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UNIP Direito Internacional Privado Arquivo 1

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PROF. DANIEL MARTINS VAZ
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
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Âmbito de incidência 
A eficácia das leis – a sua aplicabilidade – afigura-se limitada no tempo e no espaço
À partida, as leis não se aplicam a fatos anteriores ao início da sua vigência, nem a fatos situados fora da respectiva ordem jurídica, ou seja, exteriores
Importa ter em consideração:
 - a legítima expectativa dos indivíduos quanto à estabilidade das situações jurídicas validamente constituídas e à salvaguarda dos direitos legalmente adquiridos
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Direito Intertemporal - resolve os conflitos de leis no tempo, tomando em consideração a localização no tempo dos fatos ou situações
Direito Interespacial - resolve os conflitos de leis no espaço, tomando em consideração a localização dos fatos ou relações jurídicas no espaço 
O Direito Intertemporal constrói-se sobre o princípio da não-retroatividade, enquanto que o Direito Interespacial assenta no princípio da não-transactividade 
De acordo com o princípio da não-transactividade as leis, em princípio, não se aplicam a fatos ou relações que não tenham com elas qualquer ligação ou conexão
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Conflito de leis no espaço:
surge quando uma relação ou um fato tem ligações ou conexões com vários ordenamentos jurídicos;
localizados em âmbitos territoriais diferentes ou com existência autônoma, no mesmo território;
Referindo-se às ordens jurídicas correspondentes aos diferentes Estados.
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Relações privadas internacionais
Relações privadas internacionais (relações plurilocalizadas) – as que têm os seus elementos estruturais dispersos por mais de um ordenamento jurídico
Ex. o casamento celebrado num país entre pessoas de diferentes nacionalidades
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Postulados
Multiplicidade de ordens jurídicas independentes
Surgimento de conflitos de leis no espaço
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Características das ordens jurídicas independentes
Independência
Relatividade
Exclusividade
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Base conceitual do Direito Internacional Privado
Conceito:
ramo da ciência jurídica que resolve os conflitos de leis no espaço, disciplinando os fatos em conexão no espaço com leis divergentes e autônomas.
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Objeto
Objeto - o conflito de leis no espaço, com conexão internacional
Outros aspectos a considerar:
Regular questões pessoais de interesse nacional;
Regulamentar a cooperação jurídica internacional;
Tutelar o reconhecimento de direitos adquiridos no exterior.
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Denominação
Evolução terminológica: 
“De conflictu legum” (Ulrich Hüber – Séc. XVII);
“Private Internacional Law” (Joseph Story – 1834);
“Internationales Private Recht” (Schäffner - 1841); 
“Traité dês Status ou Droit Internacional Privé” (Foelix – 1843).
Outras denominações propostas:
Limites locais das leis;
Direito Interespacial;
Direito Intersistemático;
Limites do Direito no espaço.
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Função
Função - determinação do regime aplicável às relações plurilocalizadas (por meio de normas de conflitos)
Principais aspectos a considerar:
gênese das relações privadas internacionais;
necessidade de regulamentação das relações privadas internacionais.
Importa ter em conta conflitos interespaciais e conflitos interpessoais
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Direito Internacional Privado: domínios e disciplinas afins
Nacionalidade
Condição jurídica do estrangeiro
Direito Processual Civil Internacional
Direito Internacional Público
Direito Comparado
Direitos Humanos
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Evolução histórica
Antiguidade Oriental
não existiam regras de Direito Internacional Privado, considerando que o estrangeiro era visto como hostil
amiúde, o estrangeiro professava religião distinta e mantinha hábitos culturais diversos 
Ainda assim, impunha-se o surgimento de justiça para estrangeiros, até por questões marcadamente econômicas
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Grécia
o estrangeiro era conhecido como meteco em Atenas e, se domiciliado, não tinha o status de cidadão e pagava uma taxa especial, podendo a partir de então exercer atividades comerciais 
dispunha de uma judicatura especial, que se denominava polemarca, protegendo a sua família e os seus bens
surge o próxeno, cidadão encarregado de orientar o estrangeiro nas suas relações comerciais e zelar pelos seus interesses
por via de tratados entre as cidades, surge um novo instituto “asília”, com o intuito de proteger os seus súditos e resguardá-los de violência
o meteco que chegou a gozar de certos direitos políticos e civis ficou conhecido como isótele
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Roma
inicialmente, o estrangeiro era vendido como escravo e tinha os seus bens sequestrados
numa fase posterior, o estrangeiro evolui para peregrino, já com alguns direitos, consagrados pelo ius gentium
em 242 a.C surgiu o pretor peregrino
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Após a queda do Império Romano do Ocidente
coexistência, no mesmo âmbito político-territorial, de mais de um sistema jurídico
o Direito Romano, por um lado, aplicável aos romanos e, em certa medida, às populações por eles dominadas e os vários direitos germânicos trazidos e conservados pelos novos conquistadores 
surgiu o sistema “da personalidade das leis”
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Feudalismo
assimilação progressiva, dentro de cada espaço político, dos povos oriundos de diferentes origens
sucederam-se casamentos mistos e a uniformização de usos e costumes 
no território de cada senhor vigorava apenas a lei por ele próprio criada, ainda que estivessem em causa pessoas ou relações oriundas ou ligadas a outras ordens ou estruturas jurídicas
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Glosadores e escolas estatutárias
a partir do Século XII ressurge a ideia do Direito na Europa, nomeadamente por intermédio da escola de Bolonha
em Itália, a partir do Século XII, com o advento dos novos Estatutos opera-se significativa transformação
os estatutos eram considerados aplicáveis a todos os habitantes dos respectivos Estados, o que correspondia, em certa medida, ao sistema de aplicação localizada das leis
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no Século XIV, surge Bártolo, que dividiu os estatutos em reais (lei da situação da coisa) e também pessoais (ligados à pessoa)
surge a solução dos conflitos preconizada pelo sistema estatutário italiano, que vem sendo adotada até aos nossos dias
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Traços gerais da solução preconizada pelos estatutários italianos:
Bens imóveis: localização da coisa;
Sucessão: domicílio do falecido;
Contratos e seus efeitos: lugar da celebração (para as obrigações) e da execução (para negligência e mora);
Delitos: lei do lugar do ato.
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Escola estatutária francesa
Dumoulin contestou aquela tradição no que toca ao regime jurídico aplicável aos contratos, por considerar que as partes deveriam gozar de certa autonomia
D`Argentré retomou a teoria estatutária da distinção dos estatutos em reais e pessoais, acentuando, contudo, que em princípio todos os estatutos são reais, no sentido de territoriais (aplicação obrigatória no respectivo território)
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Escolas estatutárias alemã e holandesa
A escola estatutária holandesa adotou o critério absoluto da territorialidade de todos os estatutos (reais e pessoais), aceitando a aplicação de estatutos pessoais, em casos excepcionais, em razão da cortesia internacional (comitas gentium)
A escola alemã introduziu pequenas contribuições, na medida em que clarificou conceitos e teve maior ecletismo
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Personalidades marcantes
Story buscou o critério da boa justiça na aplicação do Direito estrangeiro, para além de procurar aplicar a equidade nos conflitos de leis
Savigny fez a apologia do domicílio como principal elemento de conexão e procurou conferir caráter universal à disciplina, defendendo a “harmonia internacional das decisões”
Mancini propôs a nacionalidade como principal elemento de conexão e enfatizou a importância da ordem pública

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