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08 UNID TEORIA GERAL DOS CONTRATOS MERCANTIS

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A sabedoria é a arma invencível de um povo 
1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE 
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA E COMERCIAL 
PROFESSOR: ALBERTO SOARES 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS MERCANTIS 
 
CONTRATO 
A palavra contractus significa unir, contrair. Convenção, de conventio, provém de cum venire, vir junto. 
E pacto provém de pacis si, estar de acordo. 
 
Contrato é um acordo pelo qual os contratantes se obrigam a dar, a fazer ou não fazer alguma coisa 
para uma ou várias pessoas. 
 
É um acordo de vontade de duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar 
ou extinguir direitos. 
 
É um acordo de vontade com o qual se constitui, modifica-se ou extingue-se uma natureza patrimonial. 
 
É um acordo e, um acordo pressupõe mais de uma parte. Sendo assim, duas ou mais pessoas 
acordam em constituir, regular ou extinguir uma relação jurídica de índole patrimonial. 
 
Contratos são acordos feitos com base na vontade das partes e na autorização jurídica, capazes de 
criar, regular, modificar ou extinguir relações jurídicas de conteúdo patrimonial. Esta é a definição de 
contrato. 
 
Não basta existir o pacto, o consenso ou a convenção para que o direito reconheça eficácia jurídica do 
contrato. Além dos elementos de existência do acordo, esses elementos devem apresentar certos 
predicados para que se tenha um contrato. 
 
Assim, não basta que estejam presentes as partes, o objeto e o consenso, como exteriorização da 
vontade das partes. É preciso que os sujeitos sejam capazes e legitimados; que o objeto seja lícito, 
possível, determinável e econômico; e que a forma de exteriorização das vontades seja a prescrita ou 
de forma alguma proibida.. 
 
Dizer que as partes sejam capazes significa exigir que elas não se enquadrem nas hipóteses previstas 
nos arts. 3o. e 4o. do Código Civil de 2002. Esta é a capacidade genérica. A capacidade específica, ou 
legitimação (importando-se a expressão do direito processual civil) decorrer da ausência de 
impedimento específico de realizar certo contrato com certa pessoa. Como exemplo, João é maior, 
capaz, mas não pode doar uma casa para sua concubina, se for casado. Embora João tenha 
capacidade genérica para praticar atos da vida civil em geral, ele não pode realizar aquele contrato com 
aquela mulher. 
 
Não se pode esquecer que o contrato é um negócio jurídico bilateral, um acordo de vontade de duas 
partes que faz surgir obrigação ou obrigações. Agora no contrato bilateral, quanto aos efeitos 
(conseqüências = obrigações) a prestação de cada uma das partes tem por razão a prestação do outro. 
Cada um é ao seu tempo credor e devedor da outra parte. Tem-se a reciprocidade. A execução de um 
contrato unilateral é simples: enquanto uma parte é credora a outra é devedora. Já na execução do 
contrato bilateral as obrigações dependem uma das outras, quer quanto a existência, quer quanto à 
execução. 
 
Negócio jurídico 
Cria um vínculo que não existia anteriormente entre as partes, não tendo como objeto a proteção 
legal, mas somente os interesses privados. 
 
Ação + declaração de vontade = efeitos desejados (e admitidos pelo ordenamento). 
 
Formação do contrato 
Na formação do contrato, destaca-se a fase da proposta e da aceitação. A proposta surge com a 
iniciativa tomada por uma das partes (proponente). A aceitação consiste na manifestação da outra 
parte em relação à proposta (aceitante). 
 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
2 
A fase de formação do contrato, propriamente dita, dá-se com a oferta, ou proposta, ou policitação. A 
proposta obriga o policitante ou proponente, embora possa ser objeto de retratação. Se o policitante não 
cumpre a oferta, não havendo retratação válida, pode responder por perdas e danos ao oblato. 
 
Com a aceitação, dá-se a conclusão ou formação do contrato. Formou-se o consenso. Permite-se, 
também, ao oblato, retratar-se da aceitação. Entretanto, deve-se esclarecer que aceitação é adesão 
integral à proposta feita pelo policitante. Se a aceitação ocorrer fora do prazo, ou vier com modificação 
da proposta, não tem o valor de aceitação, mas de nova proposta, invertendo-se os papéis entre 
policitante e oblato. 
 
Nem sempre a formação do contrato se dá instantaneamente. Na fase das tentativas ou negociações 
preliminares, as partes não se obrigam (devendo-se observar a boa-fé). 
 
A minuta é instrumento usado nessa fase, mas não tem efeito jurídico, pois não se formou o consenso. 
As partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade negocial. 
 
O contrato preliminar é forma de se vincular juridicamente, pois ambas as partes se obrigam a formar o 
futuro contrato. É, pois, bem diferente da minuta. O contrato preliminar deve ter todas as informações e 
requisitos necessários essenciais ao contrato futuro. Gera obrigação de fazer o contrato, obrigação de 
declarar vontade. 
 
Descumprimento da proposta 
Em caso de descumprimento, segue-se a regra do direito das obrigações, importando ao policitante 
o pagamento de perdas e danos. 
 
Na esfera específica da relação de consumo, o CDC (art.35), permite ao oblato escolher entre a 
execução forçada da obrigação, outro produto equivalente, ou a restituição da quantia 
eventualmente antecipada, mais perdas e danos. 
 
Da proposta entre ausentes 
Tempo do contrato 
Aperfeiçoa-se o contrato entre presentes quando há a aceitação, no momento em que o 
aceitante manifesta sua concordância com a proposta. 
Quando celebrados entre ausentes, por via de correspondência, e-mails, fax etc., ou 
intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento da outra parte. Várias 
são as teorias desenvolvidas pela doutrina e seguidas nos diferentes países. 
 
Do contrato entre ausentes 
 Teoria da declaração propriamente dita 
O momento da conclusão é o da redação do texto de resposta. 
 
Da expedição 
A conclusão se dá no momento em que a resposta foi enviada, ou expedida pelo oblato. 
 
Da recepção 
Conclui-se no momento em que a resposta é entregue ao destinatário. 
 
Princípios gerais do direito contratual 
São princípios gerais do Direito Contratual: 
 autonomia da vontade; 
 consensualismo; 
 força obrigatória dos contratos; 
 relatividade dos contratos; 
 boa-fé contratual 
 
Princípio da autonomia da vontade 
Consiste na liberdade para externar a vontade, deixando a pessoa livre para dizer se quer ou não 
realizar o negócio jurídico. 
 
A autonomia privada consiste na possibilidade de a pessoa escolher seu regramento. A expressão 
“autonomia privada” significa governar-se por si mesmo. Esse princípio tem como suporte: 
 liberalismo – fundado na livre iniciativa, cabendo ao Estado delimitar o nível de liberdade dos 
indivíduos: quanto menos direito, maior nível de liberdade; 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
3 
 democracia – tem por finalidade corrigir os desvios do liberalismo. Exerce a função 
regulamentadora do Estado que cria limites à autonomia privada. 
 
A autonomia privada apresenta os seguintes fundamentos: 
 garantir o exercício do direito de propriedade; 
 garantir a circulação dos bens e serviços; 
 garantir a celebração ou não dos negócios jurídicos; 
 garantir a liberdade no estabelecimento dos negócios. 
 
Teoria da vontade - voluntarista 
Vontade humana: caráter essencial nos negócios jurídicos, manifestando-se através de sua 
declaração (teoria voluntarista). Está centrada na vontade dos particulares, que possuem o poder 
de criar efeitos jurídicos. 
 
Em síntese, a autonomia da vontade é “a faculdade que têm as pessoas de concluir livremente os 
seus contratos 
 
Princípio do consensualismo 
O contrato nasce do puroconsensualismo dos interessados. Basta, pois, à perfeição do contrato o 
acordo de vontades. E o formalismo advém da necessidade de segurança, que delimita a aplicação 
ampla do consensualismo. 
 
Princípio da força obrigatória 
É o pacta sunt servanda que se revela na afirmação de que o contrato faz lei entre as partes 
envolvidas. Sendo assim, os contratantes se obrigam ao estipulado por eles, no total desenvolvimento 
do subjetivismo: as pessoas são livres para contratar e, uma vez demonstrada sua vontade, ficam 
atreladas à força do vínculo. 
 
Contrapondo-se a esse princípio, tem-se a teoria da imprevisão (rebus sic stantibus). Por essa teoria, 
ao princípio do pacta sunt servanda, princípio geral da imutabilidade das disposições contratuais, tem-
se que: 
 podem sobrevir acontecimentos extraordinários e imprevisíveis que tornem excessivamente onerosa 
a prestação de uma das partes; 
 as circunstâncias gerais econômicas sofrem modificação radical ou, pelo menos, profunda, 
acarretando o agravamento de onerosidade do contrato; 
 a doutrina da imprevisão permite a rescisão ou revisão contratual. 
 
