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introdução ao direito empresarial

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Introdução ao 
Direito Empresarial 
 2
ORIGENS 
Na antiguidade, a necessidade de obter os bens necessários ao próprio sustento, 
levou as pessoas a efetuar trocas, entre si, no intuito de prover a subsistência do 
indivíduo ou do grupo social. Com o desenvolvimento da civilização, o mecanismo da 
permuta foi aperfeiçoado, houve, então, a substituição da economia de troca (escambo) 
pela economia de mercado que adotou a moeda como meio de circulação de riquezas. 
No século XI houve uma nova fase de desenvolvimento econômico na Europa, 
neste período o direito romano, voltado para a defesa do devedor, visava dar garantia 
jurídica aos credores uma vez que havia uma verdadeira aversão às atividades 
lucrativas, tal como relata a Bíblia em Deuteronômio: “Ao teu irmão não emprestarás 
com usura”. 
Já na idade média surge, de forma fragmentada, o comércio, advindo do 
desenvolvimento da atividade dos mercadores que é o tráfego de mercadorias. Comércio 
significa permutar produtos ou valores. A origem da palavra provém do latim 
(commutatio mercium), cujo significado é troca de mercadorias por mercadorias. 
Vale dizer que mesmo antes deste período histórico a atividade comercial era 
desenvolvida, tal como relata o Código do Rei Hammurabi que data de 2000 AC. 
Apenas é preciso ressaltar que na idade média surgiram as primeiras normas 
disciplinando o comércio de maneira sistematizada. 
 
Período subjetivo – corporati vista 
 Em razão da aversão ao mercantilismo, os comerciantes uniram-se em torno de 
organizações de classe. As corporações de mercadores experimentaram grande sucesso 
na época e adquiriram, através dos recursos econômicos dos mercadores, força bélica 
capaz de conferir autonomia para alguns centros comerciais tais como Veneza, 
Florença, Gênova, etc. Os comerciantes organizados em poderosas ligas e corporações 
passaram a ser titulares de poder político e militar capaz de tornar autônomas as cidades 
mercantis, a ponto dos estatutos das corporações se confundirem com os da própria 
cidade. 
 Nesta fase surge o direito comercial sistematizado, deduzido em regras 
corporativas e, sobretudo, nos assentos jurisprudenciais das decisões dos juizes 
designados pelas corporações para resolver as disputas entre comerciantes. Criou-se um 
direito costumeiro aplicado dentro das cidades-estado por juízes consulares eleitos pelas 
assembléias das corporações. 
 3
 Temos nesta fase um período subjetivista onde o direito comercial está a serviço 
do comerciante, isto é um direito corporativo, profissional, especial, autônomo e 
consuetudinário (cosmopolita – não tem fronteiras), ligado aos costumes formados e 
difundido pelos mercadores. 
 Neste período o direito comercial só tinha incidência e protegia as relações 
jurídicas das pessoas que integrassem as corporações de mercadores, trata-se de um 
período classista e fechado onde só tinha proteção quem estivesse matriculado na 
corporação. 
 Assim, o registro criava uma situação jurídica nova para a pessoa, transformava 
o servo em burguês, atribuindo a este a condição de comerciante, titular da proteção das 
corporações de mercadores, por este motivo, tinha natureza constitutiva, pois dava uma 
nova condição jurídica ao comerciante. 
 Contudo, o exercício da profissão de comerciante como requisito para a 
obtenção da proteção passou a não ser suficiente, tornou-se necessário expandir a 
proteção para as demais matérias relacionadas com o comércio para assim proteger os 
atos relacionados com a atividade mercantil. Surge então um novo período histórico. 
 
Período objetivo 
 No século XIX, em França, surge o período objetivo com a estipulação da 
dicotomia do direito privado através do Código Civil de 1804 e do Código Comercial 
Napoleônico de 1807. Os ideais da Revolução Francesa (igualdade, Liberdade e 
Fraternidade) e a influência de Napoleão Bonaparte afastaram o poder político e bélico 
das corporações em troca de regras jurídicas que protegiam os interesses dos antigos 
senhores feudais e dos burgueses, com isso, a base do direito comercial deslocou-se dos 
mercadores para os atos de comércio. 
 Desta forma a atribuição da condição de comerciante passou a depender dos atos 
praticados pela pessoa e não pela sua inclusão em uma corporação de ofício. 
Os atos de comércio são de dificílima conceituação. Alfredo Rocco, no entanto, 
identificou a troca indireta ou mediata como elemento caracterizador da atividade de 
intermediação entre produtor e consumidor, praticada pelo comerciante. 
Alfredo Rocco, por sua vez, entende que “o comércio é aquele ramo de produção 
econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e 
consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias”. 
 4
Para Vidari, comércio “é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o 
consumidor, que, exercidos habitualmente com fim de lucros, realizam, promovem ou 
facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e 
pronta a procura e a oferta”. 
Carvalho de Mendonça na qualidade de um dos maiores tratadistas sobre a 
matéria, conceituou os atos de comércio da seguinte forma: 
 
1. Atos de comércio por natureza ou profissionais: são atos praticados de 
forma profissional, por pessoa natural ou jurídica. Consiste na produção 
ou na circulação de bens, visando lucro. ex. compra e venda de 
mercadorias. 
2. Atos de comércio por dependência: atos praticados em benefício da 
atividade comercial. ex. compra de veículos para aparelhar a atividade. 
3. Atos de comércio por força de lei ou objetivos: aqueles que a lei reputa 
como mercantis, independentemente da sua natureza ou da pessoa que o 
pratique. ex: emissão de cheque. 
São elementos integrantes do comércio: mediação, fim lucrativo e 
profissionalismo (habitualidade e continuidade). A habitualidade não significa 
freqüência, mas se relaciona com o tipo de atividade desempenhada. 
A grande dificuldade do período objetivo está no fato de só o comerciante, que 
pratica os atos de comércio, ser titular da proteção do direito comercial. Nesta fase, a 
prestação de serviços já gozava de grande relevância econômica, mas estava excluída da 
incidência das normas do direito comercial por não haver intermediação de bens 
naquela atividade. Ex. As administradoras de imóveis (art. 191 do Código Comercial). 
Existem exceções como, por exemplo, a lei das S.A. que, no § 1º do art. 2º, 
dispõe que “toda sociedade anônima independentemente do seu objeto será mercantil”. 
Da mesma forma, a Lei 4.068/62, que trata das sociedades construtoras de imóveis, e a 
Lei 4.591/64, que considera as incorporadoras de imóveis como comerciantes, 
submetem a prestação de serviços às regras do direito comercial independentemente do 
ato praticado na atividade envolver ou não a intermediação de bens. 
Neste segundo momento, o registro passa a ter natureza declaratória, pois não 
cria a condição de comerciante, apenas declara e reconhece que a causa dos atos 
praticados é mercantil. Ou seja, o registro declara que a pessoa que pratica atos de 
natureza mercantil é comerciante. 
 5
O registro também indica que o comerciante está funcionando de maneira 
regular, pois o importante é que o sujeito pratique profissionalmente atos de comércio e 
seja registrado, pois desta forma será titular da proteção do direito comercial. Um 
exemplo desta proteção é o direito à concordata, instituto próprio do comerciante 
regular, mas que ao comerciante sem registro ou irregular, em princípio, não é 
concedido. 
Período subjetivo moderno 
 O período subjetivo moderno surge na Alemanha em 1897 com a edição do 
Código Comercial Alemão, mas foi naItália em 1942, pela doutrina de Ferrara e através 
do estudo da azienda, que surgiu a teoria da empresa positivada no Código Civil 
Italiano unificado. 
 Cesare Vivante foi um dos primeiros doutrinadores a defender a identificação da 
empresa como sendo uma unidade econômica de produção e a necessidade de 
unificação do direito privado, em rompimento com a velha dicotomia entre atos civis e 
atos de comércio até então adotada. Esta postura acabou por encorajar a passagem do 
período objetivo para o período subjetivo moderno, não obstante o renomado jurista ter 
se retratado em seu posicionamento, para defender que a unificação do direito privado 
acarretaria grave prejuízo para o Direito Comercial devido a sua característica 
cosmopolita. 
Neste período, o registro não cria uma situação jurídica nova para a pessoa, nem 
tampouco declara a causa dos atos praticados, apenas declara a regularidade no 
exercício da atividade, uma vez que aos órgãos incumbidos de realizar o registro 
compete o controle da legalidade da constituição e dos atos praticados pelos sujeitos da 
empresa. 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL 
 
