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21/12/2016 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI CENTRO DE TECNOLOGIA – CT DISCIPLINA: MECÂNICA DOS SOLOS A DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS, GEOTECNIA E SANEAMENTO AMBIENTAL – DRHGSA Prof. Renan Maycon Mendes Gomes TERESINA 2016 Resistência ao Cisalhamento do Solo Qualquer obra de engenharia que envolve conhecimentos geotécnicos deve necessariamente responder a pergunta, pode ocorrer a ruptura? Introdução Para respondê-la, deve-se equacionar diversas solicitações envolvidas na obra e verificar se o solo resiste a estas solicitações, determinando-se a resistência ao cisalhamento mobilizada pelo solo • Portanto, qualquer ponto no interior de uma massa de solo é solicitado por forças devido ao peso proprio do solo e as forças externas aplicadas; • Os esforços resistentes do solo são chamados de tensões, cuja intensidade é medida pela força por unidade de área; • A ruptura de um solo, representada de maneira ideal, se produz por cisalhamento ao longo de uma superfície de ruptura, ocorre o deslizamento de uma parte do maciço sobre uma zona de apoio que permanece fixa; • A lei de cisalhamento é a relação que une, no momento da ruptura e ao longo da superfícies de ruptura a tensão normal ou tensão de compressão (σ) e a tensão tangencial ou tensão de cisalhamento (τ). Introdução Introdução Exemplos típicos da influência da resistência ao cisalhamento dos solos 21/12/2016 2 • Qualquer problema de ruptura em Mecânica dos Solos envolve uma superfície de ruptura, a qual poderá ser definida como aquela onde, em todos os seus pontos, a tensão de cisalhamento atinge o valor limite da resistência ao cisalhamento do solo; • A resistência ao cisalhamento de um solo em qualquer direção é a tensão de cisalhamento máxima que pode ser aplicada à estrutura do solo naquela direção. Quando este máximo é atingido, diz-se que o solo rompeu; • Os problemas de resistência dos solos são usualmente analisados empregando-se os conceitos do "equilíbrio limite", o que implica considerar o instante de ruptura, quando as tensões atuantes igualam a resistência do solo, sem atentar para as deformações. Introdução • Exemplos típicos onde a determinação da resistência ao cisalhamento do solo é que condiciona o projeto, são as análises de estabilidade de taludes (aterros e cortes), empuxos sobre muros de arrimo ou qualquer estrutura de contenção, capacidade de carga de sapatas e estacas. • O fator de segurança (F) contra a ruptura é calculado como a razão entre as forças estabilizadoras e as forças instabilizadoras: Introdução As forças estabilizadoras são função dos parâmetros de resistência do solo (coesão e ângulo de atrito interno). As forças que atuam ao longo da superfície de ruptura arbitrada devem resistir à força aplicada no elemento de fundação. • Em qualquer ponto da massa do solo existem três planos ortogonais onde as tensões cisalhantes são nulas. Estes planos são chamados “planos principais de tensões”; • Portanto, as tensões normais recebem o nome de tensões principais, onde a maior das tensões atuantes é chamada tensão principal maior (σ1), a menor é chamada tensão principal menor (σ3), e a terceira é chamada tensão principal intermediária (σ2); • Em Mecânica dos Solos, normalmente, despreza-se a tensão principal intermediária (σ2). Embora “σ2” influencie na resistência ao cisalhamento dos solos, seus efeitos não são perfeitamente compreendidos. Tensões no solo Tensões no solo Tensões em um ponto da massa de solo 21/12/2016 3 Tensões no solo • A maior parte dos problemas de Mecânica dos Solos permitem soluções considerando um estado de tensões no plano, isto é, trabalha-se com um estado plano de tensões ou estado duplo de tensões. Admitindo-se esta