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metodologia cientifica UVV

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Lição 01 / 1
Índice
1.Introdução
2. Ciência
3. Conhecimento Científico x Senso Comum
4. A Natureza do Conhecimento
4.1. Conhecimento Popular
4.2. Conhecimento Filosófico
4.3. Conhecimento Religioso (Teológico)
4.4. Conhecimento Científico
4.5. Meios de Aquisição de Conhecimentos
5. Conclusão
6.Referências
Metodologia Científica
Lição 01
Ciência e Conhecimento
Científico
Lição 01 / 2
1. Introdução
Caros alunos, antes de iniciarmos o conteúdo desta lição, vamos refletir um pouco
sobre o significado da Metodologia Científica e a importância dela para a sua
formação acadêmica.
Mensagem para refletir!
“Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não
é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo.
Gente que não tem dúvida só é capaz de repetir. Cuidado com gente
cheia de certeza. Num mundo de velocidade e mudança, imagine se você
ou eu somos cheios de certeza, a dificuldade que isso nos carrega. (...)
Num mundo competitivo, para caminhar para a excelência é preciso fazer
o melhor, no lugar de, vez ou outra, contentar-se com o possível. E isso
exige humildade e exige que coloquemos em dúvida as práticas que já
tínhamos. (...) De onde vem a palavra “humilde”? De húmus, que é terra
fértil e, na origem, significa o “solo sob nós”. Em outras palavras, húmus
é o nível em que nós estamos. A palavra “humildade” é a mesma da
origem húmus, da qual deriva “humano”. Cada homem e cada mulher têm
o mesmo nível de dignidade, de possibilidade de ação. (...) Qual o
contrário de humilde? Arrogância. Gente arrogante é gente que acha que
já sabe, que acha que não precisa aprender. (...) Gente arrogante não
ouve discordância e não consegue aprender. (...) Arrogância é um perigo
porque ela altera inclusive a nossa capacidade de aprender com o outro,
de entrar em sintonia. (...)” (CORTELLA, 2008, p. 29-31).
Desde seu surgimento, o homem procura formas e métodos de conhecer o mundo em
que está inserido e sua própria identidade como ser. Nesse sentido, a disciplina de
Metodologia Científica cumpre papel relevante no âmbito universitário, por permitir
conhecer e compreender a caminhada humana, bem como possibilitar a construção de
respostas a questões e angústias sobre o mundo, a verdade, o real e o próprio homem,
entre outras coisas.
Estas respostas vieram sempre acompanhadas de métodos e sistemas de
pensamentos que, por vários caminhos e diferentes formas, construíram sistemas
organizados de compreensão e explicação da realidade.
Lição 01 / 3
Estes sistemas organizados de pensamentos formulam Métodos ou estratégias de
pesquisa e abordagem da realidade e o conjunto desses métodos é o objeto de estudo
da Metodologia Científica.
Também, não podemos deixar de acrescentar que a evolução tecnológica e as
mudanças que vêm ocorrendo na sociedade têm exigido que as instituições de ensino
formem indivíduos mais capacitados e competentes para o enfrentamento dos
problemas cotidianos.
Assim, é necessário que, ao entrar na universidade, você saiba da importância que se
deve ter em relação aos estudos. É necessário assumir uma nova postura diante do
que lhe será solicitado, para que sua formação intelectual e profissional não seja
comprometida, já que a sociedade está mais seletiva.
Além disso, a utilização de métodos e técnicas de estudos possibilita a obtenção de
maior rendimento na sua aprendizagem. Portanto, este é o objetivo desta disciplina
Metodologia Científica, ou seja, objetiva proporcionar ao aluno do curso superior
condições suficientes para elaboração de trabalhos acadêmicos e a produção do
conhecimento científico, de forma teórica e prática alicerçada em argumentos coerentes
e definições precisas, configurando num projeto de pesquisa.
Por que estudar Metodologia Científica?
Precisamos partir da compreensão de que Metodologia Científica é a disciplina que
"estuda os caminhos do saber", entendendo que "método" representa caminho,
"logia" significa estudo e "ciência", saber.