O antigo Código Comercial Brasileiro, de 1.850, sofreu claras influências do 
período objetivo, privilegiando a doutrina dos atos de comércio. Porém, ainda em 1850, 
o Regulamento 737 ao enumerar os atos de comércio (Art. 19) incluiu as empresas 
como sujeitos da atividade comercial dando início aos trabalhos para a conceituação do 
instituto. 
Vale dizer que, desde o advento do Código Civil de 1916, parte da doutrina e a 
jurisprudência já aceitavam a teoria da empresa. 
 6
A Lei 4.137/62 (hoje revogada e substituída pela Lei 8.884/94) previa: 
“Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à 
exploração por pessoa física ou jurídica de qualquer atividade com fins lucrativos” (art. 
6º). 
Porém, foi com a entrada em vigor da Lei 8.934/94 que a doutrina começou a 
sustentar que a teoria da empresa fora acolhida no Direito Brasileiro, uma vez que a 
referida lei dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e atividades afins. 
A Lei 10.406/2002, Novo Código Civil Brasileiro, promoveu a unificação do 
direito privado e acabou com a dicotomia então existente entre atos civis e de comércio 
na vigência do Código Comercial de 1850 e do código Civil de 1916. 
Por força do art. 2.045 do novo código civil, foram revogados o código civil de 
1916 e a primeira parte do Código Comercial que trata do comércio em geral. 
Assim, não há mais que se falar em contratos e obrigações civis e contratos e 
obrigações comerciais, em sociedades civis e sociedades comerciais. Agora, todas as 
obrigações, contratos e sociedades têm natureza privada e regulam-se pelas disposições 
da lei 10.406/2002. 
O grande mérito do novo código civil, no que tange ao direito de empresa é a 
busca pela sistematização do direito empresarial que vinha sendo regulamentado por 
leis esparsas de natureza especial, o que não raras vezes gerava aparentes conflitos entre 
as normas. 
Vale ressaltar que a unificação do direito das obrigações, dos contratos e 
sociedades, não fez desaparecer a autonomia do direito comercial no que se diz respeito 
aos títulos de crédito, registro e falência. Estas matérias continuam sendo disciplinadas 
por regras próprias de cunho comercial que, em virtude do princípio da especialidade, 
prevalecem sobre as normas gerais elencadas no código civil. 
Diante desta nova realidade, a unificação do direito privado aparece como um 
marco na evolução da regulação das relações jurídicas uma vez que promove a inclusão 
da prestação de serviços, que estava fora da proteção legal do Direito Comercial, à 
incidência das regras e institutos relativos à empresa. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
 O direito empresarial visa regular o exercício profissional de atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços. 
 7
 Por este motivo ganha relevância o conceito jurídico de empresa uma vez que 
esta atividade irá delinear toda a aplicação das normas relativas à matéria. 
 
 Natureza 
 Embora contenha normas de direito público, o direito empresarial é um ramo do 
direito privado. Os princípios fundamentais do direito público buscam a supremacia do 
interesse público no exercício da atividade econômica, ou seja, as normas e as leis 
estabelecem desigualdades nas relações jurídicas, para que o interesse geral prepondere 
sobre o particular. Já os princípios do direito privado são os da autonomia da vontade e 
o da igualdade. 
 Relações com outros ramos do direito 
 O direito constitucional, como regra máxima, não deixa de tratar das restrições 
ao exercício da atividade empresarial, bem como dos princípios e normas gerais 
atinentes à ordem econômica e social. 
O direito comercial é autônomo em relação aos demais ramos do direito privado, 
com eles guarda afinidades uma vez que se aplicam as regras gerais de contratos e 
obrigações na esfera empresarial. Contudo, o direito comercial consolida-se como um 
ramo autônomo porque disciplina tendências profissionais. 
 Autonomia 
 Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não 
houve o desaparecimento da autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista 
que este ramo do direito privado possui institutos, regras e princípios jurídicos próprios. 
O direito empresarial aparece como um sub-ramo do direito privado destinado a regular 
o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias. 
 
 Fontes e objeto do direito empresarial 
 
 As fontes primárias do direito empresarial são: 
- A Constituição Federal 
- O Código Civil: que trata das sociedades simples, ltda., etc. 
- O Código Comercial: segunda parte, que trata do direito marítimo 
- Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades 
anônimas (lei nº 6.404/76 e alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 
5.474/68); lei da propriedade industrial (lei nº 9.279/96), etc. 
 8
 
 As fontes secundárias do direito empresarial são: 
- os usos e costumes: a lei não distingue o uso do costume, mas boa parte da doutrina 
entende que o uso é estabelecido por convenção das partes (prática uniforme, constante 
e por certo tempo e exercido de boa-fé), enquanto o costume é mais imperativo (regra 
subsidiária às normas). 
Pode ser dividido em usos comerciais propriamente ditos (é generalizado, 
equivale à lei e obriga as partes) e o uso convencional (interpretativo ou de fato / advém 
da vontade das partes, ainda que tacitamente e demanda prova). 
O art. 8º, VI da lei 8934 determina que as Juntas Comerciais devem fazer o 
assentamento dos usos e práticas mercantis revelando-os como fonte secundária do 
direito empresarial. 
 
- A doutrina, a jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito, tratados e 
convenções internacionais. 
 
Conceito jurídico de empresa 
 
Cesare Vivante identificou a empresa pelo aspecto econômico descrevendo-a 
como um organismo que, sob o seu próprio risco, recolhe e põe em atuação 
sistematicamente os elementos necessários para obter riquezas. 
 Para Vivante, a combinação do capital, trabalho e risco são requisitos 
indispensáveis de toda empresa. 
 Alberto Asquini identificou quatro sentidos para a palavra Empresa: 
1. Sentido subjetivo: empresa identificada como empresário 
2. Sentido objetivo ou patrimonial: Empresa como sendo o conjunto de bens 
corpóreos e incorpóreos organizado para o exercício da atividade (Fundo 
Empresarial, Art. 1.142 cc/02) 
3. Sentido institucional: Empresa como uma corporação formada pelo empresário e 
seus colaboradores4. Sentido técnico – funcional: empresa como atividade econômica organizada de 
maneira profissional para a produção ou circulação de bens ou de serviços. 
O sentido técnico funcional é o que apresenta maior relevância, uma vez que 
diferencia empresa dos atos de comércio. 
 9
O Código Civil Italiano de 1942 não conceituou a Empresa, mas tão somente o 
empresário fato que demonstra que o legislador deslocou o foco de atenção do 
ordenamento jurídico do ato praticado, tal como antes ocorria na teoria dos atos de 
comércio, para a pessoa que assume o risco econômico, porque esta figura é a que 
traduz a força motriz da empresa. Da mesma forma o fez o novo Código civil Brasileiro 
que dispõe: 
Art. 966: “Considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção e circulação de bens ou de serviços”. 
 
EMPRESA 
ATIVIDADE ECONOMICA 
ORGANIZADA 
PROFISSIONAL 
PRODUÇÃO e/ou CIRCULAÇÃO 
BENS e/ou PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
 A empresa se caracteriza por ser uma unidade econômica de produção formada 
pelos cinco elementos de empresa acima descritos, que reforçam a idéia de uma unidade 
de fatores direcionados para seu objetivo precípuo: a realização da atividade econômica 
escolhida. 
 A atividade econômica congrega os três principais setores da economia 
(extrativismo, indústria de transformação; e, comércio ou serviços). A organização se 
revela na conjugação dos fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria 
prima). O profissionalismo abrange a habitualidade e a onerosidade com intuito 
lucrativo. Já a produção envolve a transformação de matéria prima em produto acabado, 
fato que se relaciona tanto com os bens como com os serviços. A circulação se traduz na 
tradição econômica dos produtos, técnicas ou processos de gestão. Na categoria dos 
bens encontramos as mercadorias que são as coisas disponíveis para a negociação. Estas 
podem ser materializadas em bens móveis, imóveis, materiais ou imateriais. Por sua vez 
os serviços latu sensu são todas as atividades que não se sujeitam à legislação 
trabalhista ou a legislação especial, engloba a realização de obras ou atividades 
determinadas ou por prazo certo. 
 10
Assim, o que diferencia a atividade empresarial das demais atividades é o objeto 
a ser explorado. Em razão desta distinção, afastam-se do conceito de empresa todas as 
atividades que não tenham o cunho econômico tais como as atividades intelectuais, de 
natureza artística, científica ou literária (p. único do art. 966), as atividades rurais (art. 
971 e 984 do CC/02), as atividades esportivas, beneficentes, religiosas ou partidárias, 
salvo se estas atividades constituírem mais um dos elementos de empresa que somados 
aos cinco elementos essenciais venha a acrescer à atividade empresarial. 
 
Empresário 
 
O Empresário é aquele que exerce a empresa, é sujeito de direito que pratica 
atividades mais amplas do que o comerciante, daí o principal intuito da unificação 
promovida pelo novo Código Civil foi ampliar a incidência do Direito de Empresa 
àquelas pessoas e atividades que antes ficavam fora da proteção do direito comercial tal 
como ocorria com os que se dedicavam à prestação de serviços. 
 
 Empresário Individual 
 
 O empresário individual é uma pessoa humana (natural ou física) que se obriga 
em seu próprio nome no exercício das atividades da empresa, respondendo com seus 
bens pessoais pelas obrigações da atividade empresarial. 
 O patrimônio pessoal do empresário individual responde direta e ilimitadamente 
pelas obrigações da atividade empresarial uma vez que não há separação entre o 
patrimônio afetado à empresa e o patrimônio particular do empresário. Assim, diz-se 
que o patrimônio do empresário individual é único e indivisível. 
 