simplificação, trabalha-se somente com as tensões atuantes em duas dimensões. Mais especificamente procura-se o estado de tensões no plano que contêm as tensões principais σ1 e σ3; • Conhecida a magnitude e direção de σ1 e σ3 é possível encontrar as tensões normal e cisalhante em qualquer outra direção, conforme as equações desenvolvidas a seguir. Tensões no solo Determinação das tensões atuantes no plano Tensões no solo Logo, temos que: 2 Tensões no solo Logo, temos que: 21/12/2016 4 Tensões no solo Círculo de Mohr • O estado de tensões em todos os planos passando por um ponto podem ser representados graficamente em um sistema de coordenadas em que as abcissas são as tensões normais (σ) e as ordenadas são as tensões de cisalhamento (τ), Representação do estado de tensões através do diagrama de Mohr Tensões no solo Círculo de Mohr • O círculo de Mohr tem seu centro no eixo das abcissas. Desta forma, ele pode ser construído quando se conhecerem as duas tensões principais, ou as tensões normais e de cisalhamento em dois planos quaisquer; • Conhecendo-se σ1 e σ3 traça-se o círculo de Mohr. A inclinação (α) do plano principal maior (PPM), permite determinar o ponto P (pólo), traçando-se por σ1 uma reta com esta inclinação; • Procedimento idêntico pode ser utilizado traçando-se por σ3 uma paralela ao plano principal menor (ppm). Tensões no solo Círculo de Mohr Tensões no solo Círculo de Mohr Exemplos de aplicação do circulo de Mohr Dado o estado de tensões apresentado abaixo, determine as tensões que atuam no plano BB. 21/12/2016 5 Tensões no solo Círculo de Mohr Exemplos de aplicação do circulo de Mohr Dado o estado de tensões apresentado abaixo, determine as tensões que atuam no plano BB. Tensões totais As tensões totais que ocorrem nos solos são aquelas decorrentes do seu peso próprio e/ou de cargas aplicadas. Tensão neutra Abaixo do nível d’água (solo saturado), parte da tensão aplicada a um solo é suportada pelas partículas sólidas e parte é suportada pela água. Ou seja, temos uma parcela da tensão normal atuando nos contatos interpartículas e a outra parcela atuando como pressão na água situada nos vazios. A pressão que atua na água intersticial é chamada de pressão neutra (u) ou poropressão. Tensões no solo Tensões efetivas O principio básico introduzido por Terzaghi que em solos saturados a tensão efetiva é igual a diferença entre a tensão total e a tensão neutra: Essa tensão efetiva atua nos contatos interpartículas e é ela que responde pelo comportamento mecânico do solo. Uma vez que a tensão total (σ) atuante no solo é a soma da parcela transmitida à água (u) com a parcela transmitida às partículas (σ’); Outra forma de calcular tensões efetivas é utilizando o γsub: Tensões no solo Tensão horizontal Até agora foram vistas apenas as tensões verticais iniciais (totais e efetivas). Entretanto, é necessário determinar também o valor da tensão atuante horizontal. A obtenção da tensão horizontal parte da definição do coeficiente de empuxo (k). Se não ocorrem deformações na massa de solo, tem-se o coeficiente de empuxo no repuso (ko). O valor de Ko é obtido em ensaios de laboratório, onde são simuladas condições iniciais de carregamento, ou em ensaios in situ. Tensões no solo 21/12/2016 6 Tensões no solo • As tensões de cisalhamento em qualquer plano são independentes da poro-pressão, pois a água não transmite esforços de cisalhamento. As tensões de cisalhamento são devidas somente à diferença entre as tensões normais principais e esta diferença é a mesma, tanto quanto se consideram as tensões efetivas como as tensões totais, como se verifica pela fórmula proposta por Terzaghi. Os círculos de Mohr para os dois tipos de tensão tem, portanto, o mesmo diâmetro. Efeito da tensão neutra ou poro-pressão no círculo de Mohr ⇒ Resistência interna