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O PENSAMENTO ECONÓMICO DA ESCOLA FISIOCRATA AO KEYNESIANISMO VANESSA CARVALHO 21140200 SANDRA FERREIRA 21140232 RESUMO: A fase científica do pensamento económico é a mais importante, porque é a mais visível e influenciável nos dias de hoje. Esta fase pode ser dividida em 3 escolas do pensamento, nomeadamente a Escola Fisiocrata, a Clássica e o Marxismo. O pensamento fisiocrata acredita numa “ordem natural” afastando o estado das relações económicas. A escola clássica acredita na intervenção do estado no equilíbrio de mercado. Já o Marxismo defendia a queda do capitalismo e a ascensão do socialismo. Nos anos 30 surgiu o Keynesianismo, colocando de lado a doutrina clássica e estabelecendo uma análise económica dos problemas da sociedade, tais como o desemprego e a flutuação dos preços. INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MAIO DE 2007 1 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 2 2. ESCOLA FISIOCRATA (Séc. XVIII) ......................................................................... 2 2.1 François Quesnay.................................................................................................... 3 3. ESCOLA CLÁSSICA (Fins do Séc. XVIII e início do séc. XIX) ............................... 4 3.1 Adam Smith (1723-1790) ....................................................................................... 4 3.2 Thomas Malthus (1766 – 1834).............................................................................. 5 3.3 David Ricardo (1772 – 1823) ................................................................................. 5 3.4 John Stuart Mill (1806 – 1873)............................................................................... 6 3.5 Jean Baptist Say (1768 – 1832) .............................................................................. 6 3.6 Críticas de Say a Adam Smith ................................................................................ 6 3.7 Crítica de Keynes às Teorias Clássicas................................................................... 7 4. TEORIA NEOCLÁSSICA (Fins do séc. XIX ao início do séc. XX)........................... 7 4.1 Alfred Marshall (1842-1924).................................................................................. 8 4.2 Críticas de Samuels ao Neoclassicismo.................................................................. 9 5. PENSAMENTO MARXISTA...................................................................................... 9 5.1. Teoria da mais valia............................................................................................. 10 6. O KEYNESIANISMO (Década de 1930) .................................................................. 10 7. CONCLUSÃO............................................................................................................ 12 8. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... .13 2 1. INTRODUÇÃO O pensamento económico passou por diversas fases, que se diferenciam amplamente, com muitas discrepâncias e contradições. No entanto a evolução deste pensamento pode ser dividida em dois grandes períodos, a fase Pré-Científica e a fase Científica Económica. A fase Pré-Científica é composta por três períodos, a Antiguidade Grega, que se caracteriza por um forte desenvolvimento nos estudos político-filosóficos, a Idade Média, repleta de doutrinas teológico-filosóficas e tentativas de moralização das actividades económicas e o Mercantilismo, onde houve uma expansão dos mercados consumidores e consequentemente, do comércio. Como iremos tratar do pensamento económico que nos influência actualmente, só abordaremos a fase científica. A fase científica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clássica e Pensamento Marxista. A primeira relatava a existência de uma “ordem natural”, onde o estado não deveria intervir nas relações económicas. Os pensadores clássicos acreditavam que o estado deveria intervir para equilibrar o mercado (oferta e procura) através do ajuste de preços. Já o marxismo criticava a “ordem natural” e a “harmonia de interesses”, defendida pelos clássicos, afirmando que, tanto um como outro, resultava na concentração de lucros e na exploração dos operários. Apesar de fazer parte da fase científica, convém realçar que a Escola Neoclássica e o Keynesianismo diferenciavam-se dos outros períodos, por elaborar princípios teóricos fundamentais e revolucionar o pensamento económico, merecendo portanto, destaque. É na Escola Neoclássica, que o pensamento liberal se consolida, surgindo depois a teoria de valor. Na Teoria Keynesiana procura-se explicar as flutuações de mercado e o desemprego. 