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AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DANºVARA CÍVEL DA COMARCA DECIDADE, CEARÁ
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS C/ PEDIDO LIMINAR EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
NOME DO REQUERENTE,QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE, vem, com todo respeito,por intermédio do Defensor Público abaixo subscrito, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 4º, II, 273, 282, 461, todos do Código Buzaid c/c artigos 4º, I, 6º, IV, VI, VIII 7º, 14, 17, 27, 34, 39, III, IV, VI, 42 § único, todos do Códigode Defesa do Consumidor, além de outros cânones aplicáveis à espécie, propor, como de fato propõe, a presenteAÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO LIMINAR EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELAem face deNOME DO RÉU,QUALIFICAÇÃO DO RÉU, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir.
PRELIMINARMENTE
Requer os benefícios da justiça gratuita, em razão de estar sendo assistido(a) pela Defensoria Pública, por ser pobre na forma da lei, conforme dispositivos insertos na Lei Federal 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas na Lei Federal 7.115/83, bem como em atendimento ao preceito constitucional, na esfera federal, da Lei Complementar Federal nº 80/94, reformada pela Lei Complementar Federal nº132/2009 e, estadual, por meio da Lei Complementar Estadual nº. 06/97, tudo por apego á égidesemântica prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988.
SINOPSE FÁTICA
DESCRIÇÃO DOS FATOS
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Qualquer travamentonegocial deve cumprir, fielmente, todos os planos contratuais descritos pelo saudoso Pontes de Miranda, quais sejam: a existência, onde o negócio jurídico pressupõe elementos mínimos para sua validade: agente, vontade, objeto e forma, pois, senão, torna-oinexistente; a validade (artigo 104 CCB) e a eficácia, ou seja, os elementos relativos à suspensão e resolução dos direitos e deveres dos contratantes.
Por sua vez, os requisitos de existência do negócio jurídico são os seus elementos estruturais, entre eles a declaração de vontade, a finalidade negocial e a idoneidade do objeto. Se faltar um desses elementos o negócio jurídico deixa de existir.
Nesse diapasão, lecionam os civilistas que a vontade é a mola propulsora dos negócios jurídicos e é imprescindível que se exteriorize. Essa vontade deve ser manifestada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica. Se essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o ato jurídico torna-se suscetível de nulidade ou anulação.
Obtemperao artigo 4°,inciso I do Código de Ritos Civil, ipsis literis:
O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I – da existência ou inexistência de relação jurídica (destacamos).
Registre-se, nesta ansa, decisões favoráveis do STJ sobre ações semelhantes:
“A ação declaratória é admissível na espécie, para se declarar a inexistência de débito, já que a autora não é e nunca foi devedora da quantia informada pela ré quando da negativação indevida de seu nome junto ao SCPC.” (Ac. 1ª Seção do STJ no CC 52.431-PB, Rel. Min. Luiz Fux, j. 22.03.06 - grifamos).
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS - JUNTADA DE TÍTULOS DE CRÉDITOS (CHEQUES) PELA REQUERIDA EM MOMENTO POSTERIOR À CONTESTAÇÃO - ACÓRDÃO EM HARMONIA COM O ENTENDIMENTO DO STJ - AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO - APLICAÇÃO DE MULTA - 1- É possível a juntada de documento em momento posterior à contestação, desde que inexista a intenção de surpreender, causando tumulto e insegurança ao Juízo, oqual, verificando a necessidade e conveniência da juntada do documento, deve admiti-la. Precedentes. 2- Agravo regimental não provido. Aplicação de multa. (STJ - AgRg-REsp 916.480 - (2007/0006837-2) - Rel. Min. Luis Felipe Salomão - DJe 21.03.2012 - p. 670)
No mesmo sentido, são as decisões a seguir do TJCE, ex textus:
APELAÇÃO CÍVEL - DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - NÃO COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO - NEGATIVAÇÃO DE NOME - INADIMPLÊNCIA COMPROVADA - EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO. (TJCE - Ap 718359-15.2000.8.06.0001/1 - Rel. Des. Jucid Peixoto do Amaral - DJe 09.05.2012 - p. 42)
DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - INSCRIÇÃO EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO - DANO MORAL CARACTERIZADO - CONSTRANGIMENTO CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO DEVIDA - REDUÇÃODO VALOR FIXADO - 1- No caso, ação declaratória de inexistência de débito c/c reparação de danos por inscrição indevida do nome do autor nos cadastros de restrição ao crédito. (...). (TJCE - AC 0110370-26.2008.8.06.0001 - 4ªC.Cív. - Relª Maria Iracema Martins do Vale - DJe 21.03.2012 - p. 42)
Celebrado um contrato, com exceção das que forem judicialmente consideradas abusivas ou leoninas, suas cláusulas passam a ser consideradas disposições ou regras entre as partes, devendo ser, para aquele negócio jurídico, devidamente observadas.