Requisitos para ser empresário individual: 
 1. Exercício da atividade de empresa: art. 966 do CC/02 
 Para ser empresário a pessoa tem que exercer a empresa, ou seja, uma atividade 
econômica organizada profissionalmente para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços com intuito lucrativo. 
 2. Capacidade Civil: art. 972 CC/02. 
 O empresário individual, para exercer sua profissão, deverá estar em pleno gozo 
de sua capacidade civil. Assim, em princípio, qualquer pessoa com 18 anos completos 
 11
(art. 5º do NCC), mulher ou homem, nacional ou estrangeiro, pode exercer a atividade 
empresária no Brasil. 
 Os incapazes 
O incapaz permanente e o menor absolutamente incapaz não podem ser 
empresários individuais, porque agem por intermédio de representantes ou assistentes, 
ou seja, não podem exercer em nome próprio a empresa, logo, não podem ser 
empresários. 
 Vale dizer que o menor emancipado, por qualquer das causas previstas no 
parágrafo único do art. 5º do CC, pode ser empresário haja vista que adquire a 
capacidade, mesmo não deixando de ser menor. No rol das causas de emancipação 
previstas no parágrafo único do art. 5º do digesto civil, ganha relevo a do inciso V, uma 
vez que o menor, com dezesseis anos completos pode, ao se estabelecer no comércio e 
de lá retirando seu sustento, se emancipar por ato próprio, hipótese em que a sua 
inscrição no registro do comércio servirá como prova de sua emancipação (art. 976 do 
CC/02). 
A continuidade das atividades empresariais – art. 974 do CC/02. 
 Se ocorrer a incapacidade posterior ao início da atividade da empresa, ou ainda 
o recebimento de empresa como herança, o incapaz, permanente ou temporário (menor), 
pode continuar as atividades antes exercidas por ele quando era capaz ou por seus 
antecessores, desde que, devidamente representados (incapacidade absoluta) ou 
assistidos (incapacidade relativa), obtenham autorização judicial, esta precedida de 
estudo da viabilidade e dos riscos do negócio, para a continuação da empresa. 
 A mulher casada comerciante (art. 1º CCom) 
 No tocante à mulher casada, cabe afirmar que desde 1962 com o Estatuto a 
Mulher Casada, não é mais preciso obter autorização do marido para se estabelecer no 
comércio. Vale dizer que o art. 5º da Constituição Brasileira pôs fim a esta controvérsia 
ao proclamar a igualdade entre os indivíduos. 
 3. Ausência de impedimento legal. 
O art. 972 do CC/02 elenca a ausência de proibição legal como requisito para o 
exercício da profissão de empresário. Contudo tais proibições são personalíssimas e só 
afastam o sujeito da atividade empresária quando se verificam os requisitos legais que 
as impõem. 
 São proibidos de exercer a empresa como empresários individuais: 
 12
- Os incapazes (o ato é nulo); 
- Os chefes e agentes do Poder Executivo (federal, estadual, municipal) e os seus 
auxiliares (ministros e secretários); 
- Os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros); 
- Os órgãos do Legislativo (deputados e senadores): art. 54, II, CRFB/88; 
- Os magistrados art. 47, II, LOMAN; 
- Os membros do MP: art. 36, I, lei 8625/93 c/c art. 44, III LONMP, 
- Os funcionários públicos: art. 117, X, lei 8112/90, c/c art. 195, VI e VII da lei 
1711/52; 
- Os estrangeiros com visto provisório: lei 6815/80; 
- Os militares na ativa (das três armas) e corpos policiais: arts. 180 e 204 do CPM 
e art. 35 do Dec-lei 1.029/69, c/c art. 29 da lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares); 
- Os falidos, enquanto não-reabilitados (art. 102 da lei 11.101/2005). 
- Os corretores oficiais: (art. 36, do dec. 2.191/32 ); 
- Os leiloeiros (dec. 2.198/36, art. 36); 
- Os prepostos comerciais: (CLT, art. 482); 
- Os devedores do INSS: (Lei 8.212/91, art. 95, §2º); 
- Os cônsules remunerados, nos seus distritos: (dec. 4.868/82, art. 11 e dec. 
3529/89, art. 42); 
- Os médicos para o comércio farmacêutico: dec. 19.606/31c/c dec. 20.877 e lei 
5991/73. 
 
 Exercício da empresa pelo estrangeiro 
 É vedado ao estrangeiro não residente no país, exercer a atividade empresarial. 
Não há restrição, no entanto, para que o estrangeiro, mesmo o não residente, ostente a 
condição de sócio de sociedade empresária. 
 Por outro lado, os estrangeiros com visto permanente e os oriundos de países de 
língua portuguesa que estejam há mais de um ano no país (art. 12, II, “a” CRFB), 
podem exercer a profissão de empresário. 
 4. Prática de Ato Jurídico Perfeito 
 Por fim, o art. 104 do Código Civil traz os últimos requisitos a serem atendidos 
pela pessoa que deseja ser empresário. Tal dispositivo exige a observância da forma 
prescrita ou não vedada por lei, por agente capaz, para a prática de atos cujo objeto deve 
ser lícito, determinado ou determinável na forma da lei civil. Assim afasta-se do 
empresário toda atividade ilícita. 
 Onerosidade e Profissionalismo 
 Vale deixar consignado que a doutrina1 exige onerosidade nas relações 
interpessoais como requisito para se aferir a condição de empresário, haja vista ser este 
 
1 Vg. CAMPINHO. Sérgio. O direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Renovar. 2004. p. 19-32 
 13
um atributo do profissionalismo exigido daqueles que desenvolvem a atividade 
econômica. 
 O pequeno empresário 
 O art. 970 do Código Civil estabelece que “a lei assegurará tratamento 
favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, 
quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”. Porém, o digesto civil não conceituou 
a figura jurídica do pequeno empresário, fato que motivou séria divergência doutrinária 
acerca do assunto, a saber: 
 Sérgio Campinho, José Edwaldo Tavares Borba e Fabio Ulhoa2 entendem que: 
como não há lei específica estabelecendo o conceito de pequeno empresário, o art.2º da 
lei 9.841/99 deve ser utilizado para estender tal conceito aos microempresários e aos 
empresários de pequeno porte. 
 Já Rubens Requião3 utiliza o conceito que estava no projeto do novo código que 
foi vetado. Entende ele que o Pequeno Empresário não é o Microempresário e nem o 
Empresário de Pequeno Porte. Para Requião, o Pequeno Empresário é a pessoa natural 
que exerça uma atividade artesanal, ainda que com o auxílio de familiares, cuja receita 
bruta anual é menor ou igual a 100 vezes o salário mínimo vigente, tendo como 
investimento de capital valor menor ou igual a 20 vezes o salário mínimo vigente. 
 Em virtude de tamanha divergência, o Conselho da Justiça Federal editou 
entendimento sobre o assunto consubstanciado nos seguintes enunciados: 
Enunciado 56 – Art. 970: o Código Civil não definiu o conceito de 
pequeno empresário; a lei que o definir deverá exigir a adoção do livro-
diário. 
Enunciado 200 – Art. 970: É possível a qualquer empresário individual, 
em situação regular, solicitar seu enquadramento como microempresário 
ou empresário de pequeno porte, observadas as exigências e restrições 
legais. 
 Portanto, não existe definição legal para o conceito de pequeno empresário 
previsto no art. 970 do Código Civil, contudo, diante da regulamentação existente para 
as microempresas e para as empresas de pequeno porte, por extensão, equipara-se o 
pequeno empresário ao empresário de pequeno porte ou ao microempresário, conforme 
orientação jurisprudencial. 
 
2 Obras citadas 
3 REQUIÃO. Rubens, Curso de Direito Comercial, Vol I. 25ª ed.São Paulo: Saraiva. 2003, p. 78 
 14
 
 O não empresário 
 O parágrafo único do mesmo art. 966 do Código Civil afasta da condição de 
empresário “quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores”. Contudo, a realização 
de atividade intelectual aliada aos demais elementos de empresa (atividade econômica, 
organização, profissionalismo, produção ou circulação de bens ou de serviços) não 
desnatura a empresa nem desqualifica a pessoa para ser empresário. 
 Assim, se a atividade intelectual for incorporada aos demais elementos da 
empresa a pessoa que a exerce não perde a condição de empresário nem a organização o 
status de empresa. 
 Para as pessoas naturais, a ausência da condição de empresário não traz maiores 
implicações, a não ser a vinculação ao regime da insolvência civil em vez do regime da 
falência. Para as pessoas jurídicas, no entanto, a lei reservou a denominação “sociedade 
empresária”, para aquelas que exercem atividade própria de empresário e a expressão 
“sociedade simples” para as entidades que não preenchem os requisitos exigidos para a 
caraterização da figura do empresário. 
 
