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O JUDÔ NO CARIRI

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O JUDÔ NO CARIRI 
 
Cabral, F. Ta; Silva, N. Sb 
 
aInstituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia da Ceará – IFCE 
bUniversidade Regional do Cariri – URCA 
e-mail: franklin.trajano@gmail.com 
 
RESUMO 
O presente estudo realizou-se através de uma pesquisa histórica descritiva com 
abordagem qualitativa, através de pesquisa bibliográfica e pela busca das pessoas 
que foram pioneiras ao trazer essa arte marcial ao Cariri Cearense através de 
entrevistas semiestruturadas. Com o objetivo de realizar um levantamento 
bibliográfico histórico acerca do judô na região do Cariri Cearense, descobrindo suas 
origens a partir dos relatos de seus primeiros praticantes e assim traçar um 
direcionamento histórico sobre a mesma afim de que possamos compreender sua 
evolução. Esse estudo mostrou que o judô surge ao final no século XIX com a criação 
do Instituto Kodokan, e aos poucos se expande mundialmente, até que em 1951 é 
fundada a Federação Internacional de Judô (IJF), que é até hoje o órgão responsável 
pela organização do judô mundial. Em 18 de março de 1969 é fundada a 
Confederação Brasileira de Judô (CBJ), sendo reconhecida por decreto em 1972. Na 
década de 70 inicia-se a jornada do judô no interior do estado do Ceará com a vinda 
do Sr. Nilton Simão Moreira, que ao convite de algumas pessoas da cidade de Crato 
veio até aquela cidade com o intuito de difundir a prática da modalidade judô. 
Atualmente atuam com judô na região cinco associações, que trabalham em conjunto 
promovendo eventos e a inclusão dos jovens na prática da modalidade. 
 
Palavras chave: Judô, História, Juazeiro do Norte 
 
ABSTRACT 
This study was conducted through a descriptive historical research with a qualitative 
approach, through literature and the pursuit of people who were pioneers in bringing 
this martial art to Cariri Ceará through semi-structured interviews. Aiming to achieve a 
historic literature concerning judo in Cariri Ceará region, discovering its origins from 
the accounts of its early practitioners and thus draw a historical direction on the same 
order that we may understand its evolution. This study showed that judo comes to end 
in the nineteenth century with the creation of the Kodokan Institute, and gradually 
expands globally, until in 1951 it founded the International Judo Federation (IJF), which 
is today the body responsible for organizing of world judo. On March 18, 1969 is 
founded the Brazilian Judo Confederation (CBJ), being recognized by decree in 1972 
In the 70 starts the journey of judo in the state of Ceará, with the coming of Mr. Nilton 
Simon Moreira who to invite some people from the city of Crato came to that city in 
order to spread the practice of judo sport. Currently operating in the region with five 
judo associations, working together to promote events and the inclusion of young 
people in the sport practice. 
 
