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1 Universidade Federal do Parana´ Departamento de Matema´tica Manual Te´cnico-Dida´tico Ca´lculo IV - CM044 Varia´veis Complexas - CM068 Me´todos II - CM105 Teoria Resumida e Exerc´ıcios Autor: Professor Jose´ Renato Ramos Barbosa Chefe do Departamento: Professor Manuel Jesus Cruz Barreda 2013 www.ufpr.br/∼jrrb 2 Conteu´do 1 Introduc¸a˜o 5 2 Parte I - Varia´veis Complexas 7 2.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2 Func¸o˜es Holomorfas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.2.1 O Logaritmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2.2 Func¸o˜es Na˜o-Holomorfas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.3 Integrac¸a˜o Complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4 Se´ries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.5 Ca´lculo de Integrais Reais via Teorema dos Res´ıduos . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.5.1 Integrais do Tipo I = ∫2pi 0 F(cos θ, sen θ)dθ onde F(cos θ, sen θ) e´ uma Func¸a˜o Real, Racional em cos θ e sen θ, e Finita em [0, 2pi] . . . . . . . . 32 2.5.2 Integrais Reais Impro´prias de Func¸o˜es Racionais f(x) . . . . . . . . . . . 34 2.6 Exerc´ıcios com Algumas Resoluc¸o˜es/Sugesto˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.6.1 Operac¸o˜es Elementares dos Nu´meros Complexos . . . . . . . . . . . . . . 37 2.6.2 Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.6.3 Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.6.4 Se´ries de Laurent e Res´ıduos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3 Parte II - Se´ries e Transformadas 47 3.1 Se´rie(s) de Fourier (SF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.2 Transformada de Laplace (TL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.3 Func¸a˜o Delta de Dirac (δ(t)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 3.4 Transformada de Fourier (TF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 3 4 CONTEU´DO Cap´ıtulo 1 Introduc¸a˜o O material que segue, na forma de notas de aulas, ja´ teve va´rias verso˜es nos u´ltimos dez anos, tendo sido apresentado a algumas turmas na Universidade Federal do Parana´ (UFPR), com relativo sucesso, neste per´ıodo. A primeira parte dessas notas cobre o programa da disciplina CM068 (Varia´veis Complexas) para a Matema´tica e a Matema´tica Industrial, bem como aproximadamente metade do pro- grama da disciplina CM044 (Ca´lculo IV) para a F´ısica e as Engenharias Mecaˆnica e Ambiental, sendo tais cursos ministrados na UFPR. A outra metade da CM044, bem como a totalidade do programa da CM105 (Me´todos Matema´ticos), e´ contemplada na segunda parte dessas notas de aulas. Para o curso de Matema´tica, e´ recomenda´vel uma complementac¸a˜o nas demonstrac¸o˜es dos re- sultados em livros de Ana´lise Complexa e Se´ries e Transformada de Fourier. A mate´ria aqui e´ dada de forma bastante resumida e e´ dever do leitor buscar outras fontes. Por Exemplo: 1. MATEMA´TICA SUPERIOR PARA ENGENHARIA, Erwin Kryeszig, LTC, 2009, ISBN 978-85-216-1643-6, Nona Edic¸a˜o; 2. INICIAC¸A˜O A` FI´SICA MATEMA´TICA, Juan Lo´pez Gondar e Rolci Cipolatti, IMPA, 2009, ISBN 978-85-244-0287-6, Primeira Edic¸a˜o; 3. FI´SICA MATEMA´TICA, George B. Arfken e Hans J. Weber, Elsevier, 2007, ISBN 978- 85-352-2050-6, Primeira Edic¸a˜o; 4. CURSO INTRODUTO´RIO A` ANA´LISE COMPLEXA COM APLICAC¸O˜ES, Dennis G. Zill e Patrick D. Shanahan, LTC, 2011, ISBN 978-85-216-1809-6, Segunda Edic¸a˜o. Como iniciamos nosso estudo por func¸o˜es holomorfas, em tal bibliografia podem ser encontradas as propriedades operato´rias dos nu´meros complexos, bem como a interpretac¸a˜o vetorial da adic¸a˜o e da multiplicac¸a˜o destes nu´meros, e o estudo da continuidade das func¸o˜es complexas. Para revisar curvas planas, conjuntos abertos, derivadas parciais, etc, confira meu material de 5 6 CAPI´TULO 1. INTRODUC¸A˜O Ca´lculo II (CM042) no enderec¸o eletroˆnico que se encontra na capa destas notas. Agradec¸o imensamente ao colega Professor Raul Prado Raya. Ele gentilmente cedeu o que ja´ havia preparado de exerc´ıcios para as turmas dele (a partir do excelente livro de Ana´lise Complexa do Steven Krantz). Apreciaria sugesto˜es que melhorem a escrita ou que corrijam eventuais descuidos (erros de me´rito ou de portugueˆs). Cap´ıtulo 2 Parte I - Varia´veis Complexas 2.1 Preliminares • Define-se o conjunto C dos nu´meros complexos por: – z ∈ C⇔ z = x+ iy com x, y ∈ R e i2 = −1; – z = w com z = x+ iy e w = u+ iv ⇔ x = u e y = v. • Sendo i0 = 0, considera-se R ⊂ C. • Define-se a parte real e a parte imagina´ria de z = x+ iy por Re(z) = x e Im(z) = y, respectivamente. • Sendo z = x+ iy e w = u+ iv, define-se a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o em C por: – z+w = (x+ u) + i(y+ v); – zw = (xu− yv) + i(xv+ yu). • Tais operac¸o˜es sa˜o comutativas e associativas; 0 e´ o elemento neutro aditivo e 1 e´ o multiplicativo; A adic¸a˜o e´ distributiva em relac¸a˜o a multiplicac¸a˜o; −z = −x − iy e´ o inverso aditivo de z e z−1 = x−iy x2+y2 e´ o inverso multiplicativo de z 6= 0.1 • Para a potenciac¸a˜o e a radiciac¸a˜o em C, bem como para interpretar geometricamente a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o complexas, veja a bibliografia sugerida. • Uma func¸a˜o complexa f : D→ C e´ uma func¸a˜o cujo domı´nio D e cuja imagem f(D) sa˜o subconjuntos de C. Por exemplo: – Se f(z) = z0 constante para cada z ∈ C, enta˜o D = C e f(D) = {z0}; – Se f(z) = z para cada z ∈ C, enta˜o D = f(D) = C; – Se f(z) = z para cada z ∈ C, enta˜o D = f(D) = C; – Se f(z) = z−1 para cada z ∈ C com z 6= 0, enta˜o D = f(D) = C− {0}; – Se f(z) = |z| para cada z ∈ C, enta˜o D = C e f(D) = R+. 1z = x− iy e |z| = √ x2 + y2 ⇒ z−1 = z |z|2 . 7 8 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2.2 Func¸o˜es Holomorfas Dentre as func¸o˜es que a Ana´lise Complexa estuda, destacam-se as holomorfas ou diferencia´veis, isto e´, aquelas definidas em conjuntos abertos2 de C e diferencia´veis como func¸o˜es complexas. Diferenciabilidade complexa tem implicac¸o˜es mais fortes que diferenciabilidade real. Por exem- plo, toda func¸a˜o holomorfa pode ser representada como uma se´rie de poteˆncias em todo disco aberto do seu domı´nio, e da´ı e´ anal´ıtica. Em particular, func¸o˜es holomorfas sa˜o infinitamente diferencia´veis, o que na˜o ocorre com func¸o˜es diferencia´veis reais.3 A maioria das func¸o˜es ele- mentares (tais como, as polinomiais, as trigonome´tricas, as exponencias e as logar´ıtmicas) sa˜o holomorfas. Em tudo que se segue D e´ aberto em C, z0 = x0+ iy0 ∈ D e f e´ uma func¸a˜o complexa definida por f(z) = P(x, y) + iQ(x, y) para cada z = x+ iy ∈ D, sendo P e Q func¸o˜es reais nas varia´veis reais x e y. Ex: Seja f(z) = z2 para cada z ∈ C. Da´ı f(z) = (x+ iy)2 = x2 − y2 + 2xyi. Assim P(x, y) = x2 − y2 e Q(x, y) = 2xy. Observac¸a˜o 1 Em existindo o limite lim z→z0 f(z) − f(z0) z− z0 , o mesmo e´ dito a derivada de f(z) em z0, denotado por f ′(z0), f e´ dita holomorfa em z0 e as Condic¸o˜es de Cauchy-Riemann (C-R) ∂P ∂x (x0, y0) = ∂Q ∂y (x0, y0), ∂P ∂y (x0, y0) = − ∂Q ∂x (x0, y0) em z0 sa˜o obtidas derivando-se ao longo da reta y = y0, via f ′(z0) = Px(x0, y0) + iQx(x0, y0), e derivando-se ao longo da reta x = x0, via f ′(z0) = Qy(x0, y0) − iPy(x0, y0). f e´ holomorfa (em D) se e´ holomorfa em cada z ∈ D. Note que f ′(z0) pode ser calculada via qualquer uma das duas u´ltimas expresso˜es desde que f seja holomorfa em z0. Ex: Seja f(z) = z2 como no exemplo anterior. f e´ holomorfa em Cpois existe f ′(z0) = lim z→z0 z2 − z20 z− z0 = lim z→z0 (z+ z0)(z− z0) z− z0 = 2z0 2Cada elemento z de um conjunto aberto A e´ caracterizado pela seguinte propriedade: z+ h ∈ A para todo h cujo mo´dulo seja suficientemente pequeno. 3Por exemplo, seja f(t) = { t2/2 se t ≥ 0; −t2/2 se t < 0. Da´ı f ′(t) = |t| para todo t ∈ R. Contudo f ′ na˜o e´ diferencia´vel em t = 0. 2.2. FUNC¸O˜ES HOLOMORFAS 9 para cada z0 ∈ C. Por outro lado, Px = 2x = Qy, Py = −2y = −Qx e f ′(z) = Px + iQx = 2x+ 2yi = 2z. A rec´ıproca da observac¸a˜o anterior e´ dada por: Observac¸a˜o 2 Se Px, Py, Qx e Qy existem em cada ponto suficientemente pro´ximo de z0, sa˜o cont´ınuas em z0 e satisfazem (C-R) em z0, enta˜o f e´ holomorfa em z0. Ex: A func¸a˜o exponencial f(z) = ez = ex(cosy + i seny) e´ holomorfa (em C). De fato, P(x, y) = ex cosy e Q(x, y) = ex seny acarretam Px = e x cosy = Qy, Py = −e x seny = −Qx, que sa˜o cont´ınuas. Note ainda que f ′(z) = Px + iQx = e x(cosy+ i seny) = ez. Comenta´rio sobre exponenciais ez1ez2 = ez1+z2 sendo z1 = x1 + iy1 e z2 = x2 + iy2 em C. 4 Ex: Demonstra-se que somas, diferenc¸as, produtos, quocientes (cujos denominadores na˜o se anulem em z0) e composic¸o˜es de func¸o˜es holomorfas em z0 tambe´m sa˜o holomorfas em z0. Da´ı as seguintes func¸o˜es, definidas para cada z ∈ C, sa˜o holomorfas (em C): • p(z) = z0 + z1z+ z2z2 + · · ·+ znzn com zi’s constantes em C; • sen z = eiz−e−iz 2i e cos z = e iz+e−iz 2 .5 2.2.1 O Logaritmo No caso real, a func¸a˜o logaritmo natural e´ a inversa da func¸a˜o exponencial: y ∈ R e´ o logaritmo natural de x > 0, isto e´, y = ln x⇔ x = ey. No caso complexo, a exponencial complexa e´ perio´dica de per´ıodo 2pii pois ez+2piij = ex(cos(y+ 2pij) + i sen(y+ 2pij)) = ex(cosy+ i seny) = ez, j ∈ Z. Assim na˜o e´ poss´ıvel obter uma u´nica func¸a˜o f(z) tal que ef(z) = z. De fato, dada uma tal f(z) e sendo g(z) = f(z) + 2piij, j ∈ Z, temos eg(z) = ef(z)e2piij = ef(z), j ∈ Z. 4Verifique! 