 EMPRESÁRIO COLETIVO 
 
Empresário coletivo é a pessoa jurídica que exerce a atividade de empresa. A 
denominação empresário coletivo é bastante criticada porque na verdade não se tem 
uma coletividade de empresários exercendo a empresa, mas sim uma empresa exercida 
por uma pessoa jurídica formada por uma coletividade de pessoas. 
Pessoa jurídica 
São entidades as quais a lei empresta personalidade jurídica própria, distinta da 
de seus sócios, capacitando-as, para assumir direitos e obrigações na vida civil. 
 Natureza Jurídica: 
- Ficção legal ou doutrinária (Savigny): criação artificial da lei ou da doutrina. 
- Realidade Técnica (Ihering) Forma encontrada pelo direito para reconhecer a 
existência de grupos que se unem na busca de fins determinados. 
Ocorre que o nosso ordenamento jurídico reconhece a existência de pessoas 
jurídicas de direito público e de direito privado, por isso é preciso verificar qual 
categoria de pessoa jurídica pode ser considerada empresária. 
 15
Logo de início afastam-se da empresa as pessoas jurídicas de direito público, isto 
porque o art. 173 da Constituição Brasileira determina expressamente que a exploração 
direta da atividade econômica pelo Estado só é permitida quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos 
em lei. Mesmo assim, quando for o caso de exploração direta esta deve ser feita através 
de empresas públicas ou sociedades de economia mista, que se submetem ao regime 
jurídico próprio das empresas privadas, conforme previsto no inciso II do parágrafo 
primeiro do mesmo art. 173 da carta maior. Assim, as pessoas jurídicas de direito 
público interno não podem ser consideradas empresárias por expressa vedação 
constitucional. 
Por seu turno, o art. 44 do Código Civil traz um rol exemplificativo das espécies 
de pessoas jurídicas de direito privado, fato que impõe a distinção entre elas para efeito 
de saber qual espécie pode exercer a condição de empresário coletivo. 
Associações 
As associações são pessoas jurídicas formadas por pessoas que se organizam 
para desenvolver fins não econômicos, tais como atividades culturais, recreativas, 
esportivas etc. (Art. 53 e seguintes do CC). Logo, as associações não podem ser 
empresárias por incongruência entre o objeto da associação e a atividade de empresa 
(econômica). 
 
Fundações 
As fundações são criadas por um instituidor que destina bens livres, para fins 
religiosos, morais, culturais ou de assistência, mediante escritura pública. (art. 62 e p. 
único do CC). Da mesma forma não se adequam à atividade de empresa. 
 
Partidos políticos e organizações religiosas 
Tanto os partidos políticos, que perseguem ideologias, quanto as organizações 
religiosas, que professam a fé e os cultos, não podem exercer a condição de empresário 
porque suas atividades precípuas não são de natureza econômica. 
 
Sociedades 
As sociedades se formampela manifestação da vontade de duas ou mais pessoas, 
que se propõem através de um contrato a unir esforços e recursos para a consecução de 
uma atividade econômica e a partilha entre si dos resultados. 
 16
O art. 981 do Código Civil aderiu à teoria contratualista ao dizer: “celebram 
contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com 
bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos 
resultados”. 
Logo se vê que a única categoria de pessoa jurídica que está autorizada a 
perseguir atividade econômica é a sociedade. 
Pressupostos 
Os pressupostos da sociedade são os aspectos que fundamentam a sua existência, 
validade e regularidade de atuação e se identificam através dos diversos caracteres. 
Pressupostos de existência 
Para a existência de uma sociedade é preciso que concorram (i) a affectio 
societatis e (ii) a pluralidade de sócios. 
Affectio societatis é a vontade firme de os sócios unirem-se, por comungarem de 
idênticos interesses, manterem-se coesos, motivados por propósitos comuns, e 
colaborarem, de forma consciente, na consecução do objeto social da sociedade4. 
Já a pluralidade de sócios demanda a presença de ao menos duas pessoas, físicas 
ou jurídicas para a formação do contrato social. Vale ressaltar que o direito brasileiro 
não admite a sociedade originariamente unipessoal, salvo a hipótese da subsidiária 
integral prevista no art. 251 da Lei 6.404/76. 
A unipessoalidade é admitida de maneira superveniente por prazo certo de 180 
(cento e oitenta) dias, conforme dispõe o art. 1.033, IV do NCC ou pelo prazo de 1 (um) 
ano nas sociedades anônimas, na forma do art. 206, I, d da Lei 6.404/76. Assim, em 
caso de remanescer apenas um sócio na sociedade, seja por qual motivo for, este terá os 
prazos acima mencionados para restabelecer a pluralidade de sócios, sob pena de 
dissolução de pleno direito da sociedade. 
 
Pressupostos de validade 
Como requisitos de validade decorrentes da natureza das sociedades, 
encontramos a contribuição dos sócios para a constituição do capital (art. 981 do NCC) 
e a participação nos resultados (art. 1.008 do NCC). 
 
4 LOBO, Jorge. Sociedades Limitadas – Vol. I. Rio de Janeiro: Forense. 2004, p.51 
 17
O capital social 
O capital da sociedade, o qual consta no contrato, é a cifra correspondente ao 
valor dos bens que os sócios transferiram ou se obrigaram a transferir à sociedade5. 
O capital social é regido por dois princípios básicos: o princípio da realidade 
que prescreve ser necessário a correta atribuição de valores aos bens que forem 
transferidos à sociedade a titulo de integralização do capital, e o princípio da 
intangibilidade que inibe qualquer distribuição de valores que não se apóie em um 
excesso patrimonial frente ao capital constituído, uma vez que este é a garantia dos 
credores. 
O capital social pode ser formado com contribuições em dinheiro ou em 
qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro6. 
Por expressa determinação do §2º do art. 1.055 do NCC, a sociedade limitada 
não admite a constituição do capital social com serviços, nem tampouco com bens ou 
direitos indissociáveis do patrimônio de seu titular, uma vez que a lei não admite o sócio 
de trabalho ou de indústria. 
Por ser o capital dividido em quotas, a sua realização é feita através da 
subscrição ou da integralização. A mera subscrição significa que o sócio apenas se 
comprometeu a aportar recursos ou bens em um momento futuro, na forma e no prazo 
previstos no contrato. A integralização da quota revela o pagamento do preço ou a 
efetiva transferência dos bens ou direitos à sociedade, investindo o subscritor na 
qualidade de sócio cotista. 
A participação nos resultados 
 O último requisito de validade das sociedades é a distribuição dos resultados. O 
Código Civil no art. 1008, fulmina de nulidade a cláusula contratual que exclui qualquer 
dos sócios de participar das perdas ou dos lucros. 
A distribuição dos resultados deve ser proporcional à participação de cada sócio 
na composição do capital, mas nada obsta que, por disposição contratual expressa, os 
sócios estabeleçam a participação igualitária nos lucros e nas perdas (art. 1.007 CC/02). 
Vale lembrar que a cláusula que exclui qualquer sócio da participação nos lucros 
é reputada leonina, posto que estabelece uma vantagem exagerada para contratantes, em 
prejuízo para o excluído, daí exsurge a negativa legal de sua validade (Art. 1.008 NCC). 
 
 
5 BORBA. José Edwaldo T. Direito Societário. Rio de Janeiro; Renovar.2001. p. 41 
6 Art. 1.055, § 2º do NCC 
 18
Requisitos gerais de regularidade na atuação 
Tal como qualquer negócio jurídico, o contrato de sociedade deve atender aos 
requisitos contidos no art. 104 do NCC (agente capaz, objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável; e, forma prescrita ou não defesa em lei). Contudo, o 
contrato social deve ainda afastar de qualquer restrição aos direitos e obrigações dos 
sócios, expressamente contidas na lei. 
Capacidade Civil 
No que diz respeito à capacidade, exsurge a questão atinente à participação de 
menores nas sociedades. 
O Art. 308 do Código Comercial7, revogado pelo art. 2.045 do NCC, vedava, no 
caso de sucessão por herança, o menor herdeiro de ter cota parte na sociedade 
comercial, salvo se legitimamente emancipado, ou seja, o menor incapaz não poderia 
participar de sociedade comercial por expressa vedação legal. 
Com o advento do Novo Código Civil, o dispositivo não foi reproduzido, mas 
ainda permanece como pressuposto de validade dos atos jurídicos, a presença do agente 
capaz. Assim, existem duas hipóteses a serem analisadas: a participação do menor 
emancipado e a posição do menor, absoluta ou relativamente incapaz, não emancipado. 
Menor emancipado 
Se o menor, com mais de dezesseis anos completos se emancipar por qualquer 
das causas previstas no parágrafo único do art. 5º do NCC, não há qualquer empecilho à 
sua participação na sociedade, haja vista que a emancipação faz cessar a incapacidade 
surgindo a possibilidade dele praticar todos os atos da vida civil, pessoalmente e em 
nome próprio. 
Assim, não há qualquer óbice ao seu ingresso na constituição original, inclusive 
na condição de administrador da sociedade, da mesma forma que pode ingressar em 
sociedade já constituída, por ato voluntário ou por herança. 
Menor Impúbere 
A Segunda hipótese é a do menor, absoluta ou relativamente incapaz, não 
emancipado. Para estes a Constituição Brasileira reserva uma proteção especial8 que os 
põe a salvo de toda e qualquer forma de exploração, principalmente a de seu patrimônio 
pessoal. 
 