Keywords: Judo, History, Juazeiro do Norte 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O judô é uma arte marcial de origem japonesa, originada a partir do Ju-jutsu, 
arte marcial que é considerada por muitos como a origem comum de vários outros 
estilos de arte marcial como o Karatê, Aikidô, Brazilian Jiu-jitsu entre outros. No Brasil 
o Judô foi trazido por imigrantes japoneses dentre eles Esei Mitsuyo Maeda, o “Conde 
Coma”, que viria a ser o principal difusor desta arte em nosso país. O “Conde Coma” 
percorre o país realizando apresentações e desafios e com isso atrai alguns adeptos 
a esta “nova” lutas. A família Gracie foram os primeiros brasileiros a receber os 
ensinamentos do “sensei” recém chegado, e fica a cargo deles a expansão dos 
ensinamentos para diversas outras pessoas e assim o judô começa a ganhar território 
se espalhando por todo o país. 
O judô baseia-se no princípio de utilizar-se do menor esforço possível para 
atingir o seu propósito, onde um indivíduo menos robusto consiga vencer um 
adversário mais robusto com o mínimo de força somente utilizando-se da força do seu 
adversário. O principal objetivo do judô é a projeção do adversário ao chão totalmente 
de costas, configurando um IPPON (ponto completo), porém o judô também prima 
pelas imobilizações e finalizações, tanto pelos estrangulamentos como pelas chaves 
de articulação. 
O judô surge ao final no século XIX quando o Shiran Kano criação o Kodokan, 
e aos poucos vai se expandindo mundialmente, até que em 1951 é fundada a 
Federação Internacional de Judô (IJF), que é até hoje o órgão responsável pela 
organização do judô mundial. Em 18 de março de 1969 era fundada a Confederação 
Brasileira de Judô (CBJ), sendo reconhecida por decreto em 1972. Na cidade de 
Juazeiro do Norte- CE atualmente existem 3 associações de judô, que ministram aulas 
desta modalidade em diversos locais, desde academias particulares até clubes. Essas 
associações atendem em suas aulas a diversos públicos como iniciantes e até atletas 
de rendimento, onde diversos desses atletas tenham conseguido destaque a nível 
municipal, estadual e alguns até nacional. 
Devido à falta de estudos sobre o judô na referida cidade e a popularidade desta 
modalidade tanto regional como nacional, foi o grande impulso para o interesse de se 
estudar as origens deste esporte em nossa região, seus primeiros “sensei”, os 
primeiros locais de treinamento, os primeiros atletas e ainda primeiras competições 
realizadas, e perante tudo isso como anda a prática dessa modalidade atualmente. 
Com base nestas considerações, este estudo tem o seguinte objetivo: Qual as 
origens do Judô na cidade de Juazeiro do Norte – CE e quem foram os primeiros 
professores e atletas? 
A pesquisa tem por objetivo realizar um levantamento histórico sobre o judô em 
Juazeiro do Norte e descobrir suas origens a partir dos seus primeiros praticantes, seus 
primeiros “sensei”, atletas e seus primeiros locais de treino e assim traçar um 
direcionamento histórico sobre a mesma para que possamos compreender sua 
evolução. 
O presente estudo será realizado através de um pesquisa exploratória com 
abordagem qualitativa, tendo como finalidade levantar dados fidedignos e atualizados 
através de revisão e pesquisa bibliográfica, utilizando se de livros, bem como artigos 
científicos, revistas e dados disponíveis na internet e pela busca das pessoas que 
foram pioneiras ao trazer essa arte marcial ao cariri, desde os professores mais 
antigos, bem como os alunos mais graduados e alguns dos atletas de maior destaque 
da referida modalidade, através de entrevistas semiestruturadas. 
 
 
 
ORIGEM DO JU-JUTSU 
Ju-jutsu palavra de origem japonesas, para designar uma forma de luta quem 
envolve vários estilos de ataque e defesa com a utilização, ou não, de armas. A 
expressão Ju-jutsu é composta por dois ideogramas Kanji, caracteres que 
representam expressões, o ju (柔) que significa “suave” e o jutsu (術) que significa 
“arte ou técnica”, então Ju-jutsu significa literalmente “Arte Suave”. Esses ideogramas 
kanji também podem adquirir outros fonemas quando traduzido para o português, o
柔 pode ser pronunciado além de como “Ju” também pode ser pronunciado como “Jiu”, 
e o 術 “Jutsu” também pode ser pronunciado como “Jitsu”, portanto assim podendo 
formar as expressões “Ju-jutsu”, “Ju-jitsu”, “Jiu-jutsu” e “Jiu-jitsu”, as literaturas 
usualmente utilizam os termos “Ju-jutsu” e “Jiu-jitsu”. 
 
A origem do jiu-jitsu se perde nas brumas do tempo ou da antiguidade. As 
primeiras citações datam de 720 a.C. e se referem aos torneios de Shikara 
Kurabe. A descrição dos Torneios Shikara Kurabe encontra-se no Compilado 
do Comando Imperial Japonês, um documentário valioso, onde o jiu-jitsu é 
citado pela primeira vez como Yawara. Esses documentos – o Nihon Shoki e 
o Yukisenjo Monogatari -, traduzidos como Crônicas do Japão, dão 
autenticidade a esse marco histórico sendo o momento inicial do jiu-jitsu. 
(SUGAI, 2000) 
 