2. ESCOLA FISIOCRATA (Séc. XVIII) A palavra fisiocrata significa governo da natureza, isto é, de acordo com o pensamento fisiocrático as actividades económicas não deveriam ser reguladas de modo excessivo, nem orientadas por forças "antinaturais". Dever-se-ia conceder uma maior liberdade a essas actividades, pois "uma ordem imposta pela natureza e regida por leis naturais" governaria o mercado. Na escola fisiocrata a base económica é a produção agrícola, ou seja, um liberalismo agrário, onde a sociedade estava dividida em três classes: a classe produtiva, formada por agricultores, a classe estéril, que engloba todos os que trabalham fora da agricultura (indústria, comércio e profissões liberais) e a classe dos proprietários de terrenos agrícolas, soberanos e feudais. A classe produtiva garantia a produção de meios de subsistência e matérias- primas. Com o dinheiro obtido, pagavam a renda dos terrenos, os impostos ao estado, os dízimos e compravam ainda produtos da classe estéril, obtidos na indústria. Como as outras classes tinham necessidade de comprar meios de subsistência e matérias-primas, esse dinheiro voltava à classe produtiva, ou seja, 3 voltava ao seu ponto de partida e o produto ter-se-ia dividido entre todas as classes, assegurando o consumo de todos. Para os fisiocratas, a classe dos lavradores era a classe produtiva, porque o trabalho agrícola era o único que produzia um excedente, isto é, produzia além das suas necessidades. Este excedente era comercializado, o que garantia um rendimento para toda a sociedade. Pelo contrário, na indústria, o valor produzido era gasto pelos operários e industriais, não criando portanto, um excedente e consequentemente não garantia rendimentos. O Estado limitava-se a garantir a propriedade e a liberdade económica, não devendo intervir no mercado. Era o "laissez-faire, laissez-passer", (deixar fazer, deixar passar), pois existia uma "ordem natural" que regia as actividades económicas. Esta expressão refere-se a uma ideologia económica que surgiu no século XVIII, período do Iluminismo, através de Montesquieu que defendia a existência de mercado livre nas trocas comerciais internacionais, ao contrário do forte proteccionismo baseado em elevadas tarifas alfandegárias, típicas do período do mercantilismo. 2.1 François Quesnay François Quesnay (1694-1774), foi o fundador da escola fisiocrata e da primeira fase científica da economia, autor de livros como “Tableau Économique” que ainda hoje são inspiração para os economistas. Quesnay foi também autor de alguns princípios como o da filosofia social utilitarista, em que se deveria obter a máxima satisfação com o mínimo de esforço; o do harmonismo, não impedindo a existência do antagonismo das classes sociais, pois acreditava na compatibilidadeou complementaridade dos interesses pessoais numa sociedade competitiva; e o da teoria do capital, onde os empresários só poderiam começar o seu empreendimento possuindo já um certo capital acumulado, bem como os devidos equipamentos. No seu livro “Tableau Économique”, Quesnay representou um esquema do fluxo de bens e despesas entre as diferentes classes sociais que, para além de evidenciar a interdependência entre as actividades económicas, mostrou como a agricultura fornece um "produto líquido" que é repartido pela sociedade. Com o aparecimento da escola fisiocrata, surgiram duas ideias de grande relevância para o desenvolvimento do pensamento económico. A primeira diz que há uma ordem natural que rege todas as actividades económicas, sendo inútil criar leis à organização económica. A segunda refere-se à maior importância da agricultura sobre o comércio e a indústria, ou seja, a Terra é a fonte de todas as riquezas que mais tarde farão parte destes dois campos económicos. 