7 Lei 556 de 1850 
8 Art. 228 da CRFB/88 
 19
Em razão do mandamento constitucional e da certeza que o exercício da empresa 
envolve os riscos inerentes a toda e qualquer atividade econômica, emerge a 
necessidade de preservação do patrimônio do menor. Por isso, mesmo inexistindo 
vedação legal à participação destes em sociedades, mormente as empresárias, a questão 
suscitou controvérsia doutrinária. 
Antes mesmo do Novo Código Civil, a questão era controvertida na doutrina e 
havia dois entendimentos divergentes. 
1ª Corrente. Os professores Rubens Requião, Sérgio Campinho e Waldírio 
Bulgarelli, não admitiam que o menor, não emancipado, participasse como sócio em 
uma sociedade, porque as sociedades previstas no Código Comercial eram contratuais e 
de pessoas, havendo uma disposição expressa que vedava a participação do menor. 
2ª Corrente. Já Fábio Ulhoa Coelho, José EdwaldoTavares Borba e Waldo 
Fazzio Júnior, entre outros (posição amplamente dominante), admitiam a participação 
do menor, desde que presentes os seguintes requisitos: 
(i) A responsabilidade dos sócios seja subsidiária e limitada; 
(ii) O menor absolutamente incapaz teria que ser representado; ou, se 
relativamente capaz, assistido; 
(iii) O capital social deveria estar totalmente integralizado, pois assim não 
seria possível o comprometimento do patrimônio do menor; 
(iv) O menor não poderia ser sócio-gerente, pois o incapaz não pode praticar 
atos de gestão; e, 
(v) As quotas só poderiam ser havidas através de dinheiro ou bens móveis, 
porque a disposição de imóveis requer autorização judicial. 
Vale ainda ressaltar que todos os requisitos acima seriam cumulativos e 
concorrentes, para que o menor pudesse participar da sociedade. 
O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a questão, flexibilizou os requisitos 
exigindo apenas o capital totalmente integralizado e o afastamento dos poderes de 
gerência, Vejamos: 
SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE 
LIMITADA. PARTICIPAÇÃO DE MENORES, COM 
CAPITAL INTEGRALIZADO E SE PODERES DE 
GERÊNCIA E ADMINISTRAÇÃO COMO COTISTAS. 
ADMISSIBILIDADE RECONHECIDA, SEM OFENSA AO 
ART. 1º DO CÓDIGO COMERCIAL. 
 20
Recurso Extraordinário não conhecido. (RE 82.433/SP, Rel. 
Min. Xavier de Albuquerque, Tribunal Pleno, DJU 08.07.1976) 
 
Em razão da jurisprudência do STF sobre o assunto, o Departamento Nacional 
do Registro de Comércio – DNRC emitiu os seguintes entendimentos: 
 
Ofício Circular nº 22/76 – DNRC: “Tendo em vista que a 
jurisprudência é fonte de lei e, como as decisões do STF a torna 
exigível em casos análogos, entende o DNRC que as Juntas 
Comerciais devem aceitar e definir contratos sociais onde 
figurem menores impúberes, desde que as suas cotas estejam 
integralizadas e não constem dos contratos sociais atribuições 
aos mesmos, relativas à gerência e administrações”. 
 
Instrução Normativa nº 12 de 28.11.1986 – DNRC: “O 
arquivamento de atos de sociedade por quotas de 
responsabilidade limitada, da qual participam menores, será 
feito desde que o capital da sociedade esteja integralizado na 
constituição, como nas alterações contratuais, e, não sejam 
atribuídos ao menor, poderes de gerência e administração”. 
 
 Como antes mencionado, o Novo Código Civil não tratou da matéria, mas 
revogou (art. 2.045) a parte primeira do Código Comercial, que continha a regra que 
vedava a participação do menor em sociedades comerciais (Art. 308 do C. Com.). A 
teoria do ordenamento jurídico surge da necessidade de se dar unidade a um conjunto de 
normas jurídicas esparsas e fragmentárias, sempre sujeitas ao risco constante de 
mudança ao arbítrio dos detentores do poder. A incerteza e a insegurança no campo 
jurídico motivaram o estabelecimento de um ordenamento jurídico baseado em três 
caracteres fundamentais: a unidade, a coerência e a completitude. 
A unidade vem a dar ao direito o atributo de ser um sistema unitário de normas 
que derivam da norma fundamental. A coerência por sua vez, afasta a possibilidade de 
haver antinomias no ordenamento jurídico através dos mecanismos de solução das 
incompatibilidades entre as normas (hierárquico, cronológico e a especialidade). Por 
fim, a completitude vem a ser o atributo pelo qual se nega a existência de lacunas na lei, 
 21
seja pela presença de um espaço jurídico vazio (o fato não regulado pela lei é 
irrelevante), seja pela existência de uma norma geral exclusiva que considera “permitido 
tudo aquilo que não é proibido nem comandado”. 
Por tais razões, ante a inexistência de vedação legal, a doutrina amplamente 
admite, após a vigência do NCC, a participação de menores impúberes na sociedade, 
consoante a diretriz do DNRC, antes referidas, seja por ato inter vivos ou mortis causae, 
desde que presentes as seguintes condições: 
(i) A sociedade deve ser daquelas em que a responsabilidade do sócio é 
subsidiária e limitada; 
(ii) O menor absolutamente incapaz terá que ser representado; ou, se 
relativamente capaz, assistido; 
(iii) O capital social deverá estar totalmente integralizado, tanto na 
constituição, como nas alterações contratuais; e, 
(iv) Não sejam atribuídos ao menor, poderes de gerência e administração. 
 
O professor Sérgio Campinho9 acrescenta que na hipótese de aumento de capital, 
deve-se promover a imediata integralização do capital subscrito para que não haja 
possibilidade de vulneração do menor. Diz ainda que, no caso do capital não estar 
totalmente integralizado, o menor só poderá ingressar ou permanecer na sociedade 
mediante autorização judicial, após a análise dos riscos da empresa, haja vista a 
disposição do art. 974 do NCC. 
Cabe ainda ressaltar que, em caso de morte de sócio, opera-se a resolução da 
sociedade quanto a este, hipótese em que só por acordo dos herdeiros com os sócios 
remanescentes pode ser feita a substituição do sócio falecido (art. 1.028 do NCC). Neste 
caso, é preciso que a titularidade das cotas esteja estabelecida na partilha de bens 
homologada pelo Juiz e que os demais sócios não tenham optado pela dissolução da 
sociedade. 
Diante deste contexto, a capacidade do agente enquanto requisito de validade do 
ato constitutivo da sociedade sofre eventuais temperamentos, em razão da possibilidade 
de participação do menor. 
 
9 CAMPINHO, Sérgio, op, cit, p. 211 
 22
O segundo requisito geral de validade – a licitude, possibilidade e determinação 
do objeto – não precisa de maiores considerações, porque decorre da análise das 
atividades elencadas no objeto social. 
Objeto social lícito 
Em relação ao objeto, as sociedades podem perseguir atividades econômicas ou 
rurais, intelectuais 10 ou outra incompatível com as atividades de natureza econômica, 
tais como as esportivas, de beneficência, morais ou religiosas. A atividade descrita no 
objeto social dirá se a sociedade é simples ou empresária. Não é somente a organização 
ou a estrutura administrativa que adota; mas as finalidades a serem perseguidas no 
objeto descrito no contrato que irão indicar se a sociedade é simples ou empresária11. 
Vale dizer que as sociedades limitadas se enquadram naturalmente entre as 
sociedades empresárias 12, mas as sociedades simples podem, sem perder esta qualidade, 
adotar a forma de sociedade limitada, como também de outros tipos societários. 
Forma do Ato Constitutivo 
O Terceiro requisito geral de validade – a forma- também não demanda especial 
atenção, o contrato de sociedade pode ser celebrado por instrumento particular ou por 
escritura pública, exige-se apenas que o ato constitutivo seja levado ao registro próprio 
para que a sociedade obtenha personalidade jurídica (Art. 985 do NCC) 
Desde longa data a doutrina se inclinou por entender que as sociedades de 
capitais se constituem por estatutos. No que diz respeito às sociedades limitadas, a 
hibridez do seu objeto nada tem que ver com o seu ato constitutivo, mas sim com o 
caráter personalista ou capitalista da sociedade, portanto, a sociedade permanece 
contratual. Tais circunstâncias levam também à conclusão que a limitada é uma 
sociedade contratual e personificada. 
O contrato de sociedade gera relações obrigacionais entre os seus participantes, e 
entre estes e o novo sujeito de direito. A doutrina do direito comercial debateu por 
muito tempo sobre a natureza dos atos constitutivos das sociedades13. 
É certo que o contrato firmado para a constituição de uma sociedade é 
disciplinado pelas normas do direito comercial, mas sua vinculação às normas 
 
10Cf. p. único do art. 966 do NCC 
11 Neste sentido o acórdão proferido no proc. 2000.02.01.012520-2, Rel. Des. Federal André Fontes 
12 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial – 25ª ed. São Paulo: Saraiva. 2003, p. 465 
13 COELHO. Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial – vol. 2 – 7ª ed.. São Paulo: Saraiva. 2004. p. 
379/382. 
 23
contratuais do direito civil é inegável, porquanto se traduz num acordo de vontades que 
cria, extingue ou modifica direitos. 
As sociedades de pessoas constituem-se por contrato haja vista a possibilidade 
de prévio ajuste e negociação das cláusulas contratuais. Já nas sociedades de capitais o 
ato constitutivo vem a ser o Estatuto que não admite negociação prévia de suas 
cláusulas por ser um instrumento equivalente a um contrato de adesão (art. 54 da Lei 
8.078/90) 
No entanto, prevalece o entendimento de que, em ambos os casos, trata-se de um 
contrato plurilateral14, na esteira dos ensinamentos de Túlio Ascarelli, uma vez que os 
sócios comungam de objetivos comuns; e, mesmo havendo interesses antagônicos dos 
contratantes, estes são coordenados para a realização do objeto, o que indica uma 
espécie singular de contrato. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL 
 