Severino (2000, p.18) define Metodologia como:
[...] um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura
amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa
educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles
técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior
aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo
intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária.
Lição 01 / 4
A Metodologia Científica, enquanto disciplina, objetiva:
1) capacitar o aluno para a organização de seus estudos na universidade;
2) capacitar para elaboração de trabalhos acadêmico-científicos;
3) distinguir Ciência de outras formas de conhecimentos;
4) entender a importância da Ciência para a compreensão da realidade;
5) entender o que é método científico, seus tipos e procedimentos;
6) capacitar o aluno para que, a partir da ação-reflexão-ação, produza
conhecimento;
7) desenvolver o espírito crítico, ético, reflexivo, analítico, sistemático,
investigativo, criativo, curiosidade, indagador, questionador e gosto pela
pesquisa e estudos.
É verdade, você sabia?
A Metodologia Científica é de fundamental importância para a sua vida
universitária!
Com a Metodologia Científica, você está aprendendo a aprender. Em outras palavras,
é a disciplina que confere os caminhos necessários para o auto-aprendizado em que o
aluno é o sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e a sistematizar o conhecimento
obtido. Ela é baseada na apresentação e no exame de diretrizes aptas a instrumentar o
universitário no que tange ao estudo e ao aprendizado.
A Metodologia Científica, enquanto disciplina, deve possibilitar ao aluno aprender a
estudar e a elaborar os trabalhos acadêmicos-científicos, de acordo com os
procedimentos e as normas metodológicas, e normas oficializadas por instituições
especializadas. Ela não só deve transmitir conhecimentos, mas possibilitar ao aluno a
relação teoria e prática e a produzir conhecimentos.
Lembre-se que o professor não pode ser responsável pelo seu
sucesso acadêmico e profissional, porque o sucesso depende
primeiramente de você!
Lição 01 / 5
2. Ciência
“A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento
e à verdade”. (LAKATOS & MARCONI, 1992)
Você deve ter percebido que o homem sentiu a necessidade de saber o porquê dos
acontecimentos e que, dessa forma, surgiu a CIÊNCIA. Para entender melhor esse
assunto, você precisa compreender o que é ciência e, também, distinguir ciência e
senso comum.
Variados autores apresentam o que entendem por ciência através de
conceitos que são permanentemente ampliados, uma vez que suas ideias
não são DEFINITIVAS.
O que é Ciência?
Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos
fenômenos que se deseja estudar.
Vejamos o que alguns autores nos apresentam.
Cervo e Bervian (2002, p. 16) afirmam que:
Lição 01 / 6
“A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo
empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca
do conhecimento científico através do uso da consciência
crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do
superficial e principal do secundário”.
Para Lakatos & Marconi (1974, p.8):
“A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades
racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto
limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
O que é Ciência? Façamos um teste!
O que as pessoas comuns pensam quando as palavras ciência ou cientista
são mencionadas?
As imagens mais comuns são as seguintes:
o gênio louco, que inventa coisas fantásticas;
o tipo excêntrico, fora do centro, manso, distraído;
o indivíduo que pensa o tempo todo sobre fórmulas compreensíveis
ao comum dos mortais;
alguém que falacom autoridade, que sabe sobre o que está faltando,
a quem os outros devem ouvir e ... obedecer.
Lição 01 / 7
Segundo Lakatos e Marconi (2010), não existe um consenso na apresentação da
classificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece como
ramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge (1976), as
autoras adotam a seguinte classificação: CIÊNCIAS FORMAIS E CIÊNCIAS
FACTUAIS.
As CIÊNCIAS FORMAIS se encarregam do estuso das ideias, dividindo-se em lógica e
matemática. Por não terem relação com algo encontrado na realidade, não podem se
valer dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas, utilizando a lógica
para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Os resultados alcançados pelas
ciências formais demonstram ou provam hipóteses.
As CIÊNCIAS FACTUAIS se encarregam do estudo dos fatos, dividindo-se em naturais
e sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em
consequência, recorrem às observações e às experimentações para comprovar ou
refutar suas hipóteses. Os resultados alcançados pelas ciências factuais verificam,
comprovam ou refrutam hipóteses que, em sua maioria, são provisórias.