No magistério do induvidoso jurisconsulto Caio Mário da Silva Pereira:
"Contrato é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos", ou sinteticamente, é o "acordo de vontades com a finalidade de produzir efeitos jurídicos". (Instituições de Direito Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. v. III. p. 2).
Segundo os ensinamentos da professora Cláudia Lima Marques, a força obrigatória tem como fundamento absoluto a vontade das partes. Conforme a jurista:
"Uma vez manifestada esta vontade, as partes ficariam ligadas por um vínculo, donde nasceriam obrigações e direitos para cada um dos participantes, força obrigatória esta, reconhecida pelo direito e tutelada judicialmente". (apud Nelson Zunino Neto in Pacta Sunt Servanda x Rebus Sic Stantibus: uma breve abordagem. Santa Catarina. 10.08.1999).
Ora, Excelência, é comezinho nas práticas comerciais que as cláusulas contratuais devem ser cumpridas, desde que válidas. É a aplicação do brocardo latino pacta sunt servanda, que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional.
Entretanto, essa autonomia da vontade, por vezes, não é absoluta, pois que é limitada por princípios que regulam o trato comercial. Neste sentido, vejamos o que dispõe o artigo 422 do NCCB, ipsis verbis:
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão docontrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa fé.”
Dessarte, a quebra desses deveres principiológicos gera uma violação contratual e, consequentemente, a responsabilização civil do infrator por falta do dever de lealdade e probidade.
Sabe-se que a boa-fé é um princípio normativo que exige uma conduta das partes com honestidade, correção e lealdade. O princípio da boa-fé, assim, diz que todos devem guardar fidelidade à palavra dada e não frustrar ou abusar da confiança que deve imperar entre as partes.
Nas palavras de Tereza Negreiros:
“O princípio da boa-fé, como resultante necessária de uma ordenação solidária das relações intersubjetivas, patrimoniais ou não, projetada pela Constituição, configura-se muito mais do que como fatorde compreensão da autonomia provada, como um parâmetro para a sua funcionalização à dignidade da pessoa humana, em todas as suas dimensões.” (Fundamentos para uma Interpretação Constitucional do Princípio da Boa-Fé, Ed. Renovar, Rio de Janeiro, 1998, pág.222-223).
No caso sub judice, a atitude promovida pelo banco requerido vetoriza-se em um ato ilícito, visto que não teve o cuidado necessário para, antes de negativar a requerente, averiguar a veracidade das informações que lhe foram repassadas, inclusive permitindo a manifestação desta última, redundando em cobrança de dívida já paga. Neste sentido, vejamos o magistério do inolvidável Orlando Gomes: 
“Ato ilícito é a ação ou omissão culposa com a qual se infringe direta e imediatamente um preceito jurídico do direito privado, causando-se dano a outrem” (GOMES, Orlando. Introdução ao direitocivil. Rio de Janeiro, Forense, 1987, pág. 314).
Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um dever e a imputação de um resultado. E a consequênciado ato ilícito é a obrigação deindenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final do artigo 927 do NCCB, in verbis:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
O conceito legal de atoilícito, por sua vez, está insculpido no artigo 186 do NCCB, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Com efeito, a consequência jurídica do ato ilícito praticado pelo banco requerido é, portanto, o dever de ressarcir os danos que causou– e ainda causa - à requerente, por conta de seus atos desastrosos, que culminaram em cobrança indevida de débito e inscriçãoindevida nos cadastros pejorativos. Trata-se de negligência em não verificar a veracidade das informações.
Analisando a responsabilidade civil das instituições financeiras, tem-se que, pelos danos causados aos seus prepostos (empregados), respondem elas na forma da legislação específica em vigor, segundo os princípios que regem o acidente de trabalho. Assim, em se tratando de acidente de trabalho, sem prejuízo da verba previdenciária, poderá ser ajuizada ação de responsabilidade civil em face do empregador.
Em face dos seus clientes, por sua vez, não se tem dúvida de ser o banco parte de uma relação de consumo, de maneira que o seu cliente é reputado consumidor. Já em face de terceiros, a situação é mais complexa. Entende-se, no caso, que se deve aplicar anorma contida no parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, que admite responsabilidade civil objetiva, em função do risco da atividade habitualmente exercida. Vejamo-lo:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ouquando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (grifamos).