5Note que d dz (sen z) = cos z e d dz (cos z) = −sen z. 10 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Mesmo assim, para z ∈ C, z 6= 0, vamos definir o logaritmo de z = ew por w = log z para domı´nios D ⊂ C adequados. Sejam z = reiθ, −pi < θ ≤ pi, e w = u+ i v. Da´ı, como reiθ = eu+i v = eueiv, temos r = eu, isto e´, u = ln r, e eiθ = eiv, isto e´, v = θ+ 2pij, j ∈ Z. Enta˜o, w = ln r+ i(θ+ 2pij) acarreta log z = ln |z| + i arg z, arg z ∈ {θ+ 2pij | j ∈ Z} . Para log z ser univocamente determinado, temos que nos restringir a domı´nios D ⊂ C nos quais arg z seja univocamente determinado. Considere da´ı a semi-reta fechada a partir da origem Lφ = {(t cosφ, t senφ) | t ≤ 0} , sendo 0 ≤ φ < 2pi, e seja Dφ = C− Lφ. Da´ı, para cada z ∈ Dφ, existe um u´nico valor de arg z, denotado por argφ z, tal que φ < argφ z < φ+ 2pi. Definimos: Observac¸a˜o 3 f : Dφ → C z 7→ f(z) = log z = ln |z| + i argφ z e´ dita um ramo do logaritmo. Por exemplo, f(z) = log z e´ holomorfa em D0 = C− L0, L0 = {(t, 0) | t ≤ 0}. De fato, para cada z0 ∈ D0, temos f ′(z0) = lim z→z0 f(z) − f(z0) z− z0 = lim z→z0 log z− log z0 z− z0 = lim w→w0 w−w0 ew − ew0 = lim w→w0 1 ew−ew0 w−w0 = 1 ew0 = 1 z0 . 2.2.2 Func¸o˜es Na˜o-Holomorfas Ex: Demonstra-se que func¸o˜es holomorfas em z0 sa˜o cont´ınuas em z0. Obteremos uma func¸a˜o que na˜o e´ cont´ınua, da´ı na˜o e´ holomorfa, num dado z0. Seja z 6= 0. Da´ı z = r(cos θ+ i sen θ) = r(cos(θ+ 2pij) + i sen(θ+ 2pij)), j ∈ Z, onde (r, θ) sa˜o as coordenadas polares de (x, y). (Veja Figura seguinte.) x ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ r y tx+ iy θ Existe um u´nico argumento θ de z tal que −pi < θ ≤ pi. Este valor particular de θ e´ dito valor principal do argumento (ou simplesmente o argumento) de z e e´ denotado por Arg z. Arg z na˜o e´ cont´ınua em L0. De fato, seja z0 = x0 ∈ L0. Como a Figura 2.1 ilustra, a medida que algum z pertencente ao terceiro quadrante do plano aproxima-se de x0, temos que Arg z→ −pi. Mas Arg x0 = pi. (De modo ana´logo, demonstra-se que Arg z na˜o e´ cont´ınua em z0 = 0.) Ex: f(z) = z na˜o e´ holomorfa (em z, ∀z ∈ C). De fato, seja z 6= z0. Da´ı: 2.2. FUNC¸O˜ES HOLOMORFAS 11 z x0 Arg z Figura 2.1: Arg z na˜o e´ cont´ınua em z0 ∈ L0. • y = y0, isto e´, z = x+ iy0 ⇒ f(z)−f(z0)z−z0 = x−x0x−x0 = 1; • x = x0, isto e´, z = x0 + iy ⇒ f(z)−f(z0)z−z0 = −iy+iy0iy−iy0 = −1. Da´ı f(z)−f(z0) z−z0 aproxima-se de, no mı´nimo, dois valores distintos (±1) quando z→ z0. 12 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2.3 Integrac¸a˜o Complexa Observac¸a˜o 4 - Circunfereˆncias Orientadas Positivamente Um disco aberto de centro z0 e raio r > 0, denotado por D(z0, r), e´ um c´ırculo com tais centro e raio, menos a sua circunfereˆncia, isto e´, D(z0, r) = {z ∈ C : |z− z0| < r} . Se nada for dito em contra´rio, a circunfereˆncia retirada, denotada por ∂D(z0, r) = {z ∈ C : |z− z0| = r} , e´ percorrida no sentido anti-hora´rio. Ex: z(t) = z0 + re it, t ∈ [0, 2pi], e´ uma parametrizac¸a˜o de ∂D(z0, r).6 Por exemplo, se z0 = 0 e r = 1, enta˜o z(t) = eit = cos t+ i sen t, t ∈ [0, 2pi], e´ uma parametrizac¸a˜o de ∂D(0, 1). (Veja Figura 2.2.) ���� ���� ���� z(t) 1 = z(0) = z(2pi) −i 0 −1 i t Figura 2.2: Circunfereˆncia de centro z0 = 0 e raio r = 1, percorrida no sentido anti-hora´rio. Observac¸a˜o 5 - Integrac¸a˜o de curvas planas Seja z(t) = x(t) + iy(t) tal que x(t), y(t) ∈ R ∀t ∈ [a, b]. Sendo x e y integra´veis, tem-se∫b a z(t)dt = ∫b a x(t)dt+ i ∫b a y(t)dt. Ex: Via a observac¸a˜o anterior, verifique que: • ∫1 0 (t− i)3 dt = − 5 4 ; • ∫pi/2 0 e(1+i)t dt = ∫pi/2 0 et(cos t+ i sen t)dt = 1 2 (epi/2 − 1) + i 2 (epi/2 + 1), usando integrac¸a˜o por partes em cada parcela da soma na segunda igualdade. Observac¸a˜o 6 Pode ser demonstrado que integrais complexas teˆm propriedades ana´logas aque- las das integrais reais. Por exemplo: 1. ∫b a (z1(t) + z2(t))dt = ∫b a z1(t)dt+ ∫b a z2(t)dt; 6z(t) = z0 + re 2piti, t ∈ [0, 1], e´ uma outra parametrizac¸a˜o de ∂D(z0, r). 2.3. INTEGRAC¸A˜O COMPLEXA 13 2. c ∈ [a, b]⇒ ∫b a z(t)dt = ∫c a z(t)dt+ ∫b c z(t)dt; 3. ∫b a (α+ iβ)z(t)dt = (α+ iβ) ∫b a z(t)dt; 4. ∫b a z(t)dt = − ∫a b z(t)dt; 5. Se Z(t) = X(t) + i Y(t) tem derivada cont´ınua tal que X ′(t) = x(t) e Y ′(t) = y(t), isto e´, Z ′(t) = z(t), ∀t ∈ (a, b), enta˜o∫b a z(t)dt = Z(t) ∣∣t=b t=a = X(t) ∣∣t=b t=a + i Y(t) ∣∣t=b t=a = Z(b) − Z(a). Ex: ∫pi 0 eit dt = 2i. De fato, para qual Z(t) temos Z ′(t) = eit? Se Z(t) = e it i , enta˜o ∫pi 0 eit dt = eit i ∣∣∣∣ t=pi t=0 = 1 i (eipi − ei0) = − 2 i . Ex: Vimos a pouco que, via integrac¸a˜o por partes, temos∫pi/2 0 e(1+i)t dt = 1 2 (epi/2 − 1) + i 2 (epi/2 + 1). De fato, para qual Z(t) temos Z ′(t) = e(1+i)t? Se Z(t) = e (1+i)t 1+i , enta˜o∫pi/2 0 e(1+i)t dt = e(1+i)t 1+ i ∣∣∣∣ t=pi/2 t=0 = 1 1+ i (e(1+i)pi/2 − e(1+i)0) = 1 2 (1− i)(−1+ iepi/2). Tal exemplo mostra que podemos calcular algumas integrais reais via integrac¸a˜o complexa, na˜o sendo necessa´rio proceder uma longa integrac¸a˜o por partes. De fato, por um lado, temos∫pi/2 0 e(1+i)t dt = 1 2 (epi/2 − 1) + i 2 (epi/2 + 1). Por outro lado, temos∫pi/2 0 et+i t dt = ∫pi/2 0 eteit dt = ∫pi/2 0 et cos t dt+ i ∫pi/2 0 et sen t dt. Da´ı, comparando-se as partes reais e imagina´rias destas equac¸o˜es, temos∫pi/2 0 et cos t dt = 1 2 (epi/2 − 1) e ∫pi/2 0 et sen t dt = 1 2 (epi/2 + 1). Observac¸a˜o 7 - Integrac¸a˜o ao longo de curvas planas Se z : [a, b] → C tem derivada cont´ınua e f = P + iQ e´ cont´ınua sobre γ = {z(t) | t ∈ [a, b]},enta˜o ∫ γ f(z)dz = ∫b a f(z(t)) z ′(t)dt. Tal integral na˜o depende da parametrizac¸a˜o z(t) de γ. 14 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2 31 i Figura 2.3: Semi-circunfereˆncia superior de centro z0 = 2 e raio r = 1. Ex: Seja γ a semi-circunfereˆncia superior de centro z0 = 2 e raio r = 1 (veja Figura 2.3). Via parametrizac¸o˜es distintas de γ, temos ∫ γ 1 z−2 dz = ipi. Por exemplo, z(t) = 2 + eit, t ∈ [0, pi], acarreta ∫ γ 1 z− 2 dz = ∫pi 0 1 2+ eit − 2 i eit dt = it ∣∣t=pi t=0 , enquanto que z(t) = 2+ eipit, t ∈ [0, 1], acarreta∫ γ 1 z− 2 dz = ∫ 1 0 1 2+ eipit − 2 ipi eipit dt = ipit ∣∣t=1 t=0 . Observac¸a˜o 8 No que se segue, assumimos as mesmas hipo´teses da observac¸a˜o anterior para as func¸o˜es envolvidas. Observac¸a˜o 9 Sejam: D aberto em C; f = P + iQ holomorfa em D; Px, Py, Qx e Qy cont´ınuas em D. Enta˜o ∫ γ f ′(z)dz = ∫b a f ′(z(t)) z ′(t)dt = f(z(b)) − f(z(a)). Ex: Sejam: f(z) = log z, z ∈ D0, o ramo do logaritmo como definido anteriormente; z(t) = eit, t ∈ [0, 2pi], uma parametrizac¸a˜o de ∂D(0, 1) como dada anteriormente. Da´ı, por um lado, como f ′(z) = 1 z , z ∈ D0, temos∮ ∂D(0,1) f ′(z)dz = ∫ 2pi 0 1 eit i eit dt = i ∫ 2pi 0 dt = 2pii. Por outro lado, f(z(2pi)) − f(z(0)) = log ei·2pi − log ei·0 = 2pii. Observac¸a˜o 10 ∫ γ (f+ g) = ∫ γ f+ ∫ γ g. Ex: ∫ γ (z+ z)dz = ∫ γ z dz+ ∫ γ z dz. De fato, por um lado temos∫ γ (z+ z¯)dz = ∫b a [2 x(t) (x ′(t) + iy ′(t))]dt. Por outro temos que ∫ γ z dz+ ∫ γ z dz = ∫b a z(t) z ′(t)dt+ ∫b a z(t) z ′(t)dt 2.3. INTEGRAC¸A˜O COMPLEXA 15 iguala ∫b a [x(t) x ′(t) − y(t)y ′(t)]dt+ i ∫b a [x(t)y ′(t) + x ′(t)y(t)]dt mais ∫b a [x(t) x ′(t) + y(t)y ′(t)]dt+ i ∫b a [x(t)y ′(t) − x ′(t)y(t)]dt. Observac¸a˜o 11 Se o ponto final de γ1 coincide com o ponto inicial de γ2, enta˜o∫ γ1∪γ2 f = ∫ γ1 f+ ∫ γ2 f. Ex: Sejam f(z) = z, γ1 = { z1(t) = e i pi 2 t | t ∈ [0, 1]} e γ2 = {z2(t) = i+ t(−1− i) | t ∈ [0, 1]} (veja Figura 2.4). No lugar de obtermos uma parametrizac¸a˜o z(t) para γ1 ∪ γ2, calculamos −1 1 i γ2 γ1 Figura 2.4: γ2 e´ o segmento de reta entre z0 = i e z1 = −1, isto e´, z2(t) = z0 + t(z1 − z0), 0 ≤ t ≤ 1; γ1 representa a parte da circunfereˆncia de centro 0 e raio 1 no primeiro quadrante. diretamente: ∫ γ1∪γ2 z dz = ∫ γ1 z dz+ ∫ γ2 z dz. Observac¸a˜o 12 Se |f(z)| ≤M para todo z ∈ γ e L e´ o comprimento de γ, enta˜o∣∣∣∣ ∫ γ f(z)dz ∣∣∣∣ ≤ML. Ex: Sendo γ o segmento de reta entre z0 = 2 e z1 = 2+ i, temos ∣∣∣∫γ 1z2+1 dz∣∣∣ ≤ 12√5 . De fato, pela geometria da Figura 2.5, L = 1 e, como |z+ i| ≥ √5 e |z− i| ≥ 2, temos −i i 2 + i z √ 5 2 |z − i| |z + i| Figura 2.5: z varia em γ. 16 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS |f(z)| = ∣∣∣∣ 1z2 + 1 ∣∣∣∣ = 1|z+ i| · 1|z− i| ≤ 1√5 · 12 =M, para todo z ∈ γ. (Em sendo poss´ıvel, calcule o valor exato da integral e compare com a estimativa obtida.) Observac¸a˜o 13 - Curvas de Jordan No que se segue, se nada for dito em contra´rio, toda curva γ e´ de Jordan - isto e´ , e´ fechada (z(a) = z(b)) e na˜o tem auto-intersec¸a˜o (z e´ injetiva em [a, b)) - e, em relac¸a˜o ao interior R da regia˜o de C limitada por γ, tal curva e´ orientada positivamente - isto e´, tem “sentido anti-hora´rio”. (Veja Figura 2.6.) Neste caso, denotaremos ∫ γ por ∮ γ . γ z0 R Figura 2.6: Regia˜o limitada por uma curva de Jordan; z0 ∈ R. Observac¸a˜o 14 - Teorema de Cauchy-Goursat (TCG) Seja f holomorfa em γ ∪ R. Enta˜o ∮ γ f(z)dz = 0. Ex: ez e zn, n = 0, 1, 2, . . ., sa˜o holomorfas em C. Da´ı ∮ γ ez dz = 0 e ∮ γ zn dz = 0. Observac¸a˜o 15 Se γ1 ⊂ R2 (veja Figura 2.7) e f e´ holomorfa em γ2 ∪ (R2 − R1), enta˜o∮ γ1 f(z)dz = ∮ γ2 f(z)dz. γ1 γ2 R2 R1 Figura 2.7: R2 − (R1 ∪ γ1) e´ o interior da regia˜o entre as curvas γ2 e γ1. Observac¸a˜o 16 - Corola´rio da observac¸a˜o anterior Sejam γ2 = γ, z0 ∈ R2 e γ1 = ∂D(z0, r) para r suficientemente pequeno. (Veja Figura 2.8.) Da´ı: 2.3. INTEGRAC¸A˜O COMPLEXA 17 z0 γ2 = γ γ1 = ∂D(z0, r) z(t) = z0 + re itr R2 R1 Figura 2.8: R2 − (R1 ∪ γ1) e´ o interior da regia˜o entre as curvas γ2 = γ e γ1 = ∂D(z0, r). 1. ∮ γ 1 z−z0 dz = 2pii; 2. ∮ γ 1 (z−z0)n dz = 0 ∀n ∈ Z− {1}. De fato, seja z(t) = z0 + re it, t ∈ [0, 2pi], uma parametrizac¸a˜o de γ1. Da´ı∮ γ 1 z− z0 dz = ∮ ∂D(z0,r) 1 z− z0 dz = ∫ 2pi 0 1 reit ireit dt = it ∣∣t=2pi t=0 = 2pii. A segunda fo´rmula e´ demonstrada de modo ana´logo. Ex: Via a observac¸a˜o anterior e o TCG, temos que: 1. ∮ γ 2z z2+2 dz = 4pii para γ = ∂D(0, 2); 2. ∮ γ 2z z2+2 dz = 2pii para γ = ∂D(i, 1). De fato, via o me´todo das frac¸o˜es parciais, primeiramente note que 2z z2 + 2 = 2z (z+ i √ 2)(z− i √ 2) = 1 z+ i √ 2 + 1 z− i √ 2 . Da´ı (veja Figura 2.9): 1. ∮ ∂D(0,2) 2z z2+2 dz = ∮ ∂D(0,2) 1 z+i √ 2 dz+ ∮ ∂D(0,2) 1 z−i √ 2 dz = 2pii+ 2pii = 4pii; 2. ∮ ∂D(i,1) 2z z2+2 dz = ∮ ∂D(i,1) 1 z+i √ 2 dz+ ∮ ∂D(i,1) 1 z−i √ 2 dz = 0+ 2pii = 2pii. Observac¸a˜o 17 - Fo´rmula Integral de Cauchy para Derivadas (FICD) Se f e´ holomorfa em γ ∪ R e z0 ∈ R, enta˜o∮ γ f(z) (z− z0)n+1 dz = 2pii n! f(n)(z0), n = 0, 1, 2, . . . . 18 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2−2 −2i 2i 1−1 i i √ 2i √ 2i − √ 2i −i 2i Figura 2.9: ∂D(0, 2) e ∂D(i, 1). Se n = 0, dizemos simplesmente Fo´rmula Integral de Cauchy (FIC) e podemos escrever∮ γ f(z) z− z0 dz = 2piif(z0). Ex: Queremos calcular ∮ γ ez z−2 dz. Assim, sendo z0 = 2, vamos analisar dois casos: • z0 6∈ γ ∪ R e f(z) = ezz−2 TCG︸ ︷︷ ︸ =⇒ ∮ γ ez z−2 dz = ∮ γ f(z)dz = 0; • z0 ∈ R e f(z) = ez FIC︸︷︷︸ =⇒ ∮ γ ez z−2 dz = 2piif(2) = 2piie2. Ex: Se z0 = i 2 ∈ R, enta˜o∮ γ z3 − 6 2z− i dz = ∮ γ z3 2 − 3 z− z0 dz = 2pii ( z30 2 − 3 ) , utilizando a FIC com f(z) = z 3 2 − 3. Ex: Se z0 = i ∈ R e f(z) = ez2 , via a FICD para n = 3, temos∮ γ ez 2 (z− i)4 dz = 2pii 3! · f(3)(z0) = 2pii 6 (12i+ 8i3)ei 2 = − 4pi 3e , onde usamos f ′′′(z) = ( 12z+ 8z3 ) ez 2 . Ex: Exerc´ıcio 19 da lista de exerc´ıcios. Primeira Soluc¸a˜o: Via frac¸o˜es parciais, 1 z(z+ 2) = A z + B z+ 2 = (A+ B)z+ 2A z(z+ 2) ⇒ A = 1 2 , B = − 1 2 . Da´ı ∮ γ 1 z2 + 2z dz = 1 2 ∮ γ 1 z− 0 dz− 1 2 ∮ γ 1 z− (−2) dz = 1 2 · 2pii · 1− 1 2 · 0 = pii, 2.3. INTEGRAC¸A˜O COMPLEXA 19 onde, na primeira parcela da soma, como z0 = 0 ∈ R, usamos a FIC com f(z) = 1, e, na segunda parcela, como −2 6∈ γ ∪ R, usamos o TCG com f(z) = 1 z+2 . Segunda Soluc¸a˜o:∮ γ 1 z2 + 2z dz = ∮ γ 1 z(z+ 2) dz = ∮ γ 1 z+2 z dz = 2pii · 1 0+ 2 = pii, onde, como z0 = 0 ∈ R, usamos a FIC com f(z) = 1z+2 . Ex: ∮ γ eipiz 2z2−5z+2 dz = 2pi 3 para γ = ∂D(0, 1). De fato, como 2z2 − 5z+ 2 = 2 ( z2 − 5 2 z+ 1 ) = 2 ( z− 1 2 ) (z− 2), temos ∮ γ eipiz 2z2 − 5z+ 2 dz = 1 2 ∮ γ eipiz z−2 z− 1 2 dz = 1 2 · 2pii · e ipi· 1 2 1 2 − 2 = pii · i − 3 2 = 2pi 3 , onde, como z0 = 1 2 ∈ R, usamos a FIC com f(z) = eipiz z−2 . Ex: Exerc´ıcio 18 da lista de exerc´ıcios. Sendo γ = ∂D(1, 5), queremos calcular 1 2pii ∮ γ ζ2+ζ (ζ−2i)(ζ+3) dζ. (Veja Figura 2.10.) Para isto, como 6−4 1−3 R2i 1 + 5i5i 1 − 5i−5i Figura 2.10: ∂D(1, 5). 2i,−3 ∈ R pois |2i− 1| = √5< 5 e | − 3− 1| = 4 < 5, primeiramente note que: • para f(ζ) = ζ2+ζ (ζ−2i)(ζ+3) , o TCG na˜o pode ser usado em ∮ γ f(ζ)dζ = 0 pois f na˜o e´ holomorfa em 2i nem em −3; • o FIC na˜o pode ser usado em: – ∮ γ f(ζ) ζ+3 dζ = 2piif(−3), se f(ζ) = ζ 2+ζ ζ−2i , pois f na˜o e´ holomorfa em 2i; – ∮ γ f(ζ) ζ−2i dζ = 2piif(2i), se f(ζ) = ζ 2+ζ ζ+3 , pois f na˜o e´ holomorfa em −3. Assim, usando-se a divisa˜o longa em ζ 2+ζ (ζ−2i)(ζ+3) , como o dividendo ζ2 + ζ iguala o divisor ζ2 + (3− 2i)ζ− 6i vezes o quociente 1 mais o resto −2(1− i)ζ+ 6i, temos que ζ2 + ζ (ζ− 2i)(ζ+ 3) = 1− 2 · (1− i)ζ− 3i (ζ− 2i)(ζ+ 3) , 20 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS e da´ı∮ γ ζ2 + ζ (ζ− 2i)(ζ+ 3) dζ = ∮ γ 1 dζ− 2 ∮ γ (1− i)ζ− 3i (ζ− 2i)(ζ+ 3) dζ = −2 ∮ γ (1− i)ζ− 3i (ζ− 2i)(ζ+ 3) dζ, onde usamos o TCG na primeira parcela da diferenc¸a das integrais. Agora, para resolver a u´ltima integral, usaremos a te´cnica das frac¸o˜es parciais. De (1− i)ζ− 3i (ζ− 2i)(ζ+ 3) = A ζ− 2i + B ζ+ 3 = (A+ B)ζ+ 3A− 2iB (ζ− 2i)(ζ+ 3) , temos { A + B = 1− i, 3A − 2iB = −3i. Multiplicando-se a primeira equac¸a˜o deste sistema por −3 e somando-se a segunda, temos B = 3 3+2i . Substituido-se B na primeira equac¸a˜o acarreta A = 2−i 3+2i . Enta˜o 1 2pii ∮ γ ζ2 + ζ (ζ− 2i)(ζ+ 3) dζ = − 1 pii ( 2− i 3+ 2i ∮ γ 1 ζ− 2i dζ+ 3 3+ 2i ∮ γ 1 ζ+ 3 dζ ) = −10+ 2i 3+ 2i . Observac¸a˜o 18 Considere que a FIC tenha sido demonstrada de algum modo. Da´ı demonstra- se tambe´m, por induc¸a˜o sobre n, a FICD. De fato, o primeiro passo da induc¸a˜o e´ a demonstrac¸a˜o da FICD para n = 1: f ′(z0) = lim h→0 f(z0 + h) − f(z0) h FIC︸︷︷︸ = lim h→0 1 2pii [∮ γ f(z) z−z0−h dz− ∮ f(z) z−z0 dz ] h = 1 2pii lim h→0 ∮ γ 1 h · hf(z) (z− z0 − h)(z− z0) dz = 1! 2pii ∮ γ f(z) (z− z0)2 dz. Agora, considere que a FICD seja verdadeira para o inteiro positivo n. De modo ana´logo demonstra-se que a mesma e´ verdadeira para n+ 1.7 7Teste para n = 2, comec¸ando com f ′′(z0), e proceda como no primeiro passo da induc¸a˜o! 2.4. SE´RIES 21 2.4 Se´ries • Para dar sentido a se´rie S(z) = ∑ n≥0 anz n, sendo cada coeficiente an e a varia´vel z elementos de C, introduzimos a varia´vel real r ≥ 0 e consideramos a sua se´rie associada de termos na˜o negativos∑ n≥0 |an|r n (que pode convergir para um valor em [0,+∞]). • O intervalo I(S(z)) = { r ≥ 0 ∣∣∣∣∑ n≥0 |an|r n < +∞} e´ na˜o vazio pois 0 ∈ I(S(z)), podendo inclusive ser igual a {0}.8 • O raio de convergeˆncia de S(z) e´ o nu´mero na˜o negativo ρ = sup I(S(z)).9 • O disco aberto D(0, ρ) = { z ∈ C ∣∣ |z| < ρ} e´ o disco de convergeˆncia de S(z), sendo vazio se ρ = 0. • Demonstra-se que S(z): – converge absolutamente, isto e´, ∑ n≥0 |an||z| n < +∞, para |z| < ρ; – diverge para |z| > ρ; – pode convergir ou divergir para |z| = ρ. (veja Figura 2.11.) z 0 ρ D(0, ρ) r z I(S(z)) z Figura 2.11: S(z) converge para z ∈ D(0, ρ); pode convergir ou divergir para z ∈ ∂D(0, ρ); diverge para z 6∈ D(0, ρ) ∪ ∂D(0, ρ). 8Seja r0 > 0 tal que ∑ n≥0 |an|r n 0 <∞. Via o Teste da Comparac¸a˜o,∑n≥0 |an|rn <∞ para todo r ∈ [0, r0]. 9ρ e´ o menor elemento de {s ∈ [0,+∞] | s ≥ r, ∀r ∈ I(S(z))}. Da´ı ρ = r0 se I(S(z)) = [0, r0). 22 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Demonstra-se ainda que 1 ρ = lim n→∞ sup |an| 1/n. Contudo, na pra´tica, ρ e´ determinado pelo Teste da Raza˜o (TR) via L = lim n→∞ ∣∣∣∣an+1zn+1anzn ∣∣∣∣ = |z| limn→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ (se existe tal limite, ainda que seja +∞).10 Ex: ρ e´ igual a: 0 se S(z) = ∑ n≥0 n!z n; 1 se S(z) for uma das se´ries: ∑ n≥0 z n, ∑ n>0 1 n zn,∑ n>0 1 n2 zn.11 Observac¸a˜o 19 Sejam S1(z) = ∑ n≥0 a1,nz n e S2(z) = ∑ n≥0 a2,nz n duas se´ries com raios de convergeˆncia ≥ ρ. Da´ı, para |z| < ρ, podemos soma´-las S1(z) + S2(z) = ∑ n≥0 (a1,n + a2,n) z n e multiplica´-las S1(z) · S2(z) = ∑ n≥0 (a1,0a2,n + a1,1a2,n−1 + · · ·+ a1,n−1a2,1 + a1,na2,0) zn. Ex: ∑ n>0 n+1 n2 zn = ∑ n>0 1 n zn+ ∑ n>0 1 n2 zn e ∑ n≥0(n+1)z n = ∑ n≥0 z n ·∑n≥0 zn para |z| < 1. Observac¸a˜o 20 Seja S ′(z) = ∑ n≥0 nanz n−1. As se´ries S(z) e S ′(z) teˆm o mesmo raio de convergeˆncia ρ e, se ρ 6= 0, temos S ′(z) = lim z→z0 S(z) − S(z0) z− z0 , para |z| < ρ. Tal observac¸a˜o implica que S(z) e´ holomorfa em D(0, ρ) e, derivando-se repetidas vezes, S(z) e´ infinitamente diferencia´vel. Ale´m disso, demonstra-se que an = S(n)(0) n! , n = 0, 1, 2 . . . . Ex: Para ilustrar a observac¸a˜o anterior, basta considerar o polinoˆmio de grau g S(z) = a0 + a1z+ · · ·+ agzg, onde an = 0 para cada inteiro n > g. Observac¸a˜o 21 - Se´rie Geome´trica (SG) e Se´rie de Taylor (ST) Seja t ∈ C. Em sendo convergente, S(t) converge para qual nu´mero complexo? Seguem exemplos importantes. 