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DISPNÉIA

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DISPNÉIA (MARTINEZ, JAB; PADUA, AI; TERRA FILH, J.)
-Tradução Literal: respiração ruim. American Thoracic Society: “um termo usado para caracterizar a experiência subjetiva de desconforto respiratório que consiste de sensações qualitativamente distintas, variáveis em sua intensidade. A experiência deriva de interações entre múltiplos fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais podendo induzir respostas comportamentais e fisiológicas secundárias”
- Ocorrência em até 20% da população geral.
- Associa-se a grande morbidade e grave limitação para o desenvolvimento de atividades físicas e sociais
- Sensação respiratória: diz respeito à ativação neurológica, resultante da estimulação de algum receptor periférico.
- Percepção respiratória: envolve o resultado final do processamento desse estímulo pelo sistema nervoso central e as reações do indivíduo frente à referida sensação. Fatores culturais, psicológicos e ambientais podem influenciar
o tipo de reação (percepção).
- Atividade respiratória: Emana de grupos de neurônios localizados no Bulbo→ Descargas respiratórias eferentes ativam os músculos respiratórios (Diafragma, musculatura brônquica, intercostais, peitoral maior, latíssimo do dorso, Escaleno, ECT e Trapézio)→ Expandem a caixa torácica, inflam os pulmões e levam à ventilação;→Quimiorreceptores (vasos e cérebro) e Mecanorreceptores (vias aéreas, pulmões, caixa torácica e mm respiratórios) estão envolvidos na regulação automática da respiração e desempenham o papel de promover a sensação da Dispnéia.
- Segundo Curley: 94% dos indivíduos que procuram atendimento com queixas de dispneia, podem se enquadrar: doença pulmonar, doença cardiovascular, refluxo gastroesofágico, falta de condicionamento físico e quadros psicogênicos
Mecanismos: 
-Aumento do esforço ventilatório→Causa mecânica (derrame plerural, etc.)
-Aumento da musculatura (doenças neuromusculares, caquexia)
-Aumento da demanda ventilatória (hipóxia, anemia)
AVALIAÇÃO:
- Condições cardíacas: Cardiomiopatias, Doença isquêmica, Doenças valvulares, Síndrome do marca-passo.
- Condições Pulmonares: DPOC, Asma, Doenças Intersticiais pulmonares, Câncer.
- Causas diversas: Refluxo gastroesofágico, Ansiedade e Hiperventilação, Descondicionamento físico, Obesidade, Gravidez, Hipertensão Arterial Sistêmica, Hipertireoidismo.
- A investigação da queixa de dispnéia envolve uma adequada caracterização do sintoma através da história clínica
- Elementos a serem investigados: Elementos mais importantes a serem investigados são: 	
-início: época e hora de aparecimento;
-modo de instalação: dispnéia de instalação súbita é comum em processos de instalação aguda, como pneumotórax espontâneo ou embolia pulmonar; dispnéia de instalação progressiva é característica de processos evolutivos, tais como DPOC e fibrose pulmonar;
- duração: desde o início dos sintomas e duração das crises;
- fatores desencadeantes: esforços, exposições ambientais e ocupacionais, alterações climáticas, estresse, etc.; 
-comparação: sensação de cansaço, esforço, sufocação, aperto no peito, etc;
 -número de crises e periodicidade: ao longo do dia, semanas e meses;
- intensidade: avaliada com emprego de escalas apropriadas e medidas sobre a qualidade de vida; 
-fatores que acompanham: tosse, chiado, edema, palpitações, etc.;
 -fatores que melhoram: tipo de medicamentos, repouso, posições assumidas e relação com o decúbito.
→ Avaliação da Intensidade: Na Dispnéia atual (em determinado momento, ex: quando corre em esteira): Escala Analogicovisual, Escala Numérica e Escala de Borg Modificada. Podem ser utilizadas durante a realização de testes de exercício, ou quando se avalia a efetividade imediata de uma medicação broncodilatadora, numa crise de asma.