por unidade de área que a massa de solopode oferecer para resistir a rupturas e a deslizamentos ao longo de qualquer plano no seu interior Ruptura de um talude por cisalhamento Resistência ao Cisalhamento do Solo • Define-se como resistência ao cisalhamento do solo como a máxima pressão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tensão de cisalhamento do solo no plano em que a ruptura ocorre no momento da ruptura. • Em Mecânica dos Solos, a resistência ao cisalhamento envolve duas componentes: atrito e coesão. Resistência ao Cisalhamento do Solo • O atrito é função da interação entre duas superfícies na região de contato. A parcela da resistência devido ao atrito pode ser simplificadamente demonstrada pela analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal Resistência ao Cisalhamento do Solo Atrito Atrito entre dois corpos no instante do deslizamento 21/12/2016 7 Resistência ao Cisalhamento do Solo Atrito Resistência ao Cisalhamento do Solo Atrito • Nos materiais granulares (areias), constituídas de grãos isolados e independentes, o atrito é um misto de escorregamento (deslizamento) e de rolamento, afetado fundamentalmente pela entrosagem ou embricamento dos grãos. Tal fato não invalida a aplicação da equação anterior a materiais granulares. Tipos de movimentos de materiais granulares quanto submetidos a esforços cortantes. Ângulo de atrito ⇒ Máximo ângulo que a força transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem que ocorra deslizamento T = força necessária para fazer o corpo deslizar A relação entre T e N pode ser expressa em função do ângulo entre a força resultante (F) e N: N T F φ N T tg =φ φtgNT .= Onde φ = ângulo de atrito = ângulo entre a força resultante (F) e a força vertical (N) Resistência ao Cisalhamento do Solo Atrito Tabela – Valores típicos de φ’ Resistência ao Cisalhamento do Solo Atrito Ângulo de atrito 21/12/2016 8 Resistência ao Cisalhamento do Solo Coesão • A resistência ao cisalhamento do solos é essencialmente devido ao atrito. Entretanto, a atração química entre partículas (potencial atrativo de natureza molecular e coloidal), principalmente, no caso de estruturas floculadas, e a cimentação de partículas (cimento natural, óxidos, hidróxidos e argilas) podem provocar a existência de uma coesão real; • De uma forma intuitiva, a coesão é aquela resistência que a fração argilosa empresta ao solo, pelo qual ele se torna capaz de se manter coeso em forma de torrões ou blocos, ou pode ser cortado em formas diversas e manter esta forma; • Os solos que têm essa propriedade chamam-se coesivos. Os solos não- coesivos, que são areias puras e pedregulhos, esborroam-se facilmente ao serem cortados ou escavados. Resistência ao Cisalhamento do Solo Coesão • Utilizando a mesma analogia empregada no item anterior, suponha que a superfície de contato entre os corpos esteja colada, conforme esquema abaixo; • Nesta situação quando N = 0, existe uma parcela da resistência ao cisalhamento entre as partículas que é indepente da força normal aplicada. Esta parcela é definida como coesão verdadeira. Resistência ao Cisalhamento do Solo Coesão • A coesão é uma característica típica de solos muito finos (siltes plásticos e argilas) e tem-se constatado que ela aumenta com: a quantidade de argila e atividade coloidal (Ac); relação de pré- adensamento; diminuição da umidade; • A coesão verdadeira ou real definida anteriormente deve ser distinguida de coesão aparente. Esta última é a parcela da resistência ao cisalhamento de solos úmidos (parcialmente saturados), devido à tensão capilar da água que atrai as partículas. No caso da saturação do solo a coesão tende a zero. ⇒ Parcela da resistência dos solos que independe da força vertical atuante Parcelas da coesão: - Real (verdadeira): devida a ligações