10TR: |z| < ρ se L < 1; |z| > ρ se L > 1; |z| = ρ se L = 1. 11Pode ser mostrado que tais se´ries na˜o se comportam do mesmo modo para |z| = 1. 2.4. SE´RIES 23 SG: |t| < 1⇒ 1 1−t = 1+ t+ t2 + · · · =∑∞n=0 tn. Da´ı: |t| > 1 ⇒ |1/t| < 1 ⇒ 1 1− t = − 1 t 1 1− 1 t = − 1 t ∞∑ n=0 1 tn = − ∞∑ n=0 t−(n+1) = − −1∑ k=−∞ tk; |t| < t0 ⇒ |t/t0| < 1 ⇒ 1 t0 − t = 1 t0 1 1− t t0 = 1 t0 ∞∑ n=0 tn tn0 = ∞∑ n=0 t −(n+1) 0 t n; |t| > t0 > 0 ⇒ |t0/t| < 1 ⇒ 1 t0 − t = − 1 t 1 1− t0 t = − 1 t ∞∑ n=0 tn0 tn = − ∞∑ n=0 tn0 t −(n+1) = − −1∑ k=−∞ t −(k+1) 0 t k; |t| < 1 ⇒ | − t| < 1 ⇒ 1 1+ t = 1 1− (−t) = ∞∑ n=0 (−t)n = ∞∑ n=0 (−1)ntn; |t| > 1 ⇒ |1/t| < 1 ⇒ 1 1+ t = 1 t 1 1+ 1 t = 1 t ∞∑ n=0 (−1)n 1 tn = ∞∑ n=0 (−1)nt−(n+1) = −1∑ k=−∞ (−1)−(k+1)tk. ST: Sejam f holomorfa em z0 e z1 o ponto mais pro´ximo de z0 onde f na˜o seja holomorfa. (Veja Figura 2.12.) Da´ı f e´ anal´ıtica em D(z0, |z1 − z0|), isto e´, z0z1 z Figura 2.12: D(z0, |z1 − z0|) f(z) = ∞∑ n=0 f(n)(z0) n! (z− z0) n converge ∀z tal que |z− z0| < |z1 − z0|. Ex: Para f(z) = ez e z0 = 0, na˜o existe tal z1. Da´ı, como f (n)(z0) = 1, n = 0, 1, . . ., ez = ∞∑ n=0 zn n! 24 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS converge ∀z ∈ C. Ex: Para f(z) = cos z (respectivamente, f(z) = sen z) e z0 = 0, na˜o existe tal z1 e cos z = ∞∑ n=0 (−1)n (2n)! z2n (respectivamente, sen z = ∞∑ n=0 (−1)n (2n+ 1)! z2n+1) converge ∀z ∈ C. Ex: Se´rie Binomial: Para f(z) = (1+ z)m, m ∈ R, m < 0 e z0 = 0, temos que z1 = −1 e (1+ z)m = 1+ m 1! z+ (m− 1)m 2! z2 + · · · converge ∀z tal que |z| < 1. Comenta´rio sobre Analiticidade e Holomorfismo As duas observac¸o˜es anteriores implicam numa equivaleˆncia entre as func¸o˜es (complexas) anal´ıticas e as holomorfas. Observac¸a˜o 22 - Se´rie de Laurent (SL) Sejam: γi = ∂D(z0, ri), i = 1, 2; 0 ≤ r1 < r2 ≤∞; f anal´ıtica em R = R2 − (γ1 ∪ R1); γ ⊂ R. (Veja Figura 2.13.) Enta˜o f(z) = ∞∑ n=−∞ an(z− z0) n com an = 1 2pii ∮ γ f(w) (w− z0)n+1 dw, n ∈ Z, para todo z ∈ C tal que r1 < |z− z0| < r2. (Note que a integral anterior, para n = 0, 1, 2, . . ., segue de an = f(n)(z0) n! e do FICD.) Ex: Qual a SL de f(z) = 1 (z−1)z em torno de z0 = 0 para 0 < |z| < 1? Note que f(z) = − 1 z + 1 z− 1 = − 1 z − 1 1− z = −z−1 − 1− z− z2 − · · · = ∞∑ n=−1 (−1)zn. Aqui, r1 = 0, r2 = 1 e, para 0 ∈ R e γ ⊂ D(0, 1), an = 1 2pii ∮ γ dw wn+2(w− 1) ={ 0, n < −1, −1, n ≥ −1. De fato: • Se n = −2, enta˜o 1 2pii ∮ γ dw wn+2(w− 1) = 1 2pii ∮ γ dw w− 1 TCG︸ ︷︷ ︸ = 0; 2.4. SE´RIES 25 γ2 γ γ1 r2 r1 z z0 Figura 2.13: R = int(D(z0, r2) −D(z0, r1)) • Se −2 6= n < −1, isto e´, 0 6= n+ 2 < 1, isto e´, n+ 2 < 0, enta˜o 1 2pii ∮ γ dw wn+2(w− 1) = 1 2pii ∮ γ w−(n+2) w− 1 dw TCG︸ ︷︷ ︸ = 0; • Se n ≥ −1, isto e´, n+ 2 ≥ 1, enta˜o 1 2pii ∮ γ dw wn+2(w− 1) = 1 2pii ∮ γ 1 w−1 wn+2 dw. Para calcular a integral anterior considere g(w) = 1 w−1 . Da´ı g(n+1)(w) = (−1)n+1(n+ 1)! (w− 1)n+2 e 1 2pii ∮ γ 1 w−1 wn+2 dw FICD︸ ︷︷ ︸ = 1 (n+ 1)! g(n+1)(0) = 1 (n+ 1)! (−1)n+1(n+ 1)! (−1)n+2 = −1. (Exerc´ıcio: Qual a SL de f(z) para |z| > 1?) Ex: Sendo f(z) = 3 2+ z− z2 = 3 (1+ z)(2− z) = 1 1+ z + 1 2− z , usando a SG, podemos analisar treˆs casos: |z| < 1 < 2⇒ f(z) =∑∞n=0(−1)nzn +∑∞n=0 2−(n+1)zn =∑∞n=−∞ anzn. Aqui, z0 = 0, r1 = 0, r2 = 1 e an = { 0, n ≤ −1, (−1)n + 2−(n+1), n > −1. 26 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 1 < |z| < 2⇒ f(z) =∑−1n=−∞(−1)−(n+1)zn +∑∞n=0 2−(n+1)zn =∑∞n=−∞ anzn. Aqui, z0 = 0, r1 = 1, r2 = 2 e an = { (−1)−(n+1), n ≤ −1, 2−(n+1), n > −1. |z| > 2 > 1⇒ f(z) =∑−1n=−∞(−1)−(n+1)zn +∑−1n=−∞(−2−(n+1))zn =∑∞n=−∞ anzn. Aqui, z0 = 0, r1 = 2, r2 =∞ e an = { (−1)−(n+1) − 2−(n+1), n ≤ −1,0, n > −1. Ex: Qual a SL de f(z) = z (z−1)(z−3)(z−5) em torno de z0 = 1? (Exerc´ıcio 25.(c) da lista de exerc´ıcios.) Via frac¸o˜es parciais, temos f(z) = 1 8 1 z− 1 + ( − 3 4 ) 1 z− 3 + 5 8 1 z− 5 . Agora, vamos analisar cada uma das parcelas desta soma: I parcela: 1 z−1 = ∑ ∞ n=−∞ an,1(z− 1) n, para z 6= 1, an,1 = { 0, n 6= −1, 1, n = −1. II parcela: 1 z−3 = 1 z−1−2 t = z− 1︸ ︷︷ ︸ = − 1 2−t |t| < 2︸ ︷︷ ︸ = − ∑ ∞ n=0 2 −(n+1)tn = ∑ ∞ n=0(−1)2 −(n+1)(z − 1)n, para |z− 1| < 2. ∴ 1 z−3 = ∑ ∞ n=−∞ an,3(z− 1) n, an,3 = { 0, n ≤ −1, (−1)2−(n+1), n > −1. III parcela: 1 z−5 = 1 z−1−4 t = z− 1︸ ︷︷ ︸ = − 1 4−t |t| < 4︸ ︷︷ ︸ = − ∑ ∞ n=0 4 −(n+1)tn = ∑ ∞ n=0(−1)4 −(n+1)(z − 1)n, para |z− 1| < 4. ∴ 1 z−5 = ∑ ∞ n=−∞ an,5(z− 1) n, an,5 = { 0, n ≤ −1, (−1)4−(n+1), n > −1. Da´ı, para 0 < |z− 1| < 2, temos: f(z) = ∑ ∞ n=−∞ an(z− 1) n, an = 0, n < −1, 1/8, n = −1, (3/4)2−(n+1) + (−5/8)4−(n+1), n > −1. (Exerc´ıcio: Qual a SL de f(z) para |z− 1| > 2?) Ex: Qual a SL de f(z) = z (z+1)3 em torno de z0 = −1? (Exerc´ıcio 25.(b) da lista de e- xerc´ıcios.) f(z) = z (z+1)3 = z+1−1 (z+1)3 = − 1 (z+1)3 + 1 (z+1)2 = ∑ ∞ n=−∞ an(z− (−1)) n, an = 0, n 6= −3,−2, −1, n = −3, 1, n = −2. Note que r1 = 0 e r2 =∞, isto e´, a SL anterior e´ va´lida para todo z ∈ C tal que |z+ 1| > 0. (Para a SL em torno de z0 = 0, usar a se´rie binomial em − 1 (z+1)3 + 1 (z+1)2 .) Observac¸a˜o 23 z0 ser um(a) Ponto Singular Isolado (Singularidade Isolada) de f(z) significa existir D(z0, δ) tal que f seja anal´ıtica em D(z0, δ) − {z0}. Ex: z0 ∈ {−1, 1} e´ singularidade isolada de f(z) = 1(1+z)(1−z) . 2.4. SE´RIES 27 Observac¸a˜o 24 z0 ser um Polo de Ordem k de f(z) = ∑ ∞ −∞ an(z−z0) n significa que a−k 6= 0 e · · · = a−k−2 = a−k−1 = 0. Se k = 1, isto e´, se a−1z−z0 e´ o primeiro termo na˜o nulo da SL, z0 e´ dito um Polo Simples. Ex: Como visto no primeiro exemplo de SL, z0 = 0 e´ um polo simples de 1 (z−1)z = ∑ ∞ −1(−1)z n. Observac¸a˜o 25 Seja z0 uma singularidade isolada de f. z0 ser um polo de ordem k de f e´ equivalente a existir ϕ(z) anal´ıtica em z = z0 tal que ϕ(z0) 6= 0 e f(z) = ϕ(z)(z−z0)k . Ex: Seja f(z) = 1 z4+z3−2z2 = 1 z2(z+2)(z−1) . Da´ı: • f(z) = 1 (z+2)(z−1) (z−0)2 tem polo de ordem 2 na origem; • f(z) = 1 z2(z+2) z−1 tem polo simples em z = 1; • f(z) = 1 z2(z−1) z−(−2) tem polo simples em z = −2. Comenta´rio sobre sen z • Sendo z = x+ iy, como sen z = eiz − e−iz 2i = e−y+ix − ey−ix 2i , temos que: sen z = 0⇒ e−y+ix − ey−ix = 0⇒ |e−y+ix| = |ey−ix| ⇒ e−y = ey ⇒ y = 0. Mas, sendo y = 0, temos que sen z representa apenas a func¸a˜o real sen x, que se anula apenas em um mu´ltiplo de pi, isto e´: sen x = 0⇔ x = npi, com n = 0,±1,±2, . . . ; • sen z = z · g(z), onde g(z) = 1− z2 3! + z 4 5! − · · · e´ anal´ıtica em z = 0 e g(0) 6= 0. Ex: Calcule os primeiros cinco termos da SL em torno de z0 = 0 para f(z) = cot z. Resoluc¸a˜o: Como f(z) = cos z sen z tem um polo simples na origem,12 a sua SL e´ dada por f(z) = a−1 z + a0 + a1z+ a2z 2 + · · · . Para obter os an’s, considere (sen z)f(z) = cos z. Assim, por um lado, temos que (sen z)f(z) = ( z− z3 3! + z5 5! − · · · )(a−1 z + a0 + a1z+ · · · ) = a−1 + a0z+ ( a1 − a−1 3! ) z2 + ( a2 − a0 3! ) z3 + ( a3 − a1 3! + a−1 5! ) z4 + · · · . 12Veja Comenta´rio sobre sen z . 28 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Por outro lado, temos que cos z = 1− z2 2! + z4 4! − · · · . Agora, igualando-se coeficientes de mesma poteˆncia de z, temos a−1 = 1, a0 = 0, a1 − a−1 3! = − 1 2 , a2 − a0 3! = 0 e a3 − a1 3! + a−1 5! = 1 4! , que resulta em a−1 = 1, a0 = 0, a1 = − 1 3 , a2 = 0 e a3 = − 1 45 . Da´ı, cot z = 1 z − 1 3 z− 1 45 z3 + · · · , 0 < |z| < pi.13 Observac¸a˜o 26 Seja z0 uma singularidade isolada de f(z) = ∑ ∞ −∞ an(z − z0) n. O Res´ıduo de f(z) em z0 e´ dado por resf(z0) = a−1 = 1 2pii ∮ γ f(z)dz,14 onde γ = ∂D(z0, |z− z0|). Ex: Seja f(z) = 1 z = · · ·+ 0+ 1 z + 0+ · · · =∑∞−∞ an(z− 0)n tal que an = { 0, n 6= −1, 1, n = −1. Por um lado, temos que resf(0) = a−1 = 1. Por outro lado, resf(0) = 1 2pii ∮ γ 1 z dz = 1 2pii 2piiϕ(0) = 1, onde usamos o FIC para ϕ(z) = 1, o numerador de 1/z. Ex: Para f(z) = sen z z3(z−2)(z+1) , calcule resf(0). (Exerc´ıcio 27.(g) da lista de exerc´ıcios) Primeiramente note que f(z) = sen z z3 · 1 (z+ 1)(z− 2) . Da´ı, como sen z = ∞∑ n=0 (−1)n z2n+1 (2n+ 1)! = z− z3 3! + z5 5! − · · · , escrevemos o primeiro fator de f(z) como sen z z3 = z−2 − 1 3! + z 2 5! − · · · , e, como o segundo fator e´ dado por 1 (z+ 1)(z− 2) = − 1 3 ( 1 1+ z + 1 2− z ) SG = − 1 3 (1− z+ z2 − · · · )︸ ︷︷ ︸ |z|<1 +(2−1 + 2−2z+ 2−3z2 + · · · )︸ ︷︷ ︸ |z|<2 , 13Idem. 14Veja observac¸a˜o sobre SL. 2.4. SE´RIES 29 podemos escreveˆ-lo como 1 (z+1)(z−2) = − 1 3 ((1+ 2−1) + (−1+ 2−2)z+ (1+ 2−3)z2 + · · · ) (para |z| < 1). Assim, multiplicando-se os dois fatores de f(z), temos que f(z) = (−1/3)(1+ 2−1)z−2 + (−1/3)(−1+ 2−2)z−1 + · · · para |z| < 1, e da´ı resf(0) = a−1 = (−1/3)(−1+ 2−2) = 1 4 . Observac¸a˜o 27 - Ca´lculo dos Res´ıduos em Polos (CRP) Se z0 e´ um polo de ordem k de f(z), enta˜o resf(z0) = lim z→z0 1 (k− 1)! d(k−1) dz(k−1) ((z− z0) kf(z)). Ex: Para f(z) = sen z z3(z−2)(z+1) , calcule resf(0). (Exerc´ıcio 27.