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CCJ0015-WL-B-PP-Aula-05-Guido Cavalcanti

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Aula 05 
Aquisição e perda da posse 
 
Existem diferenças entre a aquisição da propriedade e a da posse. Quem pretende demonstrar 
a aquisição da propriedade tem de ministrar a prova da origem ou motivo. Já a posse, como já 
visto, é um mero estado de fato. 
Lembrar que nosso código é partidário da teoria de Lhering, portanto, com a exterioridade do 
domínio do corpus, temos início de posse. 
Da Aquisição da Posse 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em 
nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
Portanto, sua aquisição se dá por qualquer modo de aquisição geral, como apreensão, negócio 
a título gratuito, oneroso, etc. A posse de uma coisa se adquire pela obtenção do poder de fato 
sobre a coisa. 
Os modos de aquisição são classificados em originários e derivados. No primeiro, não há 
relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Ex. Esbulho. É derivado quando há 
anuência do anterior possuidor (tradição precedida de negócio jurídico de compra e venda) 
Apreensão consiste na apropriação unilateral de coisa "sem dono'. (quando tiver sido 
abandonada (res derelicta) ou quando não for de ninguém (res nullius) 
Também temos apreensão quando a coisa e retirada de outrem sem a sua permissão. 
Obviamente o possuidor original terá direito de defender sua própria posse: 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por 
sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, 
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
Lembrar que apreensão se dá não só pelo contato físico, mas pelo fato de o possuidor os 
deslocar para sua esfera de influência. 
Modos derivados de aquisição da posse 
Quando decorre de um negócio jurídico. Há um consentimento. Pode nascer da tradição, do 
constituto possessório e da sucessão inter vivos e mortis causa. 
1-Tradição: Ela se manifesta por um ato material de entrega da coisa ou sua transferência de 
mão a mão, passando do antigo ao novo possuidor. Obviamente, certos objetos não podem ser 
entregues fisicamente (pelo seu tamanho ou natureza) Então, temos tradições reais, simbólicas 
e fictas. 
É real quando envolve entrega efetiva. É simbólica quando representada por ato que traduz a 
alienação, como a entrega das chaves do apartamento ou do veículo vendido. 
Já a ficta nasce no caso da traditio brevi manu e do constituto possessório (cláusula constituti). 
Ex o vendedor transfere a outrem o domínio da coisa, mas conserva-a, todavia, em seu poder, 
mas agora na qualidade de locatário. A referida cláusula tem a finalidade de evitar 
complicações decorrentes de duas convenções, com duas entregas. 
No constituto possessório o possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em 
nome alheio. 
Já a traditio brevi manu é exatamente o inverso, pois quando o possuidor de coisa alheia 
(locatário) passa a possuí-la como própria. 
Os dois modos são fictos, já que evitam complicações decorrentes de dois processo (devover 
para pegar novamente) 
 
Sucessão na Posse 
A posse pode ser adquirida por ato inter vivos ou mortis causa. 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com 
os mesmos caracteres. 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; 
e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os 
efeitos legais. 
Observe que a sucessão pode ser a título universal ou singular. A legítima (herdeiro) sempre 
será a título universal. Já a testamentária pode ser a título universal ou a título singular. 
Pelo princípio da saisine, os herdeiros entram na posse da herança no instante do falecimento 
(de forma automática e cogente). O herdeiro recebe a mesma posse que o de cujus desfrutava. 
(se o de cujus tinha posse de má-fé, o herdeiro também terá) 
Só há um meio de evitar isso: o herdeiro renunciar à própria aquisição. Se ele aceita, virá com 
as qualidade a elas inerentes. 
Já o caso do sucessor inter vivos (ex. compra e venda) terá ele opção de unir a posse anterior 
à dele, ou começar uma posse inteiramente nova. (vai fazer diferença na contagem do prazo 
de usucapião). Pode o novo comprador unir sua posse à do antecessor. Se escolher unir, virá 
com os mesmo vícios da anterior. Isso faz muita diferença na contagem do prazo da 
usucapião. 
Existe uma discussão doutrinária se quando o código afirma: sucessor a título singular também 
estaria incluindo o caso do legatário (testamento). Sendo a corrente majoritária no sentido 
positivo (que ele também tem a faculdade de unir ou não a posse anterior) 
Quem pode adquirir a posse 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
* importante: não há necessidade de uma capacidade jurídica plena para adquirir a posse, 
como haveria, p.ex., para realizar um negócio jurídico complexo. Óbvio que há necessidade de 
"vontade humana". Trata-se de uma vontade natural e não aquela revestida dos atributos 
necessários ao nascimento de um negócio jurídico. Um menor tem posse sobre seus objetos 
escolares. 
Também é possível que outrem adquira a posse em nome alheio (p.ex., secretária que recebe 
bens em nome do chefe, que depois ratifica). O mandato nesse caso não é necessário. 
 