Lição 01 / 8
Classificação e divisão da Ciência 
Fonte: (LAKATOS & MARCONI, 2010, p.63)
Lição 01 / 9
3. Conhecimento Científico x
Senso Comum
Agora que você já sabe o que é ciência, precisa entender também que o trabalho de
cunho científico implica a produção do CONHECIMENTO, sendo este classificado como
conhecimento ordinário ou vulgar (senso comum) e o conhecimento científico.
Segundo Galliano (1986), o conhecimento vulgar (SENSO COMUM), também
denominado “empírico”, é o que todas as pessoas adquirem na VIDA COTIDIANA, ao
acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral,
resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação metódica
ou verificação sistemática e, por isso, carece de caráter científico. Pode, também,
resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das tradições
de uma coletividade.
Ao contrário, o cohecimento científico é uma aquisição intencional, consciente e
sistemática; é um processo que chegou ao máximo de seu desenvolvimento com a
aplicação do método científico.
De acordo com Galliano (1986), o conhecimento científico resulta de investigação
metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si
mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem.
Lição 01 / 10
É importante sabermos que, do conhecimento do senso comum,
podemos desenvolver o conhecimento científico, pois ditos
populares podem gerar questões que, às vezes, levam à pesquisa
e à investigação científica; ou seja, aquilo que o senso comum não
responde, a ciência pode responder.
O Senso Comum tem fatores positivos e negativos. Se, por um lado, congrega
conhecimentos e sabedoria popular e os transmite de geração em geração, fornecendo
bases para uma vida adaptativa na sociedade em que estamos inseridos, por outro
lado, poderá originar o prolongamento de crenças ou opiniões menos verdadeiras e/ou
preconceituosas que se arrastam no tempo, somente ultrapassadas por
pesquisas/estudos científicos. E é precisamente neste ponto que é benéfica a
interligação entre o Senso Comum - baseado em testemunhos culturais – e o
Conhecimento Científico – baseado em métodos de pesquisa. Um é a continuação do
outro, a Ciência pode comprovar ou desmistificar factos/acontecimentos baseados no
senso comum, através dos métodos de pesquisa científica.
Você pode entender melhor a diferença entre o senso comum e o conhecimento
científico, pensando nos tratamentos médicos. Muitos remédios foram utilizados,
inicialmente, pelas comadres ou pelos índios, uma vez que o conhecimento deles era
advindo do senso comum, que também chamamos de conhecimento vulgar.
Quer saber como?
Aos remédios produzidos pelas comadres, pode ser aplicado um método científico,
após ser comprovada a eficácia dos métodos de cura; passam, então, a ser
considerados um conhecimento científico. Antes disso, não era válida a comprovação
do senso comum, mesmo que já tivesse curado diversas doenças, porque não havia
passado pelo método científico.
Você pode associar isso à sua vida acadêmica. Muitas vezes, na realização de um
trabalho de estudos, com a investigação de um problema, você precisará aplicar os
métodos científicos para chegar a um resultado comprovado, não poderá ficar no
“achismo” ou no “vou fazer assim porque sempre deu certo”.
Perceba, então, a importância da utilização dos métodos científicos na sua vida
acadêmica!
RESUMINDO
Lição 01 / 11
SENSO COMUM:
transmitido de geração para geração;
tradição cultural;
educação não formal;
baseado na imitação e em experiências pessoais;
empírico e desprovido de explicações;
experiência do dia-a-dia (casuais);
informações relacionadas diretamente com as açôes humanas concretas.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
resulta de investigação;
objeto da ciência é o universo material, físico e o que for perceptível pelos órgãos dos
sentidos;
é verificável, na prática, pela demonstração ou pela experiência;
é transmitido por intermédio de treinamento apropriado;
conhecimento obtido de modo racional;
explica o por quê;
acompanha procedimentos científicos.
Lição 01 / 12
CIÊNCIA X SENSO COMUM
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião
baseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a
primeira baseia-se em pesquisas, investigações metódicas e
sistemáticas e na existência de que as teorias sejam internamente
coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é
conhecimento que resulta de um trabalho racional.