4 3. ESCOLA CLÁSSICA (Fins do Séc. XVIII e início do séc. XIX) A base do pensamento da Escola Clássica é o liberalismo económico defendido pelos fisiocratas, cujo principal membro foi Adam Smith, o qual não acreditava na forma mercantilista de desenvolvimento económico, mas sim na concorrência que impulsiona o mercado e consequentemente faz girar a economia. A teoria clássica surgiu do estudo de como conseguir manter a ordem económica, através do liberalismo e da interpretação das inovações tecnológicas provenientes da Revolução Industrial. Todo o contexto da Escola Clássica foi influenciado pela Revolução Industrial, caracterizando-se pela procura do equilíbrio do mercado (oferta e procura), pelo ajuste de preços, pela não intervenção do estado na actividade económica, predominando a actuação da "ordem natural" e pela satisfação das necessidades humanas através da divisão do trabalho, que por sua vez pressupõe a força de trabalho em várias linhas de emprego. De acordo com o pensamento de Adam Smith, a economia não se deveria limitar aos metais preciosos e ao enriquecimento da nação, pois, segundo o mercantilismo, desta nação fazia parte apenas a nobreza, sendo que, a restante população estaria excluída dos benefícios provenientes das actividades económicas. A preocupação fundamental era a de elevar o nível de vida de todo o povo. Na sua obra “Wealth of Nations” (Riqueza das Nações), Adam Smith estabelece princípios para a análise do valor, dos lucros, dos juros, da divisão do trabalho e das rendas das terras, para além de desenvolver teorias sobre o crescimento económico, ou seja, sobre a causa da riqueza das nações, a intervenção do estado, a distribuição dos lucros, a formação e a aplicação do capital. Alguns críticos de Smith afirmam que ele não foi original nas suas obras, devido ao seu método, que se caracteriza por percorrer caminhos já trilhados, procurando segurança na utilização de elementos já existentes. No entanto, sabe-se que as suas obras foram grandiosas para o desenvolvimento do pensamento económico, devido à sua clareza e ao espírito equilibrado. 3.1 Adam Smith (1723-1790) Filósofo, teórico e economista, nascido na Escócia em 1723 dedicou-se quase que exclusivamente à instrução. É considerado o pai da Economia Política Clássica Liberal. O seu pensamento filosófico e económico encontra-se basicamente na “Teoria dos Sentimentos Morais” (1759) e na “Riqueza das Nações” (1776), respectivamente. Os críticos dessas duas importantes obras de Smith afirmam haver um paradoxo entre ambas: na “Teoria dos Sentimentos Morais”, Smith teria como sustentação da sua concepção ética o lado simpático da natureza humana, enquanto que na “Riqueza das Nações” realça a ideia do homem movido pelo egoísmo, constituindo-se este, na força impulsionadora do comportamento humano, crítica essa repudiada e apontada como um falso problema, não havendo descontinuidade de uma obra para a outra. 5 As ideias liberais de Adam Smith, na “Riqueza das Nações” aparecem, entre outras, na defesa da liberdade absoluta do comércio, que deve, não só ser mantida, como também incentivada pelas inegáveis vantagens para a prosperidade nacional. Ao Estado, caberá manter uma relação de subordinação entre os homens e por essa via, garantir o direito à propriedade. Para Adam Smith as classes dividem-se em: classe dos proprietários, classe dos trabalhadores que vivem de salários e classe dos patrões que vivem do lucro sobre o capital. A subordinação na sociedade deve-se a quatro factores: qualificações, idade, fortuna e origem, pressupondo este último fortuna antiga da família, que dava aos seus detentores mais prestígio e a autoridade da riqueza. Smith afirmava que a livre concorrência levaria a sociedade à perfeição uma vez que a procura do lucro máximo promove o bem-estar da comunidade. Smith defendia a não intervenção do Estado na economia, ou seja o liberalismo económico. 3.2 Thomas Malthus (1766 – 1834) Thomas Malthus tentou colocar a economia em sólidas bases empíricas. Para ele o excesso populacional era a causa de todos os males da sociedade. A sua fama decorre dos estudos sobre a população, contidos em dois livros conhecidos como Primeiro Ensaio e Segundo Ensaio. Ambos têm como princípio fundamental a hipótese de que as populações humanas crescem em progressão geométrica. Malthus estudou possibilidades de restringir esse crescimento, pois os meios de subsistência poderiam crescer somente em progressão aritmética. Segundo ele, esse crescimento populacional é limitado pelo aumento da mortalidade e por todas as restrições ao nascimento decorrentes da miséria e do vício. 