- A escala analogicovisual consiste de uma linha vertical ou horizontal, geralmente de 10 cm, ancorada, numa extremidade, na ausência total de dispnéia e, na outra, pela pior sensação de dispnéia imaginada ou já sentida pelo paciente. Quando do momento da avaliação, o paciente é orientado a marcar um ponto na escala, o grau do sintoma, posteriormente, sendo facilmente medido pelo uso de uma régua milimetrada. 
- A escala numérica segue o mesmo princípio, fornecendo, todavia, um número menor e pré-selecionado de graus de opção. 
- A escala de Borg foi desenvolvida para a percepção do grau de esforço, realizado durante o exercício. Inicialmente descrita com uma pontuação variando entre 6 e 20, atualmente, é utilizada na forma modificada com escores entre 0 e 10. Essa escala permite correlação entre intensidade dos sintomas classificados em categorias e uma graduação numérica, desenhada para guardar proporcionalidade com a intensidade do esforço. Entretanto, o grau de distinção entre as categorias é um tanto confuso, e leva a uma difícil compreensão por boa parte dos pacientes.
→ Na Dispnéia Usual (em atividades cotidianas, ex: subir escadas): Costuma refletir os efeitos dos sintomas sobre a qualidade de vida dos pacientes, traduzindo o tipo e intensidade de atividades que desencadeiam dispneia no paciente. Escalas: a) Conselho Britânico de Pesquisas Médicas Modificada (MRC); b) Diagrama de Custo do Oxigênio (OCD); c) Índice Basal de Dispnéia (BDI) e Índice Transicional de Dispnéia (TDI) de Mahler; d)Questionário de Dispnéia da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSDQ); e) Componente referente à dispnéia do Questionário da Doença Respiratória Crônica de Guyatt (CRQ).
DENOMINAÇÕES ESPECIAIS:
- Dispnéia de Esforço: surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia por atividades físicas. Queixa bastante comum e inespecífica entre portadores de pneumo e cardiopatias
- Ortopnéia: É a denominação dada ao surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia com a adoção da posição horizontal. Sintoma tende a ceder com a elevação da porção superior do tórax (uso maior de travesseiros ou elevação da cabeceira). Pacientes portadores de insuficiência cardíaca esquerda e á associada á congestão pulmonar (leva a rápida alteração da complacência pulmonar, promovendo aumento do trabalho dos mm respiratórios). Também bastante observada em pacientes com asma ou DPOC. 
- Dispnéia paroxística noturna: situação na qual o paciente tem seu sono interrompido por uma dramática sensação de falta de ar, levando-o a sentar-se no leito, ou mesmo levantar-se e procurar uma área da casa mais ventilada, visando obter alívio da súbita sensação de sufocação. Comum em portadores de insuficiência cardíaca esquerda.
- Asma cardíaca: É um termo inapropriado, usado para designar a queixa de chiado no peito e a presença de sibilos em pacientes com insuficiência cardíaca esquerda e sintomas de dispneia. Tais achados são encontrados em indivíduos com ortopnéia e dispnéia paroxística noturna.
- Platipnéia: sensação de dispnéia que surge/se agrava com adoção da posição ortostática, particularmente em pé. Classicamente, esse fenômeno ocorre em quadros de pericardite ou na presença de shunts direito-esquerdos. Nesta situação, pode vir acompanhada de ortodeoxia (queda acentuada da saturação arterial de oxigênio quando em pé).
- Trepopnéia: sensação de dispnéia, que surge ou piora em uma posição lateral, e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. Pode surgir em qualquer doença, comprometendo um pulmão mais intensamente do que o outro (ex: derrame pleural unilateral ou paralisia diafragmática unilateral)
RITMOS RESPIRATÓRIOS:
→Taquipnéia (aumento nº de incursões respiratórias na unidade de tempo); Hiperpnéia (elevação da ventilação alveolar secundária, não apenas frequência, mas também amplitude); Bradipnéia (redução do nº dos movimentos respiratórios); Apnéia (Interrupção dos movimentos respiratórios por período prolongado); Dispnéia Suspirosa (presença de inspirações profundas, esporádicas); Ritmo de Cantani (Aumento da amplitude dos movimentos respiratórios secundário a presença de acidose metabólica); Ritmo de Biot (ritmo respratório totalmente irregular em amplitude e frequência); e Ritmo de Cheynes- Stockes(alternância de períodos de apneia, seguido de hiperpnéia crescente/decrescente até nova apnéia, sucessivamente).