Há alguns comentáriosde que o chinês Chen-Yuan-Ping, em meados de 1644 
a 1648, possa ter sido o introdutor do ju-jutsu no Japão (MAÇANEIRO, 2012). 
Entretanto esses comentários são desmentidos com veemência, principalmente por 
mestres como Hitotsubashi Joken e Seriguchi Jushin, pois ambos afirmam que o ju-
jutsu floresceu no Japão muito antes de Chen-Yuan-Ping. Aliás os documentos sobre 
os Torneios de Shikara Kurabe colaboram para essa última hipótese (SUGAI, 2000). 
O Ju-jutsu desenvolve-se dentro na cultural japonesa juntamente com o 
desenvolvimento de uma classe guerreira no período feudal que viria a dominar o 
Japão, os Samurais, e a partir disso vão sendo criadas várias escolas de ju-jutsu com 
diferentes nomes, cada uma com um estilo de luta diferente sempre referenciando seu 
criador ou mestre. 
Com a ascensão dessa classe guerreira consolida-se um período chamado de 
“Xogunato”, onde quem detinha o poder era um líder militar, o “Xogun”. Ao final do 
século XIX esse Xogun começa a perder prestígio, tanto político quanto militar, nesse 
momento acontece o que é chamado de “Restauração Meiji”, o imperador é deposto 
e são realizadas mudanças nas áreas do governo, educação, economia entre outras. 
O fim do império do Xogun transformou o Japão como o primeiro país asiático com o 
sistema de estado-nação. 
Com a queda do símbolo máximo da classe Samurai, o Xogun, essa classe 
também começa a perder seu prestígio e as escolas de ju-jutsu começam a perder 
seus espaço e adeptos (KANO, 2008). 
 
ORIGEM DO JUDÔ 
O judô nasceu em um Japão em transição, no ano de 1871 um decreto imperial 
abolia o uso das duas espadas por civis (SUGAI, 2000), símbolo máximo dos 
Samurais e isso causou uma comoção nacional, levando muitos Samurais praticarem 
o Seppuku, um ritual da morte. Na época do decreto que aboliu as espadas, muitas 
escolas de artes marciais não aguentaram a falta de alunos e fecharam. 
 
 
 
Havia aproximadamente 159 escolas de Ju-jutsu, a maior parte delas 
controlada por grandes famílias de guerreiros. É importante assinalar que o 
termo Ju-jutsu era utilizado para denominar vários estilos diferentes de lutas 
(VIRGÍLIO, 1986). 
 
O antigo estava definitivamente fora de moda, pois a população buscava 
freneticamente os costumes e tecnologias do Ocidente. No início da Era Meiji havia 
grande aceitação de tudo que vinha do ocidente em detrimento aos aspectos 
tradicionais (CARR apud FRANCHINE E DEL’VECCHIO, 2007). 
Em meio a essa onda avassaladora, sem trabalho e com sua arte 
desacreditada, muitos experts em Ju-jutsu se meteram em brigas de rua e arruaças, 
denegrindo o bom nome da arte. Logo o termo "ju-jutsu" era sinônimo de baderneiro 
e encrenqueiro. Muitos mestres juntavam seus adeptos em turmas e lançava desafios 
abertos, organizando lutas remuneradas, que geravam combates encarniçados pela 
"supremacia" técnica (KANO, 2008). Nesse quadro caótico, onde as raízes estruturais 
das artes marciais japonesas estavam abaladas e ameaçavam ruir, surge um homem 
com uma visão diferente e moderna, embora dotado do saber ancestral: Jigoro Kano. 
O jovem Kano começou a treinar com Teinosuke Yagi, cujo estilo nos é 
desconhecido, depois estudou com Hachinosuke Fukuda e Masatomo Iso, da escola 
Tenshin Shinyo Ryu. Aprendeu também o Kito Ryu com o Mestre Tsunetoshi Iikubo, 
tendo atingido os maiores segredos desses dois estilos (VIRGÍLIO, 1986). 
Em 1882 Kano abriu sua primeira escola, chamada de Judô Kodokan (Do – 
Caminho; Ju – flexível, suave; daí Judô – Caminho Suave), Kano escolheu esse nome 
para diferenciar o seu sistema dos estilos de Ju-jutsu antigo. O termo Kodokan tinha 
o objetivo de diferenciar seu judô do termo empregado pela escola Jikishin-Ruy, a qual 
também utilizava o mesmo termo judô (CALLEJA, 1989). O Judô baseia-se nos 
princípios da “suavidade”, o ceder para vencer (Ju), o da “prosperidade mútua” (Jita-
kyoei) e o da “máxima eficácia e o mínimo de esforço” (Seiryoku-zenyo) (KANO, 2008). 
 