Nesse sentido, responsabilizando a instituição financeira por dano causado a terceiros, já há jurisprudência no próprio Superior Tribunal de Justiça, in literis:
RESPONSABILIDADE CIVIL. CHEQUE. TALONARIO SOB A GUARDA DO BANCO. FURTO. LEGITIMIDADE DO BANCO. INOCORRENCIA DE VIOLAÇÃO DA LEI FEDERAL. DISSIDIO NÃO DEMONSTRADO. PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO.
I - PODE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RESPONDER PELOS DANOS SOFRIDOS POR COMERCIANTE, QUANDO ESSE, TOMANDO TODAS AS PRECAUÇÕES,RECEBE CHEQUE COMO FORMA DE PAGAMENTO, POSTERIORMENTE DEVOLVIDO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA POR SER DE TALONARIO FURTADO DE DENTRO DE UMA DAS SUAS AGENCIAS.
II - PARA CARACTERIZAÇÃO DO DISSIDIO, NECESSARIO O COTEJO ANALITICO DAS BASES FATICAS QUE SUSTENTAM AS TESES EM CONFLITO.
(STJ, Acórdão RESP 56502 / MG - Relator Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data da Decisão 04/03/1997 - Órgão Julgador QUARTA TURMA)
RESPONSABILIDADE CIVIL. BANCO. ABERTURA DE CONTA. DOCUMENTOS DE TERCEIRO. ENTREGA DE TALONARIO. LEGITIMIDADE ATIVA. GERENTE DE SUPERMERCADO.
1. FALTA DE DILIGENCIA DO BANCO NA ABERTURA DE CONTAS E ENTREGA DE TALONARIO A PESSOA QUE SE APRESENTA COM DOCUMENTOS DE IDENTIDADE DE TERCEIROS, PERDIDOS OU EXTRAVIADOS. RECONHECIDA A CULPA DO ESTABELECIMENTO BANCARIO, RESPONDE ELE PELO PREJUIZO CAUSADO AO COMERCIANTE, PELA UTILIZAÇÃO DOS CHEQUES PARA PAGAMENTO DE MERCADORIA.
2. O GERENTE DO SUPERMERCADO, QUE RESPONDE PELOS CHEQUES DEVOLVIDOS, ESTA LEGITIMADO A PROPOR A AÇÃODE INDENIZAÇÃO. RECURSO NÃO CONHECIDO.
(STJ, Acórdão RESP 47335 / SP - Relator Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, Data da Decisão 29/11/1994 - Órgão Julgador QUARTA TURMA)
No mesmo sentido, vejamos decisão do TJCE, ex textus:
RESPONSABILIDADE CIVIL. RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. ILÍCITO ATRIBUÍDO A TERCEIRO. CASO FORTUITO INTERNO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A empresa ré, em razão do risco da própria atividade econômica que exerce, responde pela inscrição indevida do nome da apelada em cadastros restritivos, mesmo se resultante de fraude atribuída aterceiros. 2. "[...] INSCRIÇÃO INDEVIDA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. [...] A jurisprudência deste Pretório está consolidada no sentido de que, na concepção moderna do ressarcimento por dano moral, prevalece a responsabilização do agente por força do simples fato da violação." (STJ. REsp 851522/SP, Relator Min. CESAR ASFOR ROCHA, 4ª TURMA, DJ 29/06/2007). 3. Agravo Interno não provido. (TJCE – Agravo - Regimental 1145955200380600001 - Relator(a): LINCOLN TAVARES DANTAS Órgão julgador: 4ª Câmara Cível Data do julgamento: 30/04/2010 Data de registro: 12/05/2010 ).
De mais a mais, dispõe o artigo 932 do NCCB o seguinte:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
(...)
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
Sobre tal disciplina, assim disserta o inolvidável jurisconsulto Pablo Stolze Gagliano:
“Em nosso entendimento, com a utilização do advérbio “também” no seu caput (Art. 932. Sãotambém responsáveis pela reparação civil...) a lei estabeleceu uma forma de solidariedade passiva, oportunizandoà vítima exigir a reparação civil diretamente do responsável legal.” (ob. cit. pág. 152).
“Não se trata de uma novidade no sistema, mas, sim,da consagração da idéia de que se deve propugnar sempre pela mais ampla reparabilidade dos danos causados, não permitindo que aqueles que usufruem dos benefícios da atividade não respondam também pelos danos causados por ela.” (ob. cit. pág. 249).
Trazendo os fatos para as normas do CDC, tem-se que é inequívoca a responsabilidade do banco requerido no caso em apreço, pois seu objeto encontra-se sob o pálio do Código de Defesa do Consumidor, notadamente em seu artigo 6º, incisos IV e VI, que assim se expressam:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(...)