Sociedades personificadas e despersonificadas 
 As sociedades personificadas são aquelas que possuem personalidade jurídica 
assim entendida como um conjunto de atributos que revelam autonomia do nome, do 
domicílio, de nacionalidade e de patrimônio que acabam por consignar capacidade civil, 
tributária e postulatória, para contrair direitos e obrigações. 
 As sociedades não personificadas são aquelas que não possuem ou que não 
promoveram a inscrição de seus atos constitutivos no Registro Geral das empresas 
mercantis (sociedades de fato) ou aquelas que seus atos constitutivos não têm validade 
(sociedades irregulares), resultando na responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios 
perante terceiros, sem benefício de ordem (art. 990 CC). São as sociedades em comum e 
as sociedades em conta de participação. 
 Efeitos da personificação 
 A Personalidade jurídica é a aptidão da sociedade de contrair direitos e 
obrigações em nome próprio. A sociedade adquire personalidade jurídica com o 
arquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial. A Existência legal da pessoa 
jurídica começa com o arquivamento de seus atos constitutivos no órgão competente e 
 
14 Cf. Requião (op, cit, p. 469); Fábio Ulhoa (op,cit, p. 381), em sentido contrário Jorge Lobo entende que 
se trata de um contrato complexo em razão da sociedade Ter natureza mista ou híbrida (op, cit, p. 71) 
 24
termina com o arquivamento da dissolução contratual e a baixa da inscrição do 
empresário no registro do comércio. (art. 45, 985 e 1.150 do CC/02) 
 Os principais efeitos da personificação são: 
1. Exclusividade e proteção do nome empresarial (Art. 33 da L. 8.934/94); 
2. Autonomia patrimonial da sociedade em relação aos sócios; 
3. Aquisição do domicílio legal no lugar de sua sede15 (art. 75 CC/02); 
4. Aquisição de nacionalidade brasileira (Art. 1.126 CC/02); 
 Como visto, o arquivamento dos atos constitutivos da sociedade confere 
capacidade civil, tributária e postulatória à pessoa jurídica. 
 O principal efeito da aquisição da personalidade jurídica é a autonomia 
patrimonial que a sociedade adquire perante os sócios, ou seja, separa-se o patrimônio 
da sociedade do patrimônio dos sócios. 
 Tal efeito resulta no estabelecimento da responsabilidade patrimonial da 
sociedade. Esta é igual a do empresário individual, ou seja, a sociedade responde 
perante terceiros, por suas dívidas, de maneira pessoal (em seu nome), direta (com seu 
próprio patrimônio); e, Ilimitada (até o montante da dívida). 
 Ocorre que os sócios, por constituírem o patrimônio da sociedade através da 
integralização do capital, também assumem responsabilidade perante os credores da 
sociedade. 
 No entanto, a responsabilidade dos sócios é subsidiária, nos termos dos artigos 
1.023 e 1.024 do Código Civil, que prescrevem: 
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, 
respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das 
perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. 
 
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por 
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. 
 
 Nos termos do inciso VIII do art. 997, todo e qualquer ato constitutivo de 
sociedade deve conter a “cláusula de responsabilidade” para efeito de se determinar a 
responsabilidade dos sócios e até mesmo o tipo societário, sob pena de se considerar 
que a responsabilidade dos sócios é ilimitada. 
 25
 Os sócios assumem, subsidiariamente, responsabilidade ilimitada, mista ou 
limitada pelas obrigações sociais. A responsabilidade ilimitada resulta no fato de que os 
sócios se obrigam na forma do art. 1.023 do CC, ou seja, pelo saldo que faltar para 
cumprir a obrigação que o patrimônio da sociedade não foi capaz de adimplir. A 
responsabilidade mista ocorre nas sociedades em comandita simples e por ações, onde 
existem sócios que respondem na forma do art. 1.023 e outros que a lei estabelece um 
parâmetro para o alcance da obrigação do sócio. Por fim, a responsabilidade limitada 
assume duas feições, ou o sócio responde apenas pela sua participação individual no 
capital, ou o sócio responde pelo valor de suas quotas e do capital em solidariedade com 
os demais sócios. 
A limitação da responsabilidade do sócio à sua participação individual aparece 
nas sociedades anônimas, onde “a responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada 
ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas” conforme dispõe o art. 1º da 
Lei 6.404/76, hipótese em que “obriga-se cada sócio ou acionista somente pelo preço 
de emissão das ações que subscrever ou adquirir” (art. 1.088 do NCC). 
A limitação da responsabilidade à participação individual, com solidariedade 
pela integralização do capital, ocorre nas sociedades limitadas, onde “a 
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos 
respondem solidariamente pela integralização do capital social”, de acordo com o art. 
1.052 do NCC. 
 Ocorre que a responsabilidade dos sócios subsidiária pode dar ensejo a fraude 
contra credores, mediante o uso indevido da pessoa jurídica. Diante da possibilidade de 
alguns desvios, o legislador pátrio adotou a teoria da desconsideração da personalidade 
jurídica como forma de coibir eventuais abusos. 
Casos de afastamento da responsabilidade subsidiária 
a) Responsabilidade dos administradores 
 O art. 1.015 do NCC reza que os administradores podem praticar todos os atos 
pertinentes à gestão da sociedade, sendo sócios ou não. Ocorre que o inciso III do 
mesmo artigo dispõe que o excesso dos administradores pode ser oposto pela sociedade 
perante terceiros, no caso de operação evidentemente estranha aos negócios da 
 
15 Enunciado 55 – Arts. 968, 969 e 1.150: o domicílio da pessoa jurídica empresarial 
regular é o estatutário ou o contratual, em que indicada a sede da empresa, na forma 
 26
sociedade. Assim, se o administrador também for sócio, responderá pessoal e 
ilimitadamente pelas obrigações contraídas. 
Da mesma forma, o art. 1.016 do NCC, estipula a responsabilidade solidária e 
pessoal dos administradores, perante terceiros e a sociedade, por culpa no desempenho 
de suas funções. 
b) Responsabilidade por deliberações 
 O art. 1.080 do NCC prevê a responsabilidadepessoal, solidária e ilimitada dos 
sócios que expressamente aprovarem deliberações que resultem em infração do contrato 
social ou a lei. A hipótese afasta a responsabilidade limitada dos envolvidos em relação 
às matérias aprovadas. 
 c) a desconsideração da personalidade jurídica 
A lei reconhece, em certos casos, a possibilidade de o Juiz desconsiderar a 
personalidade jurídica da sociedade para atingir o patrimônio pessoal dos sócios. A 
teoria da desconsideração da personalidade jurídica nasceu na Inglaterra, mas foi nos 
EUA que ela se desenvolveu e migrou para outros países. Foi introduzida no Brasil por 
Rubens Requião e é conhecida como doutrina da penetração, ou também pela 
expressão inglesa “disregard of legal entity”. 
 Como se sabe, a pessoa dos sócios não se confunde com a da sociedade e os 
patrimônios daqueles e desta não se comunicam. Portanto, o objetivo desta teoria é 
desconsiderar momentaneamente a personalidade jurídica da sociedade para atingir o 
patrimônio dos sócios, na hipótese de prática de atos fraudulentos ou abusivos, 
preservando-se, deste modo, os interesses e direitos dos credores prejudicados pelo mau 
uso da sociedade. 
 Trata-se de uma exceção ao princípio da separação patrimonial, haja vista que o 
direito repudia a utilização da personalidade jurídica da sociedade para acobertar 
situações antijurídicas. 
Esta teoria se baseia na teoria da fraude contra credores e pela teoria do abuso 
de direito16. Em nosso ordenamento jurídico encontramos o instituto da desconsideração 
da personalidade jurídica no art. 449 da CLT, no art. 18, da lei 8.884/94 – CADE; no art 
4º, da lei 9.695/98; no Código de Defesa do Consumidor e no Novo Código Civil. 
 
dos arts. 968, IV, e 969, combinado com o art. 1.150, todos do Código Civil. 
 27
O Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078/90) dispõe: 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de 
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou 
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica 
provocados por má administração. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as 
sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis 
pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 O novo Código Civil também tratou da matéria em seu art. 50, vejamos: 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado 
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz 
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público, quando 
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
 Pressupostos da aplicação da teoria da Desconsideração 
 A teoria da desconsideração tem como pressuposto maior de aplicabilidade a 
prática de um ato ilícito e como pressupostos menores o abuso da personalidade 
jurídica, configurado pelo desvio de finalidade e pela confusão patrimonial; e, a fraude 
contra credores sedimentado no prejuízo experimentado por aqueles que tem obrigações 
a serem adimplidas pela pessoa jurídica. 
 
