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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 1 1 – INTRODUO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO 1.1 - INTRODUO Em qualquer edificao moderna, encontramos instalaes eltricas, eletrnicas e mec nicas que necessitam de alguma forma de aterramento, seja para uma proteo em caso de eventual falha de algum sistema, para dissipao de eletricidade esttica ou ainda protees contra descargas atmosfricas e surtos de manobras. Com o adensamento das construes e a utilizao cada vez mais intensa de equipamentos e mdias sensveis, torna-se imperativo realizar um bom aterramento das partes envolvidas. Se, por um lado, os materiais utilizados nos sistemas de aterramento pouco evoluram nas ltimas dcadas, dispomos agora de ferramentas de clculo muito mais eficientes - o paradoxo de que utilizamos os prprios computadores para calcular a melhor forma de proteg-los... Embora os requisitos de aterramento de cada equipamento ou edificao sejam diferentes, alguns princpios so universais, assim como uma boa parte dos problemas. Se conseguirmos equacionar ambos - princpios e problemas - j teremos encaminhado boa parte da soluo. Os objetivos principais do aterramento so: Obter uma resistncia de aterramento a mais baixa possvel, para correntes de falta terra; Manter os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro de limites de segurana de modo a no causar fibrilao do corao humano; Fazer que equipamentos de proteo sejam mais sensibilizados e isolem rapidamente as falhas terra; Proporcionar um caminho de escoamento para terra de descargas atmosfricas; Usar a terra como retorno de corrente no sistema MRT; Escoar as cargas estticas geradas nas carcaas dos equipamentos. Existem vrias maneiras para aterrar um sistema eltrico, que vo desde uma simples haste, passando por placas de formas e tamanhos diversos, chegando s mais complicadas configuraes de cabos enterrados no solo. Sem dvida, o maior problema refere-se ao solo, com suas inconsistncias, heterogeneidades e ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 2 anisotropias, bem como a variao sazonal de suas propriedades. No h segredo, e as frmulas existentes no so mgicas: trata-se de realizar um modelo matemtico que consiga aproximar-se satisfatoriamente do resultado fsico. Quanto esse satisfatrio? Depende do rigor dos objetivos almejados, bem como dos dados disponveis; pode ser que 5% de erro seja ruim ou que 20 % a seja bom. Alis, como todo o livro far referncias a erros relativos e, como o termo erro, em portugus, tem uma conotao pejorativa - o que no nossa inteno aqui - vamos, de agora em diante, substituir erro por desvio. Outro problema bastante grave o cultural: como os procedimentos mais precisos para o dimensionamento de aterramentos requerem capacitao profissional, houve uma disseminao de dois tipos negativos de projetistas: o preguioso e o "mgico". Tambm no aspecto cultural pode-se incluir outros problemas, como a falta de fluncia dos profissionais brasileiros em outras lnguas, onde se encontra a maior parte das publicaes srias no gnero. Alguns erros (aqui so erros mesmo, no desvios) que temos encontrado nas instalaes de aterramento verificadas so realmente primrios, como utilizar hastes profundas para solos com segunda camada de resistividade maior que a primeira, ou outras variaes do mesmo tema, como cravar dezenas de hastes. 1.2 - RESISTIVIDADE DO SOLO O solo o meio no qual ficaro imersos os eletrodos de aterramentos, de forma que suas propriedades eltricas sero determinantes para o dimensionamento destes eletrodos. Como estaremos preocupados com a conduo de corrente pelo solo, a propriedade relevante ser a resistividade, que indicar uma maior ou menor resistncia passagem da corrente eltrica. Vrios fatores influenciam na resistividade do solo. Entre eles, pode-se ressaltar: tipo de solo; mistura, de diversos tipos de solo; ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 3 solos constitudos por camadas estratificadas com profundidades e materiais diferentes; teor de umidade; temperatura; compactao e presso; composio qumica dos sais dissolvidos na gua retida; concentrao de sais dissolvidos na gua retida. As diversas combinaes acima resultam em solos com caractersticas diferentes e, consequentemente, com valores de resistividade distintos. Assim, solos aparentemente iguais tem resistividade diferentes. Para ilustrar, a Tabela 1.2.1 mostra a variao da resistividade para solos de naturezas distintas. TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE (.m) Terra de jardim com 50% de umidade 5 a 100 Terra de jardim com 20 % de umidade 140 Argila seca 1500 a 5000 Argila com 40 % de umidade 80 Argila com 20 % de umidade 330 Areia molhada 1300 Areia seca 3000 a 8000 Calcrio compactado 1000 a 8000 Granito 1500 a 10000 Tabela 1.2.1: Tipo de solo e respectiva resistividade 1.3 - A INFLUNCIA DA UMIDADE A resistividade do solo sofre alteraes com a umidade. Esta variao ocorre em virtude da conduo de cargas eltricas no mesmo ser predominantemente inica. Uma percentagem de umidade maior faz com que os sais, presentes no solo, se dissolvam, formando um meio eletroltico favorvel passagem da corrente inica. Assim, um solo especfico, com concentrao diferente de umidade, apresenta uma ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 4 grande variao na sua resistividade. A Tabela 1.3.1 mostra a variao da resistividade com a umidade de um solo arenoso. ndice de Umidade (% por peso) Resistividade( .m) (solo arenoso) 0,0 10.000.000 2,5 1.500 5,0 430 10,0 185 15,0 105 20,0 63 30,0 42 Tabela 1.3.1: Resistividade de um solo arenoso com concentrao de umidade A resistividade bastante sensvel ao teor de umidade do solo at um valor de 20%; aumentar a umidade acima deste valor provocar variaes na resistividade conforme observado na figura 1.3.1 (NBR-7117). Figura 1.3.1: x Umidade percentual solo arenoso Conclui-se, portanto, que o valor da resistividade do solo acompanha de perodos de seca e chuva de uma regio. Os aterramentos melhoram a sua qualidade com solo mido, e pioram no perodo de seca. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 5 1.4 - A INFLUNCIA DA TEMPERATURA Para um solo arenoso, mantendo-se todas as demais caractersticas e variando-se a temperatura, a sua resistividade comporta-se de acordo com a Tabela 1.4.1. Temperatura ( C) Resistividade ( .m) (solo arenoso) 20 72 10 99 0 (gua) 138 0 (gelo) 300 - 5 790 - 15 3.300 Tabela 1.4.1: variao da Resistividade Com a Temperatura Para o Solo Arenoso De uma maneira genrica, a performance de um determinado solo submetido variao da temperatura pode ser expressa pela curva da figura 1.4.1. A partir do mnimo, com o decrscimo da temperatura, e a conseqente contrao e aglutinao da gua, produzida uma disperso nas ligaes inicas entre os gr nulos de terra no solo, e que resulta num maior valor da resistividade. Observe que no ponto de temperatura 0C (gua), a curva sofre descontinuidade, aumentando o valor da resistividade no ponto 0C (gelo). Isto devido ao fato de ocorrer uma mudana brusca no estado da ligao entre os gr nulos que formam a concentrao eletroltica. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 6 Figura 1.4.1: x Temperatura Com um maiordecrscimo na temperatura h uma concentrao no estado molecular tornando o solo mais seco, aumentando assim a sua resistividade. J no outro extremo, com temperaturas elevadas, prximas de 100 C, o estado de vaporizao deixa o solo mais seco, com a formao de bolhas internas, dificultando a conduo da corrente, conseqentemente, elevando o valor da sua resistividade. 1.5 - A INFLUNCIA DA ESTRATIFICAO Os solos, na sua grande maioria, no so homogneos, mas formados por diversas camadas de resistividade e profundidade diferentes. Essas camadas, devido formao geolgica, so em geral horizontais e paralelas superfcie do solo. Existem casos em que as camadas apresentam inclinadas e at verticais, devido a falha geolgica. Entretanto, os estudos apresentados para pesquisa do perfil do solo as consideram aproximadamente horizontais, uma vez que outros casos so menos tpicos, principalmente no exato local da instalao da subestao, da a necessidade de introduzir o modelo de estratificao da resistividade do solo. So diversos os mtodos existentes para se estratificar o solo, ou seja, definir ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 7 as camadas, sua profundidade e resistividade respectivas. Dos mais conhecidos podemos citar o mtodo de Pirson, Yokogawa, Tagg e ainda o Simplificado. Somente para ilustrar, os mtodos de Pirson e de Tagg so basicamente analticos e embora menos rpidos, por sua natureza apresentam maior grau de preciso. O mtodo Yokogawa utiliza procedimentos grficos e seu grau de preciso pode ser considerado satisfatrio: J o mtodo simplificado permite a estratificao do solo em apenas duas camadas e s oferece resultados precisos para determinados tipos de solo. Como resultado da variao da resistividade das camadas do solo, tem-se a variao da disperso de corrente. A figura 1.5.1 apresenta o comportamento dos fluxos de disperso de correntes em um solo heterogneo, em torno do aterramento. Figura 1.5.1: Estratificao do solo em duas camadas As linhas pontilhadas so as superfcies equipotenciais. As linhas cheias so as correntes eltricas fluindo no solo. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 8 1.6 - LIGAO TERRA Quando ocorre um curto-circuito envolvendo a terra, espera-se que a corrente seja elevada para que a proteo possa operar e atuar com fidelidade e preciso, eliminando o defeito o mais rpido possvel. Durante o tempo em que a proteo ainda no atuou, a corrente de defeito que escoa pelo solo, gera potenciais distintos nas massas metlicas e superfcie do solo. Portanto, procura-se efetuar uma adequada ligao dos equipamentos eltricos terra, para se ter o melhor aterramento possvel, dentro das condies do solo, de modo que a proteo seja sensibilizada e os potenciais de toque e passo fiquem abaixo dos limites crticos da fibrilao ventricular do corao humano. A maneira de prover a ligao ntima com a terra ligar os equipamentos e massas a um sistema de aterramento conveniente. 1.7 - SISTEMAS DE ATERRAMENTO Toda e qualquer instalao eltrica de alta e baixa tenses, para funcionar com desempenho satisfatrio, e ser suficientemente segura contra riscos de acidentes fatais, deve possuir um sistema de aterramento dimensionado adequadamente para as condies de cada projeto. O sistema de aterramento visa: Segurana de atuao da proteo. Escoamento de cargas estticas. Baixas resistncias de aterramento. Proteo da instalao contra descargas atmosfricas. Proteo do indivduo contra contatos com partes metlicas da instalao energizadas acidentalmente. Uniformizao do potencial em toda rea do projeto, prevenindo contra leses perigosas que possam surgir durante uma falta fase e terra. Os diversos tipos de sistemas de aterramento devem ser realizados de modo a garantir a melhor ligao com a terra. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 9 0s tipos principais so: uma simples haste cravada no solo; hastes alinhadas; hastes em tri ngulo; hastes em quadrado; hastes em crculos; placas de material condutor enterradas no solo; fios ou cabos enterrados no solo, formando diversas configuraes, tais como: - extendido em vala comum; - em cruz; - em estrela; - quadriculados, formando uma malha de terra. 0 tipo de sistema de aterramento a ser adotado depende da import ncia do sistema de energia eltrica envolvido, do local e do custo. 0 sistema mais eficiente , evidentemente, a malha de terra. 1.8 - HASTES DE ATERRAMENTO constituda de uma haste de comprimento entre 1 a 3 m e cujo material pode ser de ao zincado ou de ao revestido solidamente com cobre. Existem, no mercado, vrios tipos de haste de terra, desde as hastes denominadas de efeito estvel, bem como aquelas de efeito din mico. As primeiras, desde que no sofram nenhum tipo de corroso, mantm o seu comportamento estvel, desde que tambm no haja variaes nas condies do solo. O segundo tipo, que tem geometria tubular, onde periodicamente injetada uma subst ncia especial, base de sais minerais para melhorar a condutividade do solo nas imediaes da haste, permite o controle da resistncia do aterramento ao longo dos anos. 0 material das hastes de aterramento deve ter as seguintes caractersticas: ser bom condutor de eletricidade; deve ser um material praticamente inerte s aes dos cidos e sais dissolvidos no ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 10 solo; o material deve sofrer a menor ao possvel da corroso galv nica; resistncia mec nica compatvel com a cravao e movimentao do solo. As melhores hastes so geralmente as cobreadas: Tipo Copperweld: uma barra de ao de seco circular onde o cobre fundido sobre a mesma; . Tipo Encamisado por Extruso: A alma de ao revestida por um tubo de cobre atravs do processo de extruso; Tipo Cadweld: O cobre , depositado eletroliticamente sobre a alma de ao. muito empregada tambm, com sucesso, a haste de cantoneira de ferro zincada. Figura 1.8.1: Elementos de uma malha de terra 1.9 - ATERRAMENTO Em termos de segurana, devem ser aterradas todas as partes metlicas que possam eventualmente ter contato com partes energizadas. Assim, um contato acidental de uma parte energizada com a massa metlica aterrada estabelecer um curto-circuito, provocando a atuao da proteo e interrompendo a ligao do circuito energizado com a massa. Os projetos de instalaes eltricas executados atualmente sempre indicam ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 11 um ponto de aterramento para a instalao. Dependendo do projeto, feita apenas a especificao de um valor em Ohm (), por exemplo: 10 , 5 ou algum outro valor que, por falta de uma melhor explicao, parece ser um capricho do projetista. Aterramento , essencialmente, uma conexo eltrica terra, onde o valor da resistncia de aterramento representa a eficcia desta ligao: quanto menor a resistncia, melhor o aterramento. A norma NBR 5410 estabelece vrias condies quanto ao aterramento, ou seja: a) As massas simultaneamente acessveis devem ser ligadas mesma rede de aterramento, individualmente, por grupo ou coletivamente. b) Em cada edificao, deve existir uma ligao equipotencial principal, reunindo os seguintes elementos: Condutor de proteo principal. Condutor de aterramento principal ou terminal de aterramento principal. Canalizaes metlicas de gua, gs eoutras utilidades. Colunas ascendentes de sistemas de aquecimento central ou de condicionamento de ar. Elementos metlicos da construo e outras estruturas metlicas. Cabos de telecomunicao, com concord ncia da empresa operadora. Eletrodo de aterramento do sistema de proteo contra descargas atmosfricas da edificao (pra-raios). Eletrodo de aterramento da antena externa de televiso. Figura 1.9.1: Utilizao do condutor de proteo ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 12 c) Quando os elementos anteriormente mencionados originarem-se do exterior da edificao, a sua conexo ligao equipotencial principal deve ser efetuada o mais prximo possvel do ponto em que penetram na edificao. d) Todo condutor isolado, cabo unipolar, ou veia de cabo multipolar utilizado como condutor neutro deve ser identificado conforme essa funo. No caso de identificao por cor, deve ser usada a cor azul-claro. e) Todo condutor isolado, ou cabo unipolar, ou veia de cabo multipolar utilizado como condutor de proteo (PE) deve ser identificado de acordo com sua funo. No caso de identificao por cor, deve ser usada a dupla colorao verde-amarelo, ou na falta desta, a cor verde (cores exclusivas da funo de proteo). f) Todo condutor isolado, cabo multipolar utilizado como condutor PEN, deve ser identificado de acordo com essa funo. Em caso de identificao por cor, deve ser usada a cor azul-claro, com anilhas verde-amarelo nos pontos visveis ou acessveis. J na indstria e no setor eltrico, uma anlise apurada e crtica deve ser feita nos equipamentos a serem aterrados, para se obter a melhor segurana possvel. Figura 1.9.2: Aterramento na barra de ferro de aterramento ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 13 1.10 - CLASSIFICAO DOS SISTEMAS DE BAIXA TENSO EM RELAO ALIMENTAO E DAS MASSAS EM RELAO TERRA A classificao feita por letras, como segue: Primeira Letra - Especifica a situao da alimentao em relao terra. T - A alimentao (lado fonte) tem um ponto diretamente aterrado; I - Isolao de todas as partes vivas da fonte de alimentao em relao terra ou aterramento de um ponto atravs de uma imped ncia elevada. Segunda Letra - Especifica a situao das massas (carcaas) das cargas ou equipamentos em relao terra. T - Massas aterradas com terra prprio, isto , independente da fonte; N - Massas ligadas ao ponto aterrado da fonte; I - Massa isolada, isto , no aterrada. Outras Letras - Forma de ligao do aterramento da massa do equipamento, usando o sistema de aterramento da fonte. S - Separado, isto , o aterramento da massa feito com um fio (PE) separado (distinto) do neutro; C - Comum, isto , o aterramento da massa do equipamento feito usando o fio neutro (PEN). Exemplo 1.10.1: Sistema de alimentao e consumidor do tipo TN-S. Figura 1.10.1: Sistema TN-S ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 14 Exemplo 1.10.2: Sistema tipo TN-C figura 1.10.2 Figura 1.10.2: Sistema TN-C Exemplo 1.10.3: Sistema TN-C-S - A fonte (alimentao) aterrada (T), o equipamento tem o seu aterramento que usa um fio separado (S) que, aps uma certa dist ncia, conectado ao fio neutro (C). Figura 1.10.3. Figura 1.10.3: Sistema TN-C-S Exemplo 1.10.4: Sistema TT - A fonte aterrada (T) e a massa metlica da carga tem um terra separado e prprio (T). figura 1.10.4. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 15 Figura 1.10.4: Sistema TT Exemplo 1.10.5: Sistema IT - A fonte no esta aterrada (I) ou aterrada por uma imped ncia considervel e a massa do equipamento da carga tem terra prprio (T). Figura 1.10.5: Sistema IT ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 16 1.11 - PROJETO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO 0 objetivo aterrar todos os pontos, massas, equipamentos ao sistema de aterramento que se pretende dimensionar. Para projetar adequadamente o sistema de aterramento deve-se seguir as seguintes etapas: a) Definir o local de aterramento; b) Providenciar vrias medies no local; c) Fazer a estratificao do solo nas suas respectivas camadas; d) Definir o tipo de sistema de aterramento desejado; e) Calcular a resistividade aparente do solo para o respectivo sistema de aterramento; f ) Dimensionar o sistema de aterramento, levando em conta a sensibilidade dos rels e os limites de segurana pessoal, isto , da fibrilao ventricular do corao. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 17 2 - MEDIO DA RESISTIVIDADE DO SOLO 2.1 - INTRODUO Sero especificamente abordadas, neste captulo, as caractersticas da prtica da medio da resistividade do solo de um local virgem. Os mtodos de medio so resultados da anlise de caractersticas prticas das equaes de Maxwell do eletromagnetismo, aplicadas ao solo. Na curva x a, levantada pela medio, est fundamentada toda a arte e criatividade dos mtodos de estratificao do solo, o que permite a elaborao do projeto do sistema de aterramento. 2.2 – RESISTIVIDADE DO SOLO A primeira informao necessria para a elaborao de um projeto de aterramento o valor da resistividade do solo. Quando temos uma segunda camada com resistividade mais baixa - caso tpico quando da existncia de um lenol fretico, a vantagem est na utilizao de hastes mais profundas; ao contrrio, quando temos uma camada de solo bom sobre rocha, ser preferencial utilizar uma malha horizontal. O caso mais crtico aqui o de antenas de telecomunicao ou torres de linhas de transmisso instaladas no alto de montanhas rochosas, s vezes engastadas mesmo na rocha. No possvel cravar hastes, e descer com um cabo pela encosta do morro aumenta consideravelmente a imped ncia do sistema. Nesses casos, o melhor a fazer proceder a uma equalizao fina de todo o sistema e cavar valas horizontais para instalar eletrodos horizontais de baixa imped ncia, preenchendo depois essas valas com concreto. Quando temos um solo "cravvel", porm de pssima (elevada) resistividade, vimos freqentemente um erro clssico: cravar dezenas de hastes na tentativa de baixar a resistncia, o que, alm de no ocorrer acaba tambm aumentando a imped ncia. A melhor sada , ainda, o tratamento do solo, com gel ou mesmo ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 18 concreto. Conforme dito anteriormente, a resistividade do solo varia bastante de um local para outro e, as vezes, em pontos bem prximos verificam-se certas alteraes nos valores medidos. Mesmo assim, alguns autores preferem simplesmente fixar um terminado valor de e desenvolver os clculos normalmente. Encontra-se em diversas bibliografias - 100 (.m). 2.3 - LOCALIZAO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO A localizao do sistema de aterramento depende da posio estratgica ocupada pelos equipamentos eltricos importantes do sistema eltrico em questo. Cita-se, por exemplo, a localizao otimizada de uma subestao, que deve ser definida levando em considerao os seguintes itens: Centro geomtrico de cargas; Local com terreno disponvel; Terreno acessvel economicamente; Local seguro s inundaes; No comprometer a segurana da populao. O local escolhido para as medies dever ser sempre longe de reas sujeitas a interferncias, tais como: torres metlicas de transmisso e respectivos contrapesos, pontos de aterramento do sistema com neutro aterrado, torres de telecomunicao, solos comcondutores ou canalizaes metlicas, cercas aterradas, etc. Portanto, definida a localizao da subestao, fica definido o local da malha de terra. J na distribuio de energia eltrica, os aterramentos situam-se nos locais da instalao dos equipamentos tais como: transformador, religador, seccionalizador, regulador de tenso, chaves, etc. No sistema de distribuio com neutro multi- aterrado, o aterramento ser feito ao longo da linha a dist ncias relativamente constantes. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 19 O local do aterramento fica condicionado ao sistema de energia eltrica, ou, mais precisamente, aos elementos importantes do sistema. Escolhido preliminarmente o local, devem ser analisados novos itens, tais como: Estabilidade da pedologia do terreno; Possibilidade de inundaes a longo prazo; Medies locais. Havendo algum problema que possa comprometer o adequado perfil esperado do sistema de aterramento, deve-se, ento, escolher outro local. 2.4 - MEDI ES NO LOCAL Definido o local da instalao do sistema de aterramento, deve-se efetuar levantamento atravs de medies, para se obter as informaes necessrias elaborao do projeto. Um solo apresenta resistividade que depende do tamanho do sistema de aterramento. A disperso de correntes eltricas atinge camadas profundas com o aumento da rea envolvida pelo aterramento. Para se efetuar o projeto do sistema de aterramento deve-se conhecer a resistividade aparente que o solo apresenta para o especial aterramento pretendido. A resistividade do solo, que espelha suas caractersticas, , portanto, um dado fundamental e por isso, neste captulo, ser dada especial ateno sua determinao. 0 levantamento dos valores da resistividade feito atravs de medies em campo, utilizando-se mtodos de prospeco geoeltricos, dentre os quais, o mais conhecido e utilizado o Mtodo de Wenner. Devero ser tomadas as seguintes medidas de segurana relativas aos potenciais perigosos que podem aparecer prximos a sistemas de aterramento ou a estruturas condutoras aterradas passveis de serem energizadas acidentalmente: Utilizao de calados. Evitar a realizao de medies. sob condies atmosfricas adversas, tendo-se em vista a possibilidade de ocorrncia de descargas atmosfricas. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 20 No tocar nos eletrodos durante as medies e evitar que pessoas estranhas e animais se aproximem dos mesmos. Observaes: a) Os eletrodos devero ser cravados aproximadamente 20 cm no solo, ou at que apresentem resistncia mec nica de cravao aceitveis que defina uma resistncia hmica de contato . b) Os eletrodos devero estar sempre alinhados. c) As dist ncias entre os eletrodos devero ser sempre iguais. d) Os eletrodos devero estar isentos de xidos ou gorduras. e) Para um determinado espaamento entre eletrodos, ajustar o potencimetro e o multiplicador do megger at que o galvanmetro do aparelho indique "zero", com o equipamento ligado. f) Aps zerado o megger, anotar o valor de R obtido, na planilha de medies, para o espaamento entre eletrodos utilizados. g) Se o ponteiro do galvanmetro oscilar, significa que existe alguma interferncia. Neste caso dever ser deslocado o ponto de medio at ser eliminada ou minimizada a interferncia. h) Para meggers com terminal GROUND, este dever ser utilizado para minimizar as interferncias e, neste caso, dever ser interligado ao ponto A da figura 2.5.3, atravs de um eletrodo. i) Dever ser anotada a condio do solo (seco, mido, etc...). j) 0 croquis de locao dos pontos onde foram executadas medidas dever acompanhar os resultados, na planilha de medio. k) 0 valor da resistividade ser dado por: = 2..a. R (.m) (2.4.1) onde: a. = dist ncia entre os eletrodos (m) R = valor indicado no potencimetro do megger () l) 0 valor de resistividade obtido atravs da frmula (2.4.1) , com um determinado ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 21 espaamento entre eletrodos, o valor de resistividade do solo at a profundidade igual a esse espaamento. 2.5 - MTODO DE WENNER Para o levantamento da curva de resistividade do solo, no local do aterramento, pode-se empregar diversos mtodos, entre os quais: Mtodo de Wenner ; Mtodo de Lee; Mtodo de Schlumbeger - Palmer. Neste trabalho ser utilizado o Mtodo de Wenner. O mtodo usa quatro pontos alinhados, igualmente espaados, cravados a uma mesma profundidade. Figura 2.5.1 : Quatro hastes cravadas no solo. Uma corrente eltrica I injetada no ponto 1 pela primeira haste e coletada no ponto 4 pela ltima haste. Esta corrente, passando pelo solo entre os pontos 1 e 4, produz potencial nos pontos 2 e 3. 