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; (grifamos)
Destarte, os bancos e as instituições financeiras, a partir do momento em que apresentem seus produtos e serviços aosconsumidores, se enquadram como fornecedores, devendo, portanto, seus contratos serem redigidos pelo Código Consumerista.
No caso em apreço, a falta de diligência do banco requerido configura vício de qualidade por insegurança do serviço nos termos do art.14 da Lei do Consumidor, adiante colacionado:
Art. 14 - O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aosconsumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (grifamos)
Trata-se de responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor pelo serviço defeituoso, sejam estes de ordem material ou moral. Essa falha na prestação do serviço ocorre devido a não observância do dever de cuidado. Deste modo, os fornecedores de serviços respondem independentemente de culpa (presumida em razão do dever de qualidade adequação e segurança dos serviços colocados no mercado de consumo, e do dever deagir segundo a boa-fé objetiva), pelos danos causados na prestação dos seus serviços.
Nesse sentido, é o magistério de CAVALIERI FILHO, in literis:
“Pela teoria do risco do empreendimento, todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercadode consumo tem o dever de responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. Este dever é imanente ao dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como aos critériosde lealdade, quer perante os bens e serviços ofertados, quer perante os destinatários dessas ofertas. A responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, estocar, distribuir e comercializar produtos ou executar determinados serviços.O fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviços que oferece no mercado de consumo, respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos”. (Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 422)
No caso sub judice, houve inobservância de regra comezinha no mundo jurídico, qual seja, a de somente cobrar quando o celebrante estiver em mora, sob pena de incidência de repetição de indébito em dobro e reparação pelos danos causados. A responsabilidade do fornecedor, assim, segundo as regras do CDC, é objetiva.
Com efeito, na forma prescrita no § 3º do art. 14 do CDC, para ilidir a responsabilidade do fornecedor de serviços, o mesmo tem que provar, alternativamente: a) que o defeito inexiste; b) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Trazendo-se tal preceito para o caso em querela, observa-se que nenhuma das alíneas pode ser aplicada, visto que o defeito existiu, consubstanciado na cobrança indevida de débito e a inscrição ilegal nos cadastros pejorativos de créditos, bem como não há qualquer culpa da requerente ou de terceiros no evento danoso, haja vista que a requerente foi vítima de ação desidiosa do banco réu.
“É do banco a responsabilidade pelo pagamento do saldo de fundo mútuo de investimento feito a quem se apresentou comprocuração falsa, se não demonstrada a culpa exclusiva ou concorrente do depositante.”(STJ, REsp 267.651-0, 4ª T, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, RSTJ 146/60). 
“Segundo a doutrina e a jurisprudência do STJ, o fato de terceiro só atua como excludente daresponsabilidade quando tal fato for inevitável e imprevisível. O roubo do talonário de cheques durante o transporte por empresa contratada pelo banco não constitui causa excludente da sua responsabilidade, pois trata-se de caso fortuito interno. Se o banco envia talões de cheques para seus clientes, por intermédio de empresa terceirizada, deve assumir todos os riscos com tal atividade. O ônus da prova das excludentes da responsabilidade do fornecedor de serviços, previstas no art. 14, § 3º, do CDC, é do fornecedor, por força do art. 12, , § 3º, também do CDC.”(STJ, REsp. 685.662/RJ, 3ª T, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJU 05.12.2005, p. 323 - grifamos).
Não basta, portanto, que o fato de terceiro seja inevitável para excluir a responsabilidade do fornecedor,é indispensável que seja também imprevisível. Assim, por exemplo, se determinado fornecedor admite a concessão de crédito por telefone ou internet, sem conferir a documentação necessária, assume todos os riscos do empreendimento.
De salientar, ainda, os ditames insertos no artigo 34 do CDC:
Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus propostos ou representantes autônomos.
A propósito, a doutrina e jurisprudência são vozes uníssonas para aresponsabilizaçãoque se quer implementar, pois se o fornecedor necessita de prepostos para comercializar o seu produto ou o serviço, torna-se automaticamente corresponsável pelos atos por ele praticados. Vejamos: 
“A voz do representante, mesmo o autônomo, é a voz do fornecedor e, por isso mesmo, o obriga.” (ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELOS E BENJAMIN, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado Pelos Autores do Anteprojeto, 2, Ed. Forense Universitária, p. 162).
“O fornecedor deve assumir total responsabilidade pelos atos praticados por seus prepostos, representantes autônomos ou terceirizados, resguardando-se o seu direito de regresso em face de quem deu causa ao dano sofrido pelo consumidor.” (JOSÉ LUIZ TORO DA SILVA, Noções de Direito do Consumidor, Ed. Síntese,p. 47).