Princípio da relatividade dos contratos 
São características desse princípio: 
 ligado ao efeito do negócio jurídico; 
 a força dos contratos não deve atingir terceiros não interessados; 
 não se pode impor obrigações aos estranhos à relação, mas vantagens, sim. 
 
Princípio da boa-fé 
Subentendidas na relação contratual, ambas as partes devem agir com lealdade e confiança recíprocas, 
ou seja, boa-fé. Na relação entre credor e devedor é necessária a colaboração recíproca, tendo em 
vista que ambos possuem o mesmo objetivo, que é fazer valer o estipulado (objeto do contrato). 
 
Características do contrato 
Pcta sunt servanda 
Obrigatoriedade das convenções 
Essa característica diz respeito à intangibilidade ou à imutabilidade das condições contratuais. 
O contrato faz lei entre as partes. Uma vez constituído o contrato, uma parte encontra-se no dever de 
cumprir as obrigações assumidas e adquire o direito de reclamar o adimplemento do que foi prometido 
pela outra parte. 
 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
4 
Em outras palavras, a ninguém é permitido alterar unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o 
juiz intervir nesse conteúdo. Essa é a regra geral. Exceções: função social do contrato; boa-fé objetiva; 
caso fortuito e força maior. 
 
Esse princípio tem por finalidade preservar a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e a 
segurança jurídica de que os instrumentos previstos no ordenamento jurídico são confiáveis. 
 
É o princípio da força obrigatória (pacta...) é uma regra, cuja exceção tem merecido cada vez mais a 
atenção do jurista pátrio. Versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse, 
tangenciando a imutabilidade. 
 
Em síntese, pode-se dizer que pacta sunt servanda é o princípio segundo o qual o contrato obriga as 
partes nos limites da lei. 
 
Exceptio non adimpleti contractus 
A exceção de contratos não cumpridos. 
Nos contratos bilaterais, a parte inadimplente não pode reclamar da outra o adimplemento contratual 
antes de cumprida sua obrigação. Se um dos contratantes não cumprir o adimplemento contratual, o 
outro tem o direito de opor-lhe em defesa. 
 
Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o 
implemento da obrigação do outro. 
 
Rebus sic stantibus 
"Estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas estão assim". 
Representa a teoria da imprevisão e constitui uma exceção à regra do Princípio da Força Obrigatória. 
Trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as 
circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da 
obrigação contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um 
ajuste no contrato 
 
Se as obrigações contratuais incumbirem apenas uma das partes, poderá ser pleiteada a redução da 
prestação ou o modo de execução, com o fito de prevenir onerosidade excessiva. 
 
Esse princípio tem por finalidade proteger o bem comum, o equilíbrio contratual, a igualdade entre as 
partes e a certeza de que o interesse particular não predominará sobre o social. 
 
É o princípio da teoria da imprevisão (rebus...) constitui uma exceção, da qual a regra está a merecer 
mais observação do legislador. Contempla a possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da 
obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas 
no momento da execução, imprevisível e inimputavelmente, de modo a prejudicar uma parte em 
benefício da outra. 
 
Pode-se dizer que o termo "teoria da imprevisão" é relativo à condição de que, havendo mudança, a 
execução da obrigação contratual não seja exigível nas mesmas condições pactuadas antes da 
mudança, o que leva a uma ideia de exigibilidade diversa. A execução da obrigação continua exigível, 
mas não nas mesmas condições; há necessidade de um ajuste no contrato. 
 
A cláusula da imprevisão (rebus sic stantibus) é a instrumentalização desse ajuste. É a estipulação 
contratual ou a aplicação de um princípio de que, presente a situação imprevista, o contrato deve ser 
ajustado à nova realidade. Disto se tem a revisão do contrato. 
 
Contratos e obrigações 
Muitas vezes a palavra “contrato” é utilizada tanto para o vínculo como para o documento 
comprobatório. Para evitar confusão, durante este estudo, vamos chamar de contrato a relação entre as 
pessoas e de instrumento o documento comprobatório. Nesse contexto, o contrato é uma das 
modalidades de obrigação, ou seja, uma espécie de vínculo entre as pessoas, em virtude do qual são 
exigíveis prestações. 
 
Quando a existência e a extensão de uma obrigação estão todas na lei, trata-se de obrigação legal 
(obrigações tributárias, previdenciárias etc). Quando estiver disciplinada parte pela lei e parte pelas 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
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cláusulas criadas pelos contratantes, trata-se de obrigação voluntária. Se não estiver, em nenhum 
aspecto, amparada pela lei, terá apenas caráter moral, não possuindo amparo jurídico (dívida de jogo). 
 
Classificação dos contratos 
Os contratos podem ser classificados, levando-se em conta as seguintes considerações: 
I) contratos quanto à obrigação assumida pelos contratantes: 
 unilaterais e bilaterais; 
 
II) contratos quanto ao patrimônio: 
 gratuito; 
 oneroso, comutativo, aleatório, paritário e de adesão; 
 
III) contratos quanto à forma: 
 formais ou solenes e informais ou não solenes; 
 consensuais e reais; 
 
IV) contratos reciprocamente considerados: 
 principais e acessórios; 
 
V) contratos quanto à denominação: 
 nominados ou típicos e inominados ou atípicos; 
 
VI) contratos quanto ao fim: 
 preliminar e definitivo; 
 
VII) contratos quanto às pessoas envolvidas: 
 pessoal e impessoal; 
 
VIII) contratos quanto ao momento de execução: 
 de execução instantânea; 
 de execução diferida; 
 de execução continuada ou trato sucessivo. 
 
Entretanto, os tipos de contrato vão muito mais além da classificação acima. 
 
Contrato bilateral 
É o contrato que gera obrigações para ambas as partes. São contratos em que se vislumbra obrigação 
assumida por todos os contratantes, num autêntico vínculo de reciprocidade. 
Exemplos: 
 no contrato de compra e venda mercantil, o comprador tem a obrigação de pagar o preço da coisa 
comprada, e o vendedor tem a obrigação de entregar a coisa; 
 no contrato estimatório (contrato em que o consignante entrega bens ao consignatário, que fica 
autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, restituir-lhe a coisa 
consignada), o consignantetem a obrigação de deixar a coisa à disponibilidade do consignatário 
durante o prazo estabelecido; e o consignatário tem a obrigação de pagar o preço da coisa ao 
consignante, se a restituição da coisa em sua integridade, tornar-se impossível; 
 no contrato de locação, o locador é obrigado a entregar a coisa alugada ao locatário, bem como 
garantir ao locatário o uso pacífico da coisa durante o tempo de vigência do contrato; o locatário, por 
sua vez, obriga-se a servir-se da coisa alugada, conforme sua natureza e circunstâncias, bem como 
tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; obriga-se a pagar pontualmente o aluguel nos 
prazos ajustados e a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que recebeu, saldo 
deteriorações naturais. 
 
Contratos bilaterais com prestações recíprocas 
São contratos: 
 que atribuem obrigações para todas as partes intervenientes; 
 em que nenhum contratante tem o direito de exigir o cumprimento do pactuado antes de cumprir a 
sua parte; assim se um deles antes de prestar o que deve, reclama a prestação do outro, este 
poderá ficar inerte e defender-se pela chamada exceptio non adimpleti contractus. 
 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
6 
Contratos com prestações não simultâneas 
Aqui um deles vai realizar primeiro a prestação. Há uma ordem imposta pelos contratantes para a 
realização das obrigações contratuais. 
 
Ex: Caso em que o contrato foi concluído, mas sobreveio a diminuição do patrimônio de uma das 
partes, capaz de tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou. A parte que tinha que prestar 
primeiro pode se recusar a fornecer a prestação até que obtenha da outra parte garantia de seu 
cumprimento ou receba antecipadamente a prestação de que é credora. 
 
Contratos bilaterais simples 
Nesses contratos verificam-se: 
 duas declarações de vontade; 
 obrigação para ambas as partes, mas contém carga obrigacional concentrada em uma das partes. 
 
Contrato unilateral 
É o contrato que gera obrigações para apenas uma das partes. Não há reciprocidade de prestações, 
como ocorre nos contratos bilaterais, nos quais, existem obrigações para ambas as partes. 
Há normas que não se aplicam aos contratos unilaterais, como a exceção do contrato não cumprido. O 
direito de exigir garantia do cumprimento do contrato, também só cabe aos bilaterais. Da mesma forma, a 
teoria da imprevisão ou onerosidade excessiva e a lesão. A cláusula resolutiva tácita, imanente aos 
contratos, só pode ser invocada nos contratos bilaterais. 
Exemplos: 
 numa operação de depósito, a parte que deposita ou dá a coisa, o depositante, só adquire direito, 
enquanto a parte que recebe a coisa, o depositário, assume obrigação pela guarda e restituição; 
 numa doação simples, o donatário assume a obrigação pelo cumprimento dos encargos de doação 
da coisa; 
 numa operação de comodato, o comodatário assume a obrigação pela conservação e devolução da 
coisa emprestada; 
 numa operação de mandato, o mandatário assume a obrigação pela execução do mandato. 
 