Perda da posse 
Da Perda da Posse 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o 
esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, 
tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
Observe que nem sempre o abandono do objeto significa desejo de perda da propriedade. Ex. 
um capitão de navio que joga coisas ao mar para se salvar de um naufrágio, encontrando 
depois os objetos da praia tem direito de recuperar. 
O abandono (derelictio) depende além do não uso, do ânimo de renunciar ao direito 
também há perda da posse pela perda propriamente dita da coisa. É o caso típico do 
passarinho que foge da gaiola. é uma impossibilidade física de exercer poder sobre a coisa. 
Óbvio que se certa coisa está perdida dentro de casa, não houve perda de posse. 
Também há perda de posse pela destruição da coisa, uma vez que perecendo o objeto, 
extingue-se o direito. Isso pode nascer de um acontecimento natural ou de um caso fortuito. 
 
 
SLIDES: 
 
 
https://docs.google.com/file/d/0B2leLJsVdYelS0ZHZnY4SkFPeGc/edit?usp=sharing 
 
 
 Q119741 
Prova: CESGRANRIO - 2010 - Petrobrás - Profissional Júnior - Direito 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse; 
As proposições a seguir apresentam uma caracterização de posse seguida de uma 
explicação que encontra fundamento legal, EXCETO, 
 a) até prova em contrário, a posse mantém suas características iniciais / fato este que 
envolve tanto suas qualidades como sua origem. 
 b) a posse existe como um todo unitário e incindível / é a presença ou ausência de certos 
elementos que vai especificá-la. 
 c) a posse justa não tem vícios desde a origem / se os detentores mantêm a coisa em seu 
poder. 
 d) a violência estigmatiza a posse / sendo violenta, a posse não merece a proteção do 
direito. 
 e) a posse precária representa a frustração da confiança / tal precariedade ocorre em 
momento posterior à apreensão da coisa. 
Resposta: C 
 
 Q177286 
Prova: FGV - 2011 - SEFAZ-RJ - Auditor Fiscalda Receita Estadual - prova 2 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse; 
Nos termos do Código Civil, possuidor é todo aquele que exerce de fato alguns poderes 
inerentes à propriedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta. 
 a) A posse é considerada, ainda que clandestina, desde que não seja violenta nem 
precária. 
 b) Por ser personalíssima, a posse não pode ser transmitida pela sucessão. 
 c) A posse do imóvel não admite, em qualquer hipótese, a posse das coisas móveis que 
nele estiverem. 
 d) A posse pode ser adquirida por terceiro que represente a pessoa que a pretenda. 
 e) O possuidor, ainda que de boa-fé e mesmo que não tenha dado causa, responde pela 
perda ou deterioração da coisa. 
resposta: D 
 
 Q118129 
Prova: MOVENS - 2010 - Prefeitura de Manaus - AM - Analista - Direito 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas; Direito das Coisas - Posse; Direito das Coisas - Propriedade ; 
Em relação à posse e à propriedade, assinale a opção correta. 
 a) Considera-se detentor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. 
 b) Por se tratar de bens distintos, a posse do imóvel não faz presumir a das coisas móveis 
que nele estiverem. 
 c) Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três 
anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 d) O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, exceto se 
acidentais. 
Resposta: C 
 
 Q142769 
Prova: CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas; Direito das Coisas - Posse; Direito das Coisas - Propriedade ; 
Com base na jurisprudência do STJ e na doutrina, assinale a opção correta acerca dos 
institutos da posse e dos direitos reais. 
 a) A confusão não extingue a hipoteca, pois a garantia pode incidir em bem próprio. 
 b) Um particular que ocupar, de boa-fé, lotes localizados em terras públicas terá direito a 
indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, sob pena de retenção. 
 c) O penhor convencional, que só pode decorrer de ato entre vivos, exige que as partes 
acordem sobre o valor e as condições de pagamento. 
 d) O direito real de uso é instituído pelas mesmas modalidades do usufruto e, tal como 
este, pode ser cedido a título gratuito. 
 e) A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação, que decorre de lei e se 
destina a proteger o cônjuge sobrevivente, mantendo-o no imóvel destinado à residência da 
família. 
 
Resposta: E

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