2222 )2()2( 1 2 1 )2( 11 42 paapaa IV (2.5.1) ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 22 Figura 2.5.2: Imagem do ponto 1 e 4 O potencial no ponto 3 : )2( 11 )2()2( 1 2 1 43 22 paapaa IV (2.5.2) Portanto, a diferena de potencial nos pontos 2 e 3 : 2222 3223 22 2 2 21 4 papaa IVVV (2.5.3) Fazendo a diviso da diferena de potencial V23 pela corrente I, teremos o valor da resistncia eltrica R do solo para uma profundidade aceitvel de penetrao da corrente I . Assim teremos: 2222 23 22 2 2 21 4 papaaI VR (2.5.4) A resistividade eltrica do solo dada por: ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 23 m pa a pa a aR . 22 2 2 21 4 2222 (2.5.5) O aparelho destinado a este fim o MEGGER e a montagem deve ser a mostrada a seguir: Figura 2.5.3: Mtodo de Wenner Na realidade o que est sendo medido o valor de R na profundidade igual a separao entre os eletrodos (a) conforme ficou provado em estudos realizados. conveniente que se use meggers com filtro para eliminao de interferncias. Estes meggers injetam correntes de freqncia diferente de 60 HZ, portanto, obtm-se resultados mais precisos. Os eletrodos utilizados devem possuir ponteira e ter 30 ou 40 cm de comprimento e di metro entre 10 e 15 mm. Devem ser preferencialmente de material no sujeito corroso e ter resistncia mec nica suficiente para resistir aos impactos da cravao. Os cabos de interligao devem ter isolao de acordo com o nvel de tenso do megger, flexibilidade e resistncia mec nica adequadas. Devem ser munidos de garra tipo jacar numa das extremidades, visando a facilidade de conexo aos ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 24 eletrodos. As duas hastes internas so ligadas nos terminais P1 e P2. Assim, o aparelho processa internamente e indica na leitura, o valor da resistncia eltrica, de acordo com a expresso 2.5.4. O mtodo considera que praticamente 58% da distribuio de corrente que passa entre as hastes externas ocorre a uma profundidade igual ao espaamento entre as hastes. Figura 2.5.4: Penetrao na profundidade “a” Os espaamentos a serem adotados entre os eletrodos dependem da dimenso do sistema de aterramento que se quer medir. A tabela a seguir d os arranjos das hastes normalmente utilizadas e os correspondentes espaamentos mnimos dos eletrodos de prova. Dados: Comprimento dashastes : 3 m Di metro da haste: 0,016 m Espaamento entre hastes: 3 m Notas: 1) Aterramentos de maiores dimenses exigiro espaamentos maiores que os indicados. 2) Podero ser usados espaamentos maiores que os indicados para cada aterramento, mantendo-se porm a relao de 61,8% entre as dist ncias. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 25 Tabela 2.5.1: Espaamento entre eletrodo de prova Muitas vezes, devido dimenso dos sistema de aterramento, os espaamentos requeridos para as hastes de prova sero enormes o que poder provocar problemas por falta de espao livre para executar a correta medio. Para estes casos, podero ser adotados espaamentos reduzidos de acordo com a tabela a seguir: ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 26 Tabela 2.5.2: Espaamento reduzido entre eletrodos de prova 2.6 - DIRE ES A SEREM MEDIDAS O nmero de direes em que as medidas devero ser levantadas depende: da import ncia do local do aterramento; da dimenso do sistema de aterramento; da variao acentuada nos valores medidos para os respectivos espaamentos. Para um nico ponto de aterramento, isto , para cada posio do aparelho, devem ser efetuadas medidas em trs direes, com ngulo de 60 entre si. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 27 Figura 2.6.1: Direes do ponto de medio Este o caso de sistema de aterramento pequeno, com um nico ponto de ligao a equipamentos tais como: regulador de tenso, religador, transformador, seccionalizador, TC, TP, chaves leo e a SF6, etc. No caso de subestaes deve-se efetuar medidas em vrios pontos, cobrindo toda a rea da malha pretendida. 0 ideal efetuar vrias medidas em pontos e direes diferentes. Mas se por algum motivo, deseja-se usar o mnimo de direes, ento, deve-se pelo menos efetuar as medies na direo indicada como segue: na direo da linha de alimentao; na direo do ponto de aterramento ao aterramento da fonte de alimentao. Feitas as medies, uma anlise dos resultados deve ser realizada para que os mesmos possam ser avaliados em relao a sua aceitao ou no. Esta avaliao feita da seguinte forma: 1 ) Calcular a mdia aritmtica dos valores da resistividade eltrica para cada espaamento adotado, Isto : n i jijM an a 1 1 ni qj ,1 ,1 (2.6.1) Onde: jM a Resistividade mdia para o respectivo espaamento aj n Nmero de medies efetuadas para o respectivo espaamento aj ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 28 ji a Valor da i-sima medio da resistividade com o espaamento aj q Nmero de espaamentos empregados 2) Proceder o clculo do desvio de cada medida em relao ao valor mdio como segue: jMji aa qj ni ,1 ,1 (2.6.2) Observao (a): Deve-se desprezar todos os valores da resistividade que tenham um desvio maior que 50% em relao a mdia, isto : jM jMji a aa * 100 50% qj ni ,1 ,1 (2.6.3) Observao (b): Se o valor da resistividade tiver o desvio abaixo de 50% o valor ser aceito como representativo. Observao (c): Se observada a ocorrncia de acentuado nmero de medidas com desvios acima de 50%, recomenda-se executar novas medidas na regio correspondente. Se a ocorrncia de desvios persistir, deve-se ento, considerar a rea como uma regio independente para efeito de modelagem. Com a nova tabela, efetua-se o clculo das mdias aritmticas das resistividades remanescentes. 3) Com as resistividades mdias para cada espaamento, tem-se ento os valores definitivos e representativos para traar a curva x a, necessria ao procedimento das aplicaes dos mtodos de estratificao do solo. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 29 3 – ESTRATIFICAO DO SOLO 3.1- INTRODUO Necessitamos do valor da resistividade do solo para o projeto de malhas de aterramento, devido aos requisitos de valores mximos para a resistncia da malha, tenso de passo e de toque. Conhecendo o valor da resistividade e as dimenses do eletrodo de aterramento, podemos calcular o valor da resistncia da malha e os potenciais de toque e de passo, desde que o solo seja uniforme, ou seja, o valor da resistividade no varia com a profundidade ou com a dist ncia horizontal do ponto de medio. Esta condio de uniformidade raramente verdadeira na prtica, da a necessidade de introduzir o modelo de estratificao da resistividade do solo, representando o solo por camadas, onde cada camada uniforme e tem um certo valor de resistividade e uma determinada espessura. Embora este modelo no seja uma representao perfeita do solo real, suficiente para os clculos de uma malha de aterramento. A quantidade de camadas utilizadas no modelo funo da preciso desejada para os clculos, caractersticas do solo real e disponibilidade de ferramentas matemticas que permitam calcular as grandezas de interesse. Para executar uma estratificao de solo necessrio fazer uma medio de campo dos valores da resistividade aparente. Medimos na prtica valores de resistncia em Ohms e calculamos o valor da resistividade aparente em Ohm.m. So diversos os mtodos existentes para se estratificar o solo, ou seja, definir as camadas, sua profundidade e resistividade respectivas. Dos mais conhecidos podemos citar o mtodo de Pirson, Yokogawa, Tagg e ainda o Simplificado. Somente para ilustrar, os mtodos de Pirson e de Tagg so basicamente analticos e embora menos rpidos, por sua natureza apresentam maior grau de preciso. O mtodo Yokogawa utiliza procedimentos grficos e seu grau de preciso ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 30 pode ser considerado satisfatrio: J o mtodo simplificado permite a estratificao do solo em apenas duas camadas e s oferece resultados precisos para determinados tipos de solo. 3.2 – MODELAGEM DO SOLO DE DUAS CAMADAS Usando as teorias do eletromagnetismo no solo com duas camadas horizontais, possvel desenvolver uma modelagem matemtica, que com o auxlio das medidas efetuadas pelo Mtodo de Wenner, possibilita encontrar a resistividade do solo da primeira e segunda camada, bem como sua respectiva profundidade. Uma corrente eltrica I entrando pelo ponto A, no solo de duas camadas da figura 3.2.1, gera potenciais na primeira camada, que deve satisfazer a equao 3.2.1, conhecida como Equao de Laplace. Figura 3.2.1: Solo em duas camadas 2 * V = 0 (3.2.1) V = Potencial na primeira camada do solo Desenvolvendo a Equao de Laplace relativamente ao potencial V de qualquer ponto p da primeira camada do solo, distanciado de “r” da fonte de corrente A, chega-se a seguinte expresso: ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 31 1 22 1 2 21 2 n n p nhr K r I V (3.2.2) Onde: Vp = o potencial de um ponto p qualquer da primeira camada em relao ao infinito. 