atualidade
Fonte: HARVEY, David. Condição Pós-moderna. Tradução: Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves, São Paulo: Edições Loyola, 1993.
 O fordismo, modelo de produção industrial baseado na pradronização da linha de montagem, trouxe profundas mudanças nas relações de trabalho, no modo de consumo, bem como na distribuição geográfica das indústrias. Instaurado por Henry Ford em sua indústria automotora logo no início do século XX (1914), o fordismo apresenta a produção em massa – que, como Ford previra, resultava em consumo em massa – dividida em etapas e com auxílio das máquinas, na qual cada trabalhador se torna especialista em sua atividade, agilizando o processo e diminuindo possíveis erros e os custos da produção.
 Por outro lado, essa especialização, ou alienação, estabelece uma nova relação entre o(a) trabalhador(a) e o produto final. Diferente da produção manufatureira, a produção em massa distancia o produtor de seu feito, pois este não se reconhece mais naquilo que produziu, uma vez que ele é responsável apenas por uma parte específica da mercadoria. Aqui, um novo tipo de trabalhador é moldado, para se alinhar ao modelo de sociedade de consumo, afinal de contas, para Ford, todos os trabalhadores deveriam ter condições de comprar a mercadoria produzida.
 “Contudo, a produção de mercadorias em condições de trabalho assalariado põe boa parte do conhecimento, das decisões técnicas, bem como do aparelho disciplinar, fora do controle da pessoa que de fato faz o trabalho. A familiarização dos assalariados foi um processo histórico bem prolongado (e não particularmente feliz) que tem de ser renovado com a incorporação de cada nova geração dos trabalhadores à força de trabalho.” (HARVEY, p. 119)
 Uma das questões importantes do fordismo era como o Estado deveria intervir nas indústrias e no mercado. Inicialmente, Ford acreditava que a auto-regulação bastava, e, após a intensa crise de 29, que quase levou o capitalismo ao colapso, renovou-se o entendimento da participação do Estado na economia. Por outro lado, em alguns países o regime autoritário e nacionalista ganhou forças apoiando-se nesse contexto de crise, sendo vistos como a única solução para os problemas do modelo fordista/capitalista. 
 A recessão do início da década de 70 (1973), causada principalmente pelo petróleo, abalou as estruturas dos países capitalistas, e levou a indústria a repensar o seu modelo de produção, baseado na acumulação. 
 Mais do que um modelo de produção, o pós-fordismo, ou regime de acumulação flexível para Harvey (em confronto com a rigidez do fordismo), representa uma ruptura na organização espacial, social e política das indústrias e do próprio capitalismo. A racionalização imposta pela crise levou à busca por alternativas que mantivessem os lucros. Novas tecnologias, a descentralização da produção (dispersão geográfica das indústrias, aparecimento de fábricas de montagem), e a demanda de novos nichos de consumo fazem parte dessa era pós-fordismo. 
 O pós-fordismo foi pautado na flexibilidade: dos padrões de consumo, da própria quantidade de bens produzidos, dos nichos (a criação deles) e dos processos de trabalho. Segundo Harvey, “os patrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão-de-obra excedente (desempregados ou subempregados) para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis” (HARVEY, p. 143), ou seja, adota-se a contratação em meio-período, subcontratações e terceirizações, se aproveitando do desemprego estrutural do pós-crise. O autor também destaca a desigualdade de gênero nas indústrias. A mulher estava mais sujeita a essas contratações flexíveis do que o homem, que, em geral, ocupava os cargos tradicionais que foram pouco mexidos.
 Em relação ao consumo, a principal novidade do período pós-fordista foi o desenvolvimento da obsolescência planejada, que é basicamente a produção de bens com menor tempo de vida útil, forçando o consumidor a comprar sempre as novas versões fabricadas daquele mesmo produto. A propaganda é fundamental para esse sistema, e passa a receber grande investimento para fomentar o consumo por bens mais modernos.
 Atualmente, o setor industrial vem adotando a chamada “produção 4.0” ou “fábricas inteligentes”. As inovações tecnológicas como robótica automatizada, impressoras 3D, tecnologia da informação e internet das coisas (máquinas e aparelhos interligados por meio da internet) são algumas das ferramentas usadas na competitividade industrial, visando aumentar ao máximo a produtividade. O impacto nas relações de trabalho é grande. Há uma crescente substituição da força de trabalho humana pela mecânica, e os níveis de desemprego disparam. Em relação ao mercado, a preferência do consumidor é levada em conta na produção. Com o auxílio das tecnologias, o consumidor pode personalizar o seu produto e a fábrica o produz baseando-se nas suas preferências, prática que vem crescendo no setor automobilístico, por exemplo. 
 O debate sobre as relações de trabalho nessa quarta revolução industrial é amplo: como realocar esses trabalhadores que foram substituídos pelas máquinas? Seria possível uma indústria sem qualquer mão-de-obra humana? Quais são os impactos a longo prazo nas taxas de desemprego? A Geografia, junto às ciências humanas, possui papel fundamental nessa discussão.

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