Um exemplo que explica o senso comum e o conhecimento científico:
Que o sol, amanhã de manhã nascerá novamente, é uma convicção que tanto cientistas
como leigos têm.
O que difere, então, o senso comum do conhecimento científico?
A resposta é simples:
Enquanto no senso comum as pessoas acreditam simplesmente pelo hábito (porque o
sol sempre nasceu, deverá amanhã nascer novamente), sem saber dar motivos (as
razões) para seu julgamento, o cientista (no caso, o astrônomo) saberá explicar por que
amanhã o sol nascerá com base na teoria do movimento de rotação da terra.
O leigo acredita sem saber das razões, o cientista conhece as razões.
Lição 01 / 13
4. A Natureza do Conhecimento
O conhecimento é o resultado de uma relação que se estabelece entre um sujeito que
conhece, que podemos chamar de sujeito cognoscente, e um objeto a ser conhecido, o
objeto cognoscível. O conhecimento é a ponte que os liga.
Ficou difícil?
Então, vamos colocar de outra forma: o objeto do conhecimento pode ser qualquer
elemento, e não, necessariamente, um objeto físico inanimado, real e tangível. O objeto
do conhecimento pode ser o próprio homem, podem ser ideias, conceitos abstratos,
fenômenos da Física, fenômenos políticos, legislação, tributos...
O sujeito que conhece pode ser qualquer um de nós. Isso mesmo!
É importante você saber que não é só o filósofo, o cientista ou o estudioso acadêmico
de uma forma geral quem conhece. Todos nós somos sujeitos do conhecimento!
Então, você traz consigo mesmo, como característica natural, o fato de ser um sujeito
cognoscente, e tudo com que você se relaciona são seus objetos cognoscíveis. Todos
somos capazes de produzir conhecimento, porém não necessariamente sob sua
roupagem científica.
Com relação ao homem, por exemplo, pode-se considerá-lo em seu aspecto externo e
aparente e dizer uma série de coisas ditadas pelo bom senso ou ensinadas pela
experiência cotidiana. Pode-se estudá-lo com um propósito mais científico e objetivo,
investigando experimentalmente, por exemplo, as relações existentes entre certos
órgãos e suas funções.Pode-se, também, questioná-lo quanto à sua origem, sua
realidade e seu destino e, ainda, investigar o que dele foi dito por Deus por meio dos
profetas e de seu enviado, Jesus Cristo. Têm-se, assim, quatro espécies de
considerações sobre a mesma realidade. O homem, consequentemente o pesquisador,
está se movendo dentro de quatro níveis diferentes de conhecimento (ver figura abaixo).
Lição 01 / 14
O conhecimento e seus níveis.
Fonte: (CERVO, BERVIAN & DA SILVA, 2007, p.06)
Você já parou para pensar nos tipos de conhecimento existentes?
Certamente, você convive com alguns deles. Fazendo a leitura dessa lição, você
conseguirá identificar os conhecimentos que fazem parte da sua vida.
Então, vamos lá!
Trujillo (1974) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:
Lição 01 / 15
Conhecimento
Popular
Conhecimento
Científico
Conhecimento
Filosófico
Conhecimento
Religioso (Teológico)
valorativo real (factual) valorativo valorativo
reflexivo contingente racional inspiracional
assistemático sistemático sistemático sistemático
verificável verificável não verificável não verificável
falível falível infalível infalível
inexato aproximadamenteexato exato exato
As várias formas de conhecimento
Fonte: (LAKATOS & MARCONI, 2010, p.60)
A seguir, vamos ver os quatro tipos de conhecimento mais detalhadamente!
4.1. Conhecimento Popular
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta
numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o
conhecimento implica uma dualidade de realidade, isto é, de um lado o
sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de
certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto
conhecido.
É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto,
não pode ser reduzido a uma formulação geral.
Lição 01 / 16
A característica de assistemático baseia-se na “organização” particular das
experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização
das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos
observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa,
desse modo de conhecer.
É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito
àquilo que se pode perceber no dia a dia.