EXPANSÃO DO JUDÔ PELO MUNDO 
O judô de Kano passou a ganhar notoriedade no Japão e aumentar seu número 
de praticantes no início do século XX, após vencer um desfio contra outras escolas de 
Ju-jutsu, demonstrando a sociedade japonesa toda a eficiência de seu estilo de ju-
jutsu recém criado. Kano como um visionário via a possibilidade de expandir o seu 
judô pelo mundo, em especial pelo ocidente, partiu então em visita por países da 
Europa e Estados Unidos da América, proferindo palestras e demonstrações 
(CALLEJA, 1989), porém o mesmo não obteve bom êxito em sua empreitada. Ao 
mesmo tempo que Kano partia em suas viagens a cargo do Comitê Olímpico Japonês, 
o qual era oficialmente o representante internacional, e aproveitava o ensejo para 
divulgar sua nova arte, seus discípulos tomam o mesmo rumo obtendo os melhores 
resultados de aceitação nos Estados Unidos, onde houve uma grande aceitação pelas 
forças armadas e pela polícia, mas foi no meio acadêmico onde sua difusão chamou 
mais a atenção, chagando ao ponto de, entre os anos de 1912 e 1913, Yoshiaki 
Yamashita tornar-se instrutor pessoal do presidente americano Roosevelt (VIRGÍLIO, 
1986). 
Enquanto o judô se instalava nos Estados Unidos, quase que no mesmo 
período, o mesmo acontecia na Europa, especificamente na França, onde sofreria 
algumas modificações, como a utilização de faixas coloridas para as várias 
 
 
graduações, no intuito de cativar os ocidentais e a partir disto inicia-se o processo de 
“esportivização” do judô. 
Com a ocupação militar das forças aliadas no final da segunda guerra mundial 
a prática de artes marciais com origem no Bushidô foi proibida no Japão e na 
Alemanha, para evitar um ressurgimento militar. Os judocas não podiam treinar, senão 
nas escolas. Em 1946 os professores do Kodokan foram autorizados a ensinar judô 
as tropas americanas. Depois o judô foi permitido na condição de se apresentar, não 
como uma arte marcial, mas como um desporto. Após estes anos negros os clubes 
de judô reapareceram com uma nova orientação educativa e desportiva. Desenvolve-
se então surpreendentemente por todo o mundo (GUERREIRO, 2003). 
Após a segunda guerra mundial o mundo, ainda condicionado pela 
agressividade de tantos anos de hostilidade, sentia inconscientemente a vaga 
necessidade de se defender, de estar armado, de se sentir forte. Sem saberem que 
este foi o fenômeno psicológico explorado pelos pioneiros do judô. A fórmula “A defesa 
do fraco contra o agressor” fez furor, e assim iniciou-se o período mágico do judô. Os 
primeiros faixas preta franceses ensinavam na Bélgica, Espanha, Países Baixos, 
Espanha e japoneses altamente graduados, vieram de passagem ou até mesmo para 
se instalarem na Europa. 
O novo judô japonês iria expandir-se pelo mundo inteiro em pouquíssimo 
tempo. Pouco a pouco o autêntico judô de Jigoro Kano foi ensinado por toda a parte. 
O período desportivo começava. 
Em 1949 é fundada a Federação Japonesa de Judô cuja sede ficaria no 
Kodokan e cada país organizava a sua própria federação nacional. Com a fundação 
da Federação Internacional de Judô em 1951, o judô irá começar a ganhar uma 
verdadeira dimensão internacional. 
 