(g) da lista de exerc´ıcios, nova- mente!) Via o Comenta´rio sobre sen z , temos que f(z) = g(z) (z−2)(z+1) z2 . Da´ı 0 e´ um polo de ordem 2 de f(z). Assim, pelo CRP, resf(0) = lim z→0 d dz ( 1− z 2 3! + z 4 5! − · · · z2 − z− 2 ) = lim z→0 ( − 2 3! z+ 4 5! z3 − · · · ) (z2 − z− 2)− (1− z2 3! + z 4 5! − · · · ) (2z− 1) (z2 − z− 2) 2 = 1 4 . Ex: Seja f(z) = ez/sen z, com z ∈ D = {x + iy : |x| < 1,|y| < 1}. Calcule a parte principal de f(z).15 (Exerc´ıcio 24 da lista de exerc´ıcios) Resoluc¸a˜o: f(z) tem um polo simples na origem.16 Logo a−1z −1 e´ a sua parte principal, onde: a−1 = lim z→0 ( d dz )−1+1( (z− 0) · ez sen z ) ∣∣∣∣ z=0 = lim z→0 z · ez sen z = lim z→0 z(1+ z+ · · · ) z(1− z2/3! + · · · ) = 1. 15 ∑−1 n=−∞ an(z− z0) n e´ a parte principal de ∑ ∞ n=−∞ an(z− z0) n. 16f(z) = ez/g(z) z , sendo g(z) dada no Comenta´rio sobre sen z . 30 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS (Aqui usamos o desenvolvimento em se´ries de ez e de sen z.) Outra forma de calcular a−1: a−1 = lim z→0 z · ez sen z = lim z→0 ez sen z z = limz→0 e z limz→0 sen z z = 1. Ainda, como o limite e´ da forma 0/0, usando L’hoˆpital temos: a−1 = lim z→0 z · ez sen z = lim z→0 ez + z · ez cos z = 1. Observac¸a˜o 28 Da penu´ltima observac¸a˜o, temos que∮ γ f(z)dz = 2piia−1 = 2piiresf(z0). Ex: ∮ γ e2/zdz = 4pii, sendo γ = ∂D(0, 1). De fato, se z 6= 0 enta˜o f(z) = e2/z e´ anal´ıtica em C− {0} e e2/z = ∞∑ 0 (2/z)n n! = · · ·+ 2 2 2! 1 z2 + 2 1! 1 z + 1 e´ a SL de f(z) em torno de z0 = 0. (Aqui, r1 = 0 e r2 = ∞.) Da´ı resf(0) = 2 e o resultado segue. Observac¸a˜o 29 - Teorema dos Res´ıduos Em relac¸a˜o a observac¸a˜o anterior, na verdade vale o resultado mais geral: Sendo f anal´ıtica em γ e R como definidas na Obs. 13, exceto em zi ∈ R, i = 1, . . . , n, temos∮ γ f(z)dz = 2pii n∑ i=1 resf(zi). Ex: ∮ γ 1 z4+z3−2z2 dz = 0 se γ = ∂D(0, 3). De fato, num exemplo anterior, vimos que a origem e´ um polo de ordem 2 e z = 1,−2 sa˜o polos simples de f(z) = 1 z2(z+2)(z−1) . Da´ı: • resf(0) = limz→0 ddz(z2f(z)) = limz→0 ddz ( 1 z2+z+2 ) = limz→0 ( −2z−1 (z2+z−2)2 ) = − 1 4 ; • resf(1) = limz→1((z− 1)f(z)) = limz→1 ( 1 z2(z+2) ) = 1 3 ; • resf(−2) = limz→−2((z− (−2))f(z)) = limz→−2 ( 1 z2(z−1) ) = − 1 12 . Assim, temos que ∮ γ f(z)dz = 2pii ( − 1 4 + 1 3 − 1 12 ) = 2pii · 0. Ex: 1 2pii ∮ ∂D(0,2) ez (z+1)sen z dz = 1− 1 e sen 1 . (Exerc´ıcio 28.(b) da lista de exerc´ıcios.) De fato, z1 = −1 e z2 = 0 sa˜o os polos simples de f(z) = ez (z+1)sen z interiores a D(0, 2).17 Enta˜o, como resf(z1) = lim z→−1 ez sen z = − 1 e sen 1 e resf(z2) = lim z→0 (z− 0) ez (z+ 1)sen z = lim z→0 ez (z+ 1) · sen z z = 1, 17Para z1, note que f(z) = ez sen z z+1 . Para z2, note que f(z) = ez (z+1)g(z) z , sendo g(z) dada no Comenta´rio sobre sen z . 2.4. SE´RIES 31 temos que 1 2pii ∮ ∂D(0,2) f(z)dz = − 1 e sen 1 + 1. 32 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2.5 Ca´lculo de Integrais Reais via Teorema dos Res´ıduos 2.5.1 Integrais do Tipo I = ∫2pi 0 F(cos θ, sen θ)dθ onde F(cos θ, sen θ) e´ uma Func¸a˜o Real, Racional em cos θ e sen θ, e Finita em [0, 2pi] Seja eiθ = z⇒ { cos θ = 12(eiθ + e−iθ) = 12 (z+ 1z) , sen θ = 1 2i (eiθ − e−iθ) = 1 2i ( z− 1 z ) . Via tal mudanc¸a de varia´veis, F passa a ser a func¸a˜o f(z) racional em z. Agora, como dz dθ = ieiθ, temos dθ = 1 iz dz e I = 1 i ∮ γ f(z) z dz, sendo γ = ∂D(0, 1). Ex: ∫2pi 0 dθ√ 2−cos θ = 2pi. De fato, usando-se cos θ = 1 2 (z+ 1/z) e dθ = dz/iz, temos que I = 1 i ∮ γ 1 z [√ 2− 1 2 ( z+ 1 z )] dz = − 2 i ∮ γ 1 z2 − 2 √ 2z+ 1 dz = − 2 i ∮ γ 1[ z− (√ 2+ 1 )] [ z− (√ 2− 1 )] dz, cujo integrando tem polos simples em √ 2 + 1 (fora do c´ırculo unita´rio) e √ 2 − 1 (no interior do c´ırculo unita´rio). Da´ı resf( √ 2− 1) = lim z→ √ 2−1 1 z− √ 2− 1 = − 1 2 ⇒ I = (−2/i)2pii(−1/2). Ex: Se a > b > 0, enta˜o ∫2pi 0 dθ a+b cos θ = 2pi√ a2−b2 . (Exerc´ıcio 30.(a).) De fato, usando-se cos θ = 1 2 (z+ 1/z) e dθ = dz/iz, temos que I = 1 i ∮ γ dz z [ a+ b 2 ( z+ 1 z )] = 1 i ∮ γ dz b 2 z2 + az+ b 2 = 2 bi ∮ γ dz z2 + 2a b z+ 1 , 2.5. CA´LCULO DE INTEGRAIS REAIS VIA TEOREMA DOS RESI´DUOS 33 cujo integrando tem polos simples em z− = −(a/b) − √ (a/b)2 − 1 (fora do c´ırculo unita´rio) e z+ = −(a/b) + √ (a/b)2 − 1 (no interior do c´ırculo unita´rio).18 Da´ı resf(z+) = lim z→z+ 1 z− z− = 1 z+ − z− = 1 2 √ (a/b)2 − 1 . ∴ I = 2 bi · 2pii · b 2 √ a2 − b2 . Ex: Se a > b > 0, enta˜o ∫2pi 0 dθ (a+b cos θ)2 = 2api (a2−b2) 3/2 . (Exerc´ıcio 30.(b).) ∫ 2pi 0 1 (a+ b cos θ)2 dθ = 1 i ∮ γ 1 z ( a+ b ( z2+1 2z ))2dz = 1 i ∮ γ 1 (bz2+2az+b)2 4z dz = 4 b2i ∮ γ z( z2 + 2a b z+ 1 )2dz = 4 b2i ∮ γ z (z− z−) 2 (z− z+) 2 dz = 4 b2i · 2pii · resf (z+) , z± dados como no exemplo anterior, e resf(z+) = lim z→z+ d dz ( z (z− z−) 2 ) = lim z→z+ (z− z−) 2 − 2z (z− z−) (z− z−) 4 = (z+ − z−) 2 − 2z+ (z+ − z−) (z+ − z−) 4 = − (z+ + z−) (z+ − z−) 3 = ab2 4 (a2 − b2) 3/2 . 18Para ver isso, note que a/b > 1. Da´ı z− < −1 (trivial!) e −1 < z+ < 0. De fato: • −(a/b) + √ (a/b)2 − 1 ≥ 0⇒ (a/b)2 − 1 ≥ (a/b)2 ⇒ −1 ≥ 0! • −(a/b)+ √ (a/b)2 − 1 ≤ −1⇒√(a/b)2 − 1 ≤ (a/b)−1⇒ (a/b)2−1 ≤ (a/b)2−2(a/b)+1⇒ a ≤ b! 34 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 2.5.2 Integrais Reais Impro´prias de Func¸o˜es Racionais f(x) Do ca´lculo de func¸o˜es f(x) reais de uma varia´vel x real,19 temos que∫ ∞ −∞ f(x)dx = lim R→−∞ ∫ 0 R f(x)dx+ lim R→∞ ∫R 0 f(x)dx = lim R→∞ ∫R −R f(x)dx, caso existam tais limites. Primeiro Tipo: f(x) na˜o tem Polos Reais e tem Denominador Na˜o-Nulo e de Grau no Mı´nimo Duas Unidades Maior do que o Grau do Numerador Sendo f(x) a restric¸a˜o de f(z) em [−R, R], considere enta˜o a integral complexa∮ γ f(z)dz tal que γ = γ1 ∪ [−R, R], onde γ1 e´ a semi-circunfereˆncia superior de centro na origem e raio R. (Veja Figura 2.14.) Por ser racional, f(z) tem n polos - z1, . . . , zn - no semi-plano superior. γ1 R−R Figura 2.14: γ = γ1 ∪ [−R, R] Escolhendo R suficientemente grande, γ cerca todos estes polos. Da´ı∫ γ1 f(z)dz+ ∫R −R f(x)dx = ∮ γ f(z)dz = 2pii n∑ i=1 resf(zi). Demonstra-se que a integral ao longo de γ1 e´ zero para R→∞.20 Da´ı∫ ∞ −∞ f(x)dx = 2pii n∑ i=1 resf(zi). Ex: ∫ ∞ 0 dx 1+x4 = pi 2 √ 2 . (Exerc´ıcio 29.(a) da lista de exerc´ıcios.) De fato: • f(z) = 1 1+z4 tem 4 polos simples em z1 = e pii/4, z2 = e 3pii/4, z3 = e −3pii/4 e z4 = e −pii/4;21 19CM041 na UFPR. 20Como |f(z)| ≤ c |z|2 para uma constante c > 0, basta aplicar a Obs. 12 para |z| = R→∞. 21reiθ 6= 0 tem sempre n ra´ızes n-e´simas distintas dadas por r 1n ei(θ+2kpin ), k = 0, 1, . . . , n− 1. 2.5. CA´LCULO DE INTEGRAIS REAIS VIA TEOREMA DOS RESI´DUOS 35 • zi esta´ no i-e´simo quadrante, i = 1, 2, 3, 4, na intersec¸a˜o da bissetriz deste quadrante e a circunfereˆncia de centro na origem e raio 1; • resf(z1) = − 14epii/4 e resf(z2) = 14e−pii/4 acarretam∫ ∞ −∞ dx 1+ x4 = 2pii ( −epii/4 + e−pii/4 4 ) = pi√ 2 ; • Note ainda que ∫ ∞ 0 dx 1+ x4 = 1 2 ∫ ∞ −∞ dx 1+ x4 . Ex: ∫ ∞ −∞ x (x2+4x+13)2 dx = − pi 27 . (Exerc´ıcio 29.(b) da lista de exerc´ıcios.) De fato: • f(z) = z (z2+4z+13)2 tem dois polos de ordem dois em z± = −2± 3i; • Apenas z+ esta´ no semi-plano superior; • resf(z+) = limz→z+ ddz ( z (z−z−)2 ) = (z+−z−) 2−2z+(z+−z−) (z+−z−)4 = z+−z−−2z+ (z+−z−)3 = − z++z− (z+−z−)3 = − 4 63i acarreta ∫ ∞−∞ x (x2 + 4x+ 13)2 dx = 2pii ( − 22 2333i ) = − pi 27 . Segundo Tipo: A Origem e´ Polo Simples e U´nico Polo de f(x) Se a origem e´ polo simples de uma func¸a˜o g(z) obtida de f(x) como no exemplo seguinte, enta˜o lim ε→0 ∫ γ(ε) g(z)dz = pii resg(0), onde γ(ε) e´ a semi-circunfereˆncia superior de raio (suficientemente pequeno) ε > 0 e centro na origem, percorrida na direc¸a˜o do argumento crescente. (A Figura 2.15 ilustra tal situac¸a˜o.) Ex: ∞∫ −∞ sen x x dx = pi. R−R ε−ε γ(ε) 0 Figura 2.15: Considere R→∞ e ε→ 0. 36 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Como sen x x = e ix−cos x ix e cos x x e´ uma func¸a˜o ı´mpar, temos∫ ∞ −∞ sen x x dx = 1 i lim ε→0 (∫−ε −∞ eix x dx+ ∫ ∞ ε eix x dx ) = 1 i lim ε→0 ∫ γ(ε) eiz z dz = pi reseiz/z(0) = pi. 2.6. EXERCI´CIOS COM ALGUMAS RESOLUC¸O˜ES/SUGESTO˜ES 37 2.6 Exerc´ıcios com Algumas Resoluc¸o˜es/Sugesto˜es 2.6.1 Operac¸o˜es Elementares dos Nu´meros Complexos 1. Escrever cada um dos seguintes nu´meros complexos na forma cartesiana x+ iy: (a) 1 i (e) i4n+3, n ∈ Z (b) 4+ i 6− 3i (f) ( 1 2 − √ 3 2 i )6 (c) ( i− 1 2i+ 6 )3 (g) (√ 2 2 + √ 2 2 i )8 (d) (2i− 4)2 Sugesta˜o para (f) e (g): A n-e´sima poteˆncia de reiθ e´ dada por rneinθ. 