“A solidariedade do fornecedor perante os atos de seus prepostos (agentes, corretores, empregados, comissionistas, divulgadores etc), ainda que sejam eles representantes autônomos, é proclamada materialmente pelo artigo 34 do CDC.” (HÉLIO ZAGHETTOGAMA, Curso de Direito do Consumidor, 2. Ed. Forense, p. 103).
Com efeito, não resta dúvida de que o banco demandado deve pagar por erro de seus prepostos, à semelhança do que já ficou demonstrado no artigo 932, inciso III do NCCB. Enfim, a prática adotada pelo réu, que se pretende ver reconhecida como abusiva, pode ser enquadrada, ainda, na hipótese prevista no inciso V do artigo 39 do CDC, que dispõe:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
[...]
V -exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
Finalmente, destaque-se o disposto no artigo 42 do CDC:
Art. 42 - Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não seráexposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único - O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro ao que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. (destacamos).
De ressaltar, finalmente o disposto na Lei 10.820, de 17.12.2003, in literis:
Art. 5o O empregador será o responsável pelas informações prestadas, pela retenção dos valores devidos e pelo repasse às instituições consignatárias, o qual deverá ser realizado até o quinto dia útil após a data de pagamento, ao mutuário, de sua remuneração mensal.
§ 1o O empregador, salvo disposição contratual em sentido contrário, não será co-responsável pelo pagamento dos empréstimos, financiamentos e arrendamentos concedidos aos mutuários, mas responderá sempre, como devedor principal e solidário, perante a instituição consignatária, por valores a ela devidos, em razão de contratações por ele confirmadas na forma desta Lei e seu regulamento, que deixarem, por sua falhaou culpa, de serem retidos ou repassados.
§ 2o Na hipótese de comprovação de que o pagamento mensal do empréstimo, financiamento ou arrendamento foi descontado do mutuário e não foi repassado pelo empregador à instituição consignatária, fica ela proibidade incluir o nome do mutuário em qualquer cadastro de inadimplentes.
Portanto, Excelência, indubitável é a responsabilidade do banco requerido pela ação desidiosa que culminou em cobrança de débito inexistente e a inscrição do nome da requerente nos cadastros restritivos de créditos, pelo que vem se socorrer do Poder Judiciário, a fim de garantir a efetividade de seus direitos.
DO DANO MORAL
No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X, normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de previsão inserida no Título dos Direitos eGarantias Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali referidos são cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.
A concessão dos danos morais tem por escopo proporcionar ao lesado meios para aliviar sua angústia e sentimentos atingidos. In casu, a falta de cumprimento contratual pela empresa requerida, nas condições em que os fatos ocorreram, enseja indenização por dano moral, que se traduz em uma forma de se amenizar a dor e o sofrimento do requerente, afetado que ficou em sua dignidade, sendocerto que se é verdade que não há como mensurar tal sofrimento, menos exato não é que a indenização pode vir a abrandar ou mesmo aquietar a dor aguda.
A indenização por danos morais, como registra a boa doutrina e a jurisprudência, há de ser fixada tendoem vista dois pressupostos fundamentais, a saber: a proporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá em face do dano sofrido pela parte ofendida, de forma a assegurar-se a reparação pelos danos morais experimentados, bem como a observância do caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o adequado exame das circunstâncias do caso, da capacidadeeconômica do ofensor e a exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de decorrer da condenação.
Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Sílvio de Salvo Venosa em sua obra sobre responsabilidade civil:
"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Aocontrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada." (Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p.206).
Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri Filho:
“...o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode haverdor, sofrimento, vexame sem violação da dignidade....a reação química da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma agressão à sua dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil, 10ª edição, Atlas, 2012, São Paulo, pág.89).
A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar a dor no sentido literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória. Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que o requerente e sua família vêm sofrendo.
Com relação à prova do dano extracontratual, está bastante dilargado na doutrina e na jurisprudência que o danomoral existe tão-somente pela ofensa sofrida e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização, não devendo ser simbólica, mas efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do autor, e, também, do porte empresarial da ré. É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a defesa de que, para a existência do dano moral, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a violação de um direito constitucionalmente previsto.
Trata-se do denominado Dano Moral Puro, o qual se esgota na próprialesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos Ve X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral, senão vejamos:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Sobre o assunto, disserta Cavalieri Filho, in literis:
“...o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, detal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural...” (Ob. cit. pág.97).