CHEGADA DO JUDÔ AO BRASIL 
Relatos falam sobre a chagada do judô ao Brasil no ano de 1908 juntamente 
com a imigração de japonese no navio Kasato Maru, porém Virgílio, em 1986, 
demonstra que esses não são muito precisos. Mesmo com a chegada do mesmo ao 
Brasil em 1908, o judô ficou reservado as colônias japonesas no interior de São Paulo. 
O verdadeiro impulso a esta arte foi dado com a chegada de uma trupe de lutadores 
ao país, alguns relatos falam do ano de 1922. Entre eles Esei Mitsuyo Maeda e 
Soishiro Satake representantes da Kodokan (Virgílio, 2002). Eles percorreram o país 
realizando demonstrações e desafios com o intuito de difundir o “Kano Ju-jutsu”, já 
que naquela época Jigoro Kano tinha acabado de substituiro nome de sua arte pelo 
termo “Judô”, então seus discípulos ainda não tinham essa informação e continuavam 
a chama-la de Kano Ju-jutsu. A trupe chega a Manaus, enquanto Satake instala-se na 
cidade e abre uma academia, Mitsuyo Maeda, ou Conde Koma como era conhecido, 
parte para Belém e instala-se naquela localidade. Apesar de tudo, a missão dos 
discípulos de Kano não foi como ele planejara, não houve uma missão oficial com o 
intuito proposto de divulgar os princípios propostos por Kano no Judô Kodokan. 
 Nunes, em 2011, diz que a maior contribuição de Maeda na divulgação dos 
esportes de luta no país tem maior influência na criação de uma modificação do Judô 
Kodokan, o Brazilian Jiu-jitsu ou Jiu-jitsu brasileiro como hoje é mundialmente 
conhecido. Maeda após se instalar em Belém abre sua academia e se torna professor 
da família Gracie, que viria a ser a família criadora do Brazilian Jiu-jitsu. Gastão Gracie 
era o patriarca da família e amigo de Maeda, ele era empresário e um homem influente 
na região e ajudou a Maeda montar sua academia e estabelecer-se na região. Para 
 
 
demonstrar sua gratidão Maeda passa e ensinar o Kano Ju-jutsu a Carlos Gracie, o 
filho mais velho da família e esse passou a ensinar aos outros irmãos (GRACIE, 2008). 
 
JUDÔ NO NORDESTE 
A família Gracie passou a praticar a nova arte de combate e um dia eles 
resolvem partir para o Rio de Janeiro, em busca de uma vida melhor, nessa viagem 
de partida eles passam por Fortaleza, onde se instalam por alguns anos. Nessa 
passagem eles realizam demonstrações e desafios (GRACIE, 2008). Foi através delas 
que eles acabam conquistando vários adeptos que começam a treinar essa “nova 
arte” já que naquela época a única luta praticada na região era a luta Greco-romana 
(luta livre). Entre os novos praticantes estava o Sr. Pedro Hemérito, que viria a se 
tornar uma das sumidades do Brazilian Jiu-jitsu e o braço direito dos Gracie. 
Um dia os Gracie partem para o Rio de Janeiro, alguns de seus adeptos já 
tinham se graduado e resolvem continuar com a prática, o que ocasionou o surgimento 
de diversas academias. Com essa difusão e criação de diversas academias, o 
Brazilian Jiu-jitsu começa a se espalhar para outros estados do Nordeste, como o 
Osmar “Biuce” Mouzinho, aluno do próprio Pedro Hemérito, que foi para a cidade de 
Natal, em Campina Grande o professor Ivan Gomes, no Piauí a família do atual 
presidente da federação estadual o Sr. Denis Queiroz e vários outros para diversas 
cidades. Posteriormente esses instrutores de jiu-jitsu brasileiro migraram para o judô, 
que lhes pareceu uma prática mais organizada e com apelo mais competitivo 
institucionalizado (NUNES, 2011). 
 