DESCRITORES (TEIXEIRA, C.A.; JÚNIOR, A.L.R.; STRACCIA, L.C.; VIANNA, E.S.O.; SILVA, G.A.; MARTINEZ, J.A.B.)
- 15 descritores, o paciente é intruído a responder com ‘sim’ ou ‘não’ para os descritores que se aplicavam á sua sensação de dispneia. Depois escolhiam os 3 descritores que melhor expressavam sua sensação de desconforto respiratório. Entre os 3 selecionados, por último, indica-se aquele único que mais se enquadra á sua sensação. Os 15 descritores são: 
1) Eu sinto falta de ar; 2) É difícil para o ar entrar; 3) Eu sinto canseira no peito; 4) Eu tenho a sensação que estou sufocando; 5) Minha respiração fica rápida; 6) Minha respiração fica pesada; 7) Minha respiração fica curta; 8) Eu sinto minha respiração abafada; 9) Meu peito parece estar fechado; 10) Meu fôlego fica curto; 11) eu sinto um aperto no peito; 12) Minha respiração fica tampada; 13) Eu sinto meu peito ofegante; 14) Eu sinto fadiga no peito; 15) Eu faço força para o ar entrar
- A análise das respostas fornecidas pelos 180 voluntários permitiu a formação de sete agrupamentos que, em função das características das expressões envolvidas, foram denominados:
	Sufoco
	4) Eu tenho a sensação que estou sufocando
	Aperto
	9) Meu peito parece estar fechado
11) Eu sinto um aperto no peito
	Rápido
	5) Minha respiração fica rápida
7) Minha respiração fica curta
	Fadiga
	3) Eu sinto canseira no peito
13) Eu sinto meu peito ofegante
14) Eu sinto fadiga no peito
	Abafado
	8) Eu sinto minha respiração abafada
12) Minha respiração fica tampada
	Trabalho/Inspiração
	2) É difícil para o ar entrar
6) Minha respiração fica pesada
10) Meu fôlego fica curto
15) Eu faço força para o ar entrar
	Falta de Ar
	1) Eu sinto falta de ar
- Análise das associações entre agrupamentos e condições clínicas: houve uma forte associação entre os agrupamentos “sufoco” e “trabalho/inspiração” com as condições asma, DPOC e IC (insuficiência cardíaca). 
- IC e Obesidade exibiram uma importante associação com o agrupamento “falta de ar”. Já obesidade mostrou uma associação expressiva apenas com o agrupamento “falta de ar”.
- O estudo tem uma série de limitações: pequeno número de condições avaliadas (apenas quatro) e o fato de que as escolhas dos descritores de dispneia pelos voluntários terem sido baseadas exclusivamente na sua memória. Se a entrevista relativa à percepção do sintoma fosse realizada imediatamente após um estímulo indutor de dispneia, (ex: após esteira) os resultados poderiam ser diferentes. Além disso, o conjunto de descritores foi desenvolvido a partir de pacientes moradores de uma cidade do interior da região sudeste (território pequeno e pouca diversidade cultural). O nível de escolaridade dos voluntários também não era alto.
- Os resultados permitem concluir que, no Brasil, pacientes habituados a sentir dispneia utilizam diferentes termos para descrever seu sintoma e que tais descrições podem ser agrupadas em conjuntos por similaridade.
ESCALA ANALÓGICA VISUAL (LIMA, P.B.; SANTORO, I.L.; CAETANO, L.B.; CABRAL, A.L.B.; FERNANDES, A.L.G.)
