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RESENHA CRÍTICA O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA

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FULLER, Lon Luvois. O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS. Tradução e notas Ricardo Rodrigues Gama. Campinas/SP: Russell editores, 2013.
O autor, Lon Luvois Fuller (1902-1978), estudou Economia e Direito em Stanford, foi professor de Teoria do Direito nas Faculdades de Direito do Oregon, Illinois e Duke e, a partir de 1940, na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, onde trabalhou até 1972, foi um destacado intelectual do campo da jusfilosofia.
Fuller ficou mundialmente conhecido, principalmente em função do texto amplamente traduzido e debatido intitulado O caso dos exploradores de cavernas. Esse texto, publicado pela primeira vez em 1949, foi lido e comentado por estudantes e professores de Direito em todo o mundo, tendo sido traduzido para vários idiomas, inclusive o português.
Essa estória inicia-se em maio do imaginário ano de 4299, onde cinco membros da Sociedade Espeluncologia (organização amadorística de exploração de cavernas) adentraram no interior de uma caverna de rocha calcária. Quando estavam bem distantes da entrada dessa caverna, ocorreu um desmoronamento da terra, que obstruiu, completamente, a única saída da caverna. Não voltando dentro do tempo normal, os familiares dos exploradores advertiram a Sociedade Espeleológica que encaminhou uma equipe de socorro ao local.
       O trabalho de resgate foi extremamente penoso e difícil. Novos deslizamentos da terra ocorreram, em uma dessas oportunidades, e 10 operários morreram soterrados. Os fundos da Sociedade Espeleológica foram exauridos, foi necessária uma subvenção do poder legislativo, e uma campanha de arrecadação financeira para a complementação dos fundos. A libertação da caverna só foi possível no trigésimo dia, contado a partir do início dos trabalhos de resgate.
       1. Se poderiam sobreviver mais dez dias sem alimentação e;
       2. se caso de alimentassem de carne humana, teriam chances de sobreviver.
       A primeira hipótese recebeu uma resposta negativa e a segunda foi respondida que terão grandes chances de sobrevivência alimentando-se de carne humana.
       Após a ausência de respostas a comunicação foi interrompida e os exploradores decidiram sacrificar um dos cinco, para que a sobrevivência os outros quatro fosse garantida. Roger Whetmore propôs um sorteio para a escolha daquele que seria sacrificado. Antes do início do jogo, Whetmore desistiu de participar e sugeriu que esperassem mais uma semana. Seus companheiros o acusaram de traição e procederam ao lançamento dos dados. Quando chegou a vez de Whetemore acabou sendo o escolhido. Foi morto, sua carne serviu de alimento para seus companheiros que sobreviveram e foram salvos no 3Oº dia depois do início do resgate.
       Após o resgate os sobreviventes foram a julgamento e em primeira instância foram condenadas à pena de morte em segunda instância foram analisados por quatro juizes: Foster, Tatting, Keen e Handy.
      Foster propõe a absolvição dos réus baseando-se numa posição jus naturalista, alegando que quando Whetemore foi morto eles não se encontravam em um estado de sociedade civil, mas em um estado natural e por isso a lei não poderia ser aplicada. A fundamentação de seu voto se dá pela razão geográfica e o fundamenta no artigo 7º do código civil austríaco, onde diz que circunstâncias imprevistas pela lei autorizam a invocação da justiça natural.
Tatting critica os pontos expostos por Foster, mas no final se mostra confuso e emocional na decisão fica em cima do muro e pede afastamento do caso.
Keen condena os réus e acusa Foster de estar usando furos na legislação para tentar defender e acha que o caso não deveria ser resolvido por eles.
Handy relata uma pesquisa que foi feita para saber a opnião pública e 90% das pessoas absolvem os réus. Ele fica do lado da opnião publica.
Tatting foi questionado posteriormente se queria rever a sua opinião, mas reafirmou que não queria participar da decisão deste caso.
Os sobreviventes são processados e condenados a morte pela forca, pelo assassinato de Roger. Os acusados recorrem da decisão. Foram julgados então por mais quatro juízes, que expuseram seus argumentos, deram dois votos a favor da absolvição (Foster e Handy), um os condenou (Keen) e outro se recusou a participar da decisão do caso (Tatting), contando com o voto do presidente do Tribunal de Primeira Instância (Truepenny), dá-se o empate e a sentença condenatória foi confirmada. Os acusados foram mortos na forca.
 	A suprema corte, estando igualmente dividida, a convicção e sentença do Tribunal de apelações foi mantida. E foi ordenada a execução da sentença as 06h00min da manhã de sexta, 02 de abril de 4300 quando o carrasco foi intimado a proceder com o enforcamento dos réus pelo pescoço até a morte.
Entende-se que a justiça seria feita se os acusados fossem inocentados, apesar de os atos que praticaram serem considerados monstruosos se praticados em uma situação normal, deve-se levar em consideração que a situação em que o fato ocorreu.
O risco de morte era iminente, tendo o próprio médico da equipe de salvamento confessado que seria praticamente inexistente as chances de os exploradores sobreviverem pelo período mínimo estimado de dez dias para o sucesso da operação de salvamento, nenhum dos exploradores tinha dado causa já que a caverna subterrânea em que se encontravam presos teve sua saída bloqueada por um desmoronamento natural. Além do exposto, os bens jurídicos em conflito são a vida de cada um dos exploradores não sendo razoável exigir que um deles sacrificasse a vida para resguardar a dos outros.

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