16 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial,vol I, 25ª ed..São Paulo:Saraiva. P. 379 
 28
 Teoria maior e teoria menor da desconsideração 
 Doutrinariamente há uma divisão entre a teoria da desconsideração maior e a 
teoria da desconsideração menor. A teoria. maior condiciona o afastamento da 
personalidade jurídica da sociedade à existência do ato ilícito e da fraude ou abuso de 
direito. 
 Para a teoria menor, o prejuízo do credor é suficiente para o levantamento do 
véu da sociedade e para a conseqüente responsabilização dos sócios se a sociedade não 
dispuser de bens suficientes para o adimplemento da obrigação. 
 Assim, a teoria maior firma-se no mau uso da sociedade e consolida-se pela 
presença de um maior número de requisitos para ser aplicada. Por outro lado, a teoria 
menor considera a simples insatisfação do credor como requisito suficiente para a 
desconsideração da personalidade jurídica. 
 De toda sorte, ambas as teorias só serão aplicadas, se não houver como 
responsabilizar diretamente a sociedade. Portanto, o tipo de responsabilidade atribuída 
aos sócios em cada espécie societária afasta a aplicação da teoria da desconsideração, 
uma vez que esta só poderá ser aplicada se o ato praticado for ilícito. 
Sobre a extensão do abuso da personalidade jurídica a que se refere o art. 50 do 
Código Civil, devemos dizer que o referido dispositivo reflete a aplicação da teoria da 
desconsideração maior, uma vez que o digesto civil condiciona a aplicação da referida 
teoria à comprovação do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial. 
Desconsideração direta e desconsideração inversa 
 A teoria da desconsideração direta é a positiva da no art. 50 do Código Civil, ou 
seja, ocorre quando os bens particulares dos sócios são usados para o pagamento das 
obrigações da sociedade, ou seja, o credor da sociedade perpassa a sociedade para 
adentrar diretamente no patrimônio do sócio ou do administrador. Já a teoria da 
desconsideração inversa incide quando os bens da sociedade são levados ao pagamento 
das obrigações da pessoa do sócio, neste caso, desconsidera-se a existência da sociedade 
para entender que o patrimônio do sócio engloba também o patrimônio da sociedade. É 
o caso da unipessoalidade fática que se verifica quando, por exemplo, um sócio detém a 
quase unanimidade do capital social (99% p. ex.) 
 29
Vale dizer que a desconsideração da personalidade jurídica só atinge os efeitos 
de certas e determinadas relações de obrigações, mas não atinge a essência do ato 
constitutivo, esclarecendo o assunto o Professor Fábio Ulhoa17 assim leciona: 
“A desconsideração da personalidade jurídica não atinge a validade 
do ato constitutivo, mas a sua eficácia episódica. Uma sociedade 
que tenha a sua autonomia patrimonial desconsiderada continua 
válida, assim como válidos são todos os demais atos que praticou. 
A separação patrimonial em relação aos seus sócios é que não 
produzirá nenhum efeito na decisão judicial referente àquele 
específico ato objeto da fraude”. 
Desta forma, a extensão da confusão patrimonial para efeito de aplicação da 
teoria da desconsideração da personalidade jurídica deverá ser aferida à luz do ilícito 
praticado e da responsabilidade dos sócios da sociedade, motivo pelo qual compete 
privativamente ao juiz, no conhecimento do caso concreto, verificar se houve fraude 
perpetrada com o uso da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para, somente após, 
realizar a desconsideração. 
 Aspectos processuais 
A desconsideração da personalidade jurídica aparece sempre como um incidente 
do processo, haja vista que, para a sua aplicação, é necessário que a sociedade (teoria da 
desconsideração direta) ou o sócio (desconsideração inversa)não tenha recursos para 
adimplir a obrigação com o seu próprio patrimônio. 
Assim, o provimento judicial que resolve este incidente processual será uma 
decisão interlocutória sujeita ao recurso de agravo retido previsto no art. 522 do CPC, 
ou de instrumento, na forma do art. 524 do CPC. Distribuído o agravo, estes vão 
imediatamente conclusos ao relator que poderá dar-lhe provimento (art. 557 § 1º-A) ou 
negar seguimento ao recurso (art. 557, caput). Neste último caso, cabe o agravo interno 
previsto no art. 557, § 1º do CPC para suscitar a manifestação do órgão colegiado. Não 
obtendo sucesso no conhecimento do recurso, a parte pode manejar Recurso Especial 
para o STJ, presentes os pressupostos do art. 105, inciso III da Constituição Brasileira. 
Caso o apelo especial não seja admitido cabe o agravo de instrumento do art. 544 do 
 
17 COELHO. Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, 15ª ed. São Paulo: Saraiva. 2004. p. 127 
 30
CPC, hipótese em que o ministro relator pode dar provimento ao recurso, por decisão 
monocrática (art. 544, § 3º), ou, negar seguimento ao mesmo, hipótese em que caberá o 
agravo do art. 545 do CPC. 
d) Responsabilidade Tributária dos sócios 
 O direito societário, enquanto ramo do direito comercial possui regras, institutos 
e conceitos próprios que não se confundem com os dos demais ramos do direito. Da 
mesma forma, o direito tributário também se apresenta como um ramo autônomo da 
ciência do Direito e como tal possui regras institutos e conceitos que somente podem ser 
aplicados quando o assunto envolve tributos. 
Assim é a responsabilidade tributária, que pressupõe disposição legal que atribua 
de modo expresso “a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, 
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do 
contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou 
parcial da referida obrigação“, conforme dispõe o art. 128 do CTN. 
Como visto, a responsabilidade tributária tem como pressuposto o crédito 
tributário e não o capital social ou a participação individual de cada sócio, tal como 
pressupõe a responsabilidade societária. Por isso, somente disposição legal expressa 
pode deslocar a responsabilidade pelo pagamento do tributo para terceira pessoa, desde 
que obviamente vinculada de alguma maneira ao fato gerador da obrigação tributária. 
Por tais motivos, “nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da 
obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em 
que intervierem ou nas omissões de que forem responsáveis” (art. 134 do CTN), os 
sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas (inciso VII). 
Da mesma forma, “são pessoalmente responsáveis pelos créditos 
correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de 
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos” (art. 135 do CTN) os sócios, 
no caso de liquidação irregular de sociedade de pessoas (inciso VII do art. 134 do 
CTN, c/c inciso I do art. 135 do CTN) e “os diretores, gerentes ou representantes das 
pessoas jurídicas de direito privado” (inciso III do art. 135 do CTN). 
 
 31
 1) Dissolução Irregular da Sociedade 
 O novo código civil estabeleceu, nos arts. 1.033, 1.044 e 1.087, as formas e 
causas de dissolução regular da sociedade. Em virtude da expressa disposição legal, a 
dissolução societária que não atenda ao disposto nos artigos mencionados deve ser 
considerada irregular. 
 A jurisprudência do STF é pacífica em considerar a dissolução irregular como 
uma das hipóteses que ensejam a aplicação do art. 135 do CTN, para a 
responsabilização pessoal dos sócios (art. 135, III c/c art. 134, VII), desde que, este, 
exercendo função de gerência (administração), não providencie a extinção na forma 
prevista em lei, vejamos: 
“Nos termos do art. 135, III do CTN são substituídos na 
responsabilidade tributária os diretores, gerentes ou 
representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Se a 
firma encerrou suas atividades de forma irregular, pode, 
qualquer uma das pessoas referidas na lei, ser citada com a 
penhora de seus bens, para garantia da execução fiscal. 
Precedentes da Corte”. (RE nº 113.854-RJ, AC da 2ª T do STF, 
de 26.08.87, Rel Min. Carlos Madeira, RTJ 124/365). 
 Questão controvertida é se poderia o administrador, estranho ao quadro social, 
ser responsabilizado pessoalmente no caso de dissolução irregular da sociedade. 
Os administradores da sociedade, mesmo os estranhos ao quadro social, 
enquadram-se como representantes das pessoas jurídicas de direito privado, nos termos 
dos arts. 1.015 e 1.064 do CC. Contudo, a dissolução da sociedade ocorre de pleno 
direito (art. 1.033) por decisão judicial (art. 1.034) ou por estipulação do contrato social 
(art. 1.035), surge daí a dúvida acerca da possibilidade da execução fiscal ser dirigida 
pessoalmente contra o administrador, nomeado por ato em separado. 
Ora, se a dissolução da sociedade se deu por ato do administrador que, por ato 
próprio, ensejou a dissolução irregular, nenhuma dúvida há que este será pessoalmente 
responsável pelos tributos que a sociedade deixou de recolher, nos termos do art. 1.015 
 32
e 1.016 do NCC c/c art. 135, III do CTN, pois agiu com evidente má-fé, além de ter 
perpetrado a fraude. 
Por outro lado, se a dissolução irregular se deu por ato do administrador, em 
cumprimento de deliberação dos demais sócios, incide o art. 1.080 do NCC que 
determina a responsabilidade ilimitada dos sócios que expressamente aprovaram ou 
anuíram com a dissolução irregular. 
Por tais razões, podemos concluir que as alterações do novo código civil não 
afastam a incidência do art. 135 do CTN e possibilitam, caso a caso, a responsabilização 
pessoal dos sócios que exerçam a administração da sociedade e dos administradores, 
estranhos ao quadro social, na hipótese de dissolução irregular da empresa. 
2) O Não Recolhimento Tempestivo dos Tributos 
O Superior Tribunal de Justiça já fechou questão acerca da responsabilidade dos 
sócios quando não houver o recolhimento tempestivo dos tributos. A corte entendeu que 
a obrigação do recolhimento do tributo devido é da pessoa jurídica (sociedade), e não do 
diretor ou sócio gerente. É dominante no STJ o entendimento que o não recolhimento 
do tributo, por si só, não constitui infração à lei suficiente a ensejar a responsabilidade 
solidária dos sócios, ainda que no exercício da gerência, sendo necessário provar que os 
mesmos agiram dolosamente, com fraude ou excesso de poderes. Vejamos a ementa: 
 
