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Uma Análise da Pregação em Nossas Igrejas Hoje

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Uma Análise Atual da Pregação em Nossas Igrejas
Quando se diz que a pregação em nossas igrejas precisa estar inserida no contexto social em que vivemos, me preocupo.
Sinto o despreparo daqueles que pregam, sem se portar como agentes culturais e sem se importar se suas ideologias correspondem com as diversas realidades que envolvem todas as camadas sociais.
A pregação que assistimos hoje, atende de forma clara os anseios de uma comunidade ou de um indivíduo ?
Que formação, que bagagem de vida aquele pregador tem que, certamente, influenciarão na sua interpretação dos anseios da sua comunidade, em relação ao Evangelho de Jesus Cristo ?
Não é pequeno o número de pregadores que criam suas próprias doutrinas.
Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar.
Então os judeus admiravam, dizendo: Como sabes estas letras, sem ter estudado?
Respondeu-lhe Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.
Quem fala por si mesmo busca a glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.                         João 7:14-18
Vejo como uma grande tarefa para os pregadores atuais, a missão de levar a Boa Nova para todos, não só cristãos.
Pensar no bem comum chega a ser um desafio.
Faça um exercício... olhe para sua comunidade, ai no seu bairro...o que você vê ?
Você vai constatar que a individualidade está se alastrando como praga.
No púlpito um pregador/celebridade, nos bancos indivíduos e suas necessidades pessoais; nas igrejas, nas ruas pessoas olhando constantemente para o relógio, demonstram claramente que estão no limite de seu convívio em coletividade; se apressam para chegar em casa, na segurança de sua zona de conforto; a violência banalizada e a indiferença com a dor do próximo.
Quando estive recentemente no Rio de Janeiro, o ônibus em que me encontrava passou na linha de fogo de um tiroteio que acontecia naquele momento, na entrada da Favela da Maré.
Os passageiros se atiraram no chão do ônibus; com habilidade o motorista subiu na calçada e saímos da linha de tiro. O que mais me impressionou foi a aparente tranquilidade de várias pessoas, que estavam em um ponto de ônibus a apenas 50 mts de distância do tiroteio; sinalizavam para os ônibus que passavam sem se incomodarem com os tiros ou com os 5 corpos estirados do lado da viatura da polícia.
Fechados como ostras, vivemos um individualismo produto da mídia.
Somos induzidos a pensar que se podemos consumir somos felizes; quanto mais consumo, mais feliz posso ser.
Gilles Lipovestsky definiu bem essa situação:
Nosso prazer é capturado pelo mercado, que libera doses temporárias de alegria em resposta à nossa capacidade de comprar coisas. Nossa satisfação transforma-se em produto e nossa alegria em coisas, geralmente não relacionadas com a vida comum, isto é, de todos. Como a igreja está submetida a essa lógica do mercado, sua mensagem precisa ser oferecida como um produto a ser consumido e garantir a satisfação individual dos seus membros / consumidores. Se não pregarmos um sermão que ofereça satisfação garantida, nossos membros/clientes irão “comprar” o produto do evangelho em outra igreja e talvez com um pregador mais eficaz.
LIPOVESTSKY, Gilles, Hypermodern Times Polity. Cambridge Press: Reino Unido. 2005
Nessa visão temos as igrejas como grandes empresas e pregadores como grandes executivos; os fieis são clientes que pagam por um produto na esperança de terem suas necessidades atingidas.
Pregações e sermões bem feitos, podem dar forma a uma comunidade de fé.
Por isso me preocupo.
Uma pregação pode construir ou destruir.
O que estamos anunciando para o mundo ?
Julio Cesar Fernandes Reis
Teólogo

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