Princípios do Direito do Trabalho

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IUS RESUMOS 
 
 
 
 
Princípios do Direito do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 Organizado por: Samille Lima Alves 
 
 
IUS RESUMOS 
 
 
 
I. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO .................................................................................... 3 
1. Conceito e funções dos princípios ................................................................................................ 3 
2. Princípios Gerais do Direito do Trabalho ................................................................................... 4 
3. Princípios Específicos do Direito do Trabalho .......................................................................... 5 
3.1 Princípio da Proteção .................................................................................................................. 5 
3.1.1 Princípio in dubio pro operario ....................................................................................... 6 
3.1.2 Princípio da aplicação da norma mais favorável ....................................................... 6 
3.1.3 Princípio da condição mais benéfica ............................................................................. 8 
3.2 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego ........................................................ 8 
3.3 Princípio da Primazia da Realidade ........................................................................................ 8 
3.4 Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva ................................................................. 9 
3.5 Princípio da Intangibilidade Salarial ...................................................................................... 9 
3.6 Princípio da Irredutibilidade Salarial .................................................................................. 10 
4. Referências .......................................................................................................................................... 11 
 
SUMÁRIO 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
[3] 
 
 
Nesse Ius Resumo estudaremos os princípios que regem o Direito do 
trabalho. 
Veremos inicialmente o conceito e as funções dos princípios, a saber, as 
funções informativa, interpretativa e normativa. Estudaremos os princípios gerais que 
se aplicam a este ramo do direito, tais como os princípios da boa-fé e da 
razoabilidade, e, em seguida, os princípios específicos e suas ramificações, a citar: o 
princípio da proteção (e os princípios derivados in dubio pro operário, da aplicação 
da norma mais favorável e da condição mais benéfica), o princípio da continuidade 
da relação de emprego, da primazia da realidade, da inalterabilidade do contrato de 
trabalho, da intangibilidade e da irredutibilidade salarial. 
Espero que sua leitura seja proveitosa. 
Samille Lima Alves 
Equipe Ius Resumos 
--- ♠ --- 
 
I. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
1. Conceito e funções dos princípios 
Sobre os princípios, Ricardo Resende explica que: 
Caracterizando o princípio
Conceito
Os princípios estão ligados aos valores que o Direito visa 
realizar. Servem como fundamento e são responsáveis pela 
gênese de grande parte das regras que, por consequência, 
deverão ter sua interpretação e aplicação condicionadas por 
aqueles princípios, dos quais se originaram
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
 
IUS RESUMOS 
 
Funções
 Função 
informativa 
ou construtiva
São proposições genéricas que servem de fundamento e inspiração para o 
legislador na elaboração da norma positivada, atuando também como forma de 
integração da norma, suprindo as lacunas e omissões da lei, exercendo, ainda, 
importante função, operando como baliza orientadora na interpretação de 
determinado dispositivo pelo operador de Direito
Servem de referencial para o legislador 
quando da criação da norma jurídica
Função 
interpretativa
Auxiliam na interpretação do sentido da 
norma jurídica
Função 
normativa
Aplicam-se na solução de casos concretos, de 
forma direta, através da derrogação de uma 
norma por um princípio, de forma indireta, 
pela integração do sistema jurídico na 
hipótese de lacuna. Se não há norma 
específica aplicável ao caso concreto, procede-
se à integração pela aplicação do princípio
 
2. Princípios Gerais do Direito do Trabalho 
Mauricio Godinho Delgado afirma que existem princípios gerais de extrema 
importância da seara do direito trabalhista, que repercutem tanto do direito material 
quanto no direito processual do trabalho. Vejamos alguns deles: 
Importantes Princípios Gerais aplicados ao Direito do Trabalho
Princípio da 
lealdade e boa-fé
Inserido em diversas normas trabalhistas que tratam 
dos limites impostos à conduta de uma parte em 
confronto com os interesses de outra parte contratual
Ex: art. 482, 483, CLT
Princípio da não 
alegação da própria 
torpeza
· Princípio que adequa-se ao protecionismo singular 
do direito trabalhista;
· Evidenciado que houve benefício para o emprega-
do, o princípio problematiza eventuais questiona-
mentos, pelo mesmo empregado, de outros efeitos 
decorrentes do mesmo ato irregular
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
[5] 
Princípio do efeito 
lícito do exercício 
regular do próprio 
direito
· Incorporado também ao princípio contrário que é o 
princípio da vedação à prática do abuso do direito;
· Inserido em diversas normas trabalhistas que tratam 
dos limites impostos à conduta de uma parte em 
confronto com os interesses de outra parte con-
tratual;
· Ex: art. 482, 483, CLT
Princípio da 
razoabilidade
As condutas humanas devem ser avaliadas segundo um 
critério associativo de verossimilhança, sensatez e 
ponderação
Princípio da 
tipificação legal de 
ilícitos e penas
Trata da inexistência de ilícito e respectiva penalidade 
sem prévia norma legal instituidora. É adotado na 
fixação da justa causa obreira e empresarial (ex: arts. 
482 e 482, CLT) e em algumas penalidades previstas em 
lei (suspensão e dispensa por justa causa, rescisão 
contratual indireta)
 
É importante atentar-se para: A penalidade de advertência não está prevista na CLT, é 
penalidade criada pelo costume trabalhista, que 
demonstra que a aplicação do princípio da tipificação 
legal de ilícitos e penas não é absoluta
Atenção!
 