1 = Resistividade da primeira camada h = Profundidade da primeira camada r = Dist ncia do ponto p fonte de corrente A K = Coeficiente de reflexo, definido por: 12 12 K (3.2.3) 2 = Resistividade da segunda camada Pela expresso 3.2.3, verifica-se que a variao do coeficiente de reflexo limitada entre -1 e +1. 11 K (3.2.4) Nesta configurao, a corrente eltricaI entra no solo pelo ponto A e retorna ao aparelho pelo ponto D. Os pontos B e C so os eletrodos de potencial. O potencial no ponto B, ser dado pela superposio da contribuio da corrente eltrica entrando em A e saindo por D. Usando a expresso 3.2.2, e efetuando a superposio, tem-se: 1 22 1 1 22 1 )2(2 2 2 1 2)2( 21 2 n n n n B nha K a I nha K a I V (3.2.5) ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 32 Figura 3.2.2: Configurao de Wenner no solo de duas camadas Fazendo a mesma considerao para o potencial do ponto C, tem-se: 1 )2()( 1 2 1 )2()2(2 1 2 2 1 2 1 22 n nha K a I n nha K a I c nnV (3.2.6) A diferena de potencial entre os pontos B e C dado por: VBC = VB - VC Substituindo-se as equaes correspondentes, obtm-se: 1 )2(4)2(12 22 1 41 n n K n K a I BC a h n a h nV (3.2.7) 1 )2(4)2(11 22 412 n n K n K I V a h n a h n BCa A relao VBC/I representa o valor da resistncia eltrica lida no aparelho Megger do esquema apresentado. Assim, ento: ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 33 1 )2(4)2(11 22 412 n n K n K a h n a h naR De acordo com a expresso 2.4.1, a resistividade eltrica do solo, para o espaamento “a” dada por = 2aR. Aps a substituio, obtm-se finalmente: 1 )2(4)2(1 221 )( 41 n n K n K a h n a h na (3.2.8) A expresso 3.2.8 fundamental na elaborao da estratificao do solo em duas camadas. 3.3 - MTODO DE ESTRATIFICAO DO SOLO DE DUAS CAMADAS Empregando estrategicamente a expresso 3.2.8 possvel obter alguns mtodos de estratificao do solo para duas camadas. Entre eles, o mais usados so: Mtodo de duas camadas usando curvas; Mtodo de duas camadas usando tcnicas de otimizao; Mtodo simplificado para estratificao do solo de duas camadas. A seguir, feita uma detalhada descrio de cada um desses mtodos. 3.4 - MTODO DE DUAS CAMADAS USANDO CURVAS Como j observado, a faixa de variao do coeficiente de reflexo K pequena, e est limitada entre -1 e +1. Pode-se ento, traar uma famlia de curvas de (a)/1 em funo de h/a para uma srie de valores de K negativos e positivos, cobrindo toda a sua faixa de variao. As curvas traadas para K variando na faixa ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 34 negativa, isto , curva (a) x a descendente, figura 3.4.1a, esto apresentada na figura 3.4.2. J as curvas obtidas da expresso 3.2.8 para a curva (a) x a segundo, figura 3.4.1b, isto , para K variando na faixa positiva, so mostradas na figura 3.4.3. Figura 3.4.1: curvas (a) x a descendente e ascendente Com base na famlia de curvas tericas das figuras 3.4.2 e 3.4.3, possvel estabelecer um mtodo que faz o casamento da curva (a) x a, medida por Wenner, com uma determinada curva particular. Esta curva particular caracterizada pelos respectivos valores de 1, K e h. Assim, estes valores so encontrados e a estratificao esta estabelecida. A seguir so apresentados os passos relativos ao procedimento deste mtodo: 1 passo: traar em um grfico a curva (a) x a obtida pelo mtodo de Wenner; 2 passo: Prolongar a curva (a) x a at cortar o eixo das ordenadas do grfico. Neste ponto, lido diretamente o valor de 1, isto , a resistividade da primeira camada. Para viabilizar este passo, recomenda-se fazer vrias leituras pelo mtodo de Wenner para pequenos espaamentos. Isto se justifica porque a penetrao desta corrente d-se predominantemente na primeira camada. 3 passo: Um valor de espaamento a1 escolhido arbitrariamente, e levado na curva ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 35 para obter-se o correspondente valor de (a1 ). 4 passo: Pelo comportamento da curva (a) x a, determina-se o sinal de K. Isto : Se a curva for descendente, o sinal de K negativo e efetua-se o clculo de (a1)/1. Se a curva for ascendente, o sinal de K positivo e efetua-se o clculo de 1/(a1). Figura 3.4.2: curvas para K negativos 5 passo: Com o valor de (a1)/1 ou 1/(a1) obtido, entra-se na curvas tericas correspondente e traa-se uma linha paralela ao eixo da abscissa. Esta reta corta curvas distintas de K. Proceder a leitura de todos os especficos K e h/a correspondentes. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 36 Figura 3.4.3: Curvas para K positivos 6 passo: Multiplica-se todos os valores de h/a encontrados no quinto passo pelo valor de a1 do terceiro passo. Assim, com o quinto e sexto passo, gera-se uma tabela com os valores correspondentes de K, h/a e h. 7 passo: Plota-se a curva K x h dos valores obtidos da tabela gerada no sexto passo. 8 passo: Um segundo valor de espaamento a2 a1 novamente escolhido, e todo o processo repetido, resultando numa nova curva K x h 9 passo: Plota-se esta nova curva K x h no mesmo grfico do stimo passo. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 37 10 passo: A interseo das duas curvas K x h num dado ponto resultar nos valores reais de K e h, e a estratificao estar definida. Exemplo 3.4.1 Efetuar a estratificao do solo pelo mtodo apresentado no item 3.3, correspondente srie de medidas feitas em campo pelo mtodo de Wenner, cujos dados esto na Tabela 3.4.1. Espaamento (m) Resistividade (.m) 1 684 2 611 4 415 6 294 8 237 16 189 32 182 Tabela 3.4.1: Valores de medio em campo A resoluo feita seguindo os passos recomendados. 1 passo: Na figura 3.4.4 est traada a curva (a) x a 2 passo: Prolongando-se a curva, obtm-se 1=700 .m 3 passo: escolhe-se a1 = 4m e obtm-se (a1) = 415 .m 4 passo: Como a curva (a) x a descendente, K negativo, ento calcula-se a relao: 593,0700415 )( 1 1 a ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 38 Figura 3.4.4: Curva (a) x a 5 passo: Como K negativo e com o valor 593,0 1 1)( a levado na famlia de curvas tericas da figura 3.4.2, procede-se a leitura dos respectivos K e a h . Assim, gera-se a Tabela 3.4.2 proposta no sexto passo. a1 = 4m 593,01 1 )( a K a h h[m] -0,1 - - -0,2 - - -0,3 0,263 1,052 -0,4 0,423 1,692 ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 39 -0,5 0,547 2,188 -0,6 0,625 2,500 -0,7 0,691 2,764 -0,8 0,752 3,008 -0,9 0,800 3,200 -1,0 0,846 3,384 Tabela 3.4.2: Valores do quinto e sexto passo 8 passo: Escolhe-se um outro espaamento a2 = 6m (a2) = 294 .m 42,0700294 )( 1 2 a Constri-se a Tabela 3.4.3. a1 = 6m 420,01 1)( a K a h h[m] -0,1 - - -0,2 - - -0,3 - - -0,4 - - -0,5 0,305 1,830 -0,6 0,421 2,526 -0,7 0,488 2,928 -0,8 0,558 3,348 -0,9 0,619 3,714 -1,0 0,663 3,978 Tabela 3.4.3: Valores do quinto e sexto passo ESCOLADE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 40 Figura 3.4.5: Curva h x K 9 passo: A Figura 3.4.5 apresenta o traado das duas curvas K x h obtidas da Tabela 3.4.2 e 3.4.3. 10 passo: A interseo ocorre em: K = -0,616 h = 2,574 m Usando a equao 3.2.3, obtm-se o valor de 2. 2 = 166,36 .m A figura 3.4.6 mostra o solo estratificado em duas camadas. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 41 Figura 3.4.6: Solo estratificado, soluo do exemplo 3.5 – MTODOS DE DUAS CAMADAS USANDO TCNICAS DE OTIMIZAO. 