O JUDÔ CHEGA AO CEARÁ 
Essa migração do jiu-jitsu para o judô também ocorreu no Ceará, algum tempo 
depois dos Gracie terem partido e seus discípulos terem continuado a prática na 
cidade, começa a surgir boatos sobre uma forma de luta misteriosa praticada nos 
estados do sul, chamada de Judô. Os boatos relatavam que os praticantes do Judô 
não conseguiam ser arremessados ao chão. Nesse mesmo período que os boatos se 
espalhavam pelas academias de jiu-jitsu, chega um senhor cearense que residia no 
Rio de Janeiro, de nome Antônio Lima Aguiar, onde tinha tido contato com o Judô. O 
mesmo passa a treinar em uma das academias de jiu-jitsu, especificamente a do Sr. 
Nilo Veloso, e os alunos da academia sentiram-se atraídos pela “nova” arte marcial 
que o Sr. Antônio Lima trazia consigo. 
A partir desse momento o Judô começava a fincar raízes no estado, porém o 
Sr. Antônio Lima um dia resolve regressar para o Rio de Janeiro, e como havia 
acontecido inicialmente com o jiu-jitsu, os adeptos da “nova” arte marcial continuam a 
treinar as técnicas aprendidas com o antigo professor. Um dia chega também do Rio 
de Janeiro, o Sr. Antônio Lima Filho, que apesar do nome perecido não possui nenhum 
parentesco com seu antecessor. O mesmo também havia praticado Judô, e chegou a 
se graduar faixa preta Nidan (2º grau) antes de vir ao Ceará. 
Apesar da prática regular por alguns lutadores de jiu-jitsu, o judô era contestado 
pela maioria dos praticantes quem negavam sua eficiência. O Sr. Antônio Lima Filho 
no decorrer de seus treinamentos demonstrou e comprovou a eficácia do judô, 
sobrepondo diversos lutadores de jiu-jitsu, fazendo com que muitos praticantes 
migrassem do jiu-jitsu para o Judô. No ano de 1964 o Prof. Antônio Lima monta sua 
própria academia, a primeira especializada no judô, e realiza a primeira competição 
da modalidade na cidade. 
 
 
No ano de 1966 é promovido o primeiro faixa preta do estado o Sr. Milton Nunes 
Moreira, outorgado pela Federação Cearense de Pugilismo, entidade a qual o judô 
era vinculado por não possuir uma própria. No ano seguinte o Sr. Milton Moreira abre 
sua própria academia, e como o judô passava a ganhar força na cidade, então os 
professores viram a necessidade da criação de uma entidade que organizasse de 
forma centralizada a prática do judô no estado. 
Com esse propósito reuniram-se os professores e os alunos mais influente para 
decidir a fundação dessa entidade, e no dia 19 de outubro de 1969 é fundada a 
Federação Cearense de Judô (FECJU). O que faria com que o judô, a partir daquele 
momento se estabelecesse definitivamente no estado, o que posteriormente faria com 
que ele se espalhasse por todo o estado e chegando até o interior. 
 
JUDÔ NA REGIÃO DO CARIRI 
Na década de 70, mais precisamente em janeiro de 1971, inicia-se a história 
do judô em na região com a vinda do Sr. Nilton Simão Moreira, que é filho de um dos 
pioneiros do judô no estado o Sr. Milton Moreira. Nilton veio ao interior passar férias 
escolares na cidade do Crato, como já era graduado e ajudava o pai a ministrar aulas 
em sua academia em Fortaleza algumas pessoas, que já o conheciam, o fizeram um 
convite para ministrar aulas na cidade para difundir a modalidade na região. 
O mesmo retorna a Fortaleza por inicialmente não aceitar a proposta, por conta 
da distância e das dificuldades de se locomover entre as duas cidades. Passa-se 
alguns meses e um grupo de pessoas identificadas por funcionário do Banco do Brasil 
vão ao seu encontro em Fortaleza, para lhe propor novamente que ele viesse ao Crato 
para difundir o Judô na região com o apoio da Associação Atlética Banco do Brasil 
(AABB). Diante dessas circunstâncias o Sensei aceita e pede um prazo de um mês 
para preparar suas bagagens e informar ao seu pai da sua decisão e então transferir-
se definitivamente para a cidade do Crato. 
Ao chegar ao Crato o Sensei além de ministrar aulas na AABB, aluga um prédio 
para abrir sua própria academia, colocando-a como uma filial da Sol Nascente, 
academia do seu pai em Fortaleza. O Sensei relatou que a academia serviu como 
casa para ele durante esses meses iniciais de adaptação, “eu dormia no tatame e 
utilizava o kimono como lençol e travesseiro”. 
Nesse período em que ministrava aula na AABB o Sensei Nilton é convidado 
para também dar aulas no Crato Tênis Clube, um clube de lazer na cidade do Crato, 
e a partir daí o Judô passa a ganhar um reconhecimento maior na região e acaba 
gerando o interesse do Serviço Social da Indústria (SESI) unidade de Crato, que abre 
uma seleção para professor de Judô. Nessa seleção participam o Sensei Nilton e mais 
dois graduados o senhor Alberto Teles, que era conhecido na região por ser da 
marinha e possuía a graduação de faixa roxa, o Sensei Nilton relatou que ele ajudou 
na divulgação do judô por conta da sua participação em competições tanto estadual 
quanto nacional, e o Sr. Berquise, faixa verde e residente na cidade de Juazeiro do 
Norte. Ao final da seleção o Sensei Nilton é contratado por ser mais graduado, pois já 
possuía a graduação de faixa preta. 
Com o passar do tempo a unidade do SESI de Juazeiro do Norte também inicia 
atividades de Judô emsua unidade com o Sensei Nilton como professor. A partir 
desse momento o Judô entra efetivamente na cidade de Juazeiro. Pouco tempo 
depois o Sensei é convidado a dar aulas no Serviço Social do Comércio (SESC) tanto 
nas unidades de Juazeiro como na unidade do Crato, porém o Sensei não poderia dar 
aula pois seu pai era professor de Judô no SESC de Fortaleza, que por questões da 
 