3.3 David Ricardo (1772 – 1823) David Ricardo é considerado um dos principais representantes da economia política clássica, exerceu uma grande influência tanto nos economistas neoclássicos como nos economistas marxistas, o que revela sua importância para o desenvolvimento da ciência económica. Os temas presentes nas suas obras incluem a teoria do valor-trabalho na qual traça uma relação entre o trabalho e o seu respectivo valor monetário; a teoria da distribuição, que relaciona os lucro e os salários; o comércio internacional e temas monetários. 6 3.4 John Stuart Mill (1806 – 1873) John Stuart Mill foi um filósofo e economista inglês, um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX. Foi um defensor do utilitarismo e introduziu na economia preocupações de “justiça social”. Mill ficou horrorizado com o facto de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga feminina à de outros grupos de desprovidos. 3.5 Jean Baptist Say (1768 – 1832) Jean Baptist Say deu especial atenção ao empresário e ao lucro; subordinou o problema das trocas directamente à produção, tornando-se conhecida na concepção de que a oferta cria a procura equivalente, ou seja, o aumento da produção transforma-se em ganhos para trabalhadores e empresários, que por sua vez seriam gastos na compra de outras mercadorias e serviços. Say convicto de que o capitalismo se ajustara sempre às crises, formulou a Lei de Say que diz que "a oferta cria sua própria procura". Partindo do pressuposto de que o mecanismo da economia funciona de modo perfeito e harmonioso, que tudo se governa de modo eficiente e subtil, o todo não é problema e apenas as partes mereciam estudo e atenção. Foi o economista francês Jean Baptist Say que deu formulação definitiva a esta corrente de ideias na sua célebre “Lei dos Mercados”, a qual depois se transformou em dogma indiscutível e aceite sem restrições. De acordo com esta Lei, a superprodução é impossível, pois as forças do mercado operam de maneira tal, que a produção cria a sua própria procura.Nestas condições os ganhos criados pelo processo produtivo serão fortemente gastos na compra desta mesma produção. 3.6 Críticas de Say a Adam Smith Say recusa-se a acreditar que a produção deve analisar-se como o processo pelo qual o homem prepara o objecto para o consumo. Segundo Say, a produção realiza-se através do concurso de 3 elementos, o trabalho, o capital e os agentes naturais. Tal como Smith, Say considera o Mercado essencial, o que se verifica facilmente quando afirma que os salários, os lucros e as rendas são preços de serviços, sendo determinados pelo jogo da oferta e da procura no mercado desses factores. Adam Smith defendia que o trabalho produtivo era aquele que era executado com vista à fabricação de um objecto material. Contrariamente, Say defende que há distinção entre trabalho produtivo e trabalho não produtivo, afirmando que "todos 7 aqueles que fornecem uma verdadeira utilidade em troca dos seus salários são produtivos". 3.7 Crítica de Keynes às Teorias Clássicas O ponto em que Keynes se baseou para contestar os clássicos foi que, o trabalhador prefere sempre trabalhar a não trabalhar e que está interessado sobretudo em manter o seu salário, o que significa que está sujeito ao fenómeno que este chamou de “ilusão monetária”. A rigidez do salário, decorre da resistência do trabalhador em aceitar reduções (em relação aos trabalhadores de outro ramo industrial) no seu salário nominal, porque percebem que a sua situação relativa sofreu uma deterioração, não sendo este o caso do salário real, porque a sua queda afecta por igual todos os trabalhadores, a não ser que essa queda seja excessivamente grande. Keynes achava que os trabalhadores, ao agirem dessa forma, revelavam-se mais racionais que os próprios economistas clássicos, os quais culpavam os trabalhadores pela situação de desemprego, pois estes recusavam-se a aceitar reduções no seu salário nominal. Nessa altura, Keynes só tinha dois caminhos, ou explicava o salário real e, a partir daí, determinava o nível de emprego, ou explicava primeiro o nível de emprego para depois chegar ao salário real. Keynes escolheu o segundo caminho, para ele não são os trabalhadores que controlam o emprego, mas sim a procura efectiva. Dessa maneira, a diminuição dos salários nominais não constitui estratégia eficaz para aumentar o emprego, uma vez que a manipulação da procura representava uma política muito mais inteligente. Nesse aspecto, Keynes modifica a estrutura clássica: “o emprego não é valorizado devido à redução dos salários reais, ... o que sucede é o inverso, os salários reais caem porque o emprego foi elevado mediante um aumento da procura”, portanto, os contractos entre patrões e empregados só determinam os salários nominais, enquanto que os salários reais são determinados por outras forças relacionadas com a procura associada e o emprego. 