Finalmente, é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o
que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a
formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além
das percepções objetivas.
RESUMINDO
Conhecimento Popular: é utilizado por meio do senso comum,
geralmente passado de geração em geração, disseminado pela cultura
baseada na imitação e experiência pessoal; é empregado pela
experiência pessoal do dia-a-dia, sem crítica.
EXEMPLO: Você já deve ter ouvido o dito popular de que tomar chá de
macela, mais conhecida como marcela, cura dor de estômago, mas ela
precisa ser colhida na Sexta-feira Santa, antes do sol nascer.
4.2. Conhecimento Filosófico
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste
em hipóteses que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses
filosóficas baseiam-se na experiência; portanto, este conhecimento emerge
da experiência e não da experimentação”.
Não é verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao
Lição 01 / 17
contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados
nem refutados.
É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente
correlacionados.
Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados
visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa
de apreendê-la em sua totalidade.
É infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger
todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a
realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são
submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).
Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para
questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado,
unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana.
Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos
perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos
de observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais,
Lição 01 / 18
exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não
são passíveis de observação sensorial direita ou indireta (por instrumentos), como a
que é exigida pela ciência experimental.
O método por excelência da ciência é o experimental, ela caminha apoiada nos fatos
reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao
contrário, a filosofia emprega o método racional no qual prevalece o processo dedutivo
que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente
coerência lógica.
RESUMINDO
Conhecimento Filosófico: não é passível de observação sensorial,
utiliza o método racional no qual prevalece o método dedutivo,
antecedendo a experiência; não exige comparação experimental, mas
coerência lógica, a fim de procurar conclusões sobre o universo e as
indagações do espírito humano.
Cervo e Bervian (2002) apresentam alguns EXEMPLOS que deixam claro
esse conceito. Verifique:
A máquina substituirá o homem?
As conquistas espaciais comprovam o poder ilimitado do homem?
O que é valor hoje?
Lição 01 / 19
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produz
soluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a fazer
uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida concretamente.
4.3. Conhecimento Religioso (Teológico)
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que
contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo
sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são
consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas).
É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e
destino) como obra de um criador divino.
Suas evidências não são verificadas, está sempre implícita uma atitude de
fé perante um conhecimento revelado.
Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades”
tratadas são infalíveis e indiscutíveis por consistirem em “revelações” da divindade
(sobrenatural).
Lição 01 / 20
Fonte: //en.wikipedia.org
RESUMINDO
Conhecimento Religioso ou Teológico: é incontestável em suas
verdades por se tratar de revelações divinas; não é colocado à prova e
nem pode ser verificado.
EXEMPLO disso são os conhecimentos adquiridos e praticados pelos
homens tendo como base os textos da Bíblia Sagrada ou quaisquer
outros livros sagrados.
4.4. Conhecimento Científico
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com
ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifesta
de algum modo.
Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou
hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da
experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento
filosófico.
É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando
Lição 01 / 21
um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.
Possui a característica da verificabilidade a tal ponto que as afirmações
(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da
ciência.
Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo,
absoluto ou final e, por esse motivo, é aproximadamente exato: novas
proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformularo acervo de
teoria existente.
RESUMINDO
Conhecimento Científico: por meio da ciência, busca um conhecimento
sistematizado dos fenômenos, obtido segundo determinado método, que
aponta a verdade dos fatos experimentados e sua aplicação prática.
Lição 01 / 22
EXEMPLO
Analisar o mesmo exemplo dado anteriormente no conhecimento popular;
no contexto científico, poderia, mediante o estudo, verificar a relação de
causa e efeito e o princípio ativo que determina o desaparecimento do
sintoma “dor de estômago”, quando da ingestão do chá de macela.
4.5. Meios de Aquisição de Conhecimentos
A INTUIÇÃO é uma função especial da mente humana, que age pelo pensamento,
independente da pessoa ter formação científica ou técnica.
É um modo em que é considerado o fenômeno psíquico natural que todos os seres
humanos possuem: alguns em maior ou menor grau de obter conhecimentos sem a
utilização da experiência ou da razão.