químicas (agentes cimentantes) e físicas (elétricas e adesão) entre as partículas - Aparente: devida a uma pressão negativa (sucção) presente nos solos não saturados, devida à tensão entre grãos resultante da pressão capilar Detalhe do contato F F Resistência ao Cisalhamento do Solo Coesão 21/12/2016 9 Resistência ao Cisalhamento do Solo • Nos solos estão presentes os fenômenos de atrito e coesão, portanto, determina-se a resistência ao cisalhamento dos solos (τ), segundo a expressão: • onde “τ” é a resistência ao cisalhamento do solo, "c" a coesão ou intercepto de coesão, "σ" a tensão normal vertical e "φ" o ângulo de atrito interno do solo. Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos Critério de Ruptura “Para o caso de solos, o critério de ruptura mais utilizado é o critério de ruptura de MOHR-COULOMB” Resistência ao Cisalhamento do Solo • O diagrama de Mohr, como definido anteriormente, apresenta o estado de tensões em torno de um ponto da massa de solo; • Para determinar-se a resistência ao cisalhamento do solo (τ), são realizados ensaios com diferentes valores de σ3, elevando-se σ1 até a ruptura. Resistência ao Cisalhamento do Solo • Cada círculo de Mohr representa o estado de tensões na ruptura de cada ensaio; • A linha que tangência estes círculos é definida como envoltória de ruptura de Mohr; • A envoltória de Mohr é geralmente curva, embora com frequência ela seja associada a uma reta. Esta simplificação deve-se a Coulomb, e permite o cálculo da resistência ao cisalhamento do solo conforme a expressão já definida anteriormente: Resistência ao Cisalhamento do Solo Envoltória de ruptura de Mohr 21/12/2016 10 TRAJETÓRIA DE TENSÕES - A representação do estado de tensões em diversas fases de carregamento por diversos círculos de Mohr é confusa - A representação das diversas fases de carregamento por pontos de maior ordenada (trajetória de tensões) é mais conveniente σ3 σ1 σ1 σ1 1 2 3 σ τ 1 2 3 p q Figura – Trajetória de tensões Resistência ao Cisalhamento do Solo CRITÉRIO DE RUPTURA DE MOHR-COULOMB Segundo Mohr (1900) a ruptura de um material ocorre pela combinação de σ e τ, de forma que: ( )στ f= “A envoltória de ruptura dos solos é não linear. Contudo, para uma faixa limitada de tensões, a envoltória pode razoavelmente ser ajustada por uma reta.” Resistência ao Cisalhamento do Solo Coulomb (1776) ajustou a relação entre σ e τ por uma função linear, assim: φστ tgcf += Onde: τf = resistência ao cisalhamento c = coesão σ = tensão normal ao plano de ruptura φ = ângulo de atrito σ τ c φ φστ tgc+= Uma envoltória de ruptura é obtida a partir de diversos círculos de Mohr τ =c + σtgΦ romperam Critério de ruptura de Mohr-Coulomb Resistência ao Cisalhamento do Solo EXPLICAÇÃO DO CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB “Todos os estados de tensão de um material devem se situar no interior de sua envoltória de ruptura” Figura - Critério de Mohr-coulomb Ponto A: a ruptura por cisalhamento não ocorrerá Ponto B: a ruptura por cisalhamento ocorrerá no plano Ponto C: Estado de tensão inexistente Resistência ao Cisalhamento do Solo 21/12/2016 11 Parâmetros de resistência: c e φ Principais tipo de ensaios de laboratório: - Ensaio de cisalhamento direto - Ensaio triaxial - Ensaio de compressão simples - Ensaio de cisalhamento anular (ring shear) Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaios de laboratório para a determinação dos parâmetros de resistência ao cisalhamento Ensaio de Cisalhamento Direto - Mais antigo e simples arranjo - Caixa de cisalhamento (metálica e bipartida) onde um cp é colocado - cp: quadrados ou circulares de 51 ou 102 mm de lado e 25 mm de altura- Força de cisalhamento é aplicada movendo-se uma metade da caixa provocando a ruptura do cp de solo - Mede-se a reação, com um anel