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Universidade Federal da Bahia
Resenha sobre "O liberalismo político"
Docente: Antonio Oliveira
Discente: Luciano Vianna
 Esta é uma resenha sobre a conferencia sete do livro "O liberalismo politico" de John Rawl. Nesta conferencia, Rawl, explora quais são os aspectos da estrutura institucional que o Estado democrático e liberal deve adotar na medida em que formula os conceitos de igualdade e justiça, e como estes se constituem como pilares fundamentais dessa estrutura.
 Rawl começa sua conferencia através de sua concepção contratualista de justiça, ou melhor, acerca de como formular essa concepção através da teoria contratualista e que esta justiça deveria tomar como objeto primeiro a estrutura básica. Assim Rawl nos fornece uma definição de estrutura básica anterior e necessária a qualquer concepção de justiça, observada em: "A estrutura básica é entendida como a maneira pela qual as principais instituições sociais se encaixam num sistema, e a forma pela qual essas instituições distribuem os direitos e deveres fundamentais e moldam a divisão dos benefícios gerados pela cooperação social. Desse modo a constituição política, as formas legalmente reconhecidas da propriedade e a organização da economia, assim como a natureza da família, são todas parte da estrutura básica". 
 Neste sentido, continua Rawl, sobre o tipo do contrato social com o qual ira trabalhar em sua teoria, estabelecendo um modelo kantiano de "justiça como equidade" estruturado em quatros pontos que considero essencial elucidar; a) um acordo entre todos, b) um acordo enquanto cidadão e não como individuo, c) as partes são consideradas pessoas morais livres e iguais, d) o conteúdo do acordo consisti nos princípios primeiros que regulam a estrutura básica. Esses pontos são importantes pois explicitam um tipo especifico de contrato que não servem para uma teoria geral, neste sentido Rawl é bem claro, não quer formular uma teoria genérica, mas sim uma teoria que de conta dos problemas de estrutura básica e da justiça dentro de um Estado democrático e liberal. Nas palavras do mesmo: "Não há duvidas que os princípios primeiros da justiça como equidade não são adequados para uma teoria geral. Esses princípios requerem que a estrutura básica estabeleça certas liberdades fundamentais, iguais para todos, e garanta que as desigualdades sociais e econômicas resultem no maior beneficio possível para os menos privilegiados, num contexto de oportunidades equitativas".
 Desse modo continua Rawl a seguir elucidando sobre as questões da estrutura básica, num primeiro momento, o do acordo hipotético, e imaginando que os acordos gerados nesse momento são livres, equitativos e plenamente respeitados, mesmo com essas características, ao se somarem com as tendências sociais e contingências históricas, e potencializados pelo fator do tempo, iram aos poucos corroer as condições do pano de fundo equitativo modificando as relações e oportunidades dos cidadãos, não importando o quão justo, equitativo e livre forem as transações específicas em si. Assim, conclui Rawl de que o caráter das transações é sempre no sentido de se afastar da justiça básica e de preservar as desigualdades, e que para evitar o agravamento dessas desigualdades deve existir uma divisão de trabalho institucional entre a estrutura básica e as normas, de modo de que a lei deve atuar em dois sentidos, um sobre a transmissão e aquisição das propriedades (regulando a renda e a herança afim de manter um equilíbrio entre as posses das propriedades), e outro que regule as transações e acordos entre indivíduos e associações. Esse tipo de divisão iria garantir aos indivíduos e associações a possibilidade de buscarem efetivamente os seus fins no interior da estrutura básica, com a garantia de saber que, em outra parte do sistema social, estão sendo feitas as correções necessárias para preservar a justiça básica. 
 Neste sentido é importante salientar a atenção dada por Rawl a estrutura básica, principalmente no que diz respeito sobre como elas iram moldar os desejos e ambições dos cidadãos, como pode ser visto em: "Todos reconhecem que a forma institucional da sociedade afeta seus membros e determina, em grande parte, o tipo de pessoas que querem ser, bem como o tipo de pessoas que são. A estrutura social também limita de diversas formas as ambições e esperanças das pessoas, pois, em parte, elas verão a si mesmas, e com razão, de acordo com a posição que ocupam nessa estrutura, e levarão em conta os meios e oportunidades que podem realisticamente esperar dispor. Desse modo, um regime econômico, por exemplo, não é apenas um estrutura institucional para satisfazer os desejos e aspirações existentes, mas uma forma de moldar os desejos e aspirações do futuro. Em termos mais gerais, a estrutura básica molda a forma pela qual o sistema produz e reproduz, ao longo do tempo, uma certa forma cultura compartilhada por pessoas com certa concepção de bem." 
 Dessa maneira, creio que as formulações teóricas de Rawl sejam no sentido de atingir um equilíbrio entre as normas e princípios que devem reger um Estado democrático e liberal que funciona com as engrenagens econômicas do capitalismo, possibilitando que questões como a liberdade efetiva sejam resolvidas através de um sistema de justiça redistributiva que preserve a justiça básica no interior da estrutura, redistribuindo a parcela desigual das transações especificas sem perder a liberdade de faze-las. 
 Logo só nos resta analisar como Rawl propõem o surgimento do contrato, nesta caso o que foi formulado pelo autor é devemos pensar a nível de teoria e que portanto devemos começar as formulações pensando em um sistema básico fechado com um esquema mais ou menos autossuficiente de cooperação social e que possui uma cultura mais ou menos completa. Assim, o acordo inicial deve ser considerado como hipotético e não-histórico e formulado sobre dois princípios que caracterizam a justiça como equidade, sendo eles: a) toda pessoa tem um direito igual ao mais amplo esquema de liberdades fundamentais que seja compatível com um esquema similar de liberdade para todos; b) as desigualdades sociais e econômicas são aceitáveis desde que sejam: 1) para o maior beneficio dos menos privilegiados; e 2) vinculadas a posições e cargos abertos a todos em condições de igualdade equitativa de oportunidades.
 Não obstante devemos nos lembrar do que já foi salientando anteriormente, as pessoas são consideradas seres morais livres e iguais, o que implica dizer que para Rawl, elas estão cobertas pelo véu de ignorância, que é o mesmo que assumir que elas não conhecem seu lugar na sociedade, sua posição de classe ou seu status social ou sua boa/má sorte para seus talentos e capacidades naturais, tudo dentro de um leque normal de variedade. É também necessário incluir outro principio que foi estabelecido por Rawl, o da poupança justa, pois se tratando de deliberações é mais fácil imaginar que os princípios que formulam o acordo sejam respeitados pelas gerações contemporâneas da mesma maneira que se espera que as passadas o tenham respeitado e que as novas o respeitem, do que imaginar um acordo direto entre todas as gerações. 
 Por fim, Rawl estabelece três fatos que formam um contexto a ser levado em conta para se pensar o contrato social, e em especifico a posição original ,a saber: que pertencer à nossa sociedade é algo já dado, que não sabemos como seriamos se não pertencêssemos a ela, e que a sociedade como um todo não tem fins ou uma ordem de fins da mesma forma que associações e indivíduos os tem. Além disso, Rawl deixa explicito que o caráter fechado do sistema significa uma impossibilidade emigração, seja essa impossibilidade causada por fortes laços culturais ou pelo impossibilidade de se filiar outro sistema. Isto serve para a abstração da posição original, para refletir os contrastes fundamentais que constituem o cenário para a deliberação racional e razoável do contrato social, maisespecificamente de um contrato que pode ser associado com a natureza das constituições democráticas, pautadas na concepção de igualdade entre os cidadãos.

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