2. Encontrar a parte real e a parte imagina´ria de: (a) (i+ 1)2(i− 1) (d) z z2 + 1 ; (b) i+ 1 i− 1 (e) z2 z− 1 ; (c) i2 i3 − 4i+ 6 (f) z4 + 2z+ 6. Resoluc¸a˜o: (a) z = (i+ 1)2(i− 1) = (i+ 1)(i2 − 1) = −2(1+ i)⇒ Re(z) = Im(z) = −2; (b) z = i+1 i−1 = − (i+1)2 2 = − i 2+2i+1 2 = −i⇒ Re(z) = 0, Im(z) = −1; (c) i 2 i3−4i+6 = − 1 −5i+6 = − 6+5i 61 ⇒ Re(z) = − 6 61 , Im(z) = − 5 61 ; (d) w = z z2+1 = z z2+1 · z2+1 z2+1 = z(z2+1) |z2+1|2 = (|z|2z+z) |z2+1|2 ⇒ Re(w) = (|z|2Re(z)+Re(z)) |z2+1|2 Re(z) = Re(z)︸ ︷︷ ︸ = |z|2+1 |z2+1|2 Re(z), Im(w) = (|z|2Im(z)+Im(z)) |z2+1|2 Im(z) = −Im(z)︸ ︷︷ ︸ = − |z|2−1 |z2+1|2 Im(z); (e) w = z 2 z−1 = z 2−2z+1 z−1 − 2z z−1 + 1 z−1 = z− 1− 2 · |z|2−z |z−1|2 + z−1 |z−1|2 ⇒ Re(w) = Re(z) − 1− 2|z| 2 |z−1|2 + 2Re(z) |z−1|2 + Re(z) |z−1|2 − 1 |z−1|2 = −1− 2|z| 2+1 |z−1|2 + ( 1+ 3 |z−1|2 ) Re(z), Im(w) = ( 1+ 1 |z−1|2 ) Im(z). 3. Encontrar o mo´dulo de: (a) (2− i)2 · (4+ 6i) (d) i+ 2 i− 2 (b) 3− i (6+ 2i)3 (e) (i+ 1) · (i+ 2) · (i+ 3) (c) ( √ 3+ i) · ( √ 3− i) 38 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS 4. Se z,w ∈ C, mostre que: (a) ( z w ) = z w ; (b) Re(zw) = Re(zw); (c) zw+ zw = zw+ zw = 2Re(zw); (d) |1± z|2 = 1± 2Re(z) + |z|2; (e) |z±w|2 = |z|2 ± 2Re(z ·w) + |w|2; (f) |z+w| + |z−w| = 2|z|2 + 2|w|2; (g) 1− ∣∣ z−w 1−zw ∣∣2 = (1−|z|2)(1−|w|2) |1−zw|2 . Resoluc¸a˜o: Para (a), multiplique (z/w)−1 em ambos os membros da igualdade resultante de z w · ( z w ) = ∣∣∣ z w ∣∣∣2 = |z|2 |w|2 = z · z w ·w = z w · z w ; (b,c) seguem de Re(zw) = zw+ zw 2 = zw+ zw 2 = Re(zw); (g) segue de 1− ∣∣∣∣ z−w1− zw ∣∣∣∣ 2 = 1− ( z−w 1− zw )( z−w 1− zw ) = 1− ( z−w 1− zw )( z−w 1− zw ) = 1− ( z−w 1− zw )( z−w 1− zw ) , agora continuando e aplicando os itens anteriores. 5. Encontrar todas as ra´ızes, e escreveˆ-las na forma polar, de: (a) z2 + z+ 1 = 0; (b) z2 + 2z+ i = 0; (c) z2 − 1 = 0 (isto e´, achar as ra´ızes quadradas de 1); (d) z4 + 1 = 0 (isto e´, achar as quatro ra´ızes quartas de −1). Sugesta˜o: Veja u´ltima nota de rodape´! 6. Escrever os seguintes polinoˆmios complexos em notac¸a˜o real (isto e´, na forma u(x, y) + iv(x, y)): (a) F(z, z) = z3 − z2; (b) F(z, z) = z4; (c) F(z, z) = (z+ z)2. 7. Escrever os seguintes polinoˆmios como polinoˆmios em z e z. (a) F(x, y) = (x− y2) + i(y2 + x); (b) F(x, y) = (x2 − y2) + i(2xy); (c) F(x, y) = (x3 − 3xy2) + i(−3x2 + y3). 2.6. EXERCI´CIOS COM ALGUMAS RESOLUC¸O˜ES/SUGESTO˜ES 39 2.6.2 Derivadas 8. Seja f(x, y) com df = ∂f ∂x dx+ ∂f ∂y dy (2.1) bem definida em algum ponto (x, y) ∈ R2. Em particular, as func¸o˜es z = x + iy e z = x− iy acarretam dz = dx+ idy, dz = dx− idy. (2.2) Da´ı dx = 1 2 (dz+ dz) , dy = 1 2i (dz− dz) . (2.3) Substituindo-se (2.3) em (2.1) temos df = 1 2 ( ∂f ∂x − i ∂f ∂y ) dz+ 1 2 ( ∂f ∂x + i ∂f ∂y ) dz. (2.4) Denotando-se ∂ ∂z = 1 2 ( ∂ ∂x − i ∂ ∂y ) , ∂ ∂z = 1 2 ( ∂ ∂x + i ∂ ∂y ) , (2.5) representa-se (2.4) como df = ∂f ∂z dz+ ∂f ∂z dz. (2.6) Via tais notac¸o˜es, calcule as seguintes derivadas: (a) ∂ ∂z (4z2 − z3); (b) ∂ ∂z (z2 + z2z3); (c) ∂ ∂z (x2 − y); (d) ∂ ∂z (x+ y). 9. Sendo f(z) = iQ(x, y),22 obter ∂ ∂z f(z), ∂ ∂z f(z) e ∂ ∂z f(z). Conclua que ∂ ∂z f(z) = ∂ ∂z f(z). 10. Mostre que ∂ ∂z ∂ ∂z = ∂ ∂z ∂ ∂z = 1 4 ( ∂2 ∂x2 + ∂2 ∂y2 ) = 1 4 ∆, sendo ∆ = ( ∂2 ∂x2 + ∂ 2 ∂y2 ) o operador Laplaciano. 11. Seja z = x+ iy. Demonstra-se que para f(z) ser holomorfa em z0 = x0+ iy0, e´ necessa´rio e suficiente que f(x, y) seja diferencia´vel em (x0, y0) e que ∂f ∂x + i ∂f ∂y = 0 (2.7) em (x0, y0). 23 Note que, via (2.5), a condic¸a˜o (2.7) pode ser escrita como ∂f ∂z = 0. 22Note que f(z) = −iQ(x, y). 23Note que se f = P + iQ, (2.7) e´ equivalente as condic¸o˜es (C-R). (Veja Obs. 1 e 2.) 40 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Da´ı, uma condic¸a˜o necessa´ria e suficiente para f(z) ser holomorfa e´ o coeficiente de dz ser zero em (2.6), isto e´, df ser proporcional a dz, sendo f ′(z) o coeficiente de proporcionali- dade. Como exerc´ıcio, determine as condic¸o˜es sobre as constantes reais a, b, c, d que fazem com que a func¸a˜o f(z) = ax+ by+ i(cx+ dy) seja holomorfa. 12. Seja f(z) = P(x, y) + iQ(x, y) uma func¸a˜o holomorfa. Se P(x, y) e´ constante mostre que f(z) e´ constante. Sugesta˜o: Use as condic¸o˜es (C-R). 13. Encontre a func¸a˜o f tal que Re[f(z)] = x2 + 2x − y2 + 1, ou explique porque na˜o existe tal func¸a˜o. Resoluc¸a˜o: P(x, y) = x2 + 2x − y2 + 1 e´ harmoˆnica.24 Enta˜o existe Q(x, y) tal que f = P + iQ e´ anal´ıtica em todo C. Das condic¸o˜es (C-R), sabe-se que ∂Q ∂x = − ∂P ∂y = 2y. Logo Q(x, y) = 2xy+ h(y). Da´ı ∂Q ∂y = 2x+ h ′(y) = ∂P ∂x = 2x+ 2. Enta˜o, como h ′(y) = 2, temos que h(y) = 2y. Da´ı Q(x, y) = 2xy+ 2y. Assim conclu´ımos que f(z) = P + iQ = x2 + 2x− y2 + 1+ i(2xy+ 2y). 14. Encontre a func¸a˜o f tal que Re[f(z)] = x3−3xy2, ou explique porque na˜o existe tal func¸a˜o. 2.6.3 Integrais 15. Seja γ a circunfereˆncia unita´ria parametrizada por z(t) = cos t+ i sen t = eit, t ∈ [0, 2pi]. (a) Usando o FIC, calcule a integral ∮ γ ez z dz; (b) Usando a OBS. 7 e o item anterior, deduza que∫ 2pi 0 ecos t (cos(sen t) + i sen(sen t))dt = 2pi. 24O que e´ uma func¸a˜o harmoˆnica? Pesquise! 2.6. EXERCI´CIOS COM ALGUMAS RESOLUC¸O˜ES/SUGESTO˜ES 41 (c) Porque podemos concluir que∫ 2pi 0 ecos t cos(sen t)dt = 2pi e ∫ 2pi 0 ecos t sen(sen t)dt = 0? 16. Calcule as seguintes integrais complexas: (a) ∮ γ 1 z dz, onde γ e´ a circunfereˆncia unita´ria centrada em (0, 0) com orientac¸a˜o anti- hora´ria; (b) ∮ γ z+ z2z dz, onde γ e´ o quadrado unita´rio centrado em (0, 0) com orientac¸a˜o anti- hora´ria; (c) ∮ γ z 8+z dz, onde γ e´ o retaˆngulo com ve´rtices ±3± i com orientac¸a˜o anti-hora´ria; (d) ∮ γ ξ2 ξ−1 dξ, onde γ e´ a circunfereˆncia centrada em (0, 0) e raio 3com orientac¸a˜o anti- hora´ria; (e) ∮ γ ξ(ξ−3) (ξ+i)(ξ−8) dξ, onde γ e´ a circunfereˆncia centrada em 2+ i e raio 3, com orientac¸a˜o anti-hora´ria; (f) ∮ γ ξ(ξ + 4)dξ, onde γ e´ a circunfereˆncia centrada em 0 e raio 2, com orientac¸a˜o anti-hora´ria; (g) ∮ γ ξdξ, onde γ e´ a circunfereˆncia unita´ria centrada em 0, com orientac¸a˜o anti- hora´ria. 17. Calcule 1 2pii ∮ γ 1 (ζ− 1)(ζ− 2i) dζ, onde γ = ∂D(0, 4). 18. Calcule 1 2pii ∮ γ ζ2 + ζ (ζ− 2i)(ζ+ 3) dζ, onde γ = ∂D(1, 5). 19. Seja γ a curva da Figura 2.16, com orientac¸a˜o anti-hora´ria. Calcule a integral∮ γ 1 z2 + 2z dz. (Note que z2 + 2z = z(z+ 2).) 20. Seja D ⊂ C um aberto, f : D → C uma func¸a˜o holomorfa e γ uma curva fechada (percorrida no sentido anti-hora´rio) contida em D. Seja z0 um ponto no interior R da regia˜o de C limitada por γ, esta orientada positivamente em relac¸a˜o a R. Demonstre que∮ γ f(z) (z− z0)n+1 dz = 1 n! ∮ γ f(n)(z) z− z0 dz, n ∈ N. Sugesta˜o: Use o FICD no primeiro membro da igualdade e, para g(z) = f(n)(z), o FIC no segundo membro. 42 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS (−1, 1) (1, 1) (2, 0) (−1,−1) (1,−1) Figura 2.16: Curva Fechada 21. Seja γ = ∂D(0, 1). (a) Usando o FICD, calcule ∮ γ ( z+ 1 z )2n dz z , n ∈ N; (b) Usando a OBS. 7 e o item anterior, deduza o valor de∫ 2pi 0 cos2n t dt e ∫ 2pi 0 sen2n t dt; (c) Obtenha os valores de ∫ 2pi 0 cos2n+1 t dt e ∫ 2pi 0 sen2n+1 t dt. Resoluc¸a˜o: Por um lado, ∮ γ ( z+ 1 z )2n dz z = ∮ γ (z2 + 1)2n z2n+1 dz f(z) = (z2 + 1)2n︸ ︷︷ ︸ = 2pii (2n)! f(2n)(0). Por outro, ∮ γ ( z+ 1 z )2n dz z = ∫ 2pi 0 (eit + e−it)2ne−itieit dt = 22ni ∫ 2pi 0 cos2n t dt. 2.6. EXERCI´CIOS COM ALGUMAS RESOLUC¸O˜ES/SUGESTO˜ES 43 Da´ı, ∫ 2pi 0 cos2n t dt = pi (2n)!22n−1 f(2n)(0). Analogamente, por um lado, ∮ γ ( z− 1 z )2n dz z = ∮ γ (z2 − 1)2n z2n+1 dz g(z) = (z2 − 1)2n︸ ︷︷ ︸ = 2pii (2n)! g(2n)(0). Por outro,∮ γ ( z− 1 z )2n dz z = ∫ 2pi 0 (eit − e−it)2ne−itieit dt = 22ni2ni ∫ 2pi 0 sen2nt dt. Da´ı, ∫ 2pi 0 sen2nt dt = (−1)npi (2n)!22n−1 g(2n)(0). O item (c) segue de modo ana´logo, trocando-se 2n por 2n+ 1! 2.6.4 Se´ries de Laurent e Res´ıduos 22. Determinar o raio de convergeˆncia da cada uma das se´ries: (a) ∑ ∞ k=3 kz k; (b) ∑ ∞ k=2 k ln k (z+ 1)k; (c) ∑ ∞ k=0 p(k)z k, onde p(k) e´ um polinoˆmio; (d) ∑ ∞ k=0 ke −kzk. 23. Desenvolva em se´ries de poteˆncias, com o ponto dado como centro, e determine o raio de convergeˆncia: (a) e−z, 0; (b) cos z, −pi/2; (c) cos2 z, 0. 24. Seja f(z) = ez/sen z, com z ∈ D = {x+ iy : |x| < 1, |y| < 1}. Calcule a parte principal de f(z). Resposta: 1/z. 25. Calcule os primeiros quatro termos da expansa˜o de Laurent das func¸o˜es dadas em torno dos pontos dados. Em cada caso especifique o anel de convergeˆncia da expansa˜o. (a) f(z) = csc z em torno de z0 = 0. (b) f(z) = z/(z+ 1)3 em torno de z0 = −1. (c) f(z) = z/[(z− 1)(z− 3)(z− 5)] em torno de z0 = 1. (d) f(z) = z/[(z− 1)(z− 3)(z− 5)] em torno de z0 = 5. (e) f(z) = csc z em torno de z0 = pi. (f) f(z) = sec z em torno de z0 = pi/2. 44 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS (g) f(z) = ez/z3 em torno de z0 = 0. 26. Mostre que a expansa˜o de Laurent de f(z) = 1 ez − 1 em torno de z0 = 0 tem a forma 1 z − 1 2 + ∞∑ k=1 (−1)k−1 Bk (2k)! zk, onde Bk sa˜o nu´meros reais. Os Bk sa˜o chamados de nu´meros de Bernoulli. Calcule os primeiros treˆs nu´meros de Bernoulli. 