E ainda disserta o ilustre magistrado:
A reparação por dano moral não pode constituir de estímulo, se insignificante, àmanutenção de práticas que agridam e violem direitos do consumidor. Verificada a sua ocorrência, não pode o julgador fugir à responsabilidade de aplicar a lei, em toda a sua extensão e profundidade, com o rigor necessário, para restringir e até eliminar, oproveito econômico obtido pelo fornecedor com a sua conduta ilícita. A previsão de indenizações módicas ou simbólicas não pode ser incorporada `a planilha de custos dos fornecedores, como risco de suas atividades (ob. cit. pág.105).
Para o caso em apreço, assim têm se comportado a jurisprudência do STJ e do STF, senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. OMISSÃO DO JULGADO. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL.INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO.
(...)
2. A inscrição sem a prévia comunicação ao devedor é irregular e configura dano moral.
3. A quantia fixada não se revela excessiva, considerando-se os parâmetros adotados por este Tribunal Superior, que preleciona ser razoável a condenaçãoem 50 (cinqüenta) salários mínimos por indenização decorrente de inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito. Precedentes.
Recurso a que se nega provimento.
(STJ - AgRg no Ag 1089374 / PE - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - 2008/0191892-9 Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO - Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA - Data do Julgamento 09/11/2010 Data da Publicação/Fonte DJe 12/11/2010 ) inovados). 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE CPF NO CADIN. REPARAÇÃO DE DANOS. ART. 37, § 6º, DA CF/88. FATOS E PROVAS. SÚMULA STF 279. 1. Acórdão recorrido fundado no fato de que, "não tendo a União logrado comprovar qualquer das hipóteses que ensejam o afastamento de sua responsabilidade - a saber a ocorrência de caso fortuito ou força maior, ou, ainda, a culpa exclusiva da vítima - cabe-lhe responder pelos danos que seus agentes, diretos ou indiretos, nessa condição causaram ao cidadão". 2. Incidência da Súmula STF 279 para aferir alegada ofensa ao artigo 37, § 6º, da Constituição Federal - responsabilidade objetiva do Estado. Precedentes. 3. Inexistência de argumento capaz de infirmar o entendimento adotado pela decisão agravada. 4. Agravo regimental improvido. (STF - RE 539401 AgR / BA – BAHIA - AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE - Julgamento:  26/05/2009 - Órgão Julgador:  Segunda Turma).
No mesmo sentido é o entendimento do Egrégio TJCE:
RESPONSABILIDADE CIVIL. RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. ILÍCITO ATRIBUÍDO A TERCEIRO. CASO FORTUITO INTERNO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A empresa ré, em razão do risco da própria atividade econômica que exerce, responde pela inscrição indevida do nome da apelada em cadastros restritivos,mesmo se resultante de fraude atribuída a terceiros. 2. "[...] INSCRIÇÃO INDEVIDA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. [...] A jurisprudência deste Pretório está consolidada no sentido de que, na concepção moderna do ressarcimento por dano moral, prevalece a responsabilização do agente por força do simples fato da violação." (STJ. REsp 851522/SP, Relator Min. CESAR ASFOR ROCHA, 4ª TURMA, DJ 29/06/2007). 3. Agravo Interno não provido. (TJCE - Agravo Regimental 1145955200380600001 - Relator(a): LINCOLN TAVARES DANTAS - Órgão julgador: 4ª Câmara Cível - Data do julgamento: 30/04/2010).
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO - EXTRAVIO DE CARTÃO DE CRÉDITO - UTILIZAÇÃO FRAUDULENTA - OMISSÃO NA CONFERÊNCIA DA ASSINATURA POR OCASIÃO DA VENDA - INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES - APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR DE SERVIÇOS - ABUSIVIDADE DA CLÁUSULA CONTRATUAL QUE TRANSFERE A RESPONSABILIDADE PORCOMPRAS EFETUADAS POR TERCEIROS AO TITULAR DO CARTÃO, ATÉ O MOMENTO DA COMUNICAÇÃO DO EXTRAVIO - DANO MORAL IN RE IPSA - DEVER DE INDENIZAR - (TJCE - Apelação 79095327200080600011 - Relator(a): MARIA NAILDE PINHEIRO NOGUEIRA - Órgão julgador: 2ª Câmara Cível - Data do julgamento: 20/04/2010).
Doutro lado, os parâmetros judiciais para o arbitramento do quantum indenizatório são delineados pelo prudente arbítrio do julgador, haja vista que o legislador não ousou, através de norma genérica e abstrata,pré-tarifar a dor de quem quer que seja. Por esse raciocínio, ao arbitrar o quantum da indenização, deve o magistrado levar emconta "a posição social do ofendido, a condição econômica do ofensor, a intensidade do ânimo em ofender e a repercussão da ofensa", conforme orientação jurisprudencial.