- O objetivo deste estudo foi determinar se crianças e adolescentes asmáticos são capazes de perceber a broncoconstrição induzida pelo exercício (BIE) aguda, medida por meio de uma escala visual analógica legendada de dispneia. Um objetivo adicional foi avaliar o poder discriminatório dessa escala para o grau de broncoconstrição.
-A intensidade da dispneia foi avaliada utilizando-se uma escala visual analógica legendada de dispneia com um escore de 0, 1, 2 ou 3 pontos. A escala mostra uma série de desenhos em uma sequência lógica na qual o desenho de um menino fazendo exercício, em uma ponta da escala, significa “sem sintomas” (0 pontos) e o desenho do mesmo menino sentado, na ponta oposta da escala, significa “dispneia grave” (3 pontos).
ESCALA DE DISPINÉIA MRC MODIFICADO - MODIFIED DYSPNEA INDEX (MDI):
0 – Tenho falta de ar ao realizar exercício intensivo.
1 – Tenho falta de ar quando apresso o meu passo, ou subo escadas ou ladeira.
2 – Preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo, ou ando mais devagar que pessoas de minha idade.
3 – Preciso parar muitas vezes devido á falta de ar quando ando perto de 100 metros, ou poucos minutos de caminhada no plano.
5 – Sinto tanta falta de ar que não saio de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho.
 (Adaptação Cultural) (Miura CTP, Gallani MCBJ, Domingues GBL, Rodrigues RCM, Stoller JK.)
- O MDI propõe a avaliação dos indivíduos de acordo com cada um dos 3 componentes: 1) comprometimento funcional; 2)amplitude da tarefa (o limiar de tarefa em que a presença da dispneia torna-se evidente); e 3) amplitude do esforço (o vigor com que os indivíduos podem desempenhar sua tarefa máxima)
- Ao definir a amplitude da tarefa e do esforço, o instrumento separa o limiar de tarefa realizado, no qual se dá a primeira ocorrência da dispneia e o máximo de tarefa realizada, mesmo com a presença de dispneia. Como alguns pacientes continuam a exercer a atividade mesmo após o início da dispneia, procura-se distinguir a tarefa máxima e a tarefa mais extenuante que o paciente consegue fazer.
- Para quantificar a magnitude de esforço, considera-se o limiar de tarefa, prevendo-se a possibilidade de o sujeito despender pouco esforço para atingir o limiar para o desencadeamento da dispneia, mas esforço considerável para superá-la. A magnitude da tarefa, por sua vez, é avaliada pelo limiar da tarefa, considerando-se a tendência de os pacientes subestimarem sua capacidade para exercer a tarefa mais extenuante.
- Para avaliação do comprometimento funcional, são considerados dois escores em separado: um para designar o comprometimento funcional em casa e, outro, no trabalho. Essas duas avaliações são posteriormente combinadas para formar o escore composto de comprometimento funcional, que varia de zero a quatro.
- O escore total varia de zero a doze, como resultado da soma de escores (de zero a quatro) para cada componente (tarefa, esforço e função) do MDI. Quanto menor o escore, maior a gravidade da dispneia.
NO CADERNO:
Avaliação:
-Estimar a Gravidade
-Estimar impacto na qualidade d vida do paciente
-Avaliar eficácia do tratamento
1. Coleta de Dados:
	1.1 Identificação
	1.2 Perfil psicossocial
	1.3 Queixas Principais
	1.4 História Mórbida Atual
	1.5 História Mórbida Pregressa
	1.6 História Mórbida Familiar
	1.7 ?
-Qual foi a avaliação e o diagnóstico médico
-Prescrição médica
-Dependência de Oxigênio?
-Tipo de respiração (nasal, bucal)
-Frequência
-Profundidade (superficial, profunda)
-Cianose
-Ruídos
ATENTAR PARA:
-Processos Fisiológicos
-Atividade Mental/ Nível de Consciência
-Identificar rapidamente ameaças de risco a vida
-Contexto de tratmento
-Posição para melhorar respiração
-Posição (atitude) Ortopnéica e posição de Fowler (costas elevadas na cama – semi-sentado)

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