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Universidade Federal da Bahia
Resenha sobre "Liberalismo, justiça social e responsabilidade individual"
Docente: Antonio Oliveira
Discente: Luciano Vianna
 Esta é uma resenha sobre o artigo "Liberalismo, justiça social e responsabilidade individual", de Álvaro de Vita, onde o autor se propôs a fazer um debate normativo sobre a justiça social e a responsabilidade individual, conceitos estes que serão trabalhos dentro de três perspectivas teorias conhecias como: o liberalismo igualitário, a teoria política anti-igualitária (ou libertarianismo) e o luck egalitarianism (ou igualitarismo de fortuna).
 Assim, Álvaro de Vita começa seu artigo estabelecendo que este ocorrera divido em duas etapas: a primeira consiste em analisar a justiça distributiva de cada uma das teorias citadas anteriormente, donde o autor ira justificar a justiça do liberalismo igualitário como mais apropriado para as sociedades democráticas. E a segunda: partido da responsabilidade individual pretende demonstrar que a visão do liberalismo igualitário deve vigorar diante da critica conservadora do luck egalitarianism.
 Desse modo Álvaro começa pelo ponto em comum que essas teorias liberais compartilham que ficou estabelecido pelo autor como sendo: " Dispor de soberania para determinar que convicções de valor moral devem guiar as próprias escolhas em um âmbito individual preservador de interferências arbitrarias é aquilo que, para qualquer vertente do liberalismo político, responde pela ideia de liberdade". Como apontado pelo mesmo em seu artigo, essa concepção esta associada a de liberdade negativa de Isaiah Berlin, que coloca como foco da justiça a não interferência por parte da autoridade política em direitos de propriedade ou titularidades, adquiridos ou herdados, de maneira livre e não fraudulenta. 
 É importante salientar que, uma vez que as teorias estão todas muito próximas umas das outras, a grande diferença entre elas acaba sendo diferenças no foco do objeto e no tipo de concepção que se dá a um ou outro conceito. Neste sentindo para tornar mais simples o contraste explicitado por Álvaro em seu artigo, podemos estabelecer que as diferenças fundamentais entre o liberalismo igualitário e o "libertarianismo", no que tange o objeto da justiça, é que para o primeiro deve ser a estrutura básica enquanto que no segundo é a não-violação de diretos. Enquanto que na primeira a concepção de justiça é a de uma justiça equitativa redistributiva, na segunda é a de uma justiça com restrição indireta a ação, restrita a não-violação de diretos. 
 Como o próprio Álvaro aponta em seu artigo, a primeira é associada a Rawl, já a segunda a Nozick, e ambos tem em vista objetivos morais diferentes para suas teorias. Rawl esta sumariamente preocupado com o equilíbrio da justiça básica na estrutura e a manutenção da igualdade, uma vez que as transações tendem a gerar e preservar as desigualdades, para ele a justiça deve criar uma equidade de oportunidades na estrutura básica que garantiriam a liberdade efetiva ao beneficiar os menos privilegiados. Já para Nozick, que parte do principio kantiano de que todos os indivíduos devem ser considerados como fins, e que portanto não podem ser usados ou sacrificados, mesmo que pelo bem de todos os outros, seria injusto fazer com que alguém pague ou seja sacrificado pelo beneficio de outrem sem receber nenhum beneficio disso. Assim poderíamos dizer que as perspectivas são eminentemente justas, apenas parte de lugares diferentes tendo objetivos diferentes. 
 Entretanto, como Álvaro há de pontuar, a democracia é um sistema político criado sobre o principio da igualdade social e política entre os cidadãos e portanto, existe mais correspondência entre democracia e um sistema de justiça equitativa redistributiva do que entre um sistema preocupado com os limites da não-violação, para tanto trazemos as palavras do autor: "Em uma passagem de Uma teoria da justiça em que expressa claramente a ideia de liberdade efetiva que formulei aqui, Rawls afirma que, 'considerando os dois princípios em conjunto, a estrutura básica deve ser organizada a maximizar o valor para os menos favorecidos do sistema de liberdade igual compartilhado por todos. Isso é o que define justiça social' (Rawls, 2008:251). Se as exigências combinadas dos três componentes normativos que examinei antes são realizadas pelas estrutura básica da sociedade, o que se alcança não é simplesmente uma forma da igualdade distributiva, e sim, como afirmei no inicio uma forma de igualdade que coloca os cidadãos em pé de igualdade social e política. (Rawls 2008: 79;91; 120-130) denominou de 'igualdade democrática' esse ideal de igualdade de status". Outro trecho em que a justificação para esse tipo de justiça seja favorecida nas democracias esta em: "E a forma de igualdade que os igualitários devem perseguir, de acordo com esse ideal, esta centralmente relacionada a uma ordem social e política na qual direitos e liberdades fundamentais, oportunidades e recursos sociais escassos sejam distribuídos tendo em vista o propósito central de garantir um status social e moral igual entre os cidadãos".
 Desse modo, Álvaro continua em seu artigo, após justificar seu favorecimento ao liberalismo igualitário, ira agora aprofundar o debate dentro desse campo entre a teoria clássica e o luck egalitarianism. Neste sentido, o autor pontua que a diferença começa pela interpretação extremada do "argumento da arbitrariedade moral", o que seria o mesmo que dizer que agora o debate ira recair entre qual o limite a ser escolhido para o alcance da redistribuição. Tendo em vista que o debate agora recai entre qual principio se deve adotar para saber quem merece ou não ser alvo dessa redistribuição, temos então que a distinção para tal será de "sorte ocasional" e "sorte bruta". Assim, utilizando a mesma nomenclatura que a de Álvaro em seu artigo, temos que a "sorte ocasional" é o resultado de um jogo que se entrou conscientemente de pelo menos um dos riscos, enquanto que "sorte bruta" é o resulto que se produz sem que o individuo tenha feita nada para produzi-lo, pode ser entendida como o resultado da loteria social e da loteria genética. De acordo com Álvaro, o luck egalitarianism enxerga que a sorte bruta é a única a ser alvo dessa justiça redistributiva uma vez que ela não é fruto de uma escolha que os indivíduos fariam ou fizeram.
 Entretanto, para Álvaro, Cohen, o autor usado como referencia para o luck egalitarianism, havia feito uma objeção errada a Rawls, a teoria do liberalismo igualitário não visa uma divisão entre os merecedores e não merecedores de qualquer compensação por parte da sociedade, visa antes a estrutura básica, e não pretende constituir juízos moralizantes sobre atitudes e escolhas individuais imprudentes ou autocentradas. Neste sentido trazemos: "A suposição é a de que há direitos e liberdades, oportunidades e recursos que as pessoas, mesmo divergindo em seus valores e atitudes individuais, tem razões para valorizar. A suposição seguinte é a de que instituições básicas da sociedade devem ser moldadas de forma a assegurar que o acesso a uma parcela equitativa desses bens e oportunidades permita a cada cidadão exercer a liberdade efetiva, de modo como essa ideia foi interpretada antes, e desenvolver e preservar as capacidades morais que lhe permitem ser um membro cooperativo da sociedade ao longo da vida inteira".

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