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Aula 07 Da manutenção e da reintegração de posse A manutenção e a reintegração são tratadas em uma única seção, visto que tem características semelhantes. Ou ele pede para ser mantido ou pede para ser reintegrado. O código de processo Civil pede que se prove: Art. 927. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. Toda ação sobre posse, por óbvia conclusão, deve inciar fazendo prova da própria posse. A falta desse elemento acarreta a improcedência. Observe que as três espécies de proteção possessória são para indivíduos que em algum momento já tiveram posse. Se o autor da ação nunca chegou a ter posse sobre a coisa, o pedido correto não seria manutenção, restituição ou turbação, mas sim de "imissão na posse". Questão de concurso: A jurisprudência tem admitido a transmissão da posse por escritura pública, denominada posse civil ou jurídica, de modo a legitimar o uso dos interditos. Também será importante a descrição quais fatos que estão molestando a posse. Lembrar da diferença das modalidades anteriores (manutenção e reintegração) da turbação. Esta última é ofensa menor do que esbulho, no sentido de que não tolhe por inteiro ao possuidor o exercício do poder fático sobre a coisa, mas embaraça-o, embora não o impossibilite. Questão de concurso: o que é esbulho pacífico? É aquele decorrente de uma precariedade, possivelmente contratual. P.ex., quando o compromissário comprador deixa de pagar as prestações avençadas, pode-se ajuizar ação de rescisão contratual, cumulada com ação de reintegração de posse. Na mesma sentença,pode o juiz declarar rescindido o contrato e manda restituir o imóvel ao autor. Exige a lei em terceiro lugar a prova da data da turbação ou do esbulho. Dela depende o procedimento a ser adotado. O especial, com pedido de liminar, exige prova de turbação praticado há menos de ano e dia. Passado esse prazo, será adotado o rito ordinário O prazo, em regra, começa a contar-se do momento da violação da posse. (no caso do esbulho pacífico, conta-se da data do vencimento de determinada obrigação não cumprida) Observar também que o objeto da ação possessória deve ser perfeitamente individualizado e delimitado. Em caso de ocupação de terras por milhares de pessoas, é inviável a citação de todas para compor a ação de reintegração de posse, eis que essa exigência tornaria impossível qualquer medida judicial. Como toda ação, ela deverá ter um valor. Geralmente o valor da reivindicatória será o da estimativa oficial para lançamento do imposto. Se a ação for de força nova, lembrar que é possível requerer a liminar,constante do artigo 928 Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Lembrar que a decisão que concede ou denega medida liminar é interlocutória, uma vez que não põe fim ao processo.É portanto, atacável por agravo, retido ou de instrumento. A execução da decisão liminar se faz mediante expedição de mandado a ser cumprido por oficial de justiça. Não há citação do réu, no caso de reintegração, para entregar a coisa em determinado prazo. A execução se faz imediatamente. Pode ser promovida contra o réu, ou contra terceiro a quem a coisa foi transferida (muitas vezes para burlar a execução)A ordem é expedida a qualquer pessoa que se encontre no imóvel. Se depois do mandado cumprido, houver novo ataque, poderá o autor da medida cautelar de atentado (art. 879, III), ou pode pedir o revigoramento do mandado inicial. Retenção por benfeitorias Observe o artigo 1.219 Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. antigamente havia a possibilidade dos embargos de retenção por benfeitorias, mas em 2002 isso foi modificado. Observe o artigo 745: § 1o Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exeqüente requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo. Na contestação ou na reconvenção, o réu deve especificar as benfeitorias. Do Interdito Proibitório Tem caráter preventivo, pois visa a impedir que se concretize uma ameaça à posse. Não pode ser qualquer receio, mas sim uma ameaça suscetível. Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Deve então conter: a)posse atual do autor b)ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu c)justo receio de ser concretizada a ameaça É necessário que tenha havido um ato que indique certeza de estar a posse na iminência de ser violada. Deve demonstrar que seu receio é justo. Deve possuir dados objetivos Observe que a ameaça de exercício normal de um direito (vizinho ameça processo) não constitui coação. O interdito proibitório, como força de evitar a concretização da ameaça, pode cominar pena pecuniária. Deve ser pedida pelo autor e fixada pelo juiz, em montante razoável, mas que não ultrapasse o dano concreto que o autor sofreria. Quem indica o valor é o autor. Não podendo o juiz aumentar, mas no máximo reduzir. Verificada à agressão à posse, transmuda-se automaticamente o interdito proibitório em ação de manutenção ou de reintegração, bastando que o fato seja comunicado ao juiz. Ação de imissão na posse Também