1 )2(4)2(11 22 41)( n n K n K a h n a h na (3.5.1) Pela expresso acima, para um especfico solo em duas camadas, h uma relao entre os espaamentos entre as hastes da configurao de Wenner e o respectivo valor de (a). Na prtica, pelos dados obtidos em campo, tem-se a relao de "a" e (a) medidos no aparelho. Os valores de (a) medidos e os obtidos pela frmula 3.5.1 devem ser os mesmos. Portanto, procura-se, pelas tcnicas de otimizao, obter o melhor solo estratificado em duas camadas, isto , obter os valores de 1, K e h, tal que a expresso 3.5.1 seja aquela que mais se ajusta srie de valores medidos. Assim, procura-se minimizar os desvios entre os valores medidos e calculados. A soluo ser encontrada na minimizao da funo abaixo: Minimizar q i n n K n K medidoi ia h n ia h na 1 2 1 )2(4)2(11 22 41)( (3.5.2) As variveis so 1, K e h. Esta a expresso da minimizao dos desvios ao quadrado conhecida como ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 42 mnimo quadrado. Aplicando qualquer mtodo de otimizao multidimensional em 3.5.2, obtm-se os valores timos de 1, K e h, que a soluo final do mtodo de estratificao. Existem vrios mtodos tradicionais que podem ser aplicados para otimizar a expresso 3.5.2, tais como: Mtodo do Gradiente; Mtodo do Gradiente Conjugado; Mtodo de Newton; Mtodo Quase-Newton; Mtodo de Direo Aleatria; Mtodo de Hooke e Jeeves; Mtodo do Poliedro Flexvel; etc. Exemplo 3.5.1 Aplicando separadamente trs mtodos de otimizao conforme proposto pela expresso 3.5.2 ao conjunto de medidas da Tabela 3.5.1, obtidas em campo pelo mtodo de Wenner, as solues obtidas esto apresentadas na Tabela 3.5.2. Espaamento a [m] Resistividade [.m] 2,5 320 5,0 245 7,5 182 10,0 162 12,5 168 15,0 152 Tabela 3.5.1: Dados da medio ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 43 Estratificao do solo calculada Gradiente Linearizado Hooke-Jeeves Resistividade da 1 camada [.m] 383,49 364,67 364,335 Resistividade da 2 camada [.m] 147,65 143,61 144,010 Profundidade da 1 camada [m] 2,56 2,82 2,827 Fator de reflexo K -0,44 -0,43 -0,4334 Tabela 3.5.2: Soluo encontrada 3.6 - MTODO SIMPLIFICADO PARA ESTRATIFICAO DO SOLO EM DUAS CAMADAS Este mtodo oferecer resultados variveis somente quando o solo puder ser considerado estratificvel em duas camadas e a curva (a) x a tiver uma das formas tpicas indicadas na figura 3.6.1 abaixo, com uma considervel tendncia de saturao assinttica nos extremos e paralela ao eixo das abscissas. A assntota para pequenos espaamentos tpica da contribuio da primeira camada do solo. J para espaamentos maiores, tem-se a penetrao da corrente na segunda camada, e sua assntota caracteriza nitidamente um solo distinto. Pela anlise das curvas (a) x a da figura 3.6.1, fica caracterizado pelo prolongamento e assntota, os valores de 1 e 2. Portanto, neste solo especfico, com os dois valores obtidos, fica definido de acordo com a expresso 3.2.8 o valor Figura 3.6.1: Curvas (a) x a para Solo de Duas Camadas ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 44 do par metro K. Assim, na expresso 3.2.8 o valor desconhecido a profundidade da primeira camada, isto , “h”. A filosofia deste mtodo baseia-se em deslocar as hastes do Mtodo de Wenner, de modo que a dist ncia entre as hastes seja exatamente igual a "h", isto , igual a profundidade da primeira camada. Ver figura 3.6.2. Assim, como a = h ou a h = 1, o termo a direita da expresso 3.3.4 fica sendo a expresso 3.6.1, que ser denominado de M (h=a). 1 )2(4)2(1)( 221 )( 41 n n K n K ha nnha M (3.6.1) Figura 3.6.2: Espaamento a=h A expresso 3.6.1 significa que se o espaamento "a" das hastes no Mtodo de Wenner for exatamente igual a "h", a leitura no aparelho Megger ser: (a=h) = 1M(h=a) (3.6.2) Portanto, deste modo, basta levar o valor de (a=h) na curva (a) x a e obter o valor de "a", isto , "h". Assim, fica obtida a profundidade da primeira camada. Esta a filosofia deste mtodo, para tanto, deve-se obter a curva M(a=h) versus K, atravs da expresso 3.6.1. Esta curva est na figura 3.6.3. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 45 Assim, definida a curva de resistividade (a) x a, obtida pelo mtodo de Wenner, a seqncia para obteno da estratificao do solo a seguinte: 1 passo: Traar a curva (a) x a, obtida pela medio em campo usando o mtodo de Wenner. 2 passo: Prolongar a curva (a) x a at interceptar o eixo das ordenadas e determi- nar o valor de 1, isto , da resistividade da primeira camada do solo. 3 passo: Traar a assntota no final da curva (a) x a e prolong-la at o eixo das ordenadas, o que indicar o valor da resistividade 1, da segunda camada do solo. 4 passo: Calcular o coeficiente de reflexo K, atravs da expresso 3.2.3, isto : 1 1 1 2 1 2 K 5 passo: Com o valor de K obtido no quarto passo, determinar o valor de M(a=h) na curva da figura 3.6.3. O valor de M(a=h) est relacionado com a equao 3.2.8, j que so conhecidos 1,2 e K, sendo a profundidade “h” desconhecida. 6 passo: Calcular (a=h) = 1M(a=h) 7 passo: Com o valor de (a=h) encontrado, entrar na curva de resistividade (a) x a e determinar a profundidade “h” da primeira camada do solo. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 46 Figura 3.6.3: Curva M (a=h) x K Exemplo 3.6.1 Com os valores medidos em campo pelo mtodo de Wenner da tabela 3.6.1, efetuar a estratificao do solo pelo mtodo simplificado de duas camadas. Espaamento a [m] Resistividade [.m] 1 996 2 974 4 858 6 696 8 549 ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 47 12 361 16 276 22 230 32 210 Tabela 3.6.1: Dados de campo 1 passo: A curva (a) x a est mostrada na figura 3.6.4. 2 passo: Pelo prolongamento da curva, tem-se 1 = 1000 .m 3 passo: Traando a assntota, tem-se 2 = 200 .m 4 passo: Calcular o ndice de reflexo K 6666,0 1 1 1 1 1000 200 1000 200 1 2 1 2 K 5 passo: Da curva da figura 3.6.3, obtm-se M (a=h)= 0,783 6 passo: Calcular (a=h) = 1M(a=h) = 1000 0,783 = 783 .m 7 passo: Com o valor de (a=h) levado curva (a) x a, obtm-se h = 5,0 m ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 48 Figura 3.6.4: Curva (a) x a Assim, o solo estratificado em duas camadas apresentado na figura 3.6.5. Figura 3.6.5: Estratificao do soloESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 49 3.7 - MTODO DE ESTRATIFICAO DE SOLOS DE VRIAS CAMADAS Um solo com vrias camadas apresenta uma curva (a) x a ondulada, com trechos ascendentes e descendentes, conforme mostrado na figura 3.7.1. Figura 3.7.1: Solo com vrias camadas Dividindo a curva (a) x a em trechos tpicos doa solos de duas camadas, possvel ento, empregar mtodos para a estratificao do solo com vrias camadas, fazendo uma extenso da modelagem do solo de duas camadas. Sero desenvolvidos os seguintes mtodos para a estratificao do solo com vrias camadas: Mtodo de Pirson; Mtodo Grfico de Yokogawa. 3.8 - MTODO DE PIRSON O Mtodo de Pirson pode ser encarado como uma extenso do mtodo de duas camadas. Ao se dividir a curva (a) x a em trechos ascendentes e descendentes fica evidenciado que o solo de vrias camadas pode ser analisado como uma ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 50 seqncia de curvas de solo equivalentes a duas camadas. Considerando o primeiro trecho como um solo de duas camadas, obtm-se 1, 2, h1. Ao analisar-se o segundo trecho, deve-se primeiramente determinar uma resistividade equivalente, vista pela terceira camada. Assim, procura-se obter a resistividade 3 e a profundidade da camada equivalente. E assim sucessivamente, seguindo a mesma lgica. A seguir apresenta-se os passos a serem seguidos na metodologia adotada e proposta por Pirson: 1 passo: Traar um grfico a curva (a) x a obtida pelo mtodo de Wenner. 2 passo: Dividir a curva em trechos ascendentes e descendentes, isto , entre os seus pontos mximos e mnimos, 3 passo: Prolonga-se a curva (a) x a at interceptar o eixo das ordenadas do grfico. Neste ponto lido o valor de 1, isto , a resistividade da primeira camada. 4 passo: Em relao ao primeiro trecho da curva (a) x a, caracterstica de um solo de duas camadas, procede-se ento toda a seqncia indicada no mtodo 3.4. Encontrando-se, assim, os valores de 2 e h1. 5 passo: Para o segundo trecho, achar o ponto de transio (at) onde a da d mxima, isto , onde 02 2 da d . Este ponto da transio est localizado onde a curva muda a sua concavidade. 6 passo: Considerando o segundo trecho da curva (a) x a, deve-se achar a resistividade equivalente vista pela terceira camada, assim estima-se a profundidade da segunda camada (h2), pelo mtodo de Lancaster-Jones, isto : ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 51 h2 = d1 + d2 = ta32 (3.8.1) Onde d1 = h1 = Espessura da primeira camada d2 = Espessura estimada da segunda camada h2 = Profundidade estimada da segunda camada at = E o espaamento correspondente ao ponto de transio do segundo trecho. Assim, obtm-se o valor estimado de h2 e d2. 7 passo: Calcular a resistividade mdia equivalente estimada ( 1 2 ) vista pela terceira camada, utilizando a Frmula de Hummel, que a mdia harmnica ponderada da primeira e segunda camada. 2 2 1 1 211 2 dd dd (3.8.2) O 12 se apresenta como o 1 do mtodo de duas camadas. 8 passo: Para o segundo trecho da curva, repetir todo o processo de duas camadas visto no mtodo apresentado em 3.4, considerando 12 a resistividade da primeira camada. Assim, obtm-se os novos valores estimados de 3 e h2. Estes valores foram obtidos a partir de uma estimativa de Lancaster-Jones. Se um refinamento maior no processo for desejado, deve-se refazer o processo a partir do novo h2 calculado, isto : h2 = d1 + d2 Volta-se ao stimo passo para obter novos valores de 3 e h3. Aps, ento, repete-se a partir do sexto passo, todo o processo para os outros trechos sucessores. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 52 Exemplo 3.8.1 Efetuar a estratificao do solo pelo Mtodo de Pirson, para o conjunto de medidas obtidas em campo pelo mtodo de Wenner, apresentado na Tabela 3.9.1. Espaamento a [m] Resistividade [.m] 1 11.938 2 15.770 4 17.341 8 11.058 16 5.026 32 3.820 Tabela 3.8.1: Dados da medio 1 passo: Figura 3.8.1 mostra a curva (a) x a. 2 passo: A curva (a) x a dividida em dois trechos, um ascendente e outro descendente. A separao feita pelo ponto mximo da curva, isto , onde 0da d . 3 passo: Com o prolongamento da curva (a) x a obtm-se a resistividade da primeira camada do solo. 1 = 8.600 4 passo: Aps efetuados os passos indicados no mtodo do item 3.4, obtm-se as Tabelas 3.8.2 relativa aos passos intermedirios. Para: ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 53 Figura 3.8.1: Curva (a) x a a1 = 1m, obtm-se (a1) = 11.938 .m a1 = 2m, obtm-se (a,) = 15.770 .m Efetuando o traado das duas curvas K x h, as mesmas se interceptam no ponto: h1 = d1 = 0,64m K1 = 0,43 Calcula-se 2 = 21.575 .m 5 passo: Examinando o segundo trecho da curva, pode-se concluir que o ponto da curva com espaamento de 8 metros, apresenta a maior inclinao. Portanto, o ponto de transio relativo ao espaamento de 8 metros, assim: at=8m a1 = 1m 7204,0)( 1 1 a ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 54 K 1a h H[m] 0,2 0,23 0,23 0,3 0,46 0,46 0,4 0,60 0,60 0,5 0,72 0,72 0,6 0,81 0,81 0,7 0,89 0,89 0,8 0,98 0,98 a1 = 2m 5475,0)( 1 1 a K 1a h h[m] 0,2 - - 0,3 0,05 0,10 0,4 0,28 0,56 0,5 0,40 0,80 0,6 0,49 0,98 0,7 0,57 1,14 0,8 0,65 1,30 Tabela 3.8.2: Valores calculados 6 passo: Considerando o segundo trecho da curva (a) x a, estimar a profundidade da segunda camada. Aplicando-se a frmula 3.9.1 do mtodo de Lancaster- Jones, tem-se: h2 = d1 + d2 = ta32 h2 = 0,64 + d2 = 832 ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 55 h2 = 5,4 m d2 = 4,76 m 7 passo: Clculo da resistividade mdia equivalente pela frmula 3.8.2 de Hummel, tem-se 575,21 760,4 8600 64,0 76,464,01 2 m.302,1812 8 passo: Para o segundo trecho da curva (a) x a, repetir novamente os passos do mtodo do item 3.4, gerando as Tabelas 3.8.3. Para: a1 = 8m, obtm-se (a1) = 11.058 .m a1 = 16m, obtm-se (a1) = 5.026 .m Efetuando-se o traado das duas curvas K x h, as mesmas interceptam-se no ponto, h2 = 5, 64m K = -0, 71 a1 = 8m 604,01 2 1 )( a K 1a h h[m] -0,3 0,280 2,240 -0,4 0,452 3,616 -0,5 0,560 4,480 -0,6 0,642 5,136 -0,7 0,720 5,760 -0,8 0,780 6,240 -0,9 0,826 6,600 ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 56 a1 = 16m 2746,01 2 1)( a K 1a h h[m] -0,3 - - -0,4 - - -0,5 - - -0,6 0,20 3,20 -0,7 0,34 5,44 -0,8 0,43 6,88 -0,9 0,49 7,84 Tabela 3.8.3: Valores calculados Assim, K K 1 11 23 Substituindo-se os valores, tem-se: 3 = 3.103 .m Portanto, a soluo final foi encontrada e o solo com trs camadas estratificadas mostrado na figura 3.8.2. Figura 3.8.2: Solo em trs camadas ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 57 3.9 - MTODO GRFICO DE YOKOGAWA Este um mtodo grfico apresentado no manual do aparelho Yokogawa de medio de resistncia de terra. Com este mtodo, pode-se efetuar a estratificao do solo em vrias camadas horizontais com razovel aceitao. A origem do mtodo, baseia-se na logaritimizao da expresso 3.2.8 obtida do modelo do solo de duas camadas. Assim,usando o logaritmo em ambos os lados da expresso 3.2.8, tem-se: 1 )2(4)2(1 )( 221 41loglog n n K n Ka a h n a h n (3.9.1) Empregando-se a mesma filosofia usada no modelo desenvolvido no item 3.4, pode-se construir uma famlia de curvas tericas de log 1 )( a em funo de a h para uma srie de valores de K dentro de toda sua faixa de variao. Fazendo o traado das famlias das curvas tericas, em um grfico com escala logartmica, isto , log-log, tem se a CURVA PADRO, mostrada na figura 3.9.1. A Curva Padro obtida na escala logartmica similar s curvas do grfico das figuras 3.4.2 e 3.5.3 traadas juntas. Os valores de 1 )( a esto na ordenada do grfico 3.9.1, na abscissa esto os valores de a h e as curvas dos respectivos K esto indicadas pelo seu correspondente 1 2 . Estas curvas so relativas s curvas tericas obtidas especificamente de modelagem do solo de duas camadas. Um solo tpico de duas camadas caracterizado pelos trs par metros: 1, 2 e h. Fazendo as medies neste solo, pelo mtodo de Wenner e traando a curva (a) x a em escala logartmica, o seu formato tpico da Curva Padro. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 58 Fazendo manualmente o perfeito casamento da curva (a) x a na escala logartmica com uma determinada curva padro, tem-se ento a identidade estabelecida. Isto eqivale a ter no mtodo de Wenner o espaamento igual profundidade da primeira camada, isto , a = h, no solo de duas camadas. Ver figura 3.10.2. Figura 3.9.1: Curva padro Portanto, no ponto da curva (a) x a que coincide com a ordenada 1 )( a = 1 na Curva Padro, l-se diretamente o valor especfico de (a), que igual a resistividade 1 da primeira camada. Este ponto denominado de plo O1 da primeira camada, que representa na curva (a) x a o ponto de medio pelo mtodo de Wenner que tenha o mesmo valor da resistividade da primeira camada, juntamente com seu respectivo espaamento "a" que idntico profundidade da primeira camada. Neste ponto do plo O1 l-se, tambm, a profundidade da primeira camada, isto , "h" . ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 59 O traado da Curva Padro feito de tal forma que, com o casamento da curva (a) x a, o ponto 1 )( a = 1 e ah = 1, isto , o plo 01, esteja na posio sobre a curva (a) x a de tal forma que a medio do valor deste ponto pelo mtodo de Wenner, cobriria totalmente a primeira camada, isto , j produz a soluo da estratificao procurada. Figura 3.9.2: Espaamento a = h No ponto estabelecido do plo O1, basta efetuar a leitura de (a) e "a", onde: 1 = (a) Valor lido no plo O1 na curva (a) x a a = h Valor lido no plo O1 na curva (a) x a O casamento de curvas fornece o valor de 2. Pode-se estender este processo para solos com vrias camadas, seguindo a mesma filosofia do mtodo de Pirson. Deste modo, divide-se a curva (a) x a em trechos ascendentes e descendentes. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 60 Figura 3.9.3: Curva auxiliar A partir do segundo trecho, deve-se utilizar uma estimativa da camada equivalente vista pela terceira camada, isto feito empregando a Curva Auxiliar da figura 3.9.3. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 61 Coloca-se sobre o grfico (a) x a, a curva 1 2 da Curva Auxiliar que tenha a mesma relao 1 2 obtida pelo casamento da curva (a) x a com a Curva Padro. Com o plo de origem ( 1 1 )( a e 1a h ) da Curva Padro mantido sobre a Curva Auxiliar 1 2 , procura-se ajustar o melhor casamento entre o segundo trecho da curva (a) x a com a da Curva Padro. Isto feito, demarca-se no grfico (a) x a o plo O2. Neste plo O2, l-se: (a) = 12 Resistividade equivalente da primeira e segunda camada, isto , vista pela terceira camada. a = h2 Profundidade do conjunto da primeira e segunda camada. Com a relao 1 2 3 obtida do casamento, obtm-se o 3 . E assim sucessivamente. At o momento procurou-se apenas justificar a filosofia baseada neste mtodo. A resoluo da estratificao puramente grfica usando translado de curvas, portanto, difcil traduzir com plenitude a exemplificao do mtodo. Colocando-se em ordem de rotina, passa-se a descrever o mtodo: 1 passo: Traar em papel transparente a curva (a) x a em escala logartmica. 2 passo: Dividir a curva (a) x a em trechos ascendentes e descendentes. 3 passo: Desloca se o primeiro trecho da curva (a) x a sobre a CURVA PADRO, at obter o melhor casamento possvel, isto se d na relao 1 2 . ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 62 4 passo: Demarca-se ao grfico da curva (a) x a, o ponto de origem ( 1 1 )( a e 1a h ) da Curva Padro, obtendo-se assim o plo 01. 5 passo: L-se no ponto do plo O1, os valores de 1 e h1. 6 passo: Calcula-se 2 pela relao 1 2 obtida no terceiro passo. At este passo, foram obtidos 1, h1 e 2. Para continuar o processo do outro trecho sucessor da curva (a) x a, vai-se ao stimo passo. 7 passo: Faz-se o plo O1 do grfico da curva (a) x a coincidir com o ponto de origem da CURVA AUXILIAR.. Transfere-se, isto , traa-se com outra cor a Curva Auxiliar com relao 1 2 obtida no terceiro passo, sobre o grfico da curva (a) x a. 8 passo: Transladando-se o grfico (a) x a, de modo que a Curva Auxiliar 1 2 , traada no stimo passo, percorra sempre sobre o ponto de origem da CURVA PADRO. Isto feito at se conseguir o melhor casamento possvel do segundo trecho da curva (a) x a com a da Curva Padro, isto se d numa nova relao 1 2 denominada agora de 2 1 3 . 