O EMPIRISMO (Galileu e Bacon - séc. XVII)
Significa “experiência”
É uma doutrina que afirma que a única fonte de conhecimento é a experiência, ou seja,
todo conhecimento somente é obtido por experimentação.
Experimentar = Montar, Construir, Testar, Medir
A RAZÃO – RACIONALIZAÇÃO (Descartes - séc. XVII)
Doutrina que afirma que a razão humana - o pensamento racionalista - é a única fonte
do conhecimento.
Ao contrário dos empiristas, os racionalistas afirmam que os nossos sentidos nos
enganam e nunca podem conduzir a um conhecimento verdadeiro.
Lição 01 / 23
Para os racionalistas, um conhecimento é verdadeiro somente quando é logicamente
necessário e universalmente aceito.
A qualidade do conhecimento científico é dependente da forma de aquisição que é
utilizada.
No processo de obtenção de conhecimentos científicos, devem ser utilizadas as três
formas de aquisição de conhecimentos:
Intuição + Empirismo + Razão
RESUMINDO
Lição 01 / 24
5. Conclusão
No tópico 1, você teve a oportunidade de aprender sobre a Ciência e o Conhecimento
Científico.
Ciência, devido à sua natureza e, sobretudo, ao seu desenvolvimento, deixou de ser um
assunto meramente de cientistas e diz respeito aos cidadãos em geral. De fato, os
desenvolvimentos alcançados pela ciência, juntamente com a tecnologia, tornaram-se
determinantes em nossas vidas no dia a dia. A Ciência e Tecnologia entram
diariamente em nossas casas através de jornais, TV ou rádio, e qualquer cidadão
discute assuntos que a envolvem.
O que conclui sobre a Ciência é que, por mais que novas e sofisticadas teorias
sejam criadas, sempre haverá uma falha contida nelas e é através de inovações na
tecnologia e em estudos aprofundados que conseguimos aperfeiçoar nossas teorias.
Você já pôde perceber, até aqui, que entre os modos de conhecer, não existe uma
hierarquia valorativa totalmente fixa. Isso porque cada forma de conhecimento cumpre
sempre uma função estratégica para o homem, senão muitas. Assim, o valor de cada
forma de conhecimento é relativo aos fins que se pretende atingir em cada
momento.
Pois bem, mas se, desde o início, já falávamos que todos nós podemos ser
sujeitos do conhecimento, que tipo de conhecimento é esse que produzimos?
Para responder a essa pergunta, vamos logo abrindo as portas e as janelas de nosso
raciocínio.
Já oxigenou a sua mente?
Ok, então agora, enquanto você, tanto no seu dia a dia quanto em ocasiões
especialmente controladas, está apto a produzir qualquer forma de conhecimento,
observe seus elementos identificadores mínimos.
Se você inventa ou conta uma historinha para uma criança, cheia de personagens ou
eventos heroicos, intencionando, por meio dela, inculcar algum tipo de sentimento ou
comportamento, você está utilizando o mito no seu entendimento mais clássico.
Se você estuda e reproduz os ensinamentos doutrinários recebidos em sua fé religiosa,
Lição 01 / 25
obviamente já sabe que tipo de conhecimento você está produzindo ou reproduzindo,
não é?
Mas, se você se acomoda em sua confortável poltrona e começa a pensar com seus
botões no sentido da vida, do belo, e assim por diante, você estáq filosofando.
Todos esses modos de conhecer o mundo que estudamos aqui também podem ser
verificados no território acadêmico. Com isso, queremos dizer que o conhecimento
acadêmico, em sentido amplo, envolve um verdadeiro arsenal de ferramentas
cognitivas que ultrapassam os limites estreitos do conhecimento científico tradicional.
Lição 01 / 26
6.Referências
BUNGE. M. La investigación científica: su estratégia y su filosofia. 5. ed. Barcelona:
Anel, 1976.
CERVO, A.L.; BREVIAN, P.A; DA SILVA, R. Metodologia científica. São Paulo:
McGraw-Hill, 2007 e edições anteriores.
CORTELLA, M. S. Qual sua obra? 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra,
1986.
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