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO 
REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE 
DE SÓCIO-GERENTE. LIMITES. ART. 135, III, DO CTN. 
PRECEDENTES. 
1. Agravo Regimental interposto contra decisão que negou 
provimento ao agravo de instrumento ofertado pela parte agravante. 
2. Os bens do sócio de uma pessoa jurídica comercial não 
respondem, em caráter solidário, por dívidas fiscais assumidas pela 
sociedade. A responsabilidade tributária imposta por sócio-gerente, 
administrador, diretor ou equivalente só se caracteriza quando há 
dissolução irregular da sociedade ou se comprova infração à lei 
praticada pelo dirigente. 
3. Em qualquer espécie de sociedade comercial, é o patrimônio 
social que responde sempre e integralmente pelas dívidas sociais. Os 
diretores não respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas 
em nome da sociedade, mas respondem para com esta e para com 
terceiros solidária e ilimitadamente pelo excesso de mandato e pelos 
 33
atos praticados com violação do estatuto ou lei (art. 158, I e II, da 
Lei nº 6.404/76). 
4. De acordocom o nosso ordenamento jurídico-tributário, os sócios 
(diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica) são 
responsáveis, por substituição, pelos créditos correspondentes a 
obrigações tributárias resultantes da prática de ato ou fato eivado de 
excesso de poderes ou com infração de lei, contrato social ou 
estatutos (art. 135, III, do CTN). 
5. O simples inadimplemento não caracteriza infração legal. 
Inexistindo prova de que se tenha agido com excesso de poderes, 
ou infração de contrato social ou estatutos, não há falar-se em 
responsabilidade tributária do ex-sócio a esse título ou a título de 
infração legal. Inexistência de responsabilidade tributária do ex-
sócio. Precedentes desta Corte Superior. 
6. Agravo regimental não provido. (AGA 490702 / RS; AGRAVO 
REGIMENTAL NO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO2003/0011958-0 - Min. JOSÉ DELGADO). 
Assim, diante da jurisprudência pacífica do STJ, a menos que seja comprovado, 
nos autos da execução fiscal, o excesso de poderes ou a infração do contrato social ou 
do estatuto, o simples inadimplemento do tributo não caracteriza, por si só, infração 
legal a ensejar a responsabilidade pessoal do administrador, seja ele sócio ou não da 
sociedade. O entendimento pacífico é no sentido de que a responsabilidade dos 
administradores é subjetiva e depende da prova da fraude à lei ou ao contrato. 
3) Contribuições previdenciárias 
 Contudo, no que tange às contribuições previdenciárias, a Lei 8.620 de 1993 
estabelece em seu artigo 13, a responsabilidade solidária pelos débitos perante a 
previdência social, vejamos: 
Art. 13. O titular de firma individual e os sócios das empresas por 
cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com 
seus bens pessoais, pelos débitos junto à seguridade social. 
Parágrafo único. Os acionistas controladores, os administradores, 
os gerentes e os diretores respondem solidariamente e 
subsidiariamente, com seus bens pessoais, quanto ao 
inadimplemento das obrigações para com a seguridade social, por 
dolo ou culpa. 
 34
Neste caso específico, o simples inadimplemento das obrigações previdenciárias 
resulta a responsabilidade subsidiária e solidária dos administradores, diretores, gerentes 
e acionistas controladores pelas contribuições impagas. 
Sociedade brasileira e estrangeira 
 O art. 1.126 do CC/02 dispõe: “é nacional a sociedade organizada de 
conformidade com a lei brasileira e que tenha no país a sede de sua administração”. 
 Assim, será nacional aquela que preencher os requisitos acima identificados ao 
passo que será estrangeira toda aquela que não for organizada segundo as leis de nosso 
ordenamento jurídico ou que não tenha a sua sede no Brasil. 
 Vale dizer que a nacionalidade dos sócios não influi na designação da 
nacionalidade da sociedade, não obstante, a sociedade estrangeira ser obrigada a manter 
permanentemente, representante no Brasil com poderes para receber citação judicial 
pela sociedade (art. 1.138 CC/02). 
 Cumpre ainda dizer que a sociedade estrangeira depende de autorização prévia 
do Poder Executivo, que pode ser condicionada à defesa dos interesses nacionais, para 
funcionar no país, e se submete, após recebida tal autorização, aos tribunais brasileiros, 
quanto aos atos ou operações praticados no Brasil (art. 1.135 e 1.137 CC/02). 
 Sociedades simples e empresárias 
 Alguns fatores devem ser considerados para se distinguir as sociedades em 
simples ou empresárias. 
 O principal aspecto a ser considerado é a atividade ou conjunto de atividades 
perseguidas pela pessoa jurídica. Se a atividade é de natureza econômica, verificados os 
demais elementos da empresa e os requisitos necessários para a caracterização da figura 
do empresário, a priori, estaremos diante de uma sociedade empresária. 
 Contudo, se a pessoa jurídica desenvolve atividade rural, intelectual ou outra 
incompatível com as atividades de natureza econômica, tais como as esportivas, de 
beneficência, morais ou religiosas, estaremos diante de uma sociedade simples. 
 Vale dizer que a descrição da atividade é obrigatória nos atos constitutivos de 
sociedades na cláusula referente ao objeto (art. 997, II do CC), portanto, a verificação da 
natureza da sociedade será decorrente da atividade descrita no contrato social. 
 Outro aspecto a ser considerado é o registro. Assim é porque o artigo 1.150 do 
Código Civil estabelece que o Registro Público de Empresas Mercantis é privativo dos 
empresários e das sociedades empresárias, ao passo que o Registro Civil das Pessoas 
 35
Jurídicas é reservado para as sociedades simples. Logo, a definição do órgão 
competente para arquivar os atos constitutivos também é um fator determinante para a 
caracterização de uma sociedade como simples ou empresária. 
 Outro fator que permite o enquadramento de uma sociedade como simples ou 
empresária é a organização. Este elemento de empresa compreende a utilização racional 
dos fatores de produção (capital, trabalho, insumos e tecnologia) em torno da atividade 
desenvolvida. Assim, será empresária a sociedade que possui organização dos fatores de 
produção, ao passo que será simples a sociedade que não tiver organização em sua 
atividade. 
 Espancando o tema, temos as lições do professor José Edwaldo Tavares Borba18: 
 “As sociedades simples são as que não dispõem de uma estrutura 
organizacional e as que, mesmo dispondo, dedicam-se a atividades 
intelectuais, a atividades rurais (agricultura e pecuária) e a negócios 
de pequeno porte (pequena empresa), cabendo registrá-las no 
Registro Civil das Pessoas Jurídicas – RCPJ. As sociedades 
empresárias são todas as demais (art. 982), inclusive a sociedade 
dedicada à atividade rural, contanto que se inscreva no registro 
Público de Empresas Mercantis – RPEM (art. 984).” 
 Portanto, os fatores que permitem enquadrar uma sociedade como simples ou 
empresária são (i) a atividade descrita no objeto do ato constitutivo, (ii) a organização 
da atividade em torno dos fatores de produção; e, (iii) o órgão competente para o 
registro dos seus atos constitutivos. 
 Vale dizer que antes do NCC, havia a separação entre sociedades comerciais e 
sociedades civis, sendo que o objeto da primeira era a atividade mercantil e o da 
segunda a atividade civil. Com a unificação promovida pelo novo código civil, o objeto 
do direito empresarial será o exercício da atividade de empresa e as sociedades simples 
e empresárias, que estão relacionados com as atividades economicamente organizadas. 
A sociedade empresária 
A sociedade empresária é aquela destinada à atividade econômica organizada 
para a produção ou circulação de bens ou serviços (art. 982 CC), ou seja, a que tem 
atividade própria de empresário. 
 
18 BORBA. José Edwaldo Tavares. Direito Societário.9º ed.Rio de Janeiro: Renovar.2004.pg. 22. 
 36
O requisito da capacidade civil das sociedades é obtido com a inscrição de seus 
atos constitutivos no órgão competente (art. 45; 985 e 1.150 do CC/02) oportunidade 
onde a sociedade adquire autonomia do nome, do domicílio de nacionalidade e de 
patrimônio, adquirindo capacidade civil, tributária e postulatória. 
Já o requisito da ausência de proibição legal deve ser aferido, primeiramente, sob 
o aspecto da necessidade de autorização do poder executivo para o funcionamento da 
sociedade previsto no art. 1.123 do CC/02. De acordo com a atividade a ser perseguida, 
as sociedades dependem de autorização para funcionar. Enquanto não obtida tal 
autorização as sociedades estão impedidas de exercer a atividade, o que também traz 
impedimento de serem consideradas empresárias. 
 Sociedades entre cônjuges 
Antes da vigência do novo código civil, muitos

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