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FREI ANTONIO LEANDRO DA SILVA MÚSICA RAP: NARRATIVA DOS JOVENS DA PERIFERIA DE TERESINA MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS SÃO PAULO 2006 2 FREI ANTONIO LEANDRO DA SILVA MÚSICA RAP: NARRATIVA DOS JOVENS DA PERIFERIA DE TERESINA DISSERTAÇÃO APRESENTADA À BANCA EXAMINADORA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ANTROPOLOGIA, SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA DOUTORA TERESINHA BERNARDO. SÃO PAULO 2006 3 FREI ANTONIO LEANDRO DA SILVA MÚSICA RAP: NARRATIVA DOS JOVENS DA PERIFERIA DE TERESINA Banca Examinadora: São Paulo, ________________________________________ . __________________________________________________ Profa. Dra. Teresinha Bernardo (orientadora, PUC/SP) __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 4 “Ó, glorioso Deus Altíssimo! Iluminai as trevas do meu coração. Concedei-me uma fé verdadeira e uma Esperança firme. Dai-me a sabedoria e o conhecimento, A fim de que eu possa realizar o teu Sagrado e verdadeiro mandato”. (São Francisco de Assis) “Na Metrópole, eu vivo, cotidianamente, o choque: entre a consciência aguda de uma realidade de humanos miseráveis, os “Trapeiros” benjaminianos, inúteis à sociedade capitalista, e os sinais de solidariedade que se concretizam, aqui e agora, através das ações libertadoras dos serviços de promoção humana de instituições sociais e religiosas, como o SEFRAS e a EDUCAFRO. Nisso tudo, não posso deixar de perceber a manifestação da justiça do Reino de Deus”. (Frei Leandro) “Fatos, comentários, eu relato o que eu sinto Na cabeça um raciocínio que não desiste Aonde tá a igualdade, já cansei de esperar. Sou preto com orgulho, respeito a negritude. Vou correndo, o caminho da vitória que espero alcançar”. (Grupo de Rap de Teresina “Atividade Interna”) “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e, se podem aprender odiar, podem ser ensinadas a amar”. (Nelson Mandela) 5 Dedico este estudo de pesquisa aos meus familiares e parentes, aos confrades da Província Nossa Senhora da Assunção, às Irmãs Franciscanas Catequistas MA/PI, aos amigos e amigas da Paróquia São Raimundo Nonato, aos manos e às minas do Hip Hop de Teresina e de São Paulo e às amigas Ir. Joseleide, Ir. Zenaide, Soraima, Joana, Juliana, Verônica e Conceição. 6 Agradecimentos Emerge do imo d’alma e do recôndito coração centelhas de gratidão por tudo que recebi tanto da Trindade Santa, mistério de fundo Amor e Comunhão, e minha Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção quanto dos manos e minas do Hip Hop teresinense e das pessoas amigas que passaram por está trajetória de vida ao longo dos estudos do Mestrado. Foram tantas maravilhosas e benignas pessoas que página alguma preencheria seus dignos nomes, bem como nenhuma palavra expressaria o que minha alma gostaria lhes agradecer pela solicitude para com a minha pessoa. Meu penhorado agradecimento inicial aos meus pais, Pedro Paulo da Silva e Maria Leandro da Silva, que, incansavelmente, me acompanharam no processo formativo humano-religioso. Aos meus irmãos e irmãs, especialmente, a Fran e a Cleo, e seu filho Rafael, que me acolheram com benquerença e hospitalidade na grande Metrópole, São Paulo. Reconhecimento igual estende-se ao Frei Heriberto Rembecki, por haver a Província, que a dirige com zelo e funda sensibilidade, contribuído com recursos materiais e espirituais, para que eu pudesse chegar a termo meus estudos de pesquisa. Aos diletos confrades, a cada um particularmente, segue-se um reconhecimento pelo apoio e incentivo, ressaltando os confrades do convento São Raimundo Nonato de Teresina pela prestimosa colaboração ao tempo em que fui Pároco dessa Paróquia. Às Irmãs Lindalva, Marinete e Narides, que, direta ou indiretamente, sempre me acompanharam com orações preces e apoio; e, de modo particular, à Irmã Marinete que foi a minha Vigária nas horas em que estive voltado para a academia. Aos leigos e às leigas da Paróquia São Raimundo Nonato. Não poderia deixar de manifesta minha gratidão aos preclaros professores e professoras da UFPI – Ana Beatriz, Antônio José Medeiros, Fabiano Gontijo, 7 Francisco Júnior, Maria Dione, Júnia Motta, Maria Lídia, Raimundo Júnior, Shirley Pinheiro, Sônia Campelo e Washington Bonfim – pelo incentivo e apoio. Ao Prof. Benedito Carlos, agradeço pela sua presença amiga e solidária, sobretudo, pelas reflexões coletivas que resultaram em idéias que dimanaram tanto da minha razão como do meu coração. À Província Franciscana da Imaculada Conceição de São Paulo, particularmente nas pessoas do Provincial, Frei Augusto Koenig, e do Guardião do Convento São Francisco, Frei Wilson Zanetti, pela solicitude com que me acolheram. Este reconhecimento se estende, particularmente, a cada confrade deste magnífico e abençoado Santuário. Aos confrades David Santos e André Gurzysnki, da EDUCAFRO, e Frei Mário Tagliari, Diretor do SEFRAS, por terem disponibilizado os computadores para que eu pudesse, noite à dentro, digitar minha Dissertação. Este agradecimento deságua, especialmente, até ao Rogério, Heber, Marcos, Douglas, Eduardo e à Lourdinha, pela acolhida e atenção que me dispensaram sempre quando estive na sede desta entidade. Aos manos do Hip Hop paulista com quem mantive os primeiros contatos: Devanir, Marcelo, Sinval e Julho, pela atitude e solidariedade com a periferia. À minha Orientadora, Drª. Teresinha Bernardo, dirijo meus sinceros agradecimentos pelo seu espírito brilhante e acolhedor pela forma de cativar e despertar em seus orientandos (as) o desejo de se aventurarem em se aproximar, entrar e conhecer o “outro”, muitas vezes desconhecido e estranho, a partir do seu interior. Aos Professores (as) da PUC/SP Ana Amélia, Eduardo Wanderley, Jusedeth Consorte, Lúcia Rangel, Márcia Regina, Matilde Maria pela solicitude com que me orientaram na construção dos textos finais de cada semestre. Ao Prof. Dr. Acácio Sidey dos Santos e à Profª Drª Márcia Regina Costa que com solicitude e benignidade atenderam à nossa solicitação para comporem a Banca Examinadora. 8 Ao Prof. Drº Carlos Pimenta pela sua disponibilidade e satisfação interior em ler e apreciar os meus trabalhos acadêmicos. Ao Pe. Günter Paulo Suess pelas profícuas contribuições teóricas. Ao King Nino Brown da Zulu Natio Brasil, com quem aprendi muito sobre a vida dos jovens da periferia através das longas horas em que ficamos a debater sobre o Hip Hop paulistano. Este reconhecimento se estende aos diletos amigos Nelson Triunfo, Marcelinho Back Spin, DJ Erre-G, Laudia, Coordenadora da Casa do Hip Hop de Diadema, Júnior Dandara e tantos manos e minas que me concederam acolheram neste espaço de positiva sociabilidade juvenil. Aos manos e minas do “Fórum Hip Hop e Poder Público”, do qual participei desde a sua construção, manifesto meus protestos de grande alegria porque pude aprender muito sobre a realidade dos jovens negros e pobres