 
3. Princípios Específicos do Direito do Trabalho 
Veremos abaixo alguns dos mais importantes princípios aplicados 
especificamente ao direito trabalhista. 
3.1 Princípio da Proteção 
Sobre o princípio da proteção é importante destacar: 
 
IUS RESUMOS 
 
Princípio da Proteção
É o princípio da proteção 
de maior amplitude e 
importância no Direito 
do Trabalho
Desmembra-se 
em outros três 
princípios...
Consiste em conferir ao polo mais fraco da relação 
laboral - o empregado - uma superioridade jurídica 
capaz de lhe garantir mecanismos destinados a 
tutelar os direitos mínimos estampados na 
legislação laboral vigente
Princípio da 
aplicação da norma 
mais favorável
Princípio in 
dubio pro 
operario
Princípio da 
condição mais 
benéfica
Este princípio se insere na estrutura do Direito do Trabalho como forma de 
impedir a exploração do capital sobre o trabalho humano, possibilitando a 
melhoria das condições de vida dos trabalhadores e permitindo o bem-estar 
social dos obreiros
 
3.1.1 Princípio in dubio pro operario 
Princípio in dubio pro operario
Induz o intérprete, ao analisar 
um preceito que disponha 
sobre regra trabalhista, a 
optar, dentre duas ou mais 
interpretações possíveis, pela 
mais favorável ao empregado
Não se aplica este princípiono campo 
probatório
Direito Processual impõe ao autor a prova do 
fato constitutivo do direito, e, ao réu, a prova 
do fato modificativo ou impeditivo do direito 
(art. 818, CLT; art. 373, CPC/2015)
 
3.1.2 Princípio da aplicação da norma mais favorável 
Princípio da aplicação da norma mais favorável
Aplica-se a norma mais favorável ao trabalhador, independente de sua posição 
na escala hierárquica (art. 620, CLT)
 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
[7] 
O princípio 
deve ser 
observado...
Na elaboração da regra jurídica, na qual as novas 
disposições legais devem estabelecer regras mais favoráveis 
aos trabalhadores (art. 7°, CF/1988)
Teoria do 
Conglobamento
Havendo vários dispositivos legais numa escala hierárquica, 
aplica-se o que for mais favorável ao trabalhador, 
independente de sua posição na escala
Teoria da 
Acumulacão
Teoria do 
Conglobamento 
Mitigado
Aplica-se a norma mais favorável na interpretação das regras 
jurídicas, quando antepostas ao intérprete duas ou mais 
vertentes interpretativas de determinado dispositivo legal
Aplica-se o instrumento jurídico que, no conjunto de 
normas, fosse mais favorável ao obreiro, sem fracionar os 
institutos jurídicos
Prevê a aplicação dos dois instrumentos jurídicos 
(Convenção e Acordo), extraindo-se de cada norma as 
cláusulas mais favoráveis ao trabalhador, aplicando-as, 
isoladamente ao contrato de trabalho
Defende que a norma mais favorável deve ser buscada por 
meio da comparação das diversas regras sobre cada 
instituto ou matéria, respeitando-se o critério da 
especialização. Aplicado pelo art. 3°, II, Lei nº 7.064/1982
Das teorias quanto à aplicação da norma trabalhista mais benéfica
 
Qual teoria é a mais adequada ao ordenamento brasileiro?
Ricardo Resende explica 
que a jurisprudência 
amplamente majoritária 
acolhe a Teoria do 
Conglobamento
Maurício Godinho Delgado alerta que a 
utilização do critério da acumulação 
desconsidera a noção de Direito como sistema e 
torna a solução do conflito excessivamente 
dependente da formação ideológica do Juiz
Para Ricardo Resende: “se existem duas normas aplicáveis, sendo uma 
autônoma (norma coletiva) e outra heterônoma (lei), haverá que se utilizar o 
critério da acumulação, pois as leis trabalhistas são imperativas, não admitindo 
observância parcial ou derrogações. Desse modo, aplicar-se-á a lei, como 
patamar civilizatório mínimo, e as cláusulas mais benéficas da norma coletiva”
 