dinamométrico, os deslocamentos horizontais e verticais, com extensômetros. Resistência ao Cisalhamento do Solo Força normal Força cisalhante Anel dinamométrico para medida de força cisalhante LVDT deslocamento lateral LVDT para deslocamento normal Ensaio de Cisalhamento Direto Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Cisalhamento Direto - Neste ensaio, as tensões normal e de cisalhamento são conhecidas somente no plano de ruptura para determinar o estado de tensão do solo nos diferentes planos. Resistência ao Cisalhamento do Solo (a) Curvas tensão cisalhante por deformação (b) Curvas variação de volume por deformação (c) Envoltória de resistência. 21/12/2016 12 Ensaio de Cisalhamento Direto - O ensaio de cisalhamento direto pode, em principio, ser do tipo: ensaio rápido, ensaio adensado rápido e ensaio lento. Resistência ao Cisalhamento do Solo � Baixo Custo � Rápido � Simples � Bom para determinação da resistência ao deslizamento Vantagens do Ensaio de Cisalhamento Direto Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Cisalhamento Direto � Somente é apropriado para condições drenadas (solos granulares) ou solos argilosos cisalhados lentamente � Plano de ruptura pré-determinado (não necessariamente o mais fraco) � Concentração de tensões nas bordas da amostra � Não se tem controle na rotação das tensões principais Desvantagens do Ensaio de Cisalhamento Direto Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Cisalhamento Direto Ensaio de Compressão triaxial Resistência ao Cisalhamento do Solo • É considerado o ensaio padrão em Mecânica dos Solos, as principais referências estão em BISHOP e HENKEL (1962); • O ensaio triaxial é o mais comum e versátil ensaio para a determinação da resistência ao cisalhamento do solo; • O equipamento consiste basicamente de uma câmara cilíndrica transparente e resistente assentada sobre uma base de aluminio, no interior da qual é colocado um corpo de prova cilíndrico revestido por uma membrana de borracha impermeável sob um pedestal, através do qual há uma ligação com a base da célula. Entre o pedestal e amostra utiliza-se uma pedra porosa para facilitar a drenagem. A câmara é preenchida com água, cuja finalidade e transmitir pressão à amostra. 21/12/2016 13 Corpo de prova cilíndrico envolvido em membrana Célula com água para a aplicação da tensão confinante Prensa Anel de carga para medida de (σ1 - σ3) Medida de deslocamento vertical Ensaio de Compressão triaxial Resistência ao Cisalhamento do Solo Plano de ruptura definido Corpo de Prova de uma ensaio triaxial (Taylor, 1948) Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial Ensaio de Compressão triaxial Resistência ao Cisalhamento do Solo • O ensaio triaxial é executado em duas etapas distintas: (a) aplicação da tensão confinante (σc); (b) aplicação da tensão desviadora (σd). Ensaio de Compressão triaxial Resistência ao Cisalhamento do Solo • Inicialmente, o corpo de prova é submetido a uma tensão confinante (σc) igualmente distribuída em toda a superfície do corpo de prova (solicitação isotrópica de tensão). A seguir, aplica-se um incremento de tensão desviadora (∆σd), através de um pistão metálico, até a ruptura da amostra (solicitação axi- simétrica de tensão, σ2 = σ1 ou σ2 = σ3); • Como não existem tensões de cisalhamento na superfície do corpo de prova, as tensões axiais (σc + ∆σd) e de confinamento (σc), são respectivamente as tensões principais maior "σ1 " e menor "σ3". O incremento de tensão ∆σd = σ1 - σ3 é chamado tensão desviadora. 