27. Calcule cada um dos seguintes res´ıduos: (a) resf(2i), f(z) = z2 (z−2i)(z+3) . (b) resf(−3), f(z) = z2+1 (z+3)2z . (c) resf(i+ 1), f(z) = ez (z−i−1)3 . (d) resf(2), f(z) = z (z+1)(z−2) . (e) resf(−i), f(z) = cot z z2(z+i)2 . (f) resf(0), f(z) = cot z z(z+1) . Sugesta˜o: cot z = z−1g(z) com g(z) = 1− 1 3 z2 − 1 45 z4 + · · · . Da´ı f(z) = g(z) z+1 z2 . (g) resf(0), f(z) = sen z z3(z−2)(z+1) . Resposta: 1/4. (h) resf(pi), f(z) = cot z z2(z+1) . 28. Usando o ca´lculo dos res´ıduos, calcular cada uma das integrais seguintes: (a) 1 2pii ∮ ∂D(0,5) f(z)dz, onde f(z) = z (z+1)(z+2i) . (b) 1 2pii ∮ ∂D(0,2) f(z)dz, onde f(z) = e z (z+1) sen z . Resposta: 1− 1/(e sen 1). (c) 1 2pii ∮ ∂D(0,8) f(z)dz, onde f(z) = cot z (z−6i)2+64 . (d) 1 2pii ∮ γ f(z)dz, onde f(z) = e z z(z+1)(z+2) e γ o triangulo com ve´rtices 1±i e −3, orientado no sentido anti-hora´rio. (e) 1 2pii ∮ γ f(z)dz, onde f(z) = e z (z+3i)2(z+3)2(z+4) e γ o retaˆngulo com ve´rtices 2± i, −8± i, orientado no sentido anti-hora´rio. (f) 1 2pii ∮ γ f(z)dz, onde f(z) = e iz (sen z)(cos z) e γ o quadrila´tero com ve´rtices ±5i, ±10, orientado no sentido anti-hora´rio. 29. Usando o ca´lculo de res´ıduos calcular as seguintes integrais: (a) ∫ ∞ 0 1 x4+1 dx. Resposta: pi 2 √ 2 (b) ∫ ∞ −∞ x (x2+4x+13)2 dx. Resposta: −pi/27. (c) ∫ ∞ 0 x2 (x2+a2)2 dx, a > 0. Resposta: pi/(4a). 2.6. EXERCI´CIOS COM ALGUMAS RESOLUC¸O˜ES/SUGESTO˜ES 45 (d) ∫ ∞ 0 1 (x2+1)n dx, n ∈ N. Resposta: 1.3.5...(2n−3) 2.4.6...(2n−2) pi 2 . (e) ∫ ∞ −∞ 1 (x2+a2)(x2+b2) dx, a > 0, b > 0. Resposta: pi ab(a+b) . (f) ∫ ∞ 0 x2+1 x4+1 dx. Resposta: pi √ 2/2. (g) (a) ∫ ∞ −∞ cos x x4+1 dx. (b) ∫ ∞ −∞ sen2 x x2 dx. (c) ∫ ∞ −∞ x4 1+x10 dx. (h) ∫ ∞ 0 x sen x x2+1 dx. (Note que x sen x e´ uma func¸a˜o par). (i) ∫ ∞ 0 cosax x2+b2 dx (a e b nu´meros positivos). Resposta: pie −ab 2b (j) ∫ ∞ 0 x senax x2+b2 dx (a e b nu´meros positivos). Resposta: pi 2 e−ab (k) ∫ ∞ −∞ x cos x x2−2x+10 dx. Resposta: pi 3e3 (cos 1− 3 sen 1). (l) ∫ ∞ −∞ x sen x x2−2x+10 dx. Resposta: pi 3e3 (3 cos 1+ sen 1) 30. Calcule as integrais trigonome´tricas: (a) ∫2pi 0 dθ (a+b cos θ) (a > b > 0). Resposta: 2pi√ a2−b2 . (b) ∫2pi 0 dθ (a+b cos θ)2 (a > b > 0). Resposta: 2pia (a2−b2)3/2 . (c) ∫2pi 0 dθ (a+b cos2 θ)2 (a > b > 0). Resposta: (2a+b)pia [a(a+b)]3/2 . (d) ∫2pi 0 dθ 1−2a cos θ+a2 , a ∈ C, a 6= ±1. Resposta: 2pi 1−a2 se |a| < 1. 2pi a2−1 se |a| > 1 (e) ∫2pi 0 cos2 3θdθ 1−2a cos θ+a2 , a e´ um nu´mero complexo, a 6= ±1. Resposta: pi(a 6+1) a6(a2−1) se |a| > 1. pi(a 6+1) 1−a2 se |a| < 1 31. Calcular as seguintes integrais (a) ∫ ∞ −∞ eitx x dx, t > 0. Resposta: pii. (b) ∫ ∞ −∞ x cos x x2−5x+6 dx. Resposta: pi(2 sen 2− 3 sen 3). (c) ∫ ∞ −∞ sen x (x2+4)(x−1) dx. Resposta: pi 5 (cos 1− 1 e2 ). 46 CAPI´TULO 2. PARTE I - VARIA´VEIS COMPLEXAS Cap´ıtulo 3 Parte II - Se´ries e Transformadas 3.1 Se´rie(s) de Fourier (SF) Observac¸a˜o 30 Uma func¸a˜o f 2L-perio´dica e´ definida, para cada x de um conjunto de nu´meros reais que contenha x+ 2L, por f(x+ 2L) = f(x). Ex: Se n ∈ Z, enta˜o cos pinx L , sen pinx L e eipinx/L sa˜o 2L-perio´dicas. Observac¸a˜o 31 Aqui, se nada for dito em contra´rio, as func¸o˜es sa˜o 2L-perio´dicas. Observac¸a˜o 32 O Produto Interno das func¸o˜es f1 e f2 e´ dado por 〈f1, f2〉 = 1 2L ∫L −L f1(x)f2(x)dx. Ex: Para L = pi, f1(x) = sen x e f2(x) = cos x, temos 〈f1, f2〉 = 12pi ∫pi −pi sen x cos xdx = 0. Observac¸a˜o 33 Demonstra-se que: 1. 〈f1, f2〉 = 〈f2, f1〉; 2. 〈cte1f1 + cte2f2, f〉 = cte1〈f1, f〉+ cte2〈f2, f〉;1 3. 〈f, cte1f1 + cte2f2〉 = cte1〈f, f1〉+ cte2〈f, f2〉. Observac¸a˜o 34 f1 e f2 serem Ortogonais (entre si) significa〈f1, f2〉 = 0. Ex: 〈eipimx/L, eipinx/L〉 = 1 2L ∫L −L eipi(m−n)x/Ldx = { 1 2L Leipi(m−n)x/L ipi(m−n) ∣∣L −L = 0 se m 6= n, 1 2L ∫L −L 1dx = 1 se m = n. Ex: Como senA cosB = 1 2 [sen (A+ B) + sen (A− B)], temos 〈sen pimx L , cos pinx L 〉 = 1 2L ∫L −L sen pimx L cos pinx L dx = 1 4L [∫L −L sen pi(m+ n)x L dx+ ∫L −L sen pi(m− n)x L dx ] 1Aqui, cte significa constante! 47 48 CAPI´TULO 3. PARTE II - SE´RIES E TRANSFORMADAS = 1 4L [ L pi(m+n) ∫pi(m+n) −pi(m+n) senudu+ L pi(m−n) ∫pi(m−n) −pi(m−n) sen vdv ] = 1 4L (0+ 0) = 0 se m 6= n, 1 4L [∫L −L sen 2pimx L dx+ ∫L −L sen 0dx ] = 1 4L (0+ 0) = 0 se m = n, pois a func¸a˜o seno e´ ı´mpar. Comenta´rio sobre Integrabilidade de Func¸o˜es I´mpares Sendo f(x) uma func¸a˜o integra´vel ı´mpar (isto e´, f(x) = −f(−x)) em [−a, a], temos que∫a −a f(x)dx = ∫ 0 −a f(x)dx+ ∫a 0 f(x)dx = − ∫−a 0 [−f(−x)]dx+ ∫a 0 f(x)dx = − ∫a 0 f(t)dt+ ∫a 0 f(x)dx = 0. Observac¸a˜o 35 A SF 2L-perio´dica e´ dada por ∞∑ m=−∞ cme ipimx/L com cm ∈ C,m = 0,±1,±2, . . .. Se tal se´rie converge para f(x), isto e´, f(x) = ∑ ∞ m=−∞ cme ipimx/L, enta˜o < f(x), eipinx/L >= 1 2L ∫L −L ( ∞∑ m=−∞ cme ipimx/L ) e−ipinx/L dx = ∞∑ m=−∞ cm < e ipimx/L, eipinx/L > . Assim, para cada n ∈ Z, temos cn = 1 2L ∫L −L f(x)e−ipinx/Ldx. Ex: Seja ψ (2L-perio´dica) tal que, para cada x ∈ (−L, L), ψ(x) = x. (Veja Figura 3.1.) Da´ı c0 = 1 2L ∫L −L xdx = 0 e, para n 6= 0, 3LL−L−3L Figura 3.1: Func¸a˜o ψ 3.1. SE´RIE(S) DE FOURIER (SF) 49 cn = 1 2L ∫L −L xe−ipinx/Ldx = 1 2L ( x −L ipin e−ipinx/L ∣∣∣∣ L −L − ∫L −L −L ipin e−ipinx/Ldx ) = −L i2pin (−1)n − L i2pin (−1)n − 1 2L ( L ipin )2 ∫−ipin ipin eudu = iL(−1)n pin − 0 = iL(−1)n pin . Comenta´rio sobre SF e SL Sendo F(z) holomorfa em D(0, ρ) e 0 ≤ r < ρ fixado, via a Observac¸a˜o 22 sobre a SL, temos F(z) = ∞∑ n=−∞ anz n z = reiθ︸ ︷︷ ︸ = ∞∑ n=−∞ anr neinθ, onde cada an = 1 2pii ∮ ∂D(0,r) F(w) wn+1 dw = r−n ( 1 2pi ∫ 2pi 0 F(reiθ)e−inθdθ ) . Assim, sendo θ uma varia´vel real, x = θ− pi, f(x) = F(rei(x+pi)) e cn = (−1) nanr n, temos a SF 2pi-perio´dica. Observac¸a˜o 36 - Teorema (de Convergeˆncia) de Fourier “Em cada ponto x, a SF de uma func¸a˜o f (2L-perio´dica) diferencia´vel por partes2 converge para a me´dia (f(x+) + f(x−))/2 dos limites laterais de f. (Da´ı, converge para f(x) se f e´ cont´ınua em x).”3 Ex: Para a func¸a˜o ψ do exemplo anterior, a SF e´ dada por ψ(x) = iL pi ∑ n 6=0 (−1)n n eipinx/L. Por um lado, a se´rie tem soma zero em x ∈ {0, L} pois, neste caso, seu termo de ı´ndice n e´ cancelado com o de ı´ndice −n. (De fato, a se´rie em x = 0 e´ dada por ∑ n 6=0(−1) n/n; em x = L (devido a eipin = cos(pin) = (−1)n) por ∑ n 6=0 1/n.) Por outro lado, ψ e´ cont´ınua em x = 0 (com ψ(0) = 0) e descont´ınua em x = L (com limites ψ(L+) = −L e ψ(L−) = L). Assim, tais valores concordam com o estabelecido no Teorema de Fourier. Note agora que, em x = L/2, os termos (−1)n n eipin/2 = (−1)n n (cos(pi/2) + i sen(pi/2))n = (−i)n n 2Isto e´, diferencia´vel em [−L, L], exceto talvez num nu´mero finito de pontos. 3Ao inve´s de =, alguns matema´ticos usam ∼ entre f(x) e a sua SF. O motivo e´ que o valor da SF de f(x) num extremo (direito ou esquerdo) e´ dado pela me´dia aritme´tica dos valores de f(x) nos extremos (direito e esquerdo)! 50 CAPI´TULO 3. PARTE II - SE´RIES E TRANSFORMADAS da SF de ı´ndices pares, n = ±2k, cancelam-se entre si, enquanto que os de ı´ndices ı´mpares, n = ±(2k+ 1), produzem a soma 2L pi ∞∑ k=0 (−1)k (2k+ 1) . Logo, de acordo com o estabelecido no Teorema de Fourier, tal se´rie deve convergir para ψ(L/2) = L/2. Da´ı obtemos a se´rie 1− 1 3 + 1 5 − · · ·+ (−1) k (2k+ 1) + · · · = pi 4 . Observac¸a˜o 37 - SF Reais Se f e´ real, isto e´, f(x) = f(x), enta˜o c−n = cn. Sendo cn = (an − ibn)/2 para n inteiro, c0 = c0 ⇒ c0 ∈ R⇒ b0 = 0, e, usando-se e−ipinx/L = cos pinx L − i sen pinx L , temos que an = 1 L ∫L −L f(x) cos pinx L dx, n = 0, 1, 2, . . . , bn = 1 L ∫L −L f(x) sen pinx L dx, n = 1, 2, . . . . Por outro lado, a soma dos termos de ı´ndices n e −n da SF acarreta an eipinx/L + e−ipinx/L 2 + bn eipinx/L − e−ipinx/L 2i = an cos pinx L + bn sen pinx L . Da´ı, uma func¸a˜o f (2L-perio´dica diferencia´vel por partes) e´ representada por sua SF Real a0 2 + ∞∑ n=1 an cos pinx L + ∞∑ n=1 bn sen pinx L . Comenta´rio sobre Func¸o˜es Pares e I´mpares Uma func¸a˜o y = f(x) e´ par quando f(−x) = f(x) para cada x ∈ Dom(f); ı´mpar quando f(−x) = −f(x) para cada x ∈ Dom(f).4 Ex: As func¸o˜es cos pinx L sa˜o pares, enquanto que sen pinx L sa˜o ı´mpares. Observac¸a˜o 38 - SF dos Cossenos e SF dos Senos • Se f e´ par enta˜o bn = 0. De fato, bn = 1 L [∫ 0 −L f(x) sen pinx L dx+ ∫L 0 f(x) sen pinx L dx ] , sendo a primeira integral dada por − ∫−L 0 f(−x) ( − sen pin(−x) L ) dx = − ∫L 0 f(u) sen pinu L du. 4Gra´ficos de func¸o˜es pares sa˜o sime´tricos em relac¸a˜o ao eixo y e de ı´mpares em relac¸a˜o a origem. 