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Universidade Federal da Bahia
Resenha sobre "A democracia e seus críticos"
Docente: Antonio Oliveira
Discente: Luciano Vianna
 Esta é uma resenha sobre o livro "A democracia e seus críticos" de Robert Dahl, mais especificamente sobre o tópico dois da primeira parte nomeado como "Rumo a segunda transformação: o republicanismo, a representação e a lógica da igualdade."
 Robert Dahl começa o tópico situando quatro fatores particulares que moldaram as democracias modernas, sendo eles: a Grécia clássica, a tradição republicana, o desenvolvimento dos governos representativos e certas conclusões que tendem a estimular uma crença na igualdade politica.
 Assim, Dahl irá explorar sistematicamente cada um desses pontos neste tópico, entretanto a parte da Grácia clássica não será explorada aqui visto que fora explorada no tópico anterior a este, logo começaremos a nossa analise pela tradição republicana. Tendo sido definida por Dahl como um "corpo teórico que não é sistemático nem coerente" e que tem suas origens tanto nas criticas de Aristóteles a democracia ateniense quanto nas experiências republicanas ocorridas em Roma e Veneza, além de contar com pensadores como Francesco Giucciardini e Nicolau Maquiavel, além de reinterpretação e remodelação feita pelos ingleses e americanos nos séculos XVII e XVIII.
 Neste sentido, Dahl aponta que o republicanismo perdeu alguns de seus temas enquanto outros ganharam mais vitalidade ao longo deste processo, apontando assim a natureza humana como sendo a de um animal social e político, e que para concretizar sua potencialidade necessita de se associar politicamente com os outros. Logo essa capacidade de se associar politicamente, quando visando o bem de todos, viria a ser chamada de virtude cívica, que acabou se tornando o tema base acerta do pensamento republicano, uma vez que a boa republica acabou sendo situada como aquela que não só reflete, mas também promove a virtude cívica em seus cidadãos.
 Dahl ainda chama a atenção para uma semelhança de opinião entre a democratas gregos e o republicanos, que era acerca da igualdade, para ambos a boa forma do regime político estava num sistema de direitos e liberdades iguais para todo o corpo dos cidadãos. E os republicanos endossam a posição de que nenhum sistema político pode ser legitimo ou bom se exclui as pessoas da participação do governo.
 Entretanto, Dahl aponta também as diferenças existentes entre essas duas doutrinas políticas no sentido de que o republicanismo faz uma ressalva quanto a virtude cívica, ela é tão frágil quanto é importante, e isso acontece uma vez que o "povo", o corpo de cidadãos, não é um corpo homogêneo com interesses idênticos, mas sim um corpo geralmente divido em interesses aristocráticos ou oligárquicos e outro democrático ou popular, chamados por Dahl respectivamente de os "poucos" e os "muitos". E, seguindo a linha de Aristóteles, existe um terceiro elemento social: um elemento monocrático ou monárquico, a figura do líder que tenta aumentar seu status e poder. Neste sentido, Dahl aponta que os republicanos se deram a tarefa de criar uma constituição que refletisse e equilibrasse de algum modo esse três elementos que orientam e caracterizam os interesses dos indivíduos, de maneira que os três componentes cooperem para o bem de todos. 
 Dessa forma, situando a constituição da Republica Romana com seu sistema de cônsules, Senado e tribunais populares como base do pensamento republicano, Dahl diferencia dois tipos ou versões de republica que surgiram da experiência inglesa e americana, respectivamente: a versão aristocrática ou conservadora e a versão democrática. Assim, enquanto a versão aristocrática esta para Aristóteles e Giucciardini a versão democrática esta para Maquiavel e Thomas Jefferson.
 Aprofundando-se na diferenciação de ambas as versões, Dahl demonstra que nas formulações da versão conservadora o "povo" ou os "muitos" é tido como perigoso e pouco confiável e que portanto sua participação deve ser limitada a escolha dos governadores, e estes teriam que governar obrigatoriamente pensando no bem estar do povo como interesse mais importante, mas não como interesse único, e que dessa forma o equilíbrio na forma de governar o bem publico poderia ser atingido.