IUS RESUMOS 
 
 
3.1.3 Princípio da condição mais benéfica 
Princípio da condição mais benéfica
Determina que as condições mais vantajosas estipuladas no contrato de 
trabalho do obreiro, ou mesmo as constantes no regulamento da empresa, 
prevalecerão, independentemente da edição de norma superveniente dispondo 
sobre a mesma matéria, estabelecendo nível protetivo menor
A nova regra jurídica criada 
somente produzirá efeitos para 
os novos contratos de trabalho a 
serem firmados
É a aplicação da Teoria do Direito Adquirido 
disposta no art. 5º, XXXVI, da CF/1988
Ex: Súmulas 51 e 288 do TST
 
3.2 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego 
Sobre a continuidade da relação de emprego entende-se: 
Princípio da Continuidade da Relação de Emprego
Contratos 
pactuados por 
prazo 
indeterminado
A regra presumida é a de que os contratos sejam pactuados 
por prazo indeterminado, passando o obreiro a integrar a 
estrutura da empresa de forma permanente, somente por 
exceção admitindo-se o contrato por prazo determinado ou 
a termo
Aplicação do 
princípio
· Aviso-prévio para os casos de dispensa imotivada do 
trabalhador (onerando a dispensa injusta); 
· Estabilidade do dirigente sindical (art. 8°, VIII, CF); 
· Garantia no emprego para a gestante e o cipeiro (art. 10, 
ADCT)
 
3.3 Princípio da Primazia da Realidade 
Sobre o princípio em comento é importante saber: 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
[9] 
Princípio da Primazia da Realidade
Estabelece que a 
verdade real 
prevalecerá 
sobre a verdade 
formal
Esse princípio é muito aplicado no âmbito laboral, 
principalmente para impedir procedimentos fraudatórios 
praticados pelo empregador no sentido de tentar 
mascarar o vínculo de emprego existente, ou mesmo 
conferir direitos menores dos que os realmente devidos
 
3.4 Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva 
Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva
Tem origem no Direito Civil, especificamente na cláusula pacta sunt servanda, 
segundo a qual os contratos devem ser cumpridos
Da alteração do 
contrato COM o 
consentimento 
do empregado
O art. 468 da CLT somente permite a alteração das cláusulas 
e condições fixadas no contrato do trabalho em caso de: a) 
mútuo consentimento (concordância do empregado), e 
desde que b) não cause, direta ou indiretamente, prejuízo ao 
mesmo, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa 
garantia
 Da alteração do 
contrato SEM o 
consentimento 
do empregado
A doutrina permite que o empregador promova, no 
exercício da gestão da empresa, pequenas variações no 
contrato de trabalho, de maneira unilateral (jus variandi), 
desde que não causem prejuízos ao empregado, sob pena 
de imediata resistência do obreiro, inclusive com a busca da 
tutela jurisdicional (jus resistenciae)
 
3.5 Princípio da Intangibilidade Salarial 
Princípio da Intangibilidade Salarial
O salário tem caráter alimentar, 
com vistas a prover os alimentos 
do trabalhador e de sua família
Esse princípio inspirou a criação de 
diversos dispositivos normativos, 
objetivando defender, especificamente, o 
salário do obreiro em face...
 
IUS RESUMOS 
 
Das condutas 
abusivas do 
próprio 
empregador
Condutas adotadas por meio de regras jurídicas que 
previnam a retenção, o atraso, a sonegação ou descontos 
indevidos de salário (exemplos: arts. 459, 462, 463, 464 e 
465, todos da CLT)
Dos credores do 
empregado
Protege-se o salário dos credores do empregado 
estipulando-se, por exemplo, o art. 833, IV, do CPC/2015, 
sua impenhorabilidade
Dos credores do 
empregador
Determina o art. 449, caput, da CLT, a manutenção dos 
direitos oriundos da existência do contrato de trabalho em 
caso de falência ou dissolução de empresa
 
3.6 Princípio da Irredutibilidade Salarial 
Princípio da Irredutibilidade Salarial
Derivado do princípio da 
intangibilidade salarial, está 
descrito na CF/1988, no art. 
7°, VI, ao determinar, como 
regra, a impossibilidade de 
redução de salários
A própria Constituição mitigou tal princípio, 
visto que possibilitou, por meio de convenção 
ou acordo coletivo de trabalho, a redução 
temporária de salários, passando o principio da 
irredutibilidade salarial a ser relativo e não mais 
absoluto
 
Até o próximo IUS RESUMO! 
 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
[11] 
--- ♠ --- 
4. Referências 
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 15. ed. rev. e 
ampl. São Paulo: LTr, 2016. 
RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 4.ª ed. rev., atual. e 
ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014.