Coerente se faz a doutrina que indica que além de respeitar os princípios da equidade e da razoabilidade, deve o critério de ressarcibilidade do dano moral considerar alguns elementos como: a gravidade e extensão do dano,a reincidência do ofensor, a posição profissional e social do ofendido e as condições financeiras do ofendido e ofensor. Apenas para supedanear a decisão meritória, o parâmetro que entende razoável o requerente é o de que o valor não deverá ser abaixo detrinta (30) salários mínimos.
Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que o requerente sofreu e ainda vem sofrendo, sendo, pois, parâmetro que se revela justo para, primeiro, compensar o autor pela dor sofrida, sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento ilícito, e, segundo, servir como medida pedagógica e inibidora admoestando o plano peticionado pela prática do ato ilícito em evidência.
DA TUTELA ANTECIPADA
A tutela pretendida na presente querela deverá ser concedida de forma antecipada, posto que o requerente preenche os requisitos do artigo 273 do CPC:
“O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida nopedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação”
Da mesma forma é a prescrição do CDC, ex textus:
Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigaçãoou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
[...]
§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda ehavendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao Juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4º - O Juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentementede pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
Ao comentar os requisitos para a concessão da tutela antecipada, o Professor Luiz Guilherme Marinoni assim disserta:
"É possívela concessão da tutela antecipatória não só quando o dano é apenas temido, mas igualmente quando o dano está sendo ou já foi produzido.
Nos casos em que o comportamento ilícito se caracteriza como atividade de natureza continuativa ou como pluralidade deatos suscetíveis de repetição, como, por exemplo, nas hipóteses de concorrência desleal ou de difusão notícias lesivas à personalidade individual, é possível ao juiz dar a tutela para inibir a continuação da atividade prejudicial ou para impedir a repetição do ato." (in "A Antecipação da Tutela na Reforma do Processo Civil", Ed. Malheiros, p. 57). 
Com efeito, a tutela antecipada se consolida na possibilidade de se anteciparem os efeitos do provimento final, quando presentes seus requisitos, a fim de não se proporcionarem mais prejuízos a quem tem um direito robusto e devidamente provado neste caderno processual.
A concessão de liminar assenta-se, portanto no artigo art. 273 do Código de Ritos Civil diante da verossimilhança da alegação e do receio de danoirreparável, visto que as provas trazidas à colação são robustas e estreme de dúvidas sobre o direito do(a) requerente, visto que alicerçadas na legislação própria e definidora dos contratos bancários, nos danos efetivamente ocorridos, em doutrinas inquestionáveis e em decisões uníssonas dos nossos tribunais pátrios.
A antecipação da tutela, portanto, tem como maior finalidade amparar a requerente até o julgamento definitivo, evitando-lhe maiores danos do que já tem sustentado. Logo, na conformidade da redação legal, o requerente faz jus à concessão da tutela antecipatória, uma vez que preenche todos os requisitos por ela exigidos: prova inequívoca dos fatos e dano irreparável.
O reconhecimento do periculum in mora evidencia-se no direito subjetivo da autora em reaver seu poder de compra, pois, na situação atual, sempre dependerá de outrem para prover-lhe comercialmente, haja vista sua inscrição indevida em cadastros pejorativos. Assim, o diferimento da pretensão preambular poderá acrescer mais danos aos que estão sendo suportados atualmente pelo requerente, agredido que está em sua própria dignidade.
Incontestável, ainda, a absoluta reversibilidade da medida que se pede. Acaso no decorrer da lide se mostrem relevantes motivos jurídicos em contraposição aos agora apresentados, a questão poderá ser revista ou modificada segundo entendimento do Juiz.
Quanto ao fumus boni juris, presente se faz, às escâncaras, evidente razoabilidade das alegações da promovente. Pelo que foi exposto, há um iniludível vulcão emerupção de verdade na redação fática externada pela autora, bem como prova material robusta e apta ao acolhimento da tutela pretendida.
As provas inequívocas, capazes de convencer esse Preclaro Judicante da verossimilhança dos fatos aqui alegados estão também presentes, conforme farta documentação acostada a este caderno processual.
Destarte, a verossimilhança da alegação, ao lado da provainequívoca do direito buscado pelo requerente e do seu receio de dano maior e irreparável ao patrimônio familiar, trazem a esta querela o cumprimento integral da égide semântica prevista no artigo 273, caput e inciso I, do Código de Ritos Civil.