Contrato oneroso 
É o contrato que gera vantagem para ambos os contratantes. 
São os contratos que acarretam diminuição patrimonial para ambas as partes. O contrato oneroso é 
aquele em que as partes sofrem um sacrifício patrimonial, que corresponde à vantagem que 
realmente desejavam. Por exemplo, o contrato de locação, onde o locador oferece sua casa e em 
troca recebe o aluguel, já o locatário paga o valor do aluguel, mas em troca pode usar a coisa. O 
contrato oneroso tem obrigação para as duas partes. 
Exemplo: contrato de compra e venda mercantil. 
 
Contrato Gratuito 
Nesse tipo de contrato, enquanto uma das partes sofre o sacrifício, a outra tem o benefício. Toda a 
carga contratual fica por conta de um dos contratantes. 
Exemplo: na doação pura, sem encargo (art. 538 do Código Civil de 2002), existe obrigação apenas 
para uma das partes. 
 
Esses contratos materializam uma liberalidade em favor de um dos contratantes. Entretanto, nem 
sempre os contratos unilaterais são gratuitos, pois, o fato de, por exemplo, no mútuo, haver estipulação 
de juros compensatórios (mútuo feneratício, art. 591), não lhe retira o caráter de unilateral. 
 
Contrato comutativo 
Nesse tipo de contrato, as prestações ou obrigações devem ser equivalentes para os dois lados, 
devendo haver equilíbrio entre elas. 
 
Os comutativos são aqueles onde as prestações são certas e determinadas. As partes podem antever 
as vantagens e os sacrifícios que geralmente se equivalem. Não há risco. Cada contraente além de 
receber do outro a prestação relativamente equivalente a sua, pode verificar de imediato essa 
equivalência. A extensão das prestações de ambas as partes, conhecida desde o momento da 
formação do contrato, é certa, determinada e definitiva. Em regra essas prestações não vão variar 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
7 
durante o cumprimento do contrato. O ônus e o proveito das partes podem ser avaliados no ato de 
celebração do ajuste. 
 
Desde o nascimento do contrato há equivalência entre a obrigação e a vantagem. Quando o 
comprador assume a obrigação de pagar o preço este corresponde à vantagem da coisa que está 
recebendo. 
 
Comutativos são, portanto, os contratos em que as partes se obrigam a realizar prestações e 
contraprestações definidas e razoavelmente equivalentes. 
Exemplo: o contrato de compra e venda mercantil. 
 
Contrato aleatório 
É aquele em que uma parte pode ter ou não ter obrigação. Vai depender da materialização do evento 
estipulado no contrato, por exemplo, em uma operação de seguros contratados, o contratante (cliente) 
tem a obrigação de pagar o prêmio, enquanto a seguradora só tem obrigação, se ocorrer um sinistro. 
 
Assim, as obrigações das partes podem se tornar desproporcionais, dependendo da álea, da sorte, do risco 
contratado. Assim, uma parte pode ter ou não obrigação. Esse risco pode ser um risco absoluto ou um risco 
parcial. Assim, uma parte pode ou não ter obrigação, dependendo, portanto de eventos futuros. 
 
Aleatórios são igualmente onerosos, mas os contratantes não sabem de antemão as vantagens e 
desvantagens do negócio que está sendo entabulado (art.458 do CC). 
 
Nos aleatórios (art. 458/461 do CC) há incerteza sobre as vantagens e sacrifícios. 
A perda e o lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. A prestação depende de um evento 
casual, não dá para se ter uma estimativa prévia. A prestação de uma ou de ambas depende de um 
risco futuro e incerto. Não se sabe o montante. Os contratantes manifestam sua vontade, forma-se o 
contrato, a prestação é futura e incerta. Os efeitos desse contrato aguardam esse momento futuro, 
sendo, portanto, o risco o seu traço característico. 
Exemplo: numa operação de seguro, o segurado tem a obrigação de pagar o prêmio, enquanto a 
seguradora só tem obrigação se ocorrer o sinistro. 
 
Contrato real 
Perfaz-se com a tradição de seu objeto, como no depósito e no mútuo, não bastando o consenso. É 
aquele que só produz obrigação depois que a coisa é entregue. 
Exemplo: alguém vai depositar $ 1.000 em sua conta corrente espontaneamente; se ainda não 
depositou, então não há que se falar em geração de obrigação. 
 
Contrato formal 
Esse contrato também chamado de solene é aquele que deve seguir a forma prevista em lei, sob pena 
de nulidade. Esse contrato tem forma própria, só podendo, portanto, existir, por escrito. É aquele que 
tem forma própria, só podendo existir por escrito. 
 
São aqueles que devem obedecer a uma forma prescrita em lei para terem eficácia. 
Ex.: compra e venda de bens imóveis. 
 
Contrato consensual 
Perfaz-se com o simples consenso ou acordo de vontades. Significa dizer que ele surte efeito somente 
com o acordo de vontade. É a regra. 
Exemplo: numa feira, alguém pergunta: quemquer comprar um relógio? Outro alguém responde: eu. 
 
Contrato impessoal 
Quando o contrato permite que a obrigação seja executada por outra pessoa diferente da contratada. É 
um contrato fungível, ou seja, pode ser transferido ou executado por pessoa diferente do obrigado. 
Exemplo: contrato um serviço de pintura com alguém, entretanto, o serviço vai ser realizado por outra 
pessoa. 
 
Contrato pessoal 
É aquele que tem como objeto obrigação infungível, não sendo válido o "pagamento" feito por pessoa 
diversa da obrigada. 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
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Exemplo: se contrato Gal Costa, não vou querer, então, aceitar Fafá de Belém. 
 
Contrato paritário 
É o idealizado na teoria geral dos contratos civis, pressupondo a igualdade formal das partes. Nos 
contratos paritários, as partes podem estipular regras próprias de interpretação, pois as previstas na 
teoria geral dos contratos são de natureza supletiva, podendo ser afastadas por convenção. 
 
Paritários são os contratos em que ambas as partes se encontram em pé de igualdade, pelo 
menos técnica, para que o resultado contratual seja fruto da vontade de ambos os contratantes. 
Nesses contratos, pode-se encontrar a fase da pontuação, onde as partes discutem as cláusulas 
contratuais. 
 
Contrato por adesão 
É aquele cujo conteúdo é preestabelecido rigidamente por uma das partes, com cláusulas 
padronizadas, fruto do processo de "standardização" dos contratos. 
 
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou 
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que se possa discutir ou 
modificar substancialmente seu conteúdo. 
 
Contrato informal – também chamado de não solene é aquele que não tem forma própria. 
Exemplo: a compra de um refrigerante. 
 
Contrato principal – é aquele que gera uma obrigação principal. É o contrato em si. 
Exemplo: contrato de locação de um imóvel gera a obrigação de o inquilino pagar o aluguel. 
 
Contrato acessório – é aquele que garante uma obrigação já existente (principal). 
Exemplo: o contrato de fiança. O fiador garante o afiançado, ou seja, se o devedor principal não cumprir 
a obrigação. 
 
Contrato típico ou nominado – é aquele que é previsto em lei, que tem “nome juris” Por exemplo, o 
contrato de trabalho. 
 
Típicos são os contratos padronizados no ordenamento jurídico, dada sua grande freqüência e 
utilização, merecendo tratamento especial. 
 
Contrato atípico ou inominado – é aquele que não se baseia em forma prevista. É um contrato 
criado pelas partes, sem que sua estrutura básica esteja prevista em lei. A doutrina se refere também a 
atípicos mistos e atípicos propriamente ditos. 
 
Seguem totalmente desvinculados do padrão legal, não estando associado aos tipos de negócios 
estabelecidos pelo legislador. 
Ex.: contrato de shows artísticos etc. 
 
Outros tipos de contratos 
Os contratos quanto à execução podem ser classificados em contrato de execução diferida, continuada 
ou instantânea. 
 
Contrato de execução instantânea é o contrato que deve ser cumprido à vista, no mesmo momento da 
formação. 
 
Designam-se os contratos cujas prestações podem ser realizadas em um só instante. Cumprida a 
obrigação extingue-se o contrato. Em suma, a execução em um só momento. 
 
Exemplo: venda à vista, onde o comprador, contra a entrega da coisa, faz o pagamento do preço 
em um só ato. 
 
Contrato de execução diferida é aquele cujo adimplemento se situa no futuro, num único momento. 
Aplica-se a esse contrato a teoria da imprevisão. 
 