 
política da empresa que não permite que parentes trabalhem juntos na empresa, 
mesmo que em unidades diferentes. 
Para resolver essa situação o Sensei Nilton Moreira resolve oficializar sua 
academia fundando a Associação Judô Cratense, surgindo aí a primeira associação 
de judô de origem no interior do estado. Com a fundação da Judô Cratense é realizado 
um contrato em nome da mesma, o que possibilitou que o Sensei assumisse as aulas 
na instituição. 
No início da década de 90 o Sensei Nilton ministrava aulas na AABB, Crato 
Tênis Clube, SESI Juazeiro e Crato, SESC Juazeiro e Crato duas vezes por semana 
em cada local, além da sua academia particular. Com esse acumulo de academias 
ele passa a utilizar dos seus alunos mais graduados para lhe ajudar a ministrar essas 
várias aulas nesses diversos locais. 
Com essa abertura para que esses novos graduados ministrem aulas, a 
modalidade começa a se expandir cada vez mais, os novos professores passam a 
ministrar mais aulas durante a semana em cada unidade e assim ganhar mais 
adeptos. Como nas unidades do SESC o contrato era em nome da associação, essa 
situação acaba por permitir que alguns de seus alunos assumam as turmas nessas 
unidades sob sua supervisão, o Sr. Roosevelt Warner que passa a ministrar aulas na 
unidade de Juazeiro e o Sr. Antônio Pereira, também conhecido por Antônio Boião, 
passa a dar aula na unidade de Crato. 
Nesse impulso dado pela abertura de novas turmas e o aumento pela procura 
da modalidade, é proposta as primeiras competições entre esses praticantes na 
região. O primeiro evento de Judô na região acontece na cidade do Crato no início 
dos anos 90 com a participação de atletas da Judô Cratense e da Sol Nascente de 
Fortaleza, onde Sensei Nilton faz um acordo com seu pai, para que o mesmo traga 
alguns de seus alunos para realizar um desafio entre as equipes. 
Algumas vezes eram formadas caravanas para que os atletas viajassem para 
as competições em Fortaleza e também em outros estados como, Pernambuco, Bahia 
e Rio Grande do Norte, e por algumas vezes atletas da região viajaram para 
competições de nível nacional em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. 
Onde um desses atletas acabou se consagrando campeão brasileiro das forças 
armadas. A procura constante entre os adeptos por competição, fez com que os 
Sensei Nilton juntamente com a Federação Cearense de Judô trouxessem para o 
Crato o Campeonato Brasileiro de 1996. Chegando nessa competição alguns atletas 
da região acabaram sagrando-se campeões em suas respectivas categorias. 
O Judô passa a se desenvolver cada vez mais e consequentemente passa a 
surgir novas associações, a primeira a surgir após a Judô Cratense é a Associação 
Dojô Sollo, fundada no ano de 1998 na cidade de Juazeiro do Norte pelo Sensei 
Rooseivelt Warner, com sede na unidade do SESC de Juazeiro do Norte, onde o Sr. 
Warner assumia a turma de judô definitivamente. Em seguida no ano de 2001 é 
fundada pelo Sr. Adriano Fernandel, a Adonai Judô Clube com sede também em 
Juazeiro. 
Posteriormente viria surgir no Crato a Associação Tsume To Washi tendo a 
frete o Sr. Cláudio Henrique, também aluno direto do Sensei Nilton. E mais 
recentemente, no ano de 2012, é fundada a Associação Samurai Dojô na cidade de 
Juazeiro do Norte, estabelecendo assim as cinco associações que atualmente 
trabalham com judô na região do Cariri, trabalhando em conjunto promovendo eventos 
e a inclusão dos jovens na prática da modalidade. 
Essas associações se reúnem anualmente para formular um circuito anual de 
eventos para a promoção do Judô. Onde neste circuito cada associação fica 
 