3.1. SE´RIE(S) DE FOURIER (SF) 51 Da´ı apenas termos pares da SF real sobrevivem. Assim, temos a SF dos Cossenos (que representa func¸o˜es pares diferencia´veis por partes) dada por f(x) = a0 2 + ∞∑ n=1 an cos pinx L , an = 2 L ∫L 0 f(x) cos pinx L dx. • Analogamente, func¸o˜es ı´mpares diferencia´veis por partes podem ser representadas pela SF dos Senos dada por f(x) = ∞∑ n=1 bn sen pinx L , bn = 2 L ∫L 0 f(x) sen pinx L dx. Ex: A func¸a˜o ψ do exemplo anterior e´ real e ı´mpar. Combinando os termos sime´tricos de sua SF complexa temos, para n > 0, iL(−1)n pin ( eipinx/L − e−ipinx/L ) = iL(−1)n pin ( 2i sen pinx L ) = (−1)n−1 2L pin sen pinx L . (Note que escrevemos (−1)ni2 como (−1)n−1 (e na˜o como (−1)n+1). O motivo e´ a forma como escrevemos a SF dada a seguir, iniciando n por 1.) Da´ı temos a SF dos senos para a ψ dada por ψ(x) = 2L pi ∞∑ n=1 (−1)n−1 n sen pinx L . Ex: Seja φ a func¸a˜o (2L-perio´dica) definida por φ(x) = |x| para todo x ∈ [−L, L]. (Veja Figura 3.2.) φ e´ real, par, diferencia´vel por partes, na˜o tem descontinuidades e, da´ı, igual a 3L−3L −L L Figura 3.2: func¸a˜o φ soma de sua SF dos cossenos. Da´ı obtemos a0 = 2 L ∫L 0 xdx = L e, para n > 0, an = 2 L ∫L 0 x cos pinx L dx = 2x pin sen pinx L ∣∣∣∣ L 0 − 2 pin ∫L 0 sen pinx L dx = 0− 0+ 2L pi2n2 cos pinx L ∣∣∣∣ L 0 = 2L pi2n2 [(−1)n − 1]. 52 CAPI´TULO 3. PARTE II - SE´RIES E TRANSFORMADAS ∴ φ(x) = L 2 − 4L pi2 ∞∑ k=1 1 (2k− 1)2 cos pi(2k− 1)x L . Em particular, para x = 0 obtemos (via o Teorema de Fourier) a se´rie 1+ 1 9 + 1 25 + · · ·+ 1 (2k− 1)2 + · · · = pi 2 8 . Observac¸a˜o 39 - Soluc¸a˜o da Equac¸a˜o do Calor 1D via Separac¸a˜o de Varia´veis Considere uma barra/haste como na Figura 3.3. Queremos resolver o seguinte problema: ut = κ 2uxx (EDP); u(0, t) = 0 e u(L, t) = 0 (CONDIC¸O˜ES DE FRONTEIRA/CONTORNO); u(x, 0) = f(x) (CONDIC¸A˜O INICIAL). A soluc¸a˜o u(x, t) e´ a temperatura em func¸a˜o da posic¸a˜o x e do tempo t. κ2, constante de 0 x L Barra/HasteFigura 3.3: Barra difusa˜o te´rmica, tem unidade de (comprimento)2/tempo e depende da condutividade te´rmica do material, da densidade da barra, e do calor espec´ıfico da barra. (A tabela abaixo apresenta os valores de κ2 para alguns materiais.) Material κ2 Prata 1,71 Cobre 1,14 Alumı´nio 0,80 Ferro 0,12 Granito 0,011 Tijolo 0,0038 Soluc¸a˜o: • Separac¸a˜o de Varia´veis: Seja u(x, t) = X(x)T(t). Da´ı, de ut = κ 2uxx, temos que 1 X d2X dx2 = 1 κ2T dT dt = cte (pois uma func¸a˜o apenas de x iguala uma func¸a˜o apenas de t (para quaisquer x e t) apenas quando ambas representam a mesma func¸a˜o constante). Da´ı{ dT dt = cteκ2T ⇒ T(t) = T0ecteκ2t, d2X dx2 = cteX. 3.1. SE´RIE(S) DE FOURIER (SF) 53 Em na˜o existindo fonte externa de calor, T e´ decrescente e, da´ı, para cte = −p2 < 0, temos que: d2X dx2 = −p2X⇒ X(x) = cte1 cospx+ cte2 senpx. • Condic¸o˜es de Fronteira: – u(0, t) = X(0)T(t) = 0⇒ X(0) = 0⇒ cte1 = 0⇒ X(x) = cte2 senpx. – u(L, t) = X(L)T(t) = 0⇒ X(L) = 0⇒ senpL = 0⇒ pL = npi, n ∈ Z⇒ Xn(x) = cn sen npix L , cn cte real, n = 1, 2, . . . . 5 ∴ un(x, t) = bn sen npix L e−n 2pi2κ2t/L2 , bn = T0cn, n = 1, 2, . . . . Assim, como combinac¸o˜es lineares de soluc¸o˜es sa˜o soluc¸o˜es, temos: u(x, t) = ∞∑ n=1 bn sen npix L e−n 2pi2κ2t/L2 . • Condic¸a˜o Inicial: u(x, 0) = ∞∑ n=1 bn sen npix L = f(x) e´ uma SF dos senos com bn = 2 L ∫L 0 f(x) sen npix L dx. Note que cada termo da soluc¸a˜o tem uma exponencial negativa. Da´ı a temperatura deve decrescer no tempo e, no final, tender a u = 0. Ex: ut = uxx; u(0, t) = u(1, t) = 0; u(x, 0) = f(x) = { x se 0 < x ≤ 1/2, 1− x se 1/2 < x < 1. (Veja Figura 3.4 para uma vizualizac¸a˜o da f(x).) −3 −1 1 3 Figura 3.4: f(x) e´ representada pela linha cont´ınua Aqui, como κ2 = L = 1 e bn = 2 (∫1/2 0 x sen(npix)dx+ ∫1 1/2 (1− x) sen(npix)dx ) , temos u(x, t) = ∑ n≥1,´ımpar (−4)(−1)n n2pi2 sen(npix)e−n 2pi2κ2t. 5X0 = 0 na˜o e´ poss´ıvel e na˜o consideramos ı´ndices negativos pois X−n = −Xn. 54 CAPI´TULO 3. PARTE II - SE´RIES E TRANSFORMADAS 3.2 Transformada de Laplace (TL) Apenas por uma questa˜o comparativa, faremos um breve estudo sobre TL. Assim, iniciamos com a Figura 3.5 que ilustra a passagem, via uma TL, de um Problema de Valor Inicial (PVI) de uma Equac¸a˜o Diferencial Ordina´ria (EDO) para um problema a´lgebrico. Da´ı, resolve-se tal problema alge´brico e obtem-se a soluc¸a˜o, via uma TL inversa, do PVI. TL inversa PVI de EDO Soluc¸a˜o do Problema de A´lgebraSoluc¸a˜o do PVI L−1 Problema de A´lgebra L TL Fa´cilDı´ficil Figura 3.5: Problema a ser Resolvido Observac¸a˜o 40 Para uma func¸a˜o f(t), definida para t ∈ [0,∞), sua TL e´ denotada por F(s) e obtida via seu operador L com L {f(t)} = F(s) = ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt (se tal integral converge para algum s). Ex: Se s > cte, L{ecte·t} = ∫∞ 0 e−stecte·tdt = lim L→∞ ∫L 0 e−(s−cte)tdt = lim L→∞ e−(s−cte)L − 1 −(s− cte) = 1 s− cte . Da´ı L−1 { 1 s−cte } = ecte·t se s > cte. Ex: Se s > 0, L {1} = L{e0·t} = 1 s−0 = 1 s . Da´ı L−1 { 1 s } = 1 se s > 0. Ex: Se s > 0, L {t} = lim L→∞ ∫L 0 te−stdt = lim L→∞ ( t · e −st −s ∣∣∣∣ L 0 + ∫L 0 e−st s dt ) = lim L→∞ { − Le−sL s − 1 s [ e−st s ]L 0 } = 1 s2 3.2. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) 55 (onde aplicamos L’hoˆpital em Le−sL = L esL ). Da´ı L−1 { 1 s2 } = t se s > 0. Ex: L {tn} = ∫∞ 0 tne−stdt = [ −tn · e−st s ] ∞ 0 + ∫ ∞ 0 ntn−1 e −st s dt = n s L{tn−1}. Seja enta˜o s > 0. Vimos anteriormente que L{t1} = 1 s2 . Da´ı: • L{t2} = 2 s L{t1} = 2! s3 ; • L{t3} = 3 s L{t2} = 3! s4 ; • · · · . Da´ı, supondo-se L{tn−1} = (n−1)! sn , prova-se (por induc¸a˜o) que L {tn} = n! sn+1 . Observac¸a˜o 41 - ADMISSIBILIDADE f(t) ser admiss´ıvel significa existir F(s).6 Aqui, L e´ aplicada apenas em func¸o˜es admiss´ıveis. Observac¸a˜o 42 - LINEARIDADE • L {cte1f(t) + cte2g(t)} = cte1L {f(t)} + cte2L {g(t)} = cte1F(s) + cte2G(s); • L−1 {cte1F(s) + cte2G(s)} = cte1L−1 {F(s)} + cte2L−1 {G(s)} = cte1f(t) + cte2g(t). Ex: Por um lado, temos que L{eit} = L {cos t+ isen t} = L {cos t} + iL {sen t} . Por outro lado, temos que L{eit} = ∫∞ 0 e−steitdt = ∫ ∞ 0 e(i−s)tdt = e(i−s)t i− s ∣∣∣∣ ∞ 0 = 7 1 s− i = 8 s s2 + 1 + i 1 s2 + 1 . Assim, para s > 0, temos que L {cos t} = s s2 + 1 e L {sen t} = 1 s2 + 1 . Ex: a s2−a2 = 1 2 ( 1 s−a − 1 s+a )⇒ L−1 { a s2−a2 } = 1 2 (eat − e−at) = senh(at). Ex: s+3 s(s−1)(s+2) = − 3 2s + 4 3(s−1) + 1 6(s+2) ⇒ L−1 { s+3 s(s−1)(s+2) } = − 3 2 + 4 3 et + 1 6 e−2t. Ex: s−1 s2+2s−8 = s−1 (s+4)(s−2) = 1 6(s−2) + 5 6(s+4) ⇒ L−1 { s−1 s2+2s−8 } = 1 6 e2t + 5 6 e−4t. Observac¸a˜o 43 - MUDANC¸A DE VARIA´VEL L {f(cte · t)} = 1 cte F ( s cte ) . 6Que condic¸o˜es sa˜o suficientes para a existeˆncia de func¸o˜es admiss´ıveis? Pesquise! 7Se t → ∞, enta˜o e(i−s)t = e−steit = e−st(cos t + isen t) → 0. De fato, cos t e sen t sa˜o limitadas e, sendo s > 0, e−st → 0. 8(s− i) · [ s s2+1 + i 1 s2+1 ] = 1. 56 CAPI´TULO 3. PARTE II - SE´RIES E TRANSFORMADAS De fato, sendo f(cte · t) uma func¸a˜o de t, por definic¸a˜o, L {f(cte · t)} = ∫ ∞ 0 e−stf(cte · t)dt. Agora, via τ = cte · t, tal integral e´ igual a 1 cte ∫ ∞ 0 e− s cte τf(τ)dτ = 1 cte F ( s cte ) . Ex: L {cos(cte · t)} = s s2+cte2 e L {sen(cte · t)} = cte s2+cte2 . Observac¸a˜o 44 - DESLOCAMENTO-I L{ecte·tf(t)} = F(s− cte). De fato, L {ecte·tf(t)} = ∫∞ 0 e−(s−cte)tf(t)dt. Ex: Vimos que f(t) = tn acarreta F(s) = n! sn+1 para s > 0. Da´ı L{tnecte·t} = n! (s− cte)n+1 para s > cte. Ex: s 2 (s+3)3 = 1 s+3 − 6 (s+3)2 + 9 (s+3)3 ⇒ L−1 { s2 (s+3)3 } = e−3t − 6te−3t + 9 4 t2e−3t. Ex: 3s+7 s2−2s+5 = 3s+7 (s−1)2+4 = 3(s−1)+10 (s−1)2+4 ⇒ L−1 { 3s+ 7 s2 − 2s+ 5 } = 3L−1 { s− 1 (s− 1)2 + 4 } + 5L−1 { 2 (s− 1)2 + 4 } = 3et cos(2t) + 5etsen(2t). Observac¸a˜o 45 - FUNC¸A˜O DE HEAVISIDE DE PASSO UNITA´RIO Defina H(t− t0) por: t0 ≥ 0⇒ H(t− t0) = { 0 se t < t0,1 se t ≥ t0. Ex: Se s > 0, enta˜o L {H(t− t0)} = ∫ ∞ 0 e−stH(t− t0)dt = ∫ ∞ t0 e−stdt = e−st −s ∣∣∣∣ ∞ t0 = e−t0s s . Este exemplo e´ generalizado na observac¸a˜o seguinte. 3.2. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) 57 Observac¸a˜o 46 - DESLOCAMENTO-II L {H(t− t0)f(t− t0)} = e−t0sF(s) se s > 0. Assim, H(t− t0) “aciona” func¸o˜es f(t) em t = t0. De fato, L {H(t− t0)f(t− t0)} = ∫ ∞ 0 e−stH(t− t0)f(t− t0)dt = ∫ ∞ t0 e−stf(t− t0)dt = ∫ ∞ 0 e−s(u+t0)f(u)du = e−t0s ∫ ∞ 0 e−suf(u)du. Ex: Qual a TL da func¸a˜o seno “acionada” em t = 3? Tal func¸a˜o e´ dada por S(t) = { 0 se t < 3, sen t se t ≥ 3, isto e´, S(t) = H(t− 3)sen t. Da´ı, como sen t = sen(t− 3+ 3) = sen(t− 3) cos 3+ sen 3 cos(t− 3), temos que L {S(t)} = cos 3L {H(t− 3) sen(t− 3)} + sen 3L {H(t− 3) cos(t− 3)} = cos 3 e−3s 1 s2 + 1 + sen 3 e−3s s s2 + 1 . Ex: L−1 { 1 (s−3)3 } = 1 2 t2e3t ⇒ L−1 { e−7s (s−3)3 } = L−1 { e−7s 1 (s−3)3 } = 1 2 H(t− 7)(t− 7)2e3(t−7). Observac¸a˜o 47 - DERIVADAS DE f(t) Para cada inteiro positivo n, L{f(n)(t)} = snF(s) − sn−1f(0) − · · ·− sf(n−2)(0) − f(n−1)(0). De fato: • L {f ′(t)} = ∫∞ 0 e−stf ′(t)dt = e−stf(t)|∞0 − ∫ ∞ 0 f(t)(−se−st)dt = sL {f(t)} − f(0) ⇒ L {f ′(t)} = sF(s) − f(0); • L {f
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