9 passo: Demarca-se o plo O2 no grfico (a) x a, coincidente com o ponto de origem da Curva Padro. 10 passo: L-se no ponto do plo O2 os valores de 2 1 e h2. 11 passo: Calcula se a resistividade da terceira camada 3 pela relao fornecida no oitavo passo. At este passo foram obtidos p1, h1, h2, 2 e 3. Havendo mais trechos da ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 63 curva (a) x a, deve-se repetir o processo a partir do stimo passo. Exemplo 3.9.1 Efetuar a estratificao do solo pelo mtodo grfico de Yokogawa do respectivo conjunto de medies em campo da Tabela 3.9.1, obtidos pelo mtodo de Wenner. Espaamento a [m] Resistividade [.m] 2 680 4 840 8 930 16 690 32 330 Tabela 3.9.1: Dados de campo Toda a resoluo baseia-se na figura 3.9.4. No polo O1, tem-se: 1 = 350 .m h1 = 0,67 m 3 1 2 2 = 1050 .m No polo O2, tem-se: m.90012 h2 = 15 m 6 1 1 2 3 3 = 150 .m ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 64 O solo estratificado em trs camadas est na figura 3.9.5 Figura 3.9.4: Resoluo do mtodo grfico Figura 3.9.5: Solo em trs camadas ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 65 4 – MANEIRAS DE ATERRAMENTO 4.1 - INTRODUO: Apresentaremos neste captulo as maneiras de aterramento mais simples, com geometria e configuraes efetuadas por hastes, anel e fios. Sendo a malha de terra um sistema de aterramento especial, ser dedicado um captulo a parte. O escoamento da corrente eltrica absorvida pelosistema de aterramento, se d atravs de uma resistividade aparente que o solo apresenta para este aterramento em especial, portanto, sero analisado o sistema de aterramento em relao a uma resistividade aparente, j que seu clculo depende do tipo de solo e do sistema de aterramento. 4.2 – HASTE VERTICAL Uma das formas mais simples de aterramento uma nica haste enterrada no solo. Figura 4.2.1: Haste cravada no solo O valor da resistncia de aterramento pode ser determinado pela frmula 4.2.1. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 66 dLLhaste aR 421 ln (4.2.1) onde: a = resistividade aparente do solo no local de fincamento da haste (.m); l = comprimento cravado da haste (m); d = di metro equivalente da haste (m). No caso da haste ser do tipo cantoneira, deve-se efetuar o clculo da rea da sua seco transversal e igualar a rea de um circulo. Assim: cantoneiraSd 2 (4.2.2) onde: d = di metro do circulo equivalente rea da seco transversal da cantoneira. Contudo, nem sempre uma simples haste nos possibilitar obter o valor de resistncia de aterramento que desejamos. Neste caso, poderemos utilizar vrios meios de reduzir o valor da resistncia de aterramento, tais como aumentar o comprimento da haste a ser utilizada, tratar quimicamente o solo ao redor da haste, interligar vrias hastes em paralelo ou solues mistas dessas alternativas. Pode-se observar tambm que a expresso 4.2.1 no leva em conta o material de que formada a haste, mas sim do formato da cavidade que a geometria da haste forma no solo. O fluxo formado pelas linhas de corrente eltrica entra ou sai do solo, utilizando a forma da cavidade. Portanto, o R1haste refere-se somente resistncia eltrica da forma geomtrica do sistema de aterramento interagindo com o solo. Assim, generalizando, a resistncia eltrica de um sistema de aterramento apenas uma parcela da resistncia do aterramento de um equipamento. A resistncia total vista pelo aterramento de um equipamento (figura 4.2.2) composta: a) Da resistncia da conexo do cabo de ligao com o equipamento; b) Da imped ncia do cabo de ligao; c) Da resistncia da conexo do cabo de ligao com o sistema de aterramento empregado; d) Da resistncia do material que forma o sistema de aterramento ; ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 67 e) Da resistncia de contato do material com a terra; Figura 4.2.2:Resistncia eltrica total do equipamento f) Da resistncia da cavidade geomtrica do sistema de aterramento com a terra. Deste total, a ltima parcela, que a resistncia de terra do sistema de aterramento, a mais importante. Seu valor maior e depende do solo, das condies climticas, etc.. J as outras parcelas so menores e podem ser controladas com facilidade. A seguir, analisaremos cada alternativa em particular, apontando seus efeitos na reduo da resistncia de aterramento, o custo de cada alternativa e, finalmente, apresentaremos um estudo tcnico-econmico que propicie a escolha da melhor alternativa. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 68 4.3 - AUMENTO DO DIMETRO DA HASTE Se aumentarmos o di metro das hastes utilizadas teremos uma pequena reduo no valos da resistncia, que dada pela frmula 4.2.1, mas apresenta uma “saturao” para di metros acima dos valores produzido pelo fabricante, conforme pode ser vista na figura 4.2.2 Convm salientar que um aumento grande do di metro a haste, sob o ponto de vista custo-beneficio, no seria vantajoso. Na pratica o di metro que se utiliza para as hastes, aquele compatvel com a resistncia mec nica do cravamento no solo. 4.4 - INTERLIGAO DE HASTES EM PARALELO A interligao de hastes em paralelo diminui sensivelmente o valor da resistncia do aterramento. O clculo da resistncia de hastes paralelas interligadas no segue a lei simples do paralelismo de resistncias eltricas. Isto devido s interferncias nas zonas de atuao das superfcies equipotenciais. A figura 4.4.1 mostra as superfcies equipotenciais de uma haste vertical cravada no solo homogneo. Figura 4.4.1: Superfcie equipotencial de uma haste No caso de duas hastes cravadas no solo homogneo, distanciadas de "a", a figura 4.4.2 mostra as superfcies equipotenciais que cada haste teria se a outra no existisse, onde pode ser observada tambm a zona de interferncia. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 69 Figura 4.42: Zona de interferncia nas linhas equipotenciais de duas hastes A figura 4.4.3 mostra as linhas equipotenciais resultantes do conjunto formado pelas duas hastes. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 70 Figura 4.4.3: Superfcies equipotenciais de duas hastes A zona de interferncia das linhas equipotenciais causa uma rea de bloqueio do fluxo da corrente de cada haste, resultando uma maior resistncia de terra individual. Como a rea de disperso efetiva da corrente de cada haste torna-se menor, a resistncia de cada haste dentro do conjunto aumenta. Portanto, a resistncia eltrica do conjunto de duas hastes : Observe-se que o aumento do espaamento das hastes paralelas faz com que a interferncia seja diminuda. Teoricamente, para um espaamento infinito, a interferncia seria nula, porm, um aumento muito grande do espaamento entre as hastes no seria economicamente vivel. Na prtica, o espaamento aconselhvel gira em torno do comprimento da haste. Adota-se muito o espaamento de 3 metros. Para o clculo da resistncia equivalente de hastes paralelas, neve-se levar em conta o acrscimo de resistncia ocasionado pela interferncia entre as hastes. A frmula 4.4.1 apresenta resistncia eltrica que cada haste tem inserida no conjunto. hastehaste R RRhaste 1221 (4.4.1) onde: Rh = resistncia apresentada pela haste h inserida no conjunto considerando as interferncias da outras hastes; n = numero de hastes paralelas Rhh = resistncia individual de cada haste, sem a presena de outras hastes ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 71 (frmula 4.2.1) Rhm = acrscimo da resistncia na haste h devido interferncia mutua da haste m, dada pela frmula 4.4.2; 22 2 2 )( )( 4 ln Lbe eLb L a hm hmhm hm hmR (4.4.2) ehm = espaamento entre a haste h e a haste m; L = comprimento da haste em metro. Figura 4.4.4: Par metros das mtuas entre as hastes “h” e “m” Num sistema de aterramento emprega-se hastes iguais, o que facilita a padronizao na empresa, e tambm o clculo da resistncia equivalente do conjunto. Fazendo o clculo para todas as hastes do conjunto (frmula 4.4.2) tem-se os valores da resistncia de cada haste. Determinada a resistncia individual de cada haste dentro do conjunto, j considerados os acrscimos ocasionados pelas interferncias, a resistncia equivalente das hastes interligadas ser a resultante do paralelismo destas. ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO WAGNER ANTONIO BIFFE 72 Figura 4.4.5: Paralelismo das resistncias n eq RRRR R 1...111 1 321 (4.4.3) Toda associao de hastes existe um ndice de reduo (K), que a relao entre a resistncia equivalente do conjunto e a resistncia individual de cada haste sem a presena de outras hastes. haste eq R R K 1 (4.4.4) Para facilitar o clculo de Req os valores de K so tabelados, ou obtidos atravs de curvas( Apndice A). 4.5 – DIMENSIONAMENTO
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