Contrato de execução continuada é aquele que deve ser cumprido sucessivamente, em várias 
prestações, também chamados de contratos de trato sucessivo. Aplica-se a esse contrato a teoria da 
imprevisão. São características desse contrato: 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
9 
 a obrigação persiste com soluções periódicas; 
 a obrigação cessa com o implemento de uma condição ou pelo tempo, decurso do prazo; 
 o pagamento não extingue o contrato, por exemplo, o contrato de locação, prestação de serviço, 
comodato, seguro, compra e venda a prazo etc. 
 
Contrato com pessoa a declarar 
Trata-se de uma inovação do Código Civil de 2002. Segundo o art. 467, ”no momento da conclusão do 
contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos 
e assumir as obrigações dele decorrentes.” Esse contrato contém a cláusula pro amico eligendo. 
 
Essa indicação deve ser comunicada a outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se 
outro não tiver sido estipulado. 
A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes 
usaram para o contrato. 
 
A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as 
obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. 
 
O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I. se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
II. se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. 
 
Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus 
efeitos entre os contratantes originários. 
 
Da estipulação em favor de terceiros 
Os contratos com pessoa a declarar podem conter a cláusula da estipulação em favor de terceiros com 
as seguintes características: 
 estipulação de uma vantagem ou benefício em favor de uma terceira pessoa estranha à relação 
negocial; 
 exceção ao princípio da relatividade dos contratos; 
 três personagens: o estipulante, o promitente e o beneficiário; 
 somente mediante aceitação do beneficiário; 
 após a anuência do beneficiário, este pode exigir o cumprimento; 
 a estipulação é gratuita. 
 
Estipulação em favor de terceiro x contrato com pessoa a declarar 
Se houver essa condição no contrato, tem-se que: 
 o terceiro, beneficiário jamais fará parte da relação negocial, na estipulação; 
 no contrato com pessoa a declarar, se o nomeado quiser aderir, assumirá todas as obrigações e 
direitos decorrentes do contrato, exonerando o nomeante; 
 nada impede que a estipulação seja com encargo; 
 na estipulação não importa a capacidade do beneficiário, já no contrato, sim. 
 
Promessa de fato de terceiro 
Verifica-se a promessa de fato de terceiro quando a obrigação de fazer em que uma das partes promete 
o cumprimento por uma terceira pessoa. 
 
Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Sendo assim, aquele que promete fica como “garante” da prestação prometida. 
 
Em caso de descumprimento em favor de terceiros, responde quem prometeu, por perdas e danos 
causados. 
 
Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for cônjuge do promitente, dependendo de sua anuência 
o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a 
recair sobre os seus bens. 
 
Nenhuma obrigação haverá para quem se compromete por outrem, se este, depois de se ter obrigado, 
faltar à prestação. 
 
Quem promete não pode ser mandatário daquele que irá cumprir, pois assim, será apenas um 
representante. 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
10 
 
Diferenças básicas entre pessoa a declarar e estipulação de terceiros 
Estipulação em favor de terceiro x contrato de pessoa a declarar 
 o terceiro, beneficiário, jamais fará parte da relação negocial, na estipulação; 
 no contrato com pessoa a declarar, se o nomeado quiser aderir, assumirá todas as 
obrigações e direitos decorrentes do contrato, exonerando o nomeante; 
 nada impede que a estipulação seja com encargo; na estipulação não importa a capacidade do beneficiário, já no contrato, sim. 
 
Elementos de validade dos contratos 
a) Capacidade (art. 3º a 5º, 104 , 166, 167, 171 CC/2002). 
b) Possível (física, material e juridicamente), assim, não se pode contratar uma pessoa muda para 
cantar ou contratar uma importação proibida por lei. 
c) Objeto lícito, não pode contrair a lei e os bons costumes. 
d) Suscetível de valor econômico (contrato sobre a prestação de um grão de café); 
e) Determinado ou determinável. Às vezes o objeto não é determinado no momento do contrato, 
deixando tal tarefa para ser feita no futuro, p.ex., indivíduo que compra peixe antes do pescador 
jogar a rede (contrato aleatório), supondo que as partes acordaram em R$20,00. Se ao jogar a rede 
o pescador: - pescar vários peixes, pescar um peixe, não pescar nenhum peixe, o valor a ser pago 
será o mesmo (acordado inicialmente). 
 
Condição resolutiva 
Condição resolutiva é aquela que acarreta a extinção do contrato quando se verificar determinado fato 
ou evento. É um tipo de condição que permite que o negócio subordinado a ela produza normalmente 
todos os seus efeitos, até que o fato previsto por ela se realize. Graficamente, tem-se a seguinte 
representação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos 
1) Um pai diz para o filho: “se você ingressar no mundo das drogas, cortarei sua mesada”. 
 
2) Os pais dizem para um filho adolescente: “enquanto você for menor, seremos responsáveis pelos 
seus atos”. 
 
3) Um amigo diz para o outro: “dar-lhe-ei uma ajuda de custo enquanto você não arranjar um 
emprego”. 
 
Condição resolutiva tácita 
 existe em todos os contratos bilaterais; 
 dispõe acerca do não cumprimento do contrato por qualquer das partes, possibilitando a rescisão 
por parte do contratante pontual; 
 não se cumprindo esta, cabe a rescisão com o pagamento de indenização se houver culpa do 
inadimplente; 
 segundo o art. 474 do Código Civil de 2002, a condição resolutiva expressa opera de pleno 
direito, automaticamente. Já a tácita depende de interpelação judicial feita ao inadimplente. 
 
Condição suspensiva 
É aquela que suspende os efeitos de um ato jurídico enquanto determinado fato não ocorrer. 
 
 
 
 Produção de efeitos 
 Suspensão dos efeitos 
 
Ocorrência do 
fato previsto 
Hoje 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
11 
Essa condição suspende os efeitos do ato jurídico enquanto este não se verificar. 
 
Por essa condição ficam suspensos os efeitos de um negócio jurídico até que se produza o fato previsto 
por ela. 
 
Graficamente, tem-se a seguinte representação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos 
1) “Não lhe darei um tostão enquanto não largar o vício da bebida.” 
2) “Enquanto não for aprovado no vestibular, não ganhará um carro novo.” 
3) “Não posso sacar minha conta corrente enquanto o cheque não for compensado.” 
4) “Se você ingressar na faculdade, ganhará uma bolsa de estudos.” 
 
A condição resolutiva é o contrário da condição suspensiva, uma vez que esta, ao se observar o fato 
condicionante, permite que o ato possa produzir seus efeitos normais, enquanto aquela, quando se 
observa o fato previsto por ela, cessa todos os efeitos do negócio, produzidos desde o início do ato 
jurídico. 
 
Vícios redibitórios 
(Arts. 441 a 446 do CC/02) 
Aplica-se, inclusive a disposição acima, às doações onerosas. 
Vícios redibitórios ou vícios ocultos são defeitos ocultos, ou seja, a coisa que se comprou apresenta um 
defeito que no ato da compra não foi possível perceber. São defeitos, falhas ou faltas existentes na 
coisa que a tornam imprópria para o uso a que é destinada. 
 
Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no 
preço. 
 
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o 
não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
 
A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer 
por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
 
O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a 
coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo 
conta-se da alienação, reduzido à metade. 
 
Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento 
em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e 
de um ano, para os imóveis. 
 
Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em 
lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se 
não houver regras disciplinando a matéria. 
 
Não correrão os prazos acima estipulado, na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve 
denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de 
decadência. 
 
Arras ou sinal 
(Arts. 417 a 420 do CC/02) 
 
 
 Suspensão de efeitos 
 produção dos efeitos 
 
Ocorrência do 
fato previsto 
Hoje 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
12 
Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der a outra, a título de arras, dinheiro ou outro 
bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação 
devida, se do mesmo gênero da principal. 
 
Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a 
inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir 
sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, juros e honorários de advogado. 
 
A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como 
taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, 
valendo as arras como o mínimo da indenização. 
 
Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal 
terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra 
parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a 
indenização suplementar. 
 
Em síntese, as arras são: 
 dinheiro ou bens como parte da obrigação; 
 em caso de execução cabe a restituição; 
 o inadimplemento dá o direito a outra parte de reter as arras; 
 se o inadimplemento for de quem as recebeu, caberá a devolução atualizada, juros e honorários 
advocatícios. 
 
Evicção 
(Art. 447 a 557 do CC/02) 
Chama-se evicção, a perda da coisa, por força da sentença judicial, que a atribui a outrem, por direito 
anterior ao contrato aquisitivo. 
 
Evicção é a perda total ou parcial de uma coisa em virtude de sentença que atribui a outrem por direito 
anterior ao contrato de onde nascera a pretensão do evicto, ou seja, quando alguém lhe transfere a 
propriedade de qualquer coisa e, depois, uma outra pessoa consegue provar que a coisa não era de 
quem transferiu o domínio. Assim, a pessoa prejudicada pode pedir reparação provocada por dano 
emergente e lucro cessante. 
 Dano emergente – retirada de parte do patrimônio de alguém. 
 Lucro cessante – é o que se deixou de ganhar sobre a parte retirada do patrimônio. 
 
Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a 
aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
 
Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar,diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a 
receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não 
o assumiu. 
 
Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das 
quantias que pagou: 
I) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II) à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da 
evicção; 
III) às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
 
O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e 
proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
 
Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto 
havendo dolo do adquirente. 
 
Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o 
valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. 
 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
13 
As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo 
alienante. 
 
Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas 
será levado em conta na restituição devida. 
 
Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a 
restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá 
somente direito a indenização. 
 
Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante 
imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. 
 
Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o 
adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. 
 
Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 
 
Em síntese, em se tratando de evicção: 
 nos contratos onerosos, o alienante sempre responde pela evicção; 
 cabe a devolução do valor pago, mais os direitos elencados no art. 450 do CC/02. 
 
Interpretação dos contratos 
O Código vigente seguiu a linha histórica de interpretação dos contratos: “nas declarações de 
vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem”. 
 
Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração. 
Objetivo: afastar o extremismo. 
 
Regras e aspectos de interpretação 
São regras de interpretação dos contratos: 
01) atentar-se para a intenção do contraente; 
02) quando a cláusula é suscetível de dois sentidos, deve ater-se àquele que gerar efeitos; 
03) quando possui dois sentidos, deve entender no sentido que mais convém à natureza do 
contrato; 
04) aquilo que em contrato é ambíguo, interpreta-se conforme o uso do país; 
05) o uso é de tamanha autoridade na interpretação dos contratos que se subentendem as 
cláusulas do uso ainda que não se exprimam; 
06) uma cláusula deve interpretar-se pelas outras do mesmo instrumento, ou elas precedem, ou 
elas sigam àquela; 
07) na dúvida, uma cláusula deve interpretar-se contra aquele que tem estipulado uma coisa em 
descargo daquele que tem contraído a obrigação; 
08) por mais genéricos que sejam os termos do contrato, ela só compreende as coisas sobre as 
quais parece que os contraentes se propuseram tratar; 
09) quando o objeto da convenção é uma universalidade de coisas, compreende todas as coisas 
particulares que compõem aquela universalidade, ainda aquelas de que as partes não tivessem 
conhecimento; 
10) um exemplo de caso concreto pode ter sido mencionado no contrato para esclarecer uma 
cláusula, isso não quer dizer que a restringiu, e sim, aplica-se a todos os casos semelhantes; 
11) cabe ao intérprete averiguar se, quando os contratantes redigiram uma cláusula no plural, 
procuram abranger várias hipóteses no mesmo contrato ou não; genericamente, uma cláusula 
desse nível se aplicará a uma série de cláusulas; a questão é de exame gramatical; 
12) o que está no fim de uma frase ordinariamente se refere a toda a frase, e não àquilo só que a 
precede imediatamente, contanto que esse final da frase concorde em gênero e número com a 
frase toda. 
 
Nulidade do contrato 
A nulidade do contrato consiste em extinguir o contrato, dado que este não vai produzir seus efeitos 
legais, ou seja, é a invalidade absoluta do contrato. Serão nulos os contratos que, ferindo diretamente o 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
14 
interesse público, estão eivados de vícios para os quais não há remédio. Segundo o Código 
Comercial, serão nulos os contratos que: 
 forem celebrados por pessoas inábeis para contratar, ou seja, pessoa absolutamente incapazes tais 
como os louco de todo o gênero; 
 recaírem sobre objetos proibidos pela lei, ou cujo uso ou fim for manifestamente ofensivo à sã moral 
e aos bons costumes; por exemplo, contrato para vender drogas, para vender a lua; 
 não designarem a causa certa de que deriva a obrigação; 
 forem convencidos de fraude, dolo ou simulações. 
 
Conforme já foi dito, quando o contrato for praticado por pessoas absolutamente incapazes tais quais os 
louco de todo o gênero, os surdos-mudos, quando o contrato tiver objeto ilícito, como, por exemplo, 
vender a lua; quando não se revestir de forma prescrita em lei; quando não se revestir de solenidades 
consideradas pela lei, essenciais para sua validade, serão nulos. 
 
Anulabilidade do contrato 
Os contratos são considerados anuláveis, quando eivados de vícios que prejudicam apenas as partes 
contratantes. Serão anuláveis os contratos que: 
 forem praticados por pessoas relativamente incapazes, tais quais os pródigos, os silvícolas, 
menores de 18 anos e maiores de 16 anos; 
 forem eivados de vícios resultantes de erro, dolo, coação, simulação ou fraude. 
Erro: é a noção falsa, que vicia a manifestação da vontade, ou seja, falsa noção que se tem do ato. 
É a ideia falsa a respeito de alguma coisa ou de alguém. Como exemplo, pode-se citar um 
casamento em que o indivíduo é portador de uma doença infecto-contagiosa, para a mulher que, 
com ele se casou, houve um erro. 
Ignorância: é o inteiro desconhecimento daquilo que é tratado, ou seja, o desconhecimento total a 
respeito de alguma coisa ou de alguém. Como exemplo, pode-se citar o caso de dois irmãos 
gêmeos: Maria casou-se com João, pensando que fosse José. 
Dolo: é o artifício astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudique 
em proveito do autor ou em proveito de terceiro. Pode-se dizer que ocorre dolo quando se induz 
alguém à prática de um ato através da sua atuação, interferindo na inteligência da vítima. O dolo é 
efetuado através de um ardil que vai atuar na inteligência da vítima. O dolo está assim, classificado: 
 dolo bonus: quando qualquer pessoa pode livrar-se. Por exemplo, comprar certos tipos de 
remédio vendidos no meio de rua; 
 dolo malus: quando um indivíduo age ativamente na inteligência do outro. Por exemplo, uma 
enfermeira cuida de um doente e, ele faz-lhe uma doação. 
Simulação: é manifestação da vontade de forma enganosa, de modo a produzir efeitos inteiramente 
diversos daqueles que são desejados. Como exemplo de simulação, pode-se citar um atestado 
médico ilegal 
Coação: quando alguém age na vontade de outro através do medo ou da violência (força física). 
Como exemplo, pode-se citar um ladrão que apontando um revólver para um cidadão, diz: “a bolsa 
ou a vida!” Nesse exemplo, tem-se coação atravésda força física. 
Outro exemplo: uma pessoa riquíssima recebe um telefonema: “se não depositar R$ 5.000.000,00 
em local tal, às tantas horas, seu filho desaparecerá da escola.” Tem-se aqui um exemplo de coação 
através do medo. 
Fraude: é artifício que alguém emprega com malícia para enganar terceiros, caracterizada pela má-
fé com que age a parte. 
 
Extinção do contrato 
O contrato se extingue: 
 pelo cumprimento da obrigação; 
 pela falência dos contratantes; 
 pela morte ou incapacidade superveniente, por exemplo, determinada pessoa deu uma procuração 
e, posteriormente, ficou louca ou morreu; 
 pela rescisão contratual: 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
15 
- unilateral; - em que uma das partes quer desfazer o contrato; 
- bilateral (ou distrato) – ambas as partes querem desfazer o contrato. 
 
A forma natural de extinção do contrato é através de sua execução, ou seja, de seu cumprimento. 
Incluam-se aí a consignação em pagamento, o pagamento com sub-rogação, a dação, a compensação 
e outras formas, satisfatórias ou não, de extinção das obrigações. 
 
O cumprimento das obrigações se dá pelo efetivo adimplemento ou por avença liberatória entre as 
partes. 
 
O pagamento é a principal forma de liquidação obrigacional, podendo ocorrer: 
 no vencimento assinalado pelas partes ou por lei; 
 na falta de ajuste do vencimento, imediatamente; 
 na data do implemento da condição; 
 no domicílio do devedor; 
 integralmente (regra geral) ou parcelado (por ajuste entre as partes); 
 feita ao credor ou pessoa autorizada por ele a receber; 
 provada por quitação ou crédito em conta corrente ou crédito na escrituração da empresa. 
 
O vencimento antecipado ocorre nas seguintes hipóteses: 
 falência do devedor; 
 concurso de credores; 
 penhora por outro credor dos bens hipotecados ou penhorados; 
 cessação ou insuficiência de garantias sem reforço pelo devedor. 
 
Os contratos por tempo indeterminado podem se extinguir por denúncia, forma de resilição unilateral. A 
resilição bilateral se dá pelo distrato, que exige acordo de vontade das partes. A resilição unilateral 
também pode ocorrer por resgate, renúncia e revogação. Estes últimos têm exemplo no contrato de 
mandato. 
 