 
responsável por realizar um evento que abrace a comunidade judoísta e não judoísta, 
com o intuito de atrair cada vez mais adeptos, e ao final sediar uma competição entre 
estes. 
Esses trabalhos em função de alavancar e fomentar o judô na região acabaram 
por permitir que a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, decretasse através da Lei 
3948 no dia 6 de março de 2012, o dia 28 de outubro como o Dia Municipal do Judô. 
A data já era comemorada como Dia Mundial de Judô pela Federação Internacional, 
onde são realizadas ações em diversas partes do mundo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Com base na análise dos dados e nas entrevistas obtida, tomando em 
consideração os aspectos qualitativos da pesquisa, podemos concluir que os 
resultados apontam para a década de 70 como a real origem do Judô na região do 
Cariri, tendo o Crato como sendo o local onde se iniciou as práticas desta modalidade 
na região, e que seu percursor foi o Sensei Nilton Moreira, que viria a formar 
graduados que dariam continuidade ao seu trabalho, e o primeiro local onde foram 
ministradas aulas foi no clube da AABB e em sua academia particular situada no 
centro da cidade. 
Apesar de todas as dificuldades encontradas o Judô caririense conquistou e 
vem conquistando apreciadores e adeptos, e cada vez mais sendo propagado pelas 
cidades circunvizinhas, através de projetos educacionais em parcerias com 
prefeituras, escolas particulares e instituições como as do sistema “S”. 
É importante para todos nós professores, alunos, ex-alunos e apreciadores do 
Judô o conhecimento histórico desta para o desenvolvimento da filosofia e o 
aprimoramento das técnicas para o ensino do Judô em nossa região do Cariri 
Cearense. 
 
REFERÊNCIAS 
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Mec Secretaria de Educação Física e Desportos, 1989. 
 
FRANCHINE, Emerson; DEL’VECCHIO, Fabricio Boscolo. Tradição e Modernidade 
no Judô: Histórico e implicações. In RÚBIO, Kátia. Ética e compromisso social nos 
estudos olímpicos. Porto Alegre: EDUPUCRS, 2007. 
 
GRACIE, Reila. Carlos Gracie: O criador de uma dinastia. Rio de Janeiro: Record, 
2008. 
 
GUERREIRO, Joaquim Manuel da Costa. Análise biomecânica da técnica de judo 
- Sasae-Tsuri-Komi-Ashi: Estudo de caso. Porto: Dissertação (Mestrado) - 
Universidade Do Porto Faculdade De Ciências Do Desporto E De Educação Física. 
2003 
 
HISTÓRICO do judô no Ceará. Disponível em: 
http://www.judoclubesolnascente.com.br/historico.html Acessado em: 20/05/2013. 
 
KANO, Jigoro. Judô Kodokan. São Paulo: Cultrix, 2008. 
 
 
 
MAÇANEIRO, Gustavo Goulart Braga. Do judô ao gracie jiu-jitsu: a Influência do 
judô kodokan na idealização e no desenvolvimento do jiu-jitsu brasileiro. 
Florianópolis, 2012. 
 
NUNES, Alexandre Velly. A influência da imigração japonesa no desenvolvimento 
do judô brasileiro: Uma genealogia dos brasileiros medalhistas em Jogos Olímpicos 
e campeonatos mundiais. São Paulo: Tese (Doutorado) – Escola de Educação Física 
e Esportes da Universidade de São Paulo. [s.n.], 2011. 
 
SUGAI, Vera Lúcia. O caminho do guerreiro I. São Paulo: Editora Gente, 2000. 
 
VIRGÍLIO, Stanlei. Personagens e histórias do judô brasileiro. Campinas: Átomo, 
2002. 
 
VIRGÍLIO, Stanlei. A arte do Judô. 2 ed. Campinas: Papirus, 1986.

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