4. ESCOLA NEOCLÁSSICA (Fins do séc. XIX ao início do séc. XX) A partir de 1870 o pensamento económico passava por um período de incertezas perante teorias contrastantes (marxista, clássica e fisiocrata). Esse período conturbado só teve fim com o aparecimento da Escola Neoclássica, em que se modificaram os métodos de estudo económicos, através dos quais se procurou a racionalização e optimização dos recursos escassos. Conforme a Teoria Neoclássica, o homem saberia racionalizar e, portanto, equilibraria os seus ganhos e os seus gastos. É nela que se dá a consolidação do pensamento liberal. Doutrinava um sistema económico competitivo tendendo automaticamente para o equilíbrio, a um nível pleno de emprego dos factores de produção. 8 Pode-se dividir essa nova teoria em quatro importantes escolas: Escola de Viena ou Escola Psicológica Austríaca, Escola de Lausanne ou Escola Matemática, Escola de Cambridge e a Escola Neoclássica Sueca. A primeira destaca-se por formular uma nova teoria do valor, baseada na utilidade (teoria subjectiva do valor), ou seja, o valor do bem é determinado pela quantidade e utilidade do mesmo. Também chamada de Teoria do Equilíbrio Geral, a Escola de Lausanne, enfatizava a interdependência de todos os preços do sistema económico para manter o equilíbrio. A Teoria do Equilíbrio Parcial, Escola de Cambridge considerava que a economia era o estudo da actividade humana nos negócios económicos, portanto, a economia seria uma ciência do comportamento humano e não da riqueza. Por fim, a Escola Neoclássica Sueca que foi a responsável pela tentativa da integrar a análise monetária à análise real, o que mais tarde foi feito por Keynes. Em contraposição a Karl Marx, um importante neoclássico, Jevons, ponderava que o valor do trabalho deveria ser determinado pelo valor do produto e não o valor do produto determinado pelo valor do trabalho. Afinal, o produto dependerá da aceitação do preço pelo comprador para ser vendido. Com base em novos modelos teóricos, com novas concepções de conceitos sobre valor, trabalho, produção e outros, os neoclássicos dispuseram-se a rever toda a análise económica clássica. Várias obras foram escritas tendo por fim alcançar a cientificidade pura da economia. Alfred Marshall na sua obra “Síntese Neoclássica” tenta provar de que forma o livre funcionamento das relações comerciais, garantiriam a plena utilização dos factores de produção. A principal preocupação dos neoclássicos era o funcionamento de mercado e como chegar ao pleno emprego dos factores de produção, baseada no pensamento liberal. 4.1 Alfred Marshall (1842-1924) Alfred Marshall, um dos grandes fundadores da teoria Neoclássica no séc. XIX, no processo da sua construção, procurou apoiar-se em dois paradigmas da ciência que não se combinam confortavelmente: o mecânico e o evolucionário. Conforme o primeiro, a economia real é entendida como um sistema de elementos (consumidores e firmas) que permanecem idênticos a si mesmos, exteriores uns aos outros, e que estabelecem relações de trocas orientadas unicamente pelos preços. Estes últimos têm a função de equilibrar as ofertas e procuras que constituem os mercados. Na economia como num sistema mecânico é preciso notar que todo movimento é reversível e nenhum envolve qualquer mudança qualitativa. Conforme o segundo, a economia real é compreendida como um sistema em permanente processo de auto-organização que apresenta propriedades emergentes. Os elementos do sistema evolucionário podem transformar-se no tempo, influenciando-se uns aos outros, relacionando-se entre si de várias formas, as quais também podem mudar. Ao contrário do que ocorre no sistema mecânico, neste último o movimento acompanha a flecha do tempo e os acontecimentos são irrevogáveis. 9 Para Marshal é preciso seguir o caminho da evolução, que actualmente e através dos avanços tecnológicos, o computador permite o desenvolvimento de modelos com base em dinâmicas complexas. 