 Já na versão democrática a linha de raciocínio é invertida, são os "poucos" e não os "muitos" que devem ser temidos, fazendo com que a perspectiva de um bom governo resida nas qualidades do povo. Além disso o bem publico não consiste num equilíbrio de interesses, mas no bem estar do povo, e portanto a tarefa constitucional acaba sendo a de superar a tendência inevitável de uns poucos despostas, ou de apenas um e seus agregados, de chegarem ao poder.
 Assim, conforme novos problemas foram surgindo –por exemplo, como distribuir o poder na república- essas diferenças se tornaram ainda maiores, e Dahl, tendo em vista a questão de uma América sem uma aristocracia, desenvolve a questão da impossibilidade de se escolher uma aristocracia natural para representar esses interesses e até mesmo governar. Neste sentido, Dahl coloca como Montesquieu resolve esse problema ao transformar os três elementos sociais a serem representados na constituição em três poderes que viriam a ser chamados de legislativo, executivo e jurídico. O que Montesquieu fizera foi uma divisão constitucional e institucional em que um poder serviria de contra peso ao outro.
 Entretanto os problemas não cessaram apenas com a resolução dessa questão do poder, haviam ainda quatro outras questões fundamentais, colocadas por Dahl, que o republicanismo ainda deveria dar conta, sendo estas: como representar ou equilibrar os interesses de sistemas políticos mais complexos? Como lidar com os conflitos de uma diversidade de interesses? Como garantir a virtude cívica em sociedades grandes e heterogêneas? Poderiam a teoria republicana e as ideias democráticas, de modo geral, ser aplicadas a escala do Estado nacional?
 As soluções para essas questões estavam em instituições pouco estudas pelo republicanismo, residiam nas instituições dos governos representativos. Talvez para tanto seja necessário usar das palavras do próprio Dahl para explicar como se deu a resolução: "Na pratica, a representação não foi inventada pelos democratas, mas desenvolvida como uma instituição medieval de governo monárquico e aristocrático (ver, por exemplo, Mansfiel 1968). Seus primórdios encontram-se, principalmente na Suécia e na Inglaterra, nas assembleias convocadas pelos monarcas, ou as vezes pelos próprios nobres, para tratar de assuntos de Estado importantes: imposto, guerra, a sucessão do trono e assim por diante. No esquema típico os representados vinham de cada Estado e tinham reuniões separadas com o representante de cada um. Com o tempo os Estados foram reduzidos a dois, lordes e comuns, que eram, é claro, representados em casas separadas..."
 Assim a união da ideia de governo democrático do povo à pratica não democrática da representatividade, deram a democracia uma nova forma e dimensão que lhe permitia superar aquelas quatro questões formuladas por Dahl, uma vez que com a representação as questões de quantidade de interesses, numero da população e tamanho da nação não passam de um problema numérico a ser computado na hora da constituinte de cada república.
 Mas não só bons frutos rederam dessa união, Dahl aponta que com essa união existe também uma contradição, que só podem ser bem representadas nas palavras do mesmo: "Na grande escala do Estado nacional, surgiram vários interesses e grupos de interesse. E esses grupos diversos, não foram, de forma alguma, uma benção sem mistura de maldição. Enquanto na antiga visão o faccionalismo e o conflito eram considerados destrutivos, na nova visão o conflito político passou a ser uma parte normal, quase inevitável e até mesmo positiva na ordem democrática. Consequentemente, a antiga crença que os cidadãos podem e devem buscar o bem publicoem vez de seus objetivos particulares tornou-se bem mais difícil, se não impossível, de manter a medida que o 'bem publico' se fragmentou em interesses individuais e grupais".
 Dessa maneira podemos perceber que Dahl tem a intenção de explorar dentro das democracias representativas o conflito que existe, e que é causado pelas concepções iniciais de governo republicano e democrático.

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