21/12/2016 14 Vantagens do Ensaio Triaxial � Muito mais versátil do que o ensaio de cisalhamento direto � A drenagem é controlada e medida � Menor ocorrência de concentração de tensões � O plano de ruptura não é pré-determinado (pode ocorrer em qualquer local do c.p.) � Possibilidade de controle de trajetória de tensões Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial � Mais caro e em geral a duração do ensaio é maior � Requer um operador mais qualificado � Usualmente deve ser utilizado com sistema de aquisição de dados Desvantagens Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial Ensaios típicos: - Ensaio adensado drenado (CD) - Ensaio adensado não drenado (CU) - Ensaio não adensado e não drenado (UU) Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial Ensaio Adensado Drenado (CD) - Neste ensaio há permanente drenagem do corpo de prova; - Aplica-se uma pressão confinante e espera-se que o cp adense (24 a 48 horas); - A seguir, a tensão axial (σd) é aplicada lentamente, permitindo a dissipação do excesso de pressão neutra (u) gerada pelo carregamento (até uma semana); -Desta maneira a pressão neutra durante o carregamento permanece nula e as tensões totais medidas são às tensões efetivas. t = 0 ∆u σc σct = 0 ∆u σc σc t = t* ∆u=0 σc σct = t* ∆u=0 σc σct = t* ∆u=0 σc σc ∆u=0 σc σc ∆σ ∆u=0 σc σc ∆σ σc’ q p’ TTE σc’ q p’σc’ q p’ TTE Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial 21/12/2016 15 Ensaio Adensado e Não Drenado (CU) - Aplica-se a tensão de confinamento permitindo-se a drenagem do corpo de prova, até a completa dissipação do excesso de pressão neutra gerada pela aplicação da tensão confinante; - Em seguida, aplica-se a tensão axial (desviadora) até a ruptura, medindo-se as pressões neutras geradas pelo carregamento; -As pressões medidas são as tensões totais (σ), e com a obtenção da pressão neutra (u), determina-se as tensões efetivas pela expressão: σ' = σ – u. t = 0 ∆u σc σct = 0 ∆u σc σc σc q p TTT t = t* ∆u=0 σc’ = σc σc’ = σct = t* ∆u=0 σc’ = σc σc’ = σc ∆u σc σc ∆σ ∆u σc σc ∆σ Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial Ensaio Não Adensado e Não Drenado (UU) Neste ensaio aplica-se a tensão confinante e o carregamento axial até a ruptura do corpo de prova sem permitir qualquer drenagem; O teor de umidade permanece constante e pode-se medir as pressões neutras (tensões totais e efetivas). ∆u σc σc ∆u σc σc σc q p TTT σc q p TTT ∆u σc σc ∆σ ∆u σc σc ∆σ Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial • Os ensaios CD, CU e UU têm finalidades específicas, abordadas mais adiante. Nas areias, cujo comportamento “in situ” é quase sempre drenado, é utilizado o tipo CD; • Os ensaios não drenados nesse material visam simular casos de solicitação transiente, como os terremotos; • Nas argilas são realizados os três tipos, dependendo da situação que se quer analisar. O ensaio de cisalhamento direto, como deve ser conduzido em condições drenadas, deverá ser sempre CD. Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de Compressão triaxial • É um caso especial do ensaio triaxial, onde a tensão confinante é nula (σc=σ3=0); • Este ensaio é utilizado para determinar a resistência não drenada de solos argilosos. • A tensão confinante é nula, e o valor da tensão que provoca a ruptura do corpo de prova é denominado de resistência à compressão simples (RCS); • Em solos puramente coesivos a coesão (Su) é igual a metade da resistência à compressão simples obtida do diagrama de Mohr. Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de compressão simples Diagrama de Mohr aplicado ao ensaio de compressão simples 21/12/2016 16 •Terzaghi e Peck (1948), correlacionaram o número de golpes obtido no ensaio SPT (ensaio de penetração estática) com a resistência à compressão simples de argilas saturadas. Resistência ao Cisalhamento do Solo Ensaio de compressão simples Correlação empírica entre consistência de argilas, número de golpes obtidos em sondagens de percussão e resistência à compressão simples renan_maycon2008@hotmail.com
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