4.2 Críticas de Samuels ao Neoclassicismo Embora Samuels pense que existia uma certa suplementariedade entre ambos, com notáveis contribuições dos últimos quanto ao funcionamento do mercado, para os institucionalistas, a principal falha do pensamento neoclássico está no “individualismo metodológico”, que consiste em tratar indivíduos como independentes, auto-subsistentes e com as suas preferências definidas, enquanto que, na realidade, os indivíduos são cultural e reciprocamente interdependentes, o que implica analisar o mercado do ponto de vista do “colectivismo metodológico”. A oposição ao “individualismo metodológico” dá-se porque o mesmo assenta em motivos que falseiam a complexa, dinâmica e interactiva realidade económica, que pouco tem a ver com a racionalidade optimizada do equilíbrio. Ao criticar a natureza estática dos problemas e modelos neoclássicos, reafirmam a importância em resgatara natureza dinâmica e evolutiva da economia. 5. PENSAMENTO MARXISTA A principal reacção política e ideológica ao classicismo foi feita pelos socialistas, mais precisamente por Karl Marx e Frederic Engels. Estes criticavam a "ordem natural" e a "harmonia de interesses", pois existia concentração de riqueza e exploração do trabalho. O pensamento de Marx não se restringe unicamente ao campo da economia, mas abrange, também, a filosofia, a sociologia e a história. Preconizava a queda da ordem capitalista e a inserção do socialismo. Convém esclarecer que Marx não foi o fundador do socialismo, pois a formação deste já se tinha iniciado durante os períodos citados, tendo por início a obra "A República", onde Platão demonstra sinais de ideologia socialista. No entanto, as obras anteriores de Karl Marx, estiveram destituídas de sentido prático e nada mais fizeram do que contrapor-se às práticas comerciais realizadas na época. Em contraposição aos clássicos, Marx assegurava que erraram ao afirmar que a estabilidade e o crescimento económico seria efeito da ordem natural e explica que "as forças que criaram essa ordem procuram estabilizá-la, ocultando o crescimento de novas forças que ameaçam destrui-la, até que se afirmem e realizem as suas aspirações". Ao afirmar que "o valor da força de trabalho é determinado, como no caso de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho da produção, e consequentemente a reprodução, desse artigo em especial", Marx modificou a análise do valor-trabalho (teoria objectiva do valor). Desenvolveu a teoria da mais-valia (exploração do trabalho), que é a origem do lucro capitalista, de acordo com o pensamento marxista, analisou as crises económicas, a distribuição da renda e a acumulação de capital. 10 No decorrer da evolução do pensamento económico, Marx exerceu grande impacto e provocou importantes transformações com a publicação de duas conhecidas obras: “Manifesto Comunista” e “Das Kapital”. Segundo a sua doutrina, a industrialização vinha acompanhada de efeitos nefastos à classe operária, tais como, baixo padrão de vida, longa jornada de trabalho, salários reduzidos e ausência de legislação do trabalho. 5.1. Teoria da mais valia Marx afirmava que a força do trabalho era transformada em mercadoria e o seu valor corresponde ao socialismo necessário. Na realidade, o que o trabalhador recebe é o salário de subsistência, que é o mínimo que assegura a manutenção e reprodução do trabalho. Mas, apesar de receber um salário, o trabalhador acaba por criar um valor acrescentado durante o processo de produção, ou seja, fornece mais do que aquilo que custa, é a essa diferença que Marx chama de mais valia. A mais valia não pode ser considerada um roubo, pois é apenas fruto da sociedade privada dos meios de produção, no entanto, os capitalistas e os proprietários procuram aumentar os seus rendimentos diminuindo o rendimento dos trabalhadores, esta é a situação de exploração da força de trabalho pelo capital que Marx mais critica. Marx critica a essência do Capitalismo, que reside precisamente na exploração da força de trabalho pelo produtor capitalista, e que segundo Marx, um dia haverá de levar à Revolução Social. 