existem outras ações onde, indiretamente, a posse também é defendida. Chamamos elas de ações afins dos interditos possessórios O caso mais frequente é em que o autor da ação é proprietário da coisa, mas não possuidor, por haver recebido do alienante só o domínio pela escritura, mas não a posse. Como nunca teve posse, não pode se valer dos interditos. Observe que a ação é dominial. (o nome acaba confundindo), mas ela deve ser instruída com título de propriedade. Portanto tem natureza petitória. Alguns autores acham desnecessária a imissão, já que a reivindicatória abrangeria perfeitamente o objeto. Já segundo Gildo dos Santos, "a reivindicatória cuida de domínio que se perdeu por ato injusto de outrem. Na imissão a situação é diversa. O proprietário quer a posse que nunca teve. Não perdeu domínio nem a posse. Tem o domínio e quera posse também, na qual nunca entrou". O objetivo é consolidar a propriedade, já a reivindicatória tem por finalidade reaver. Na imissão, a matéria de defesa é limitada à nulidade da aquisição, ou à alegação de justa causa para retenção da coisa. Já a matéria de defesa na reivindicatória é mais amplo, pois existe uma discussão ampla sobre a propriedade. Ação de Nunciação de obra nova Art. 934. Compete esta ação: I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum; III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura. Também chamada de embargo de obra nova. o que se tutela é o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado. É o prejuízo que adviria da obra e afetaria o prédio. É impedir a continuação da obra que prejudique prédio vizinho ou esteja em desacordo com regulamentos administrativos. A expressão obra tem sentido amplo, abrangendo todo material lesivo. É pressuposto que seja obra nova. Se ela já estiver concluída, não cabe mais nunciação. Neste caso já seria uma simples reparação de danos ou a ação demolitória. Os prédios tem que ser vizinhos. Não necessariamente colados, mas que um interfira no outro. exemplo: Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. § 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros. § 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso. SLIDES: https://docs.google.com/file/d/0B2leLJsVdYelZFVlVk1COWZrN0E/edit?usp=sharing Acerca da posse e da propriedade, assinale a opção correta. a) Se os ramos de uma árvore, cujo tronco estiver na linha da divisa de duas propriedades, ultrapassarem a extrema de um dos prédios, o dono do prédio invadido deverá dar ciência ao seu confinante para que tome as providências necessárias para sanar o problema e, em caso de recusa ou omissão do vizinho, ele poderá cortar os ramos invasores, às expensas daquele. b) Para que a posse exercida sobre um bem seja considerada de boa-fé, exige-se que seja examinada a inexistência de vícios extrínsecos que a infirmem ou, caso existentes, que o possuidor os ignore ou que tenha tomado conhecimento do vício da posse, em data posterior à sua aquisição, ou mesmo que, por erro inescusável, ou ignorância grosseira, desconheça o vício ou obstáculo jurídico que lhe impeça a aquisição da coisa ou do direito possuído. c) A posse mantém o mesmo caráter de sua aquisição, podendo ser adquirida pelo próprio interessado, por seu procurador e pelo constituto possessório. Assim, se a aquisição foi violenta ou clandestina, esse vício se prende à posse enquanto ela durar, isto é, não convalesce, pois será sempre considerada posse injusta. d) A posse ininterrupta e incontestada pelo prazo de 15 anos gera a propriedade de um bem imóvel por meio da usucapião ordinária, independentemente de título e de boa-fé, quando o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua morada, ou nele houver realizado obras ou serviços de caráter produtivo. e) Se o possuidor houver adquirido a posse do bem imóvel por meio de comodato verbal, por prazo indeterminado, a notificação ou interpelação do comodatário para a restituição e desocupação do imóvel é suficiente para constituí-lo em mora. Se o comodatário não desocupar o imóvel no prazo que lhe foi concedido, sua recusa constitui esbulho à posse do comodante, reparável por meio da ação reintegratória. resp: E Aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, considera-se a) possuidor indireto. b) detentor. c) possuidor direto. d) possuidor clandestino. e) proprietário. resp:b Prova: AOCP - 2010 - Prefeitura de Camaçari - BA - Procurador Municipal Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse; Em relação à Posse, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. I. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. II. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. III. Atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, salvo depois de cessada a violência ou a clandestinidade. IV. A alegação de propriedade ou outro direito sobre a coisa obsta à manutenção ou reintegração. a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas I, II e III. d) Apenas II, III e IV. e) Apenas II e IV. resp:C
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