Por oportuno, ressalte-se que o fato de eventualmente o(a) requerente não ter providenciado, de imediato, todas as provas documentais capazes de trazer a esse Douto Judicante a certeza sobre os fatos narrados, não ilide a pretensão da mesma em requerê-lo, haja vista o status do direito perseguido nesta ação, que se identifica com aqueles que compõem o rol dos direitos fundamentais, visto que, em última análise, com concessão da tutela antecipatória, ter-se-á protegida a sua dignidade, dando o direito de o julgador aplicar o princípio da proporcionalidade nos casos em comento. 
Neste sentido, dissertou o festejado Ministro Sálviode Figueiredo em sua recente obra:
“As exigências de prova inequívoca e reversibilidade do provimento devem ser interpretadas cum grano salis e com observância do princípio da proporcionalidade” (in CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO, SALVIO DE FIGUEIREDOTEIXEIRA, 7ª EDIÇÃO,2003)
Destaque-se, nesta ansa, decisão recente do nosso Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, ex textus:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO CONCESSIVA DE TUTELA ANTECIPADA - PRESENÇA DOS REQUISITOS ENSEJADORES DO INSTITUTO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
I- Presentes os requisitos ensejadores da tutela antecipada, impõe-se o seu deferimento.
[...]
(AI 2002000146584 CE- 2ª Câmara Cível – Rel. Des. Gisela Nunes Costa - j.31.03.2004 - grifamos)
Assim, considerando-se os fatos aqui narrados e o prejuízo jáexperimentado pelo(a) requerente, o qual se encontra, até a presente data, tolhido(a) no seu direito de utilizar seu crédito no mercado, outra alternativa não há senão adiantar o resultado da sentença final, a fim de resguardar o direito irreprochável do mesmo nesta lide.
DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer, se digne Vossa Excelência de:
1) CONCEDER os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos moldes insertos em preliminar;
2) CONCEDER, initio litis, liminar emantecipação de tutela, nos termos do artigo 273 do CPC c/c artigo 84 do CDC, no sentido de determinar ao banco réu que proceda a imediata exclusão do nome da autora de todos os cadastros pejorativos de créditos, relativamente ao contrato sub judice, no valor deVALOR DO CONTRATO, sob pena de multa diária de um salário-mínimo (artigo 461, parágrafo 5º do CPC), advertindo-se aoréu, na oportunidade, de que nova inclusão relativamente ao mesmo CONTRATO incorrerá na incidência da mesma multa sobredita;
3) MANDAR CITAR, empós a concessão da liminar – certamente deferida – o banco promovido para, querendo, responder ao presente, sob as penas do artigo 319 do CPC;
4) CONCEDER a inversão do ônus da prova em favor da requerente, nos moldes entabulados pelo Código de Defesa do Consumidor, notadamente para determinar que o banco acionado faça juntar aos autos cópia fiel do contrato em lide;
5) Intimar o douto representante do Ministério Público, para acompanhar este feito até o final já que se trata de norma de interesse social conforme artigo 1º do CDC;
6) Provado quanto baste, julgar procedente a contenda, para o fimde, confirmando-se as liminares anteriormente concedidas:
6.1) DECLARAR a inexistência do débito em lide, em face das provas cabais arrecadadas aospresentes autos, as quais dão conta dos recolhimentos mensais das prestações no contracheque da autora;
6.2) DETERMINAR, de forma definitiva, a exclusão do nome da requerente de todos os cadastros pejorativos de créditos, por eventual débito cobrado pelainstituição financeira ré, em face do contrato em querela;
7) CONDENAR o banco requerido a pagar, a (o) requerente, uma indenização por danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira das partes e no grau e extensão do dano, o valor correspondente a 30 (trinta) salários mínimos, como parâmetro mínimo;
8) RECONHECER a mora do credor/fornecedor, em face de suas práticas abusivas, haja vista as normas do CDC serem de ordem pública;
9) CONDENAR, finalmente, o requerido no pagamento das verbas de sucumbência, na base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, os quais deverão ser revertidos à DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DO ESTADO DO CEARÁ .
Como a questão é somente de direito, não ensejando dilação probatória, s.m.j, requer o julgamento antecipado da lide, a teor do artigo 330, I do CPC.
Entretanto, acaso Vossa Excelência diferentemente entenda, protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, juntada de novos documentos, perícias, depoimentos pessoais e inquirição de testemunhas (oportunamente arroladas), tudo desde já requerido.
Dá à causa, para efeitos meramente processuais, o valor deVALORDA CAUSA.
Nesses termos.
Pede deferimento.
CIDADE,DIA DE MÊS DE ANO.
NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)
Defensor(a) Público(a)
Indicar Órgão de Atuação
Av. Pinto Bandeira, nº 1.111, Luciano Cavalcante, Fortaleza-CE
CEP 60.811-170, Fone: (85) 3101-3434

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