6. O KEYNESIANISMO (Década de 1930) Quando a doutrina clássica não se mostrava suficiente diante de novos factos económicos, surgiu o economista inglês John Maynard Keynes que, com as suas obras, promoveu uma revolução na doutrina económica, opondo-se, principalmente, ao marxismo e ao classicismo, substituindo os estudos clássicos por uma nova maneira de raciocinar na economia, além de fazer uma análise económica reestabelecedora do contacto com a realidade. Os seus objectivos eram de, principalmente, explicar as flutuações económicas ou flutuações de mercado e o desemprego generalizado, ou seja, o estudo do desemprego numa economia de mercado. Opondo-se ao pensamento marxista, Keynes acreditava que o capitalismo poderia ser mantido, desde que fossem feitas reformas significativas, pois este mostrou-se incompatível com a manutenção do pleno emprego e da estabilidade económica, recebendo muitas críticas dos socialistas no que se refere ao aumento da inflação, ao estabelecimento da uma lei única de consumo e ignorando as diferenças das classes. Por outro lado, algumas de suas ideias foram agregadas ao pensamento 11 socialista, como por exemplo, a política do pleno emprego e a do direcionamento dos investimentos. Keynes defendia a intervenção moderada do Estado, afirmava que não havia razão para o socialismo do Estado, pois não seria a posse dos meios de produção que resolveria os problemas sociais. Ao Estado competia incentivar o aumento dos meios de produção e a boa remuneração de seus detentores. Roy Harrod acreditava que Keynes tinha três talentos que poucos economistas possuíam, a lógica, só assim se pôde transformar num grande especialista na teoria pura da Economia; a técnica de escrever lúcida e convincentemente e um senso realista de como as coisas se realizavam na prática. As suas obras estimularam o desenvolvimento de estudos não só no campo económico, mas também nas áreas da contabilidade e da estatística. Na evolução do pensamento económico, até agora, não houve nenhuma obra que provocasse tanto impacto quanto a teoria geral do emprego, do juro e da moeda de Keynes. O pensamento Keynesiano deixou algumas tendências que prevalecem até hoje no nosso actual sistema económico, entre as principais, os grandes modelos macroeconómicos, o intervencionismo moderado do estado e a revolução matemática da ciência económica. Os Keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento de salários e preços mas, a partir da década de 60, os índices de inflação foram acelerados de forma alarmante. A partir do final da década de 70, os economistas tem adoptado argumentos monetários em detrimento daqueles propostos pela doutrina Keynesiana, mas as recessões em escala mundial, das décadas de 80 e 90, reflectem os postulados da política económica de Jonh Maynard Keynes. 12 7. CONCLUSÃO Seriam necessárias muito mais palavras para fazer uma abordagem mais completa do pensamento económico ao longo dos tempos. O pensamento esteve ao longo dos tempos imputado a várias escolas e autores. No entanto, o toque aqui feito, mesmo que ligeiro nas várias teorias, serve de ponto de partida a curiosos que queiram aprofundar mais estes assuntos. Está subjacente ao pensamento económico o pensamento politico, sendo várias as diferenças nos ideais entre escolas, que realçam as diferenças entre esquerda e direita, entre estado e mercado. É certo que as escolas não terminarão por aqui, o mundo evolui a cada segundo, o poder do estado confunde-se com o mercado, o centro é cada vez mais a ideologia das massas e a globalização leva a que muitos economistas, políticos e filósofos debatam a evolução do mundo e a criação de novas escolas e pensamentos económicos. 13 8. BIBLIOGRAFIA [[11]].. Neves, João Luís César (2000), Introdução à Economia, 5ª Edição, Ed. Verbo, Lisboa [[22]].. d’Economie, Traité [[33]].. http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia#A_evolu.C3.A7.C3.A3o_da_economia_com o_ci.C3.AAncia [[44]].. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiocracia [[55]].. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Quesnay [[66]].. http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_keynesiana [[77]].. http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo[[88]].. http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/ [[99]].. http://www.gestiopolis.com/recursos/documentos/fulldocs/eco/keynespensamento.h tm [[1100]]..http://www.economiabr.net/economia/1_hpe.html [[1111]]..http://www.economiabr.net/economia/1_conceitos2.html
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