Como já se mencionou, extinguem-se os contratos também por cessação, ou morte de uma das partes, 
se a obrigação for personalíssima ou se o contrato o previr. 
 
Outras causas de extinção são o advento de condição e termo resolutivo, e por não ocorrência de 
condição suspensiva (frustração da condição suspensiva). 
 
Extinguem-se os contratos, ainda, por cláusula resolutiva (tácita ou expressa) e por onerosidade 
excessiva. 
 
A desvinculação contratual pode acontecer por qualquer uma das causas determinativas de extinção 
obrigacional previstas no Direito Civil, a saber: 
 qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios 
conducentes à exoneração do devedor; 
 o terceiro não interessado, se pagar em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste; 
 consignação, ou seja, a extinção da obrigação pelo depósito judicial ou bancário da coisa devida; 
 a sub-rogação que se opera, de pleno direito, para o credor que paga a dívida do devedor comum; 
para o adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que 
efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre o imóvel; e para o terceiro interessado, 
que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte; 
 a imputação de pagamento: o obrigado por uma pluralidade de débitos da mesma natureza a um só 
credor, pode indicar a qual deles paga, se todos forem líquido e vencidos; 
 a dação em pagamento; 
 a novação quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior, 
quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; ou quando, em virtude de 
obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este; 
 a compensação quando duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra; 
 o compromisso judicial ou extrajudicial; 
 a confusão, quando na mesma pessoa se confundem as qualidades de credor e devedor; 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
16 
 a remissão; 
 o rateio de 50%, na falência; 
 o pagamento parcial na recuperação. 
 
Em síntese, a extinção do contato ocorre com o cumprimento da obrigação ou, poderá ocorrer sem o 
cumprimento da obrigação, em decorrência de causas anteriores ou contemporâneas e de causas 
supervenientes. 
 
Sendo assim, têm-se: 
a) com cumprimento: quitação da obrigação, regra geral, através do pagamento; 
b) sem cumprimento da obrigação 
 resilição unilateral e bilateral (distrato); 
 cláusula resolutiva; 
 resolução; 
 exceção de contrato não cumprido; 
 onerosidade excessiva. 
 
Distrato e quitação 
Art.472, CC 
O distrato é o acordo de vontades que tem por finalidade extinguir um contrato anteriormente 
celebrado. O distrato deve obedecer à mesma forma estabelecida pelo contrato a ser desfeito. 
Já a quitação vale qualquer que seja a forma. Não precisa obedecer à forma contratual. 
 
Cláusula resolutiva – Art. 474 do CC/02 
 quando expressa, opera de pleno direito; 
 quando tácita, necessita de interpretação judicial. 
 
A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o 
cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
 
CONTRATOS MERCANTIS 
Na exploração da atividade empresarial, o empresário individual ou a sociedade empresarial fazem 
vários contratos. Inserir capital em uma empresa pressupõe a celebração de contrato bancário. Para 
adquirir insumos, é preciso contratar a aquisição de matéria-prima, eletricidade ou mercadorias para 
revender. É preciso contratar empregados (CLT), prestadores de serviços de serviços autônomos ou 
empresa de fornecimento de mão-de-obra (terceirizada). A aquisição de tecnologia é feita por contratos 
industriais. Às vezes precisa locar um imóvel, fazer leasing de veículos e equipamentos e fazer seguro. 
Também celebra contrato com consumidores ou outros empresários. Normalmente negocia créditos 
com bancos, mediante descontos ou factoring. 
 
Os contratos são mercantis quando os dois contratantes são empresários. Classificam-se entre os 
cíveis ou os sujeitos ao CDC (Código de Defesa do Consumidor), dependendo das condições dos 
contratantes. Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição econômica, o contrato 
é cível; se desiguais (um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro), o 
contrato será regido pelo CDC. 
 
Os contratos possuem elementos peculiares como: a sua formação, as obrigações que originam, as 
vantagens que podem trazer às partes, a realidade da contraprestação, o obedecimento de seus 
requisitos formais, sua execução, sua regulamentação legal, etc. Diante destes elementos há uma 
arraigada classificação como se são consensuais e reais, unilaterais ou bilaterais, gratuitos ou 
onerosos, comutativos ou aleatórios, solenes ou não-solenes, principais e acessórios, típicos ou atípicos 
etc. 
 
Espécies de contratos mercantis 
Há diversas espécies de contratos mercantis, que regulam as mais diversas relações jurídicas 
comerciais praticadas no direito pátrio. Exemplo dessas espécies são os contratos: de alienação 
fiduciária em garantia, o de promessa de compra e venda, os de transporte, o de mandato mercantil, o 
de representação comercial, o de gestão de negócio, o de comissão, o de mútuo mercantil, o de seguro, 
o de fiança mercantil, o de penhor mercantil, o de know-how, o de franchising, os relacionados ao 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo17 
depósito e contratos bancários, além do contrato de compra e venda mercantil. 
 
COMPRA E VENDA MERCANTIL 
Antes de adentrar esse assunto, procura-se definir alguns termos básicos, pertinentes a essa matéria. 
 
Domínio: é o poder de dispor como seu proprietário. Direito real em que o titular de uma coisa coisa 
tem seu uso, gozo e disposição. 
 
Domínio resolúvel ou propriedade resolúvel – é propriedade que tem em seu próprio título 
constitutivo uma condição que a encerrará num momento futuro. Realizada essa condição, resolvida 
estará a propriedade. É a propriedade que no momento de sua constituição tem uma causa de 
encerramento. 
 
Posse: é o exercício de um dos poderes inerentes à propriedade. 
Posse direta: é a daquele que detém materilamente a coisa, tendo sua guarda, uso ou administração 
em razão de contrato. A pessoa tem a coisa em seu poder em virtude do direito pessoal. 
 
Posse indireta: é advinda da cessão do uso do bem pelo seu proprietário. É a posse de quem 
transfere temporariamente a coisa em virtude do direito pessoal. 
 
Propriedade: é o direito que tem a pessoa de tirar diretamente da coisa, toda a sua utilidade jurídica: 
uso, gozo e alienação. 
 
Propriedade resolúvel 
Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também 
resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a 
resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 
 
Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título 
anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício 
houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu 
valor. 
 
Propriedade fiduciária 
Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo 
de garantia, transfere ao credor. 
 
Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou 
particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em 
se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no 
certificado de registro. 
 
Tradição - entrega da coisa pela qual a pessoa adquire o domínio do bem (CC: arts. 1.267 e 1.268). 
 
No contrato de compra e venda mercantil, um dos contraentes, o vendedor, obriga-se a transferir o 
domínio de certa coisa móvel ou semovente, corpórea ou incorpórea enquanto o outro, o comprador, 
compromete-se pelo pagamento do preço em dinheiro. O contrato de compra e venda mercantil trata-se 
de um pacto bilateral, consensual e oneroso, sobre o objeto e o preço, em que, pelo menos o 
comprador é empresário. 
 
Nos termos do art. 481 do Código Civil, “pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se 
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. 
 
As características essenciais desta espécie de contrato mercantil é de que o bem seja móvel ou 
semovente e seja passível de revenda, bem como de que o comprador ou o vendedor seja comerciante. 
Destarte, é possível classificar este contrato em consensual, bilateral, oneroso e comutativo ou aleatório, 
conforme a possibilidade de individualização do bem. Por ser consensual não exige formalismo especial e 
prova-se por todos os meios admitidos pelo direito. 
 
Responsabilidades das partes 
Os principais efeitos da compra e venda são gerar obrigações recíprocas entre as partes – para o 
vendedor, de entregar o bem, e para o comprador, de pagar o preço –, além de acarretar a 
 
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responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção. Os vícios redibitórios são 
verificados quando o bem entregue não corresponde às especificações acordadas entre as partes. Por 
evicção se entende o dever de defender em juízo a venda perante terceiros reivindicantes do objeto do 
contrato. Esse dever inexiste se o comprador tinha ciência da reivindicação e assumira o risco 
correspondente. 
 
Se o comprador não paga o preço acordado entre as partes, responde pelo valor devido, acrescido das 
perdas e danos ou da pena compensatória e demais encargos assumidos. Se o devedor que não 
cumpre o seu dever de entregar a coisa, o comprador terá o direito à indenização por perdas e danos. 
 
As despesas pela escritura ficam a cargo do comprador, e as decorrentes da tradição ficam a cargo do 
vendedor, salvo estipulação em contrato. Assim, deverá o vendedor arcar com as despesas e riscos 
decorrentes do transporte e da entrega do bem. 
 
Obrigações do vendedor 
Vendedor é a pessoa que se obriga a transferir o domínio. 
O vendedor fica obrigado: 
 entregar ao comprador a coisa vendida, no prazo e pelo modo estipulado no contrato, sob pena de 
responder pelas perdas e danos resultantes de sua falta; se o vendedor deixar de entregar a coisa 
vendida no tempo aprazado, o comprador tem a opção de rescindir o contrato ou de demandar seu 
cumprimento com os danos da mora, salvo caso fortuito ou força maior; 
 o vendedor que, depois da venda perfeita, alienar, consumir ou deteriorar a coisa vendida, será 
obrigado a dar ao comprador outra igual em espécie, qualidade e quantidade, ou, na falta desta, a 
pagar-lhe o valor estimado por arbitramento, com base no uso que o comprador dela pertendia 
fazer, ou no lucro que dela poderia obter, abatendo-se o preço, se o comprador ainda não tiver 
pago; 
 em todos os casos em que o comprador tiver o direito de resilir o contrato, o vendedor é obrigado 
não só a restituir o preço, mas também a pagar as despesas que tiver ocasionado, acrescida dos 
juros legais; 
 o vendedor é obrigado a fazer bom ao comprador o bem vendido, ainda que, no contrato, estipule-
se que não fica sujeito à responsabilidade nenhuma, salvo se o comprador, conhecendo o perigo ao 
tempo da compra, declarar expressamente no instrumento do contrato que assume o risco; 
 
Desde que o vendedor põe a coisa vendida à disposição do comprador, são por conta deste todos os 
riscos e as despesas que se fizerem com sua conservação, salvo se ocorrerem por fraude ou 
negligência culpável do vendedor, ou por vício intríseco da coisa vendida. 
 
Correm por conta do vendedor os danos que a coisa vendida sofrer antes de sua entrega: 
 quando não é objeto determinado por marcas ou sinais distintivos que diferenciem entre outras da 
mesma natureza, com as quais possa achar-se confundida; 
 quando, por condição expressa no contrato, ou por uso praticado em comércio, o comprador tem 
direito de a examinar, e declarar se se contenta com a coisa, antes que a venda seja tida por 
perfeita e irrevogável (venda a contento); 
 sendo os bens de natureza daqueles que se devem contar, pesar, medir ou gostar, enquanto não 
forem contados, pesados, medidos ou provados; em tais compras, a tradição real supre a falta de 
contagem, peso, medida ou sabor; 
 se o vendedor deixar de entregar ao comprador a coisa vendida, estando este pronto para a 
receber. 
 
Em síntese, o vededor fica obrigado: 
 emitir a fatura, nota fiscal e duplicata; 
 transferir a propriedade da coisa; 
 responder pelos vícios redibitórios ou ocultos da coisa; 
 garantir ao comprador a propriedade da coisa, respondendo pela evicção. 
 
Fatura é um documento mercantil em que está discriminada a mercadoria. Nota fiscal é um documento 
fiscal e não mercantil. 
 
Obrigações do comprador 
Comprador é aquela pessoa que para fazer jus ao domínio da coisa, assume a obrigação de pagar 
certo preço em dinheiro. 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo 
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O comrpador fica obrigado: 
 a pagar a coisa comprada– se o comprador não pagar, torna-se respon-sável pelo valor assumido, 
mais as perdas e danos e outros encargos do contrato; 
 a receber coisa comprada – deve o comprador receber a coisa comprada no prazo estipulado; se o 
comprador sem justa causa recusar a receber a coisa comprada, ou deixar de receber no tempo 
ajustado, terá o vendedor ação para rescindir o contrato ou demandar o comprador pelo preço com 
os juros legais da mora. 
Se o comprador comprou a coisa no dia 10 e marcou recebê-la até o dia 20 do mesmo mês, então, 
até o dia 20, todas as obrigações correm por conta do vendedor; após essa data, tudo correrá por 
conta e risco do comprador 
 
Elementos da compra e venda mercantil 
São elementos essenciais da compra e venda mercantil: 
 a coisa móvel ou semovente; 
 o preço que será pago pela coisa; 
 o consenso que aperfeiçoa a avença; 
 a condição empresarial dos contraentes. 
 
Diz-se que o contrato de compra e venda mercantil é perfeito e acabado quando o comprador e o 
vendedor acordam-se na coisa, no preço e nas condições. 
 
Certamente, para sua constituição é suficiente o encontro de vontades do comprador e do vendedor. 
Basta que eles se entendam quanto à coisa e ao preço para que o vínculo contratual se aperfeiçoe. 
 
A partir desse momento, nenhuma das partes pode arrepender-se sem o consetimento da outra, ainda 
que a coisa não tenha sido entregue nem pago o preço. 
 
A coisa pode ser um bem de qualquer espécie, imóvel, móvel ou semovente. Poderão ser corpóreos ou 
incorpóreos, não pode ser bem considerado fora do comércio. Pode ser própria ou alheia, sendo 
comum a venda de bens que o vendedor ainda não adquiriu. 
 
De acordo com o art. 485 do Código Civil, a compra e venda será obrigatória e perfeita a partir do 
instante em que as partes acordarem objeto e preço. Sem a fixação do preço, a compra e venda será 
nula. Se a fixação desse valor couber a apenas uma das partes, o contrato também será nulo. Somente 
será possível às partes a estipulação de preço em moeda estrangeira em se tratando de operação de 
importação e exportação. 
 
Coisa 
Coisa é o bem móvel ou semovente cujo domínio o vendedor deseja transferir ao comprador. 
 
A coisa do contrato de compra e venda mercantil deve ser: 
 móvel ou semovente; 
 legalmente alienável; 
 não estar fora do comércio. 
 
A coisa no momento da celebração do contrato de compra e venda mercantil pode ser classificada em: 
 coisa atual – aquela que existe no momento da formalização do contrato; 
 coisa futura – aquela que não existe no momento da formalização do contrato. É aquela que poderá 
existir posteriormente. 
A coisa futura pode ser certa ou incerta. A coisa futura certa, seria, por exemplo, a compra de um 
equipamento. Uma coisa futura incerta seria a compra de lucros futuros, a safra etc.; 
 coisa corpórea – aquela que tem existência material; uma mesa, por exemplo; 
 coisa fungível – aquela que pode ser substituída por outra; uma cadeira, por exemplo, geralmente as 
coisas corpóreas são fungíveis; 
 coisa infungível – aquela que não pode ser substituída por outra; o quadro da Mona Lisa, por 
exemplo; 
 coisa incorpórea – aquela que não tem existência física ou material; as marcas industriais, por 
exemplo; 
 coisa incorporada – aquela para a qual o direito existe dentro dos limites do que está escrito. Por 
 
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exemplo, os títulos de crédito. 
 
Sobre a coisa a ser transferida, tem-se que: 
 não sendo venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa, antes de receber o preço; 
 a tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde se encontrava 
no tempo da venda; 
 se, antes da tradição, o comprador tornar-se insolvente, o vendedor poderá suspender a entrega da 
coisa, até que o comprador ofereça-lhe caução; 
 salvo convenção em contrário, o vendedor responde pelos débitos que gravarem a coisa, até o 
momento da tradição; 
 o vendedor pode reservar para si a propriedade até que o preço seja integralmente pago (venda 
com reserva de domínio). 
 
Preço 
Preço é a contraprestação do comprador para fazer jus à transferência do domínio da coisa. 
 
Requisitos do preço 
O preço deve: 
 ser certo, no caso, determinado; deve ser, no mínimo suscetível de determinação; 
 ser justo ou equivalente ao valor da coisa comprada; 
 ser real ou verdadeiro, isto é, não ser fictício; 
 ser pago em moeda nacional, ainda que se utilize a moeda estrangeira como parâmetro de 
correção; 
 ser fixado à taxa de mercado ou de bolsa, em data e local determinados ou em função de índices; 
 
É nulo o contrato em que a fixação do preço ficar ao alvedrio exclusivo de um dos contraentes ou de 
seu arbítrio. 
 
Entre as demais condições que dão licitude ao contrato de compra e venda mercantil, estão os gastos 
relativos à tradição e os riscos sobre a coisa. Para esse estudo, destaca-se aqui, a abordagem sobre os 
Incoterms. 
 
Incoterms 
International commercial terms (termos internacionais de comércio) 
A Câmara de Comércio Internacional (CCI) criou regras para administrar conflitos oriundos da 
interpretação de contratos internacionais firmados entre exportadores e importadores concernentes à 
transferência de mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à responsabilidade sobre 
perdas e danos. 
 
A CCI instituiu, em 1936, os Incoterms (international commercial terms). Os termos internacionais de 
comércio, inicialmente, foram empregados nos transportes marítimos e terrestres e a partir de 1976, nos 
transportes aéreos. Mais dois termos foram criados em 1980 com o aparecimento do sistema intermodal 
de transporte que utiliza o processo de unitização da carga. 
 
Entende-se por unitização de cargas, o desenvolvimento de modernos sistemas para sua 
movimentação, que consiste em acondicionar volumes uniformes em unidades de carga, visando 
reduzir os custos de viagem e o tempo de permanência dos veículos transportadores nos portos de 
embarque e desembarque, além de conceder maior segurança à carga, eliminando seu manuseio 
direto. 
 
Em 2010, adaptando-se ao intercâmbio informatizado de dados, uma nova versão dos Incoterms foi 
instituída contendo onze termos. Está em vigor desde 01.01.2011 o Incoterms 2010, que leva em 
consideração o recente crescimento das zonas de livre comércio (zonas francas), o aumento de 
comunicações eletrônicas em transações comerciais e mudanças nas práticas relativas ao transporte de 
mercadorias. 
 
Os Incoterms servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, 
os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padrão 
 
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de definições e determinando regras e práticas neutras, como, por exemplo, onde o exportador deve 
entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro. 
 
Enfim, os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de 
caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover 
sua harmonia. 
 
Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às 
tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino 
final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, 
movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc. 
 
Aspectos gerais 
Representados por meio de siglas (3 letras), os termos internacionais de comércio tratam efetivamente 
de condições de venda, pois definem os direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador 
quanto a fretes, seguros,movimentação em terminais, liberações em alfândegas e obtenção de 
documentos de um contrato internacional de venda de mercadorias. Por isso são também 
denominados "cláusulas de preços", pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o 
preço da mercadoria. 
 
Após agregados ao contrato de compra e venda, passam a ter força legal, com seu significado jurídico 
preciso e, efetivamente, determinado. Refletem, assim, a redação sumária do costume internacional 
em matéria de comércio, com a finalidade de simplificar e agilizar a elaboração das cláusulas dos 
contratos de compra e venda. 
 
Um bom domínio sobre os Incoterms é indispensável para que o negociador possa incluir todos os 
seus gastos nas transações em comércio exterior. Qualquer interpretação errônea sobre direitos e 
obrigações do comprador e vendedor pode causar grandes prejuízos comerciais para uma ou ambas 
as partes. Dessa forma, é importante o estudo cuidadoso sobre o termo mais conveniente para cada 
operação comercial, de modo a evitar incompatibilidade com cláusulas pretendidas pelos negociantes. 
 
Âmbito de aplicação dos Incoterms 
A área de atuação dos Incoterms compreende o que expressa os seus objetivos: distribuição de custos 
e riscos entre vendedor e comprador. Nessa seção, serão vistas as relações comerciais acobertadas 
pelas regras Incoterms 2010, bem como o que tais regras não regulam nas vendas internacionais. 
Assim sendo, têm-se, nessa seção, as seguintes situações: 
 inclusão das regras Incoterms® 2010 nos contratos de compra e venda; e 
 o que as regras Incoterms® não regulam. 
 
Inclusão das regras Incoterms® nos contratos de compra e venda 
As regras Incoterms® não fazem, automaticamente, parte de um contrato de compra e venda de 
mercadorias, necessitando que as partes no contrato o manifestem expressamente. 
 
Conhecendo-se, na prática, a dificuldade de estabelecer um conjunto de cláusulas, que abarquem todo 
o conjunto de situações, que envolvam qualquer contrato, muitas vezes com recurso de sistemas 
jurídicos distintos e leis diversas, a remissão para as regras Incoterms® poderá obviar ao 
esclarecimento e clarificação dos conflitos que possam ocorrer, entretanto, não esgotam as eventuais 
dúvidas de interpretação e integração que possam suscitar as cláusulas contratuais. 
 
Se as partes em um contrato pretenderem utilizar as regras Incoterms®, deverão sempre mencionar 
expressamente a versão a que se referem, que por razões lógicas, deverá ser a mais recente, ou seja, 
as regras Incoterms® 2010. 
 
A regra escolhida deverá ser a mais adequada possível, tendo em conta a mercadoria, o meio de 
transporte utilizado, e, sobretudo, a intenção das partes de prever obrigações acrescidas, por exemplo, 
a obrigação de assegurar o transporte ou o seguro ao vendedor ou ao comprador. 
 
A regra Incoterms® selecionada só funcionará se as partes designarem um local ou porto, e funcionará 
melhor se as partes especificarem o local ou porto de forma tão precisa quanto possível. Indicações, 
 
A sabedoria é a arma invencível de um povo! 
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tais como, o local ou o destino poderão ser mais bem especificadas, estabelecendo um lugar preciso 
naquele local ou destino, para evitar dúvidas ou desentendimentos. 
 
Na utilização das regras Incoterms®, qualquer que seja o termo, é importante que seja feita sempre 
referência ao local combinado ou porto, para além da indicação Incoterms® 2010. Não é suficiente, 
pois, por exemplo, apenas a menção FOB, ou CIP mas sempre FOB...seguido do Porto de embarque; 
CIP seguido do local acordado. 
 
Por fim, tem-se que as regras Incoterms® não são apenas regras de transporte, mas, sobretudo, de 
compra e venda internacional. 
 
Itens não regulados pelas regras Incoterms® 
Na prática comercial, as regras Incoterms não estabelecem regras de propriedade da mercadoria. Nada 
têm a ver, pois, com questões relacionadas com a transferência da propriedade da mercadoria, pois não 
foi possível acordar regras uniformes sobre esta questão. 
 
Com efeito, as regras Incoterms® apenas regulam questões relacionadas com a divisão entre 
vendedor e comprador, do risco de perda ou danos sobre a mercadoria, da divisão dos custos, do 
transporte das mercadorias e do seguro, quando for o caso, entre o vendedor e o comprador e do 
desembaraço aduaneiro na exportação e na importação. 
 
Enquanto para os exportadores e importadores, é essencial considerar a relação prática entre os vários 
contratos subsequentes a uma transação comercial internacional – para além do contrato de compra e 
venda, importa considerar o contrato de transporte, de seguro, de financiamento da mercadoria – as 
regras Incoterms® visam a um único desses contratos, o contrato de compra e venda internacional. 
Entretanto, salienta-se que nada obsta a que possam ser utilizadas nos contratos de compra e 
venda puramente nacional, desde que a regra escolhida seja adequada ao modo de transporte. 
 
Classificação dos Incoterms 
Os Incoterms são representados por siglas. As regras estabelecidas internacionalmente são uniformes 
e imparciais e servem de base para negociação no comércio entre países. A classificação abaixo 
obedece a uma ordem crescente nas obrigações do vendedor: 
 
O objetivo básico dos Incoterms seria, então, estabelecer o momento exato em que a responsabilidade 
pelos custos e pelos riscos é transferida do exportador para o importador, não somente no que se refere 
às despesas provenientes das transações, como também no tocante à responsabilidade por perdas e 
danos que as mercadorias transacionadas possam sofrer. 
 
Os Incoterms podem ser agregados em quatro grupos (E, F, C e D), contendo uma ordem crescente de 
encargos do vendedor ou uma ordem decrescente de encargos para o comprador. Para melhor 
compreendê-los parte-se da premissa de que uma venda tem partida ou origem e tem chegada ou 
destino. 
 
Na partida, estão as seguintes entidades: 
 empresa vendedora; 
 alfândega ou aduana, termos de origem árabe, que significa hospedaria ou estalagem e registro ou 
escritório, respectivamente; é uma repartição governamental oficial de controle do movimento de 
entradas e saídas de mercadorias para o exterior ou dele provenientes, responsável, inclusive, pela 
cobrança dos tributos pertinentes; não se deve confundir alfândega ou aduana, responsável pelo 
controle do tráfego de mercadorias, com a polícia de fronteira, responsável pelo controle do tráfego 
de pessoas; 
 terminal de carga – são grandes armazéns gerais que têm por objetivo o escoamento da produção: 
entrada e saída de mercadorias; 
 o cais (porto), aeroporto de embarque etc; 
 navio de embarque, ou avião etc. 
 
Na chegada, estão as mesmas entidades, presentes na partida, numa ordem inverssa: 
 navio de embarque, ou avião etc. 
 o cais (porto), aeroporto de desembarque etc; 
 
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 terminal de carga; 
 alfândega ou aduana; 
 empresa compradora. 
 
O grupo “E” de “Ex” que quer dizer partida. Tem apenas um Incoterm: EXW, refere-se a uma cláusula 
de venda na partida. A mercadoria é entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor. Sendo 
assim, tem-se a mínima obrigação para o vendedor. 
 
O grupo “F” de “Free” que tem o sentido de transporte principal não pago. Tem três Incoterms: FCA, 
FAS e FOB. Mercadoria entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador. Esses 
Incoterms cuidam das condições de venda na partida, com transporte principal não pago. 
 
O grupo “C” de “Cost” ou “Carriage” que tem o sentido de transporte principal pago. O vendedor 
contrata um o transporte, sem assumir riscos por perdas e danos às mercadorias, ou custos adicionais 
decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. Tem quatro Incoterms